quinta-feira, 30 de março de 2006

No rescaldo do Guimarães-Sporting

Uma das questões que hoje aflige o Sporting e sobre a qual já para aqui escrevi qualquer coisa é a da unidade. Unidade, ou a falta dela, é um dos problemas mais graves que o Clube hoje enfrenta e devia estar no topo absoluto das prioridades da agenda dos candidatos. Juntemos-lhe outro, não menos significativo: o défice democrático do Sporting. Estão ligados entre si e são as causas principais da crise que se vive.

Alguém que conheço disse que os sócios são a espinha dorsal do Clube. A verdade é que os sócios, sendo a espinha dorsal, mandam teoricamente no Clube, mas não conseguem sustentar a dimensão que este atingiu e o seu controlo é tudo menos real.

Temos nos dias que correm dois Sporting's, pelo menos... De uma lado, o Sporting dos grandes desígnios --consignados nos Estatutos-- com os quais se identifica uma massa esmagadora de gente. Foram esses princípios que os levaram a aderir ao SCP. Esta gente --que não tem outros interesses no Sporting que não sejam os da identificação com os seus princípios-- está, pois, ligada ao Clube, em primeiro lugar, por essa identificação e, no caso dos sócios onde me incluo, por mais uma série de pequenos e grandes investimentos financeiros, mais ou menos periódicos e mais ou menos expressivos. Em primeira linha é isto que é o Sporting.

Do outro lado, temos uma enorme mole de pequenos, grandes e médios dirigentes, funcionários, directores, técnicos e colaboradores vários, que se foram insinuando ao longo dos anos e que foram tecendo uma imensa rede de ligações, pequenas cumplicidades, privilégios e favorecimentos, cavalgando o ideal Sportinguista. Alguns deles até assumidos simpatizantess de outros clubes. O Sporting dos sócios, dos adeptos e dos tais grandes desígnios e princípios transformou-se desta forma na "Casa de Arranjos de Alvalade, Lda." [1]

Todo este processo decorre, frequentemente, sem glória, de forma avulsa, apenas pela exploração mesquinha do momento, de forma predadora e conforme sopram os ventos. Por muito elevados que sejam os princípios do Sporting, por muito que sejam eles a mola real do Clube, por muitos milhões de adeptos e muitas dezenas de milhar de sócios que o Sporting tenha, quem o controla efectivamente é toda essa estrutura que lentamente se instalou e domina os caminhos do Clube. Controlo que é exercido por demissão dos sócios, por vezes mesmo com a sua complacência, mas também porque faltam mecanismos de participação. A tal "Casa de Arranjos", compreensivelmente, nem sequer esboça qualquer tentativa para os criar. A participação na vida do Clube, nas suas Assembleias e nos actos eleitorias é ridícula, face ao número de associados. Essa situação deveria preocupar qualquer dirigente sério, mas é o que se vê.

O Sporting é um clube de dimensão nacional. Pois, reparem que as eleições foram marcadas para 28 (uma precipitação, na minha opinião), para o Hall VIP do estádio (reparem no simbolismo da designação do local...). A dimensão nacional, tão útil noutras ocasiões, é assim reduzida a Lisboa. Francamente, não se percebe como é que, mais uma vez, não existem mesas colocadas nos núcleos, nas filiais, ou noutros locais espalhados por Portugal, para os sócios de fora de Lisboa, nem aos sócios ausentes por qualquer motivo profissional ou outro, lhes é dada a possibilidade de participar no acto eleitoral através de voto por correspondência. Nega-se-lhes assim, na prática, um direito absolutamente básico que têm na sua condição de sócios. Não creio que tudo isto seja inocente. A "Casa de Arranjos" lá se vai assim, de uma forma ou outra, perpetuando, assente no vazio democrático. A participação dos associados na vida do Clube prefigura o travesti que é a democracia no Sporting.

Não há nada mais vital, reconfortante e compensador do que sentirmos orgulho nas estruturas em que, como indivíduos, nos encontramos inseridos. Podermo-nos orgulhar da nossa família, da nossa cidade, do nosso país ou de qualquer instituição de que façamos parte, de um clube por exemplo, é um sentimento que tem um significado transcendente e não tem preço. Este orgulho espelha a possibilidade de nos revermos como um só na multitude dos diversos membros dessas estruturas e a satisfação que resulta do valor do nosso contributo nessa sensação de unidade. E compensa-nos a cada um de nós. É para isso e para mais nada que serve a participação numa instituição, particularmente uma instituição como o Sporting Clube de Portugal. Tudo o resto são meras ferramentas para atingir este objectivo.

