quinta-feira, 29 de dezembro de 2005

Uma entrada e uma saída

Wender vai sair e Caneira vai entrar. Quanto ao primeiro, não está em causa a sua saída. Está em causa a sua entrada. Tendo em conta o dramatismo que envolveu a sua contratação, choca-nos o papel apagado que acabou por desempenhar enquanto integrou o plantel do Sporting. Há uma peça de Shakespeare intitulada "Tanto barulho por nada". Estaria o dramaturgo a antecipar a contratação de Wender...?
Quanto a Caneira, é mais um excelente jogador formado no Sporting. Nunca se perceberam muito bem as razões que o levaram a abandonar o clube (se alguém as souber de facto, diga-me!). Muito menos se percebe agora porque razão não deveria voltar.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2005

Recado a Romagnoli

Caro Leandro:
Não quero deixar de assinalar a tua chegada ao Sporting Clube de Portugal. O entusiasmo e a expectativa com que aguardamos a tua vinda são enormes. Esperamos, naturalmente, grandes coisas de ti.
Vais encontrar um leão ferido que enfrenta no momento enormes dificuldades. Por culpa própria e por culpa daquilo que se convencionou chamar a conjuntura.
Estas feridas e dificuldades, que mais tarde ou mais cedo se revelarão, certamente, perante ti, poderão talvez dar-te uma ideia deturpada do clube. Chegado de fresco, todo este clima poderá transmitir-te a ideia de um clube frouxo e criar na tua mente dúvidas sobre o que é ser Sporting. Não te iludas: apesar desta expectativa quase infantil em que ficamos com a tua chegada, se alguma vez a dúvida te assaltar e produzir hesitações fatais, podes ter a certeza que te lembraremos --a ti, ou a qualquer dos teus companheiros, funcionários ou membros da direcção a quem suceda o mesmo-- o que dá o tal peso à camisola que agora vais começar a envergar. A consciência colectiva do clube que somos todos nós, os seus sócios e simpatizantes, já demonstrou de forma inequívoca e eloquente que sabe refrescar a memória, implacavelmente, de quem esquece a sua condição de Sportinguista. Acredita que sabemos curar toda a espécie de amnésias.
Por agora, deixa-me dizer-te com toda a simplicidade e sinceridade: os teus sucessos serão os nossos sucessos e a tua satisfação será a nossa satisfação.
De ambos te desejo doses fartas.
Joga por nós!

Jornal Sporting

O jornal Sporting é um orgão de informação do clube que cumpre uma função, hoje em dia complementada e até ultrapassada em parte pela existência de um site na internet. Neste momento o jornal atravessa um momento problemático. A notícia de que iria acabar suscitou desde logo reacções negativas enérgicas e foi prontamente desmentida pela direcção. A publicação do jornal iria ser suspensa para que se procedesse à sua restruturação, esclareceu a direcção.
Subitamente, durante o jantar do Núcleo da Parede que ontem decorreu, o Presidente do SCP fez saber que o jornal é deficitário e o clube não tem meios para o sustentar. E fez um apelo aos sportinguistas: façam-se assinantes! Ou seja: afinal não parece que vá haver restruturação. Afinal o senhor Presidente não revelou qual o valor estratégico que esta direcção entende que o jornal tem para o clube. Afinal, não anunciou a que tipo de alterações o Sporting Jornal iria ser sujeito. Nem tão pouco que novos condimentos passaria a ter 1) para cumprir o seu papel no âmbito da estrutura de comunicação do clube, e 2) para atrair novos leitores, uma vez que os actuais 5.000 assinates se revelam manifestamente insuficientes. Nao! O senhor Presidente apelou aos sportinguistas para se fazerem assinantes. Ou seja, o produto vai continuar igual ao que sempre foi e se não houver novos assinantes o jornal acaba mesmo. Mas, a culpa... será dos sportinguistas que não entenderam o apelo! Estão a topar?

terça-feira, 27 de dezembro de 2005

Silva rescindiu

Mais um nome a acrescentar à bizarra lista de saídas do Sporting, em época de abertura do mercado de inverno. Silva é mais um daqueles casos que devíamos esclarecer junto do bruxo. Parece aquele número do "casa-descasa" de uma série antiga do Jô Soares.
Porque foi contratado? Porque foi dispensado? Porque foi readmitido? Porque foi agora dispensado novamente? Porque foi contratado...?

sexta-feira, 23 de dezembro de 2005

Que futuro?