O que se passa hoje no Sporting é que, à semelhança do que se passa noutros domínios da sociedade portuguesa, o orgulho que experimentamos em pertencer a esta nobre agremiação está profundamente ferido pelo estado de degradação a que esta chegou. Fruto dessa "Casa de Arranjos" que tem minado o Clube nos últimos anos e da sua visão estreita e mesquinha do que é o Sporting.

Para recuperar o orgulho original que a todos nos une precisamos de soluções que nos devolvam o sentimento de pertença e de sermos um só (a questão da unidade), mas que sejam baseadas num contributo e numa participação efectiva de todos (a questão da democracia). Qualquer solução para a direcção do clube que não contemple estas duas questões e não proponha formas concretas de as encontrar e alcançar deve ser rejeitada.

Mesmo que não sobrem alternativas e que tenhamos de fazer voltar a discussão à estaca zero.

Queremos recuperar o nosso orgulho ferido. Apesar da vitória de hoje, ou em complemento dela. O que está em jogo é bem maior do que aquilo que o Hall VIP vai acolher no dia 28...



[1] O processo de desarticulação e descaracterização do Sporting não é exclusivo deste Clube. Nem me parece que seja inocente. Esta actividade gera de facto um fluxo financeiro importante e a maneira como ela está estruturada, no geral, propicia toda esta subversão de valores. Claro que a apropriação canibal dos valores clubísticos a favor da especulação esbarra com o problema crucial de tudo isto: é que quem sustenta esta actividade são os sócios e os adeptos e não as televisões e os bancos. Sem adeptos a publicidade, as televisões, os bancos, etc, etc, falham o alvo... Mas isso são contas de outro rosário.

domingo, 26 de março de 2006

Contra o conformismo

Desenganem-se aqueles que pensam que a situação em que o Sporting caiu se vai resolver nas próximas eleições.
Vivemos um período trágico e para o inverter exige-se mais do que a solução simplista de encontrar o nome do próximo salvador...
No plano financeiro, o Clube aparenta estar num ponto de comprovada derrapagem. Apesar das molduras humanas confortavelmente preenchidas à volta do estádio, reina uma enorme indiferença por tudo o que se passa no Clube, para além do futebol. As estruturas dirigentes estão intersticialmente impregnadas de diversos males profundos que os Sportinguistas se habituaram a aceitar e se preparam para aceitar de novo como um "mal menor".
Nestas eleições que se avizinham a reflexão essencial que, de mente limpa teremos, todos nós, de fazer é o que é, o que queremos que seja e o que pode, de facto, ser o Sporting.
Ninguém está fora da carroça! Não há milagres!
Ouço com enorme perplexidade que uma solução Miguel Ribeiro Telles seria aceitável. Ouço com uma ainda maior perplexidade que uma solução FSF seria outra solução aceitável!
Vou ser sincero com todos e dizer-lhes o que penso, pessoalmente, sem subterfúgios, sem truques de "politicamente correcto", nem palavras mansas para adormecer: acho que nenhuma solução para a Direcção do Sporting que passe, ou inclua qualquer personagem da dinastia que dirigiu o Clube até agora é boa! Poderá resolver problemas a curto prazo. Mas, será sempre mais do mesmo!
Não me conformo com o conformismo em que se caiu!
Aceitar uma solução desse tipo é garantia de que, daqui a dois, cinco ou dez anos, teremos a repetição das cenas a que ciclicamente vimos assistindo: turbulência directiva, instabilidade desportiva, caos financeiro, insultos e lenços brancos, Assembleias, mais insultos, contestação e novas eleições!
Assim tem sido, assim será.
O Sporting projecta hoje para a sociedade portuguesa, quer queiramos, quer não, a imagem de um clube ingovernável, sujeito como todos os outros às contingências da "bola na trave", sem meios próprios de subsistência, previsível, sem projecto, sem conteúdo. O Sporting para a generalidade dos Portugueses é mais uma dessas agremiações que recolhem os privilégios de um estado negligente e vivem à pála de uma sociedade distraida...
Diferentes, portanto, em quê?
Na linguagem dos nossos dirigentes, o Sporting nunca é a realidade triste que é de facto. É sempre melhor, ou menos deficitário que o vizinho. E, não nos esqueçamos, o Sporting é um dos "grandes"!
Ah! pois sê-lo-á, certamente, na medida justa do seu défice...