Chegámos ao fim da primeira volta do Campeonato 2005-2006 e estamos às portas do novo ano. Aproximam-se inevitáveis tempos de mudança e é talvez o momento de fazer um pré-balanço e uma pequena perspectiva de futuro.
Devo confessar que estou pessimista quanto ao futuro global do futebol no nosso país e extremamente descrente da capacidade do Sporting, em particular, para dar a volta ao texto.
Como referi em post anterior, esta minha opinião radica em dois factos, o tal problema duplo como lhe chamei. Por um lado, o SCP não emite sinais de saúde e não se adivinham soluções credíveis para alterar este estado de coisas. Por outro lado, o futebol português bateu no fundo e todos o os seus agentes e actores estão, na minha opinião, em verdadeiro perigo de extinção.
Tenho algum receio de estar a cair numa visão demasiado catastrofista, mas a verdade é que o não vejo grandes saídas, nem ninguém me conseguiu ainda provar o contrário de forma insofismável.
Desde logo porque a situação do país não é de molde a permitir a recuperação de uma área que parece só funcionar bem com a ajuda de balões externos de oxigénio. Há de facto coisas bem mais importantes na nossa agenda colectiva. Ou não?!
Por outro lado, o futebol é um espectáculo caro que não parece ter neste momento mercado que o sustente. Por outro lado ainda, os clubes estão, creio que de uma forma generalizada, a atravessar uma crise dramática. Finalmente, o futebol sofreu transformações mais ou menos recentes no nosso país que, se não me engano, lhe inflingiram feridas fatais.
Quanto à situação do país não parece haver grandes dúvidas. O grande problema não radica, creio, na ausência de mecanismos e recursos para enfrentar as dificuldades, mas na lentidão da resposta dos portugueses ao desafio de pegar este touro pelos cornos, nas suas hesitações, preconceitos e mal-formações congénitas. O futebol poderia ter neste contexto um valor estratégico interessante. Esta era a visão de José Roquette e de outros (raros) dirigentes que passaram pelo Sporting nestes últimos tempos de modo fugaz. Mas, infelizmente, esta ideia foi desenvolvida num contexto errado ou desadequado: emanou de um clube --o Sporting--, sem um esforço coerente de procura de uma convergência estratégica com os outros clubes e com as estruturas de coordenação da economia e do desporto nacional.
Entretanto, o futebol consumiu, tal como os ursos em período de hibernação, as suas gorduras. Depois de despertar do seu turpor e enfrentando a dificuldade de ter de encontrar alimento, o futebol português não parece ter capacidade para reagir e mudar o curso deste declínio contínuo em que mergulhou desde há anos. Não é preciso grandes análises: os clubes estão falidos, o fenómeno dos ordenados em atraso e as consequentes ameaças de rescisão colectiva, tornaram-se quase moda, o fim do futebol profissional foi a solução em muitos casos para a crise, as ameaças de execuções fiscais cairam sobre os clubes de uma forma que os deixa sem qualquer margem de manobra. Nada disto é ficção. São situações que têm sido amplamente retratadas, reais, acontecem aqui e agora, como se costuma dizer.
Finalmente, o futebol hoje o que é? Onde estão os valores que inspiram os clubes? Quem veste a camisola (no sentido literal e metafórico do termo...)? Quem são os donos dos clubes? Os sócios, os accionistas das Sad’s, as direcções? Por que razão os adeptos e sócios pagam fortunas para assistir a um espetáculo decadente em estádios às moscas? Quem são os destinatários das receitas geradas pelo espetáculo do futebol? Que destino é dado às receitas dos contratos de televisão, do merchandising, da publicidade, do aluguer dos nomes dos estádios, das portas, dos centros de estágio? Não estaremos nós a suportar custos que nada têm a ver com os protagonistas principais (jogadores, técnicos de um lado e adeptos dos outro) da cadeia que compõe na essência o fenómeno futebolístico? Por outras palavras, não estaremos nós a pagar afinal a um grupo de intermediários que nos custam um balúrdio e só servem, na realidade, para encarecer este produto que todos gostaríamos de consumir, mas que cada vez parece de menor qualidade e mais inacessível (um fenómeno comercial bizarro)? Que mais-valia palpável trazem estes intermediários ao produto, que permita nomeadamente reagir à crise instalada? Não seria mais sensato, por exemplo, termos um modelo de estruturas futebolísticas do qual desaparecessem os intermediários, que baixasse os custos de exploração para valores que permitissem a venda do produto a valores mais realistas? Porque decresce a procura? Clubes de jogadores e técnicos, em vez de clubes de dirigentes, por exemplo, cooperativas de sócios, jogadores e técnicos, poderia ser a solução... Quem não gostaria de pertencer a um clube gerido e protagonizado pelos ídolos da bola?
Como não vislumbro a possibilidade de grandes alterações deste status quo, como não vejo vontade, nem capacidade para mudar radicalmente uma situação que necessita de modificações radicais e inovadoras, presumo que as coisas se irão deteriorar até a um ponto de não retorno... Há pouco tempo li, não me recordo exactamente onde (peço desculpa pela omissão da autoria) um post onde se recordava que o futebol de alta competição na Suiça ou na Hungria (países com tradição futebolística) passou por dificuldades semelhantes às que nós vimos experimentando até praticamente se extinguir. Em Portugal também me parece estar eminente uma situação deste tipo, a não ser que sejam dados, de forma muito determinada, os passos certos. Coisa que ninguém parece estar interessado em fazer...
O Sporting teria tudo para constituir um farol no meio de todo este caos. Digo-o com absoluta convicção. Já ouvi gente ligada ao Sporting colocar o dedo exactamente na ferida. Atenção: não nos outros clubes. No Sporting...!
Não o será nunca contudo com esta direcção, nem com protagonistas oriundos da sua área de influência. Viu-se já que quaisquer alterações profundas passam pelo seu afastamento, embora também não se vislumbrem para já alternativas. Por outro lado, as novas soluções estratégicas têm de envolver inevitavelmente e de forma coerente toda a estrutura do futebol português e o Estado (esta questão tem falhado de forma estrondosa, como disse). Liderar portanto este processo implica visão estratégica, sentido de independência, autoridade inequívoca e, sobretudo, uma grande coragem para que à mínima dificuldade não ocorra o que tem acontecido: retirada prematura antes de os resultados estarem consolidados.
Não se avizinham, pois, na minha opinião tempos muito risonhos para o futebol portugês (a Selecção acaba por ser uma excepção coerente com esta lógica que descrevi), nem, consequentemente, para o Sporting. O futuro não me parece brilhante...

quinta-feira, 22 de dezembro de 2005

As "cores" do Pai Natal

O blog King Lizards é um espaço de liberdade. Mas também é um espaço de rigor. Por isso decidi comentar aqui nesta coluna o teor do post anterior. Aquela não é pois a "nossa versão do Santa", mas sim a versão do companheiro Verde Caeiro.
Pai Natal não rima, na minha humilde opinião, nem com política, nem com refrigerantes. Quanto aos lampiões, a verdade é que nos habituámos a um Pai Natal vermelho. Não há volta a dar-lhe. Um "pai natal" verde é um personagem de reacção. Ao Sporting cabe, ainda na minha opinião, identificar-se com, ou rever-se em personagens originais e não personagens mais ou menos facilmente travestidos.

Companheiros, para quem está farto do pai natal do costume (que é uma mistura entre um comuna, um lampião e um coca-cólico) aqui fica a nossa versão oficial do que o Santa devia ser.
A História ensina-nos que o Bem triunfa sempre e é isso que nos mantém optimistas quanto ao futuro do Sporting.
Bom Natal a todos e que a Força esteja convosco.

terça-feira, 20 de dezembro de 2005

Boa sorte Rogério

Um Sporting tremendamente eficaz e personalizado que lá vai seguindo paulatinamente o seu caminho. Não sofreu golos e marcou três tentos pela primeira vez neste campeonato. Uma boa atitude no geral (um Sá Pinto sacrificado, um Liedson renascido, um Tonel eficiente). Paulo Bento continua de parabens.
No dia em que Rogério termina a sua passagem pelas fileiras do Sporting.
Rogério foi um jogador importante. Na minha opinião, a equipa foi seriamente afectada durante as suas ausências ocasionais e, ou muito me engano, ou a sua falta vai-se fazer sentir de forma notória nos tempos mais próximos. Haverá certamente razões fortes para esta saída (era importante que o clube se preocupasse em manter os sócios e adeptos mais informados --da forma mais adequada em cada momento-- sobre as alterações que se vão operando), mas Rogério é um jogador cuja saida lamento profundamente.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2005

E agora?