Ouço, por outro lado, muitos Sportinguistas e sinto que existe um claro descontentamento com esta situação. Mas, gela-se-me o sangue quando sinto, em contrapartida, o seu conformismo no que se refere às soluções e vejo que da reflexão dos Sportinguistas mais preocupados (já não falo dos comentadores, sejam eles simplesmente cretinos ou vendidos!) só sai receio pela ausência de alternativas, ou soluções... de continuidade. E as soluções estão sempre nos outros! Nunca em nós próprios... Ora, não podemos exigir aos nossos atletas que dêem tudo o que têm pelo nosso clube, para nós depois, na nossa esfera própria de intervenção, nos demitirmos miseravelmente...
Escrevi algures por aí que o Sporting existe porque alguém o inventou, mas que é também um Clube sujeito hoje, claramente, à possibilidade de desaparecer.
Tudo isto porque os sócios (incapazes, só por si, de garantir a sobreviência do Clube) impedem, com a sua indiferença ou crença ingénua em soluções directivas desacreditadas, que o Sporting se adapte aos tempos e exigências de hoje. Essa sim, é uma verdadeira "minoria de bloqueio" no contexto do universo Sportinguista!
Pois bem: a solução somos nós! Os que hoje dirigem o Sporting e o levaram ao desastre que a todos aflige também "são nós", mas já provaram que não merecem continuar a ter a honra de dirigir este Clube. Portanto, a solução está em nós, mas "noutros nós."
Apenas necessitamos de saber que barco queremos e como se pilota. Depois vem o piloto. É uma discussão a que não nos podemos furtar. Não podemos é fazer o contrário, i.e.: arranjar o piloto e depois comprar um barco para ele dirigir. Essa solução deu no que deu...
Quando soubermos o que queremos podemos, pois, discutir pessoas. Há muitas soluções possíveis e, já o escrevi aqui, na falta de um nome único alternativo --não comprometido, é certo, com o descalabro que têm sido estes últimos dez anos de dinastia Roquettiana--, uma delas pode, inclusivamente, passar por uma Direcção colectiva que junte os melhores e que, para além de proceder à sua gestão corrente, estabeleça as bases de uma discussão sobre o que queremos para o Clube. Discussão que deve incluir as modificações que deverão ser introduzidas nos Estatutos para os adaptar ao Sporting de hoje e as reformas organizativas que terão de ser feitas para tornar todo este complexo mais ágil, eficiente e a dar resultados. E que, sobretudo, crie condições para a participação activa, participação activa e mais participação activa de todos nós!!!
Os Estatutos até prevêem uma solução colectiva...
Agora, uma coisa é certa: baixar a cabeça perante a inevitabilidade de uma solução na continuidade parece-me uma tragédia que tem a palavra DESASTRE escrita por todos os lados!
E apenas conseguiremos com isto um "período de carência" que cada vez vamos pagar mais caro. Não estamos todos já tristemente de acordo que qualquer coisa vai ter de ser vendida para salvar o Sporting a curto prazo? Até onde esperam os Sportinguistas que os recursos do Clube podem ir?
De que raio andam à espera os Sportinguistas?

quinta-feira, 23 de março de 2006

Ainda o eleitorado



Escrevi eu aqui abaixo que, como estratégia eleitoral, o que temos a fazer é tentar seduzir uma fracção dos eleitores que conferiram à proposta da Direcção na última AG 64,5% de votos. Mas, pelos comentários, parece que algo não ficou suficientemente claro. Analisemos, então.
O conjunto dos eleitores em causa é constituído pelos seguintes tipos básicos de pessoas:

  • Os que estão a favor da Direcção e consequentemente do seu projecto de vendas;
  • Os que, não sendo adeptos da Direcção, são favoráveis ao projecto de vendas;
  • Os que votam a favor de quem está no poder, sempre que a equipa está a ganhar e se calhar nem sabem o que é que está à votação;
  • Os que não são fãs da Direcção nem concordam com o projecto de vendas, mas estão preocupados em que, digamos assim para simplificar, o poder caia na rua.

Nesta espécie de classificação, é preciso que se esclareça que não é só na categoria 4. que se encontram aqueles que temem que o poder caia na rua, mas em todas elas (exceptuando ,claro, os cromos do grupo 2.).
Não é de certeza no primeiro grupo que conseguiremos angariar votos, pois os seus elementos estão mais que convencidos de que o que interessa é manter o poder que está, a dinastia dos cooptados. Portanto estes, dá para esquecer.
Quanto aos do segundo grupo, e uma vez que com certeza não vamos trabalhar para que o Sporting perca, só por azar (do Sporting) é que eles votarão numa opção nossa.
É entre os eleitores do terceiro e quarto grupos que poderemos abichar votos.
Para tal teremos de arranjar uma alternativa credível aos candidatos que se perfilam e aos que se vão perfilar (Soares Franco não vai, mas a pandilha vai, e, segundo o "tudo a nu" SF era apenas um títere cuja eminência parda – o Telles – já vem nos jornais que Roquette o apoia).
Como refere Master Lizard no seu último escrito "a tarefa que se afigura absolutamente vital levar a cabo neste momento é a da mobilização de TODOS os Sportinguistas em torno da discussão das eleições. Todas as formas de mobilização dos Sportinguistas são válidas".
Vamos a mobilizar os bloguistas do contra e todos os associados que querem a mudança, sem esquecer aqueles que informada, inteligente e vigorosamente intervieram na AG.
Mobilizar para quê?
Temos de encontrar uma figura de gestor bem colocado perante a banca e virgem do lodo e da má gestão do passado, para liderar este movimento de sportinguistas descontentes com a actual situação e que querem um poder novo no Sporting.