Há uma agremiação ali à beira da 2ª Circular, frente ao Centro Comercial Colombo (o nome agora não me occorre), cuja equipa de futebol é dirigida tecnicamente por uma senhor holandês que fala espanhol. Aqui há cerca de um mês e tal, a propósito de um golo (mal) validado ao Sporting no jogo com a União de Leiria, a criatura veio a terreiro tecer considerações de forma intempestiva sobre a arbitragem em Portugal. Estava apoplético! Parecia que os diques tinham rebentado!
Escrevi aqui que o homem tinha de aprender a estar caladinho porque às vezes estes comentários têm tendência para cair em cima de quem as profere. Era fatal: estou agora à espera do comentário igualmente veemente do cavalheiro sobre o golo inacreditável que no sábado puniu de forma injusta o Nacional da Madeira...

domingo, 18 de dezembro de 2005

Retificaçao

Ainda relativamente ao jogo com a Naval, em post anterior referi o João Moutinho e chamei a atenção para a arbitragem de Paulo Paraty e da sua equipa. Depois de rever imagens do jogo e de ler alguns comentários que foram sendo feitos a propósito do Moutinho gostaria de retificar, acrescentar ou precisar melhor, o comentário que fiz. Com efeito, independentemente do inegável espírito de luta que o nosso jogador sem dúvida revela, parece claro que nos lances violentos em que esteve envolvido há da parte dos adversários uma atitude, dir-se-ia, de premeditação criminosa. Há até quem, certamente de modo malévolo, pergunte quem será o próximo caneleiro de serviço, ou quem suspeite que esta atitude visa impedi-lo de envergar a camisola nacional nos próximos compromissos das selecções, impedindo-o de caminho de dar o contributo à sua equipa... Seja como for, o que classifiquei de actuação miserável da equipa de arbitragem, chamaria agora, com mais rigor, de vergonhosa cumplicidade porque a verdade é que ficaram por mostrar vários cartões vermelhos!
Deixo então a necessária retificação, e, sobre este assunto, fico-me para já, por aqui...

sábado, 17 de dezembro de 2005

O meio campo...

No post anterior questionei-me sobre o problema do meio campo leonino que parece andar à deriva desde há tempo. Com outros sectores em franca melhoria de actuação parece residir no meio campo o défice principal, actual, da equipa. Curiosamente, li hoje um post do nosso colega Críticos da Bola, de autoria de Jean-Paul Lares, chamado "Batalha Naval" que aborda justamente esta questão em termos bastante claros. Quero referenciá-lo pois aqui porque o acho bastante útil. Aproveito para enviar agradecimentos ao seu autor pela lucidez da sua análise e pela generosidade de a partilhar connosco.
Acrescentaria que o que Lares aponta no seu escrito, na sua clareza e correcção, vem em última análise revelar que os problemas jazem a montante de tudo isto. Haverá é certo questões específicas individuais, de cultura tática, de treino e de direcção da equipa. No meu entender, porém, o que tudo isto acaba por desvendar é a falta de coordenação no topo de toda esta pirâmide que transcende o futebol. É assim em qualquer equipa que procura apenas sobreviver, o que parece ser o caso do Sporting.
Por outras palavras, o problema não é conjuntural, é estrutural. E não é do meio campo...

sexta-feira, 16 de dezembro de 2005

A pedido...

Cinco notas rápidas sobre o jogo com a Naval.
Em primeiro lugar, pelo tipo de declarações a que este Presidente nos vai habituando, interrogo-me se ele não vai ficar seriamente convencido que os três pontos hoje arrecadados foram obra do seu "recado"...
Quanto ao jogo propriamente dito, lamento as oscilações de rendimento do meio campo. Melhorou francamente no segundo tempo, mas o primeiro tempo foi mau demais. O que se passa com os meio-campistas do Sporting?
Uma nota de louvor vai para o João Moutinho, para a entrega, para a garra, para a capacidade de sofrimento É verdadeiramente notável num jogador com a sua idade. Notável!
Uma outra nota de louvor também para o Ricardo. O carácter que sempre revelou ao longo do tempo e a melhoria de forma que vem, inequivocamente, demonstrando devem trazer por aí muito fala-barato cheio de azia...
Ah! apenas uma nota final, que não resisto a deixar aqui, para o trabalho verdadeiramente miserável da equipa de arbitragem. Por acaso não teve consequências, mas isso não retira qualquer legitimidade a esta apreciação. Paulo Paraty y sus muchachos deviam pensar seriamente em dedicar-se a uma outra actividade. Para esta, defintivamente, não têm jeito nenhum!

quinta-feira, 15 de dezembro de 2005

Sporting-Mirim!!!