Por um Sporting competentemente gerido, como clube desportivo que é!
Pela participação dos associados nas decisões!
Por uma gestão que não continue a dar prejuízos e rentabilize o património!
Por um Sporting ecléctico e aberto à prática desportiva das massas!
Por um Sporting com uma equipa de futebol ganhadora, com jogadores formados na Academia!


VIVA O SPORTING!

terça-feira, 21 de março de 2006

Vagas de fundo

De facto, parece certo que há inúmeras pressões para que FSF se recandidate.
Já se fazem contas mirabolantes para justificar uma eventual candidatura da criatura referida.
Há que transformar, coerentemente, esta vaga de fundo num... afundamento!
Sendo certo que não será este o momento de levantar questões como as que tenho aflorado (mais cedo ou mais tarde iremos ter de enfrentar o dilema: reforma ou extinção... As dificuldades do Sporting resultam do "sistema" interno e nunca terão solução sem reformas profundas!!) a tarefa que se afigura absolutamente vital levar a cabo neste momento é a da mobilização de TODOS os Sportinguistas em torno da discussão das eleições. Todas as formas de mobilização dos Sportinguistas são válidas.
O Sporting e os Sportinguistas têm uma oportunidade de ouro, em ano de centenário, para mostrar porque são de facto diferentes!!
A tarefa começa... JÁ!

De acordo com FSF!

Também eu não estou "descansado" com nenhum dos candidatos que se perfilam!

O eleitorado

A última AG provou que o eleitorado do Sporting está presentemente dividido do seguinte modo: 64,5% a favor da actual Direcção (quase dois terços) e 35,5% contra. Na prática é pouco importante saber qual é a correspondência disto com o número de cabeças, porque as regras do jogo estão assim estabelecidas e não vão ser modificadas até à próxima AG eleitoral.
Eu estou preocupado com ambos os grupos de eleitores.
Preocupam-me aqueles com quem mais me identifico, os do contra, minoria para efeitos eleitorais, mas apenas por um aspecto: o comportamento na Assembleia eleitoral. Porque o voto destes está no papo. Mas o seu comportamento pode tirar-nos votos dos do outro grupo. Como eu disse num escrito anterior, de cada vez que um conjunto de associados procura obstruir a fala a um orador, de cada vez que há insultos vindos da bancada, haverá dezenas de indecisos que se inclinam para a continuidade.
Mas preocupam-me, melhor dito, ocupam-me, muito mais aqueles que na última AG não votaram como eu. É no seio destes que teremos de recolher os votos necessários para obter maioria que eleja uma nova Direcção que, cortando com o passado recente, devolva o Sporting aos adeptos contando com eles para a tomada de decisões, que tire a gestão do vermelho em que tem estado, que ponha o clube na senda das vitórias.
Mas como, se eles estão a favor da continuidade?
Será que estão mesmo? Bem, uma parte está, com certeza e, quanto a esses, não há nada a fazer. Esses são os únicos que não me preocupam (ocupam)! Mas os outros? Aqueles que votaram com o CD porque, apesar de saberem que a gestão foi má, têm medo que a alternativa seja o populismo de tipo Sousacintrense ou o arrivismo popularucho de tipo Jorgegonçalvista. Depois de termos o Sporting numa plataforma "educada", com boa relação com a Banca, ninguém quer voltar à pré-história. Mesmo que isso custe prejuízos de mais de 2 milhões de contos/ano. Não ponham dúvida de que a grande maioria dos associados que votou com o CD está nesta posição.
São estes que temos de cativar.
Como?
Aceitam-se ideias. Mas depressa, pois o tempo urge!

segunda-feira, 20 de março de 2006

A alternativa

Uma das coisas que mais me tem irritado (confesso!, sou assim sanguíneo...) ouvir nos últimos tempos é a famosa questão da "alternativa". Aqui há uns tempos escrevi aqui no KL sobre o perfil que entendo (e entendo que os Sportinguistas entendem) deve ser o de um Presidente do SCP. Mas, quando falo em perfil de Presidente não quero necessariamente "fulanizar" esta questão. Quando pensamos neste cargo devemos ter em mente, mais as características do cargo e menos a pessoa ou pessoas que o possam exercer. Há muitas soluções possíveis para a Direcção do Sporting.
Esquecem-se os Sportinguistas, que falam em falta de alternativas, que o Sporting são eles próprios. Esquecem-se que a força mesmo do Sporting são eles próprios! Não posso admitir que se olhe para o Sporting, para o Estádio cheio ou para aquela Assembleia de 6a feira, para toda a energia que corre nestas alturas e se coloque o problema da falta de "alternativas".
Neste implorar por "alternativas" parece existir uma espécie de crença implícita que um qualquer D. Leo-Sebastião vai chegar e resolver. Que vai aparecer um salvador que irá, finalmente, tirar o Sporting desta situação crónica de insolvência em que se encontra mergulhado. Já vimos, repetidamente, o que resulta das crenças neste tipo de personagens.
A organização directiva definida estatutariamente é o espelho de um determinado tempo histórico, de um figurino e de uma determinada ideia de funcionamento do Clube. Mas, as coisas mudaram e mudam constantemente. O que se pretende hoje no Sporting é fazer adaptar as necessidades do Clube à estrutura dirigente e não adaptar a estrutura dirigente às necessidades do Clube. É um bocado como querer encaixar peças da Lego no Meccano (alguns lembram-se do Meccano, não?). Vai ser difícil que alguma vez o resultado seja satisfatório.
Tendo em conta a estrutura sociológica do Sporting e o que atrás fica dito, resulta claro que, de facto, só por sorte aparecerá um dirigente com características de tal modo abrangentes que possa harmonizar todas estas contradições.
O que noto nalguns que, mesmo estando contra o que se passa no Clube, temem a aparente falta de "alternativas" é uma grande passividade misturada com uma ainda maior dose de conformismo. Ora, o que necessitamos é de acção e criatividade. A presente organização do SCP não nasceu, nem de direito divino, nem por obra e graça do Espírito Santo (essa influência é mais recente...). Foi criada por homens! E qualquer outra que assegure o respeito pelos princípios do Clube e a sua gestão eficaz é válida e merece ser discutida.
O que impede os Sportinguistas de encontrar soluções dirigentes adequadas aos tempos que correm, modernas, criativas e mais eficientes? Porque teremos nós que escolher, ano após ano, sempre entre o mau e o menos mau?
Chorar passivamente por "alternativas" leva apenas à solução do "mal menor", que mais cedo ou mais tarde se transforma no "mal pior", como todos temos assistido, iniciando-se logo de seguida, de novo, o ciclo infernal da constestação. É triste. E cansativo...
As necessidades específicas de direcção do Sporting são claras. Se não houver porém uma única pessoa que corresponda ao perfil necessário para liderar um grupo que lhes dê resposta, há-de haver um conjunto de pessoas que consiga, em conjunto, garantir esse desiderato. Os Estatutos actuais, de resto, até asseguram essa solução.
Alternativas existem. E, seguramente, que uma discussão ampla sobre esta questão as fará emergir. Que haja coragem para discutir, pois, este assunto. O que temo é que essa coragem não exista...

Contas

Uma clarificação relativa ao post que escrevi anteriormente.
Ao propôr analisar a formação real do voto de 6a feira, o que pretendo, de facto, é analisar a realidade "real", perdoem-me o pleonasmo! Não a realidade virtual, que é aquela que toda a gente tem usado como bitola.
Ninguém sabe a quantos associados corresponde, de facto, a votação de 6a feira. Ninguém sabe a quantos sócios de facto corrrespondem aquelas percentagens de 64,54 % de votos a favor e 35,46 % contra. A votação parece-me (parece-me!, mas gostava de ter a certeza!) deturpada pelo método do número votos por número de anos de sócio. Ora, o que se passa é que ter 25 votos não transforma uma pessoa em 25 pessoas... Nem dá, sobretudo, ao Sporting 25 vezes mais "receita" em quotização, em bilheteira, em venda de camisolas, cachecóis, etc, etc!!
O que interessa, pois, saber é o que a maioria das pessoas pensa. Porque as soluções dependem deste apuramento.
Por outro lado, lembremo-lo, há uma esmagadora maioria de gente que nem sequer tem voto no Sporting... Só paga! E só dos seus bolsos pode vir qualquer esperança de alterar a situação das receitas do Sporting (a questão que verdadeiramente nos apoquenta). Os sócios do Sporting não chegam para o tirar da zona vermelha!!! Nem é credível que haja uma campanha de novos sócios que alguma vez venha alterar este estado de coisas. Talvez se os detentores de 25 votos passassem a pagar o privilégio com 25x o valor das quotas, 25x o preço dos bilhetes, ou 25x nos outros produtos, a situação se alterasse! Isso sim, seria um privilégio justo. Agora assim, no quadro deficitário actual, estamos, na minha óptica, perante um método cómodo e barato de deter um estatuto ilegítimo.
Há uma contradição profunda entre o propósito de fazer do SCP um clube abrangente, de aumentar as receitas e quebrar o ciclo deficitário crónico, por um lado, e, por outro, manter certos privilégios que transformam o Clube numa seita exclusiva manipulada por uma minoria. Não estou contra os exclusivismos. Mas, se os queremos teremos de os pagar!
Considero pois este privilégio ilegítimo, porque não ajuda a resolver os problemas com os quais estamos todos confrontados! Antes os agrava.
Há privilégios (que se traduziram nesta "sede de estabilidade" como, apropriadamente, o Raul referiu na sua análise) que estão a arruinar o clube... É preciso que os sócios tenham a noção que também podem fazer parte do problema... Claramente, a política de liderança Sportinguista não resultou porque se tivesse resultado não havia défice.
Desta forma, só vejo uma possibilidade de, no quadro desta "sede de estabilidade", resolver o problema: multiplicar as receitas potenciais pelo número de votos a que os sócios actualmente têm direito...
Ou então acabar com este privilégio e optar, em definitivo, pela solução "um sócio, um voto"!