O Presidente do Sporting exprimiu o seu descontentamento pela posição actualmente ocupada pelo SCP no campeonato. Aproveitando o lançamento dos tais relógios em ouro e em discurso recheado de tonalidades áureas, Soares Franco afirmou, segundo O Jogo de hoje, que "queremos um futuro dourado, que no Sporting passa obrigatoriamente por resultados (...) Para se ter êxito, esses resultados são imprescindíveis e não podemos estar satisfeitos se olharmos para a tabela classificativa. Devemos fazer melhor."
O "recado" fez-me inevitavelmente lembrar aquele prefeito de Biritiba-Mirim (Brasil) que, segundo os jornais de hoje, elaborou uma proposta de postura municipal que proibe os munícipes de... morrer!
É verdade! Dita a proposta que "Fica proibido morrer em Biritiba-Mirim. Os munícipes deverão cuidar da saúde para não falecer (...) Os infractores serão responsabilizados pelos seus actos." Assim mesmo.
Óxente! Paulo Bento: fica sabendo, que cê tá proibido de morrê!! Si cê morrê, cê vai sê responsabilizadú pelos seus actú, viu?! E com estes rilójú di gran-finú qui nós agora têmu nús púlsu, cê vai sê responsabilizadú na hora mêmú, não sábe?!!!

Entradas & Saidas, Lda

Confesso que não entendo grande coisa sobre o mundo das contratações, agentes FIFA, exercício de cláusulas de opção, épocas do mercado de transferências, empréstimos, compras de jogadores por teleshopping, perdão!, por video ou por catálogo, e outras tantos mistérios igualmente fascinantes.
Mas, na minha ignorância, não deixei de ficar perturbado com o que observo desde há muito no capítulo das contratações e dispensas neste Sporting do nosso descontentamento. A minha perturbação quase acabava mesmo na UCI quando vi anunciada recentemente uma "revolução" na reabertura do mercado de transferências!!
Não querendo enveredar pela prática da especulação --deixo isso aos profissionais...--, atentemos apenas nos casos do Edson e do Pinilla. Quanto a estes dois parece não haver dúvida, à hora a que escrevo esta coisa, que vão mesmo embora. Nos outros casos já falados tratar-se-á do exercício da referida profissão de especulador, ou serão casos que estarão ainda em fase de decisão.
Edson terá jogado na melhor das hipóteses uma meia dúzia de jogos (se calhar nem tanto...). Encostou às boxes e aí ficou. Pinilla, por seu lado, é um dos casos mais singulares a que jamais assisti: um jogador com óbvias qualidades, com tudo para ser uma enorme mais valia para o clube, com manifesto entusiasmo por jogar, com direito a cântico e tudo, a quem faltou apenas ganhar o estatuto de poder sentar-se no banco de suplentes e, nas vezes que aí se sentou, ter ordem para daí levantar o rabo. Estes jogadores constituem mais um daqueles mistérios insondáveis a que as sucessivas direcções do Sporting nos habituaram desde há muito. Vão sair antes de entrar, por assim dizer...
Paulo Bento diz hoje que o plantel é demasiadamente extenso (temos demasiada gente insatisfeita, diz ele). Que se fosse ele, Paulo Bento, o plantel não tinha sido constituido desta forma. Mas nesta altura já os responsáveis por este estado de coisas se foram, depois de se terem revelado, como se sabe, enfadados...
Digam-me lá em que outra empresa cotada na Bolsa se passam coisas destas: saídas e entradas de activos, sem que os activos "activem", saídas e entradas dos responsáveis por todas essas operações, inimputabilidade total, passagem da responsabilidade de tudo isto para uma gestão futura... E que Bolsa é esta que aceita no seu seio estes travestis de SA que são as SAD? (Ficámos recentemente a saber pela voz de Alexandre Magalhães que no FCP a coisa também não será melhor...)
Confessei no início que não entendo grande coisa destes meandros das contratações, mas, olhando para tudo isto e para toda a ganga folclórica que hoje enfeita tristemente o futebol português, não posso senão concluir que os clubes/SAD portugueses estão a ser geridos como se fossem casas de matraquilhos...