domingo, 19 de março de 2006

Quem perdeu a AG de 17 (2)

Uma citação para começar:

A Assembleia Geral do Sporting dez anos depois do ano zero

O Sporting realiza hoje uma Assembleia Geral à Benfica.
Ou seja, ao contrário do que aconteceu nos últimos dez anos, a unanimidade habitual dará lugar à argumentação demagógica, talvez até a alguns insultos vindos da bancada. Seja como for, há uma certeza: o Sporting pode ter um défice de tesouraria difícil de estancar e um passivo do tamanho do novo estádio, mas o apetite pelo controlo do clube mantém-se voraz. Falta dinheiro e faltam soluções, mas sobram candidatos, listas adversárias e ‘notáveis’ dispostos a vestir a camisola do clube. Ora, esse facto não é dispiciendo. Há dez anos, quando Sousa Cintra deixou o Sporting, José Roquette era o único empresário com vontade de pegar no clube. De um lado estava Roquette e a promessa de uma gestão profissional. Do outro, alguns sócios que pensavam que CMVM era uma equipa holandesa da segunda divisão. O conhecimento profundo do mercado de capitais e da vida empresarial era, de facto, o grande trunfo de Roquette. No entanto, uma década mais tarde os resultados ficaram muito aquém do prometido. O futebol continua deficitário, as modalidades amadoras são que são e as receitas extra-futebol não enchem a barriga de ninguém. Ou seja, o Sporting continua dependente – como todos os outros clubes – da benevolência dos governos e da venda de património para saldar dívidas e sobreviver. Tudo o resto que se diga é apenas luta pelo poder. Na verdade, hoje à noite não há grandes diferenças de projecto em discussão. Apenas de protagonistas.
(André Macedo com António José Gouveia e Mónica Silvares, in Diário Económico, 17/3).
Este artigo precede a AG, mas profetiza o que iria acontecer.
De facto, a maioria dos sportinguistas não está nada interessada, depois de ter atingido o status de ver o clube dirigido por quem tem "conhecimento profundo do mercado de capitais e da vida empresarial" em voltar à fase Sousa Cintra (ou à sua versão actual nos lampiões, o inefável LFV).
Por isso, de cada vez que, na AG, um conjunto de associados procurou obstruir a fala a um orador, houve dezenas de indecisos que decidiram votar a favor da proposta do CD. Isto apesar de que "o futebol continua deficitário, as modalidades amadoras são que são e as receitas extra-futebol não enchem a barriga de ninguém".
Agradar ao povo sportinguista, procurar o seu voto, não foi essa a preocupação de FSF. Isso é o que fazem os populistas, e FSF é tudo menos isso. Ele dirigiu-se ao eleitorado sedento de estabilidade, aquele que sentia um arrepio na espinha de cada vez que que se ouviram "alguns insultos vindos da bancada", com receio de que o poder caia na rua.
E são estas as preocupações de que fazem eco os jornais. Viram o título do "Público" sobre a AG? Sabendo-se que o título deve ser a frase chave da notícia, é sintomático que eles tenham escolhido este, depois da proposta ter perdido: "Soares Franco ovacionado de pé na AG".
Isto acontece porque, de facto, o CD não perdeu. Ou melhor, perdeu apenas uma batalha secundária; "mas o apetite pelo controlo do clube mantém-se voraz" e, sejam quais venham a ser os "protagonistas", a dinastia vai fazer os possíveis para se manter em funções.
É certo que – como foi referido em posts anteriores e em comentários a esses mesmos posts – nos demos conta, com satisfação, de que existe uma plêiade de associados jovens, com um discurso inteligente, vigoroso, informado e consciente, de oposição à actual clique dirigente do nosso clube.
Mas é preciso haver um líder. Um líder que una a um indefectível sportinguismo, boa capacidade de gestão e credibilidade junto da banca.
E não há muito tempo disponível até que ele apareça.