"Os sportinguistas estão de parabéns"...

Assim se lê no site do Sporting a propósito do tal relógio do Centenário.
Se pensavam que eu estava a exagerar no tom do comentário que fiz sobre este assunto leiam a notícia publicada ontem no site. É isto... Uma densidade de lugares comuns nunca vista!
Leiam, leiam!

terça-feira, 13 de dezembro de 2005

Atençao Lizards!

O King Lizards faz agora parte da Federação dos Blogs de Futebol.
Carreguem no banner para aceder ao Blog dos Blogs!!!!!!!

domingo, 11 de dezembro de 2005

Meter o Centenario no sexto...

Terá passado certamente despercebida a muita gente a notícia de que, em período de comemoração do Centenário, o Sporting decidiu, em colaboração com a marca de alta relojoaria Franck Muller, lançar um modelo de relógio comemorativo da efeméride. Tão grande preciosidade, em ouro verde de 18 quilates, vai ter uma edição limitada de 36 exemplares que custarão aproximadamente 20.000 euros cada. Mais: o Presidente do Sporting Clube de Portugal, acompanhado do Presidente do Conselho Fiscal e do sócio número 1 deslocaram-se à Franck Muller em Genebra para assistir à montagem do primeiro exemplar...
Não querendo praticar aqui o jogo fácil da demagogia, gostaria de deixar no entanto algumas notas sobre este assunto. Numa altura em que está tudo por fazer e em que a crise que atravessamos se afigura como não tendo paralelo com nada que o Sporting tenha experimentado antes, numa altura em que, certamente para continuar as efusivas comemorações do Centenário, o Sporting desce para o 6º lugar no campeonato, não deixa de ser curioso ver o que faz vibrar a direcção em exercício levando-a a cumprir com dedicação comovente tão delicada tarefa. Os problemas são imensos, o futuro é escuríssimo, mas vamos ter 36 sportinguistas que irão poder dizer com precisão suiça e em grande estilo quanto tempo vai levar o clube a cair para o fundo mais inexorável.
Não posso deixar de me sentir irado (irado!) pela forma como a situação problemática que o Sporting vive tem vindo a ser tratada por esta direcção. Uma actuação que vem de trás e que conduziu à crise mais profunda que o Sporting jamais atravessou. Uma crise que, pelo que se vê, vai assumindo contornos cada vez mais patéticos.
Não era preciso um relógio tão sofisticado para saber que está na hora da oligarquia ser apeada e que é imperioso escolher um novo rumo!!!

sábado, 10 de dezembro de 2005

Projecto...

O jogo da U. de Leiria com o F.C. Porto tinha, segundo o relato da TSF, cerca de 2500 espectadores! O estádio Magalhães Pessoa foi, pelos vistos, muito mal projectado...

sexta-feira, 9 de dezembro de 2005

Jornada injusta

Finalmente lá veio a primeira derrota da era Paulo Bento. Nada de completamente inesperado, nem excessivamente penalizante. Na verdade o Sporting até nem teve uma exibição assim tão má, a entrega foi total (grande Ricardo!!!!!) e nada disto teve a ver com aquelas exibições desastrosas de má memória. Mas não há estratégia que resista a tantas falhas de concretização. O Liedson então devia quanto a mim ficar a pão e água até ao fim da época. Livra!
Duas notas finais para realçar novamente as palavras serenas e realistas do Paulo Bento no final do jogo e, já agora, as do treinador do Estrela, António Oliveira. Raramente vemos um treinador português tecer considerações sobre exibição do adversário como as que lhe ouvimos esta noite. Paulo Bento felicitou o Estrela. A crise continua...