AG V (previously unreleased scenes...)

Ainda sobre a AG (e agora é mesmo para finalizar, porque este assunto já não tem mais interesse!) gostaria de deixar aqui apenas mais duas ideias.
Em primeiro lugar, a minha curiosidade em conhecer as percentagens reais da votação de 6a feira é imensa. Ou seja, o que teria acontecido se esta votação tivesse sido na base de "um sócio, um voto." Talvez esse dado nos forneça um perspectiva mais realista do que é o pensamento dos Sportinguistas hoje. E talvez o conhecimento dessa percentagem nos forneça pistas também sobre a origem do descontentamento dos sócios em relação ao que se passa no Sporting e abra uma perspectiva sobre o que vai ser o Sporting se determinados percursos não forem alterados...
Em segundo lugar, gostava de chamar a atenção para o facto de ter havido 556 votos contra, uma percentagem de cerca de 3% de abstenção. Mais uma vez, não sabemos qual é o carácter real desta percentagem, mas, se bem que não se afigure, de facto, legítimo incorporar este valor nos "nãos", ele representa ainda assim uma percentagem de gente que, em definitivo, não se reviu nos argumentos esgrimidos, ou que achou que o ponto que estava em discussão deveria ser tratado no contexto de eleições, ou que achou que o carácter provisório desta direcção não lhe dava legitimidade para abordar esta questão.
Em todo o caso, mais uma "nuance" a ter em conta para todos aqueles que tentam interpretar os resultados de 6a feira...

Quem perdeu a AG de 17 (1)

Bem, o que estava em discussão, constituindo aliás o ponto único da Ordem de Trabalhos, era a alienação do património não desportivo. Sob este ponto de vista quem saiu derrotado, embora à tangente, foi o Conselho Directivo (CD) do Sporting.
Mas, será que na AG de 17 se discutiu realmente a alienação do património não desportivo? Não, o campo em que, de facto, se terçaram armas, do princípio ao fim, foi o eleitoral e todas as intervenções se situaram na oposição ou não ao actual (interino) CD. Só houve uma excepção, já direi qual.
Ora deste ponto de vista quem ganhou foi o CD, pois obteve a maioria dos votos (mais de 64%) e quem perdeu foi a(s) oposição(ões). É chato para aqueles que só conseguem ver as coisas apaixonadamente, mas é assim.
Portanto, vendo as coisas com benevolência para o nosso campo e os dos outros que também se opõem a este CD, empatámos.
Logo, o CD também empatou; empatou connosco. Mas eles partem para o desempate com uma vantagem: neste momento têm 64% dos votantes do Sporting do seu lado.
O único perdedor foi Dias da Cunha. Curiosamente foi também o único que foi para ali discutir a alienação do património não desportivo e os sócios lá fizeram o frete de o ouvir na primeira intervenção, porque sabiam que ele estava contra o CD, mas nem tiveram paciência para ouvir a segunda. Ninguém estava interessado em discutir a alienação do património não desportivo; muito menos se quem se pronunciava sobre isso era um dos que tanto tinha contribuído, com anos de acumulação de prejuízos, para a calamitosa situação que provocou o levantar deste problema.
Mas o verdadeiro perdedor terá sido o nosso querido clube, o Sporting Clube de Portugal.
Isto se entretanto não se apresentar uma candidatura credível e competente para o dirigir.

Sumário dos próximos posts

À medida que for sendo possível tenciono escrever aqui proximamente sobre, entre outros, os seguintes temas:
- Porque é que estou desiludido com (algumas d)as velhas referências do clube...
- Porque é que, consequentemente, tenho esperança que as gerações mais novas consigam dar a volta a isto.
- Porque é que o Sporting precisa de um novo modelo organizativo.
- Porque é que não podemos, de forma alguma, esquecer os responsáveis pela situação actual do clube e que medidas vai ser necessário tomar para que esses responsáveis respondam perante os sócios.
- Porque é que acho que continuamos a não precisar de "alternativas", pelo menos aquelas que se perfilam no horizonte, e que outras soluções, que não passam por essas "alternativas" clássicas existem.
- Porque é que acho que existem alternativas aos bancos para solucionar os problemas do Sporting.
Considero estes temas (e outros, sobre os quais ainda não tenho todos os elementos alinhados, mas que seguramente incluirei nesta lista) essenciais para iniciar uma discussão séria sobre o futuro do Sporting.