A loja verde (remix)

Dar conta, como tenho feito volta não volta, do que se passa nos blogs nossos vizinhos é tarefa que faço com um objectivo duplo. Ao reproduzir (cooom a deviiiida véééniiia, claro!) um ou outro ponto de vista que por esses blogs se vai expressando, faço com todo o gosto uma espécie de "resumo da imprensa-blog" para a nossa "freguesia" aqui do KL, mas, ao mesmo tempo, pretendo transmitir a ideia que afinal as críticas e a contestação ao que se passa no Sporting são mais generalisadas do que poderíamos pensar e bem mais significativas que o ocasional insulto soez ou o ridículo lencinho branco. Quando nós próprios falamos sobre estes assuntos entre nós estamos afinal mais acompanhados do que poderíamos pensar. Falta a organização para dar voz a estes protestos avulsos que lhes dê uma maior consistência, mas isso é outra conversa.
No blog Simplesmente Sporting de hoje é a vez da Loja Verde ser analisada, num longo e interessante post assinado por Rui. Aconselho a sua leitura. Muitas vezes temos falado entre nós, com efeito, sobre esta questão da chaladisse que é o merchandising do Sporting e do ar deslavado de tudo aquilo e não posso estar mais de acordo com a análise. "Fanlab" é de facto, desde logo, uma designação lamentável. Mas o problema é, creio, mais vasto.
De facto, quando é hoje mais fácil a um lisboeta, por exemplo, comprar, a partir de Lisboa, um bilhete para um concerto na Casa da Música no Porto do que comprar um bilhete para um jogo do Sporting há qualquer coisa que está a correr francamente mal.
Sugiro então que leiam o post referido.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2005

Um problema duplo

O problema do Sporting é duplo.
De um lado, o problema do Sporting é o problema do futebol português. Nele impera a escola de gestão de mercearia, a confusão ou falta de princípios, os oportunismos, as promiscuidades, os canibalismos (quando olho o futebol português vem-me à ideia aquela caricatura do Bordalo chamada "Política")... Por tudo isto passa hoje o futebol português (a tudo isto reagiu o futebol inglês, o espanhol ou o italiano, por exemplo, com os resultados que todos podemos apreciar hoje) e tudo isto se reflete nos clubes que dele fazem parte.
Mais: o panorama do futebol português reflete afinal o panorama... português!
Por outro lado, o problema do Sporting é também... o próprio Sporting. Depois de tanta expectativa o Sporting está hoje, por diversas razões, francamente aquém do que imaginámos quando foi lançado o chamado "Projecto Roquette", como por diversas vezes referi aqui no espaço do KL. Neste sentido, creio que o problema do clube se situa nos planos da direcção e da organização das estruturas do poder.
Para superar tudo isto, o Sporting tem de construir uma solução directiva própria, inovadora, com novas estruturas e mais democracia, que possa servir, simultaneamente, de figurino para um novo futebol português. Aí está um desígnio digno de um clube com a grandeza e os princípios do SCP. Os problemas que nos afectam desaparecerão, certamente, se e só se este binómio for resolvido.
Depois iremos então ver quem ganha no terreno de jogo. Até lá tudo isto é uma aldrabice!

Gestão amadora

Depois da desempoeirada e saudavelmente descomplexada exibição que o nosso Sporting, lá fui eu no sábado comprar um jornalito desportivo para acompanhar a bica matinal e o croquete, ali na Cristal.
O Record vinha com uma revista chamada “Dez” onde o Mourinho escreve um artigo com o título Hotel Chelsea (toma lá ó Leonard Cohen…).
Dois temas chamaram-me a atenção na crónica semanal do Mourinho em que o Sporting dominou os seus comentários.
Num, a referência muito positiva ao comportamento do Paulo Bento (mesmo sem saber do resultado e exibição nas Antas), elogiando-lhe a honestidade e a frontalidade para assumir os desafios e a coragem com que tem gerido a disciplina no caso Liedson.
Noutro ponto, colocando em causa a competência da gestão da SAD a propósito do aparecimento do Nani.
Diz ele que um dos objectivos de qualquer clube com a dimensão dos Portugueses é criar talentos nas suas escolas para depois os vender criando mais-valias.
Ora ele lembra, e bem, que poucos clubes no mundo têm sido tão bem sucedidos nesta matéria; lembremo-nos que em menos de 10 anos produzimos o Simão, o Quaresma, o Hugo Viana e o Cristiano Ronaldo, todos eles vindos das camadas mais jovens e vendidos por valores sempre na ordem dos milhões de contos.
Pergunta-se ele, e com razão, que gestão é esta que produz mais valias deste calibre e depois não consegue apresentar contas estruturadas (de que os últimos casos são apenas mais uma demonstração) e resultados financeiros sólidos.
Temos que nos perguntar também o que se passa. Se produzir um jogador de 2 ou 3 milhões de contos de 2 em 2 anos não chega para sustentar o clube, que raio haveremos de fazer?
Que despesas justificam este descalabro (num clube que se orgulha de ter uma massa salarial baixa para a média dos clubes do seu estatuto)?
Se temos as melhores afluências de público da Super Liga, se temos a melhor taxa de êxito na venda de lugares anuais, se temos a melhor e de longe mais rentável escola de formação do País, e nada disto chega, para onde é que vamos?
Se cumprimos todos os objectivos financeiros do ponto de vista das receitas e até excedemos as expectativas com a arte de inventar estrelas, como é que chegamos a este ponto?
Se apesar de tudo isto há dívidas ao fisco e necessidade de venda de património e urgência de encontrar presidentes mecenas, não estará o problema na gestão amadora das finanças do clube?

Clique...

Em jeito de comentário ao post anterior, gostava apenas de dar conhecimento que hoje o Público traz em separado pelo simpático preço adicional de 6 €, uma publicação da BBC Natural World, com o título "Leões, um bando em risco."
Talvez a leitura de tão ecológica publicação sirva de inspiração a esta pequena clique que vai teimando em governar o Sporting...

domingo, 4 de dezembro de 2005

De regresso

Reflexões várias em momento de regresso:

O nosso Sporting lá vai indo, com uma equipa desequilibrada, fruto de uma época mal preparada.

Preocupa-me que as análises ao futebol se esqueçam que o jogo é só uma das fases da indústria, que ninguém se lembre que o Peseiro já tinha dito que a equipa este ano não podia jogar como no ano passado, mas não disse que ele é que tinha decidido quem mandar embora e quem contratar. Ou, se não foi ele, não disse que não o tinham deixado fazer isso (não esquecer que ele quis muito o Wender, que podia Wonderfull mas Woderless).

O Mourinho diz muitas verdades, nós não gostamos, mas diz! Ontem na Dez disse que uma SAD como a nossa devia estar bem de saúde uma vez que vende e faz de novo para vender. Onde pára o dinheiro? Onde está a clareza de gestão? Onde é que o bancos mandam mais que a empresa? É que sem resultados positivos é difícil fazer florescer o negócio e, ou nós nos limitamos a formar jogadores, ou temos muito que mudar no clube.

Alem disso o Sporting clube é muito mais que a SAD e o futebol, mas neste centenário parece que não. O Record na sua tira diária não fala de outra coisa: o vídeo do hino do centenário refere o Lopes. Mas onde está o Agostinho? O Mamede? Os gémeos Castro e todos os outros que fizeram de nós o grande clube que somos?
Enfim vivemos momentos difíceis……

sexta-feira, 2 de dezembro de 2005

Duas boas notas...

Numa análise do que têm sido os traços dominantes do papel de Paulo Bento à frente da equipa, temos de forçosamente destacar dois.
Em primeiro lugar, um aspecto de que gosto particularmente, é a honestidade com que enfrenta a comunicação social e analisa o trabalho da equipa. Sem "rodriguinhos", nem desculpas! Ainda hoje esse aspecto ficou mais uma vez demonstrado. É, muito sinceramente, uma lufada de ar fresco no panorama do futebol nacional. Espero que isto queira dizer que as novas gerações, que a pouco e pouco vão tomando conta da instituição futebolística, fazem, sem transigências, um corte com os maus hábitos e práticas das gerações passadas. Pode ser que a moda pegue e outros sectores, nomeadamente o dirigismo, lhe sigam o exemplo...
Outro aspecto muito positivo da actuação de Paulo Bento, a que é necessário dar um grande destaque, é a energia que obviamente soube transmitir à equipa. Verdadeiras formiguinhas trabalhadoras a generalidade desta equipa do Sporting! Uma característica que tinha desaparecido quase por completo, cujo retorno se sauda e cuja continuação se deseja.
Nani, Carlos Martins, Moutinho, Deivid, Rogério, Custódio, Ricardo, Sá Pinto: por um motivo ou por outro, mil parabens!