Provoquemos a discussão!



POR UM SPORTING DOS SÓCIOS!

AG IV - The Final Episode

Qual é, em suma, a conclusão principal que se pode tirar desta AG?
Pois bem, deixem-me responder-lhes com uma adivinha...
Qual é coisa, qual é ela que constitui a solução para todos os problemas do Sporting Clube de Portugal?
Os sócios!
Simples, hein? Mas, quem se lembra disto quando deve?
Esforço... para incorporar os sócios na vida do Clube!
Dedicação... aos sócios!
Devoção... dos líderes aos sócios para...
Glória do Sporting!
Se estas verdades simples não forem seguidas daqui a não sei quanto tempo (mais mês, menos mês, mais ano, menos ano), estaremos todos outra vez a fazer um levantamento de rancho e a votar contra quem quer que seja que venha aí.
Sempre pronto a discutir as melhores soluções para a Glória do Sporting despeço-me, por agora...
ML

sábado, 18 de março de 2006

Quem ganhou a AG?

Os anunciados candidatos, vêm hoje, com semblante de vitória, anunciar o seu regozijo por os sócios do Sporting não terem deixado passar a proposta de venda de património apresentada pelo Conselho Directivo. Coitados! Ainda não perceberam o que, de facto, aconteceu...
E do que aconteceu o principal prejudicado é o Sporting.
Porque, para começar, qualquer que seja o Conselho Directivo que venha a ser eleito, encontre as contas como encontrar, pelo menos nos próximos tempos – isto é, enquanto os sócios se lembrarem do que acabaram de decidir – não se vai poder tocar no património. Ora, sendo certo que FSF carregou de sombras negras o quadro financeiro do clube, estou cá desconfiado de que não vai ser fácil pagar salários e outras despesas correntes se não houver uma entrada extraordinária de fundos. "Estarás tu, herege, a insinuar que o interino FSF tinha razão em querer alienar património?", dir-me-ão. Ora, só o que se deve da construção das infra-estruturas, como agora ficámos a saber inteiramente financiadas por capitais alheios, obriga ao pagamento de juros anuais de mais de 13M€. E, pelo que li nos jornais – e apesar das vendas das jóias da nossa coroa, algumas delas a abrilhantarem os plantéis dos nossos principais rivais – só em prejuízos acumulados nos últimos 10 anos já vamos em 112 milhões!
Mas o mais grave não é isto. É que já os jornais começam a insinuar que FSF (se não for ele há-de ser alguém que garanta a continuidade) se apresta a candidatar-se. Ele, actual representante dos "gestores" que nos andaram a "enterrar o tostão" durante o último decénio! Pois é, ainda ninguém reparou que, apesar de derrotada, a actual Direcção teve 64% dos votos!
Nas circunstâncias em que a coisa correu, isto é, tendo-se aceitado as regras do jogo traçadas para esta Assembleia, a Direcção saía sempre a ganhar. Como, de facto, saiu. Agora vai capitalizar os sessenta e tal por cento que são os seus eleitores. Os totós dos protocandidatos não perceberam que o que tinham a fazer era recusar aquela metodologia de debate e decisão. O que deveriam ter proposto era que o debate fosse realizado em sede eleitoral e que a decisão sobre a alienação de património fosse protelada para depois das eleições.
Nós tínhamos uma moção preparada para ser apresentada durante a Assembleia que propunha concretamente:
Adiar a decisão sobre a questão em apreço nesta Assembleia para depois das próximas eleições para os Corpos Gerentes do Sporting Clube de Portugal.
Com a falta de prática que temos da maneira como é possível correrem as coisas numa AG, inscrevemo-nos para falar e, nessa altura, apresentar a moção. Qual não é o nosso espanto quando, estrategicamente a seguir a uma intervenção de FSF, o Presidente da Mesa revelou que tinha uma moção que ia no sentido de se proceder imediatamente à votação. Já cansados e prevendo que não iriam ser melhor esclarecidos por mais intervenções, os sócios quiseram votar de imediato.
Chegados a este ponto votámos obviamente contra. Mas tudo isto foi uma falácia porque não só nós, mas todos os descontentes que ali estavam – e as intervenções destes foram bastante claras quanto a isto – votámos, não contra o projecto de alienação, mas contra o Conselho Directivo.
Porque se houve mérito que este desgraçado processo teve foi o de nos revelar o buraco em que as gestões dos últimos 10 anos nos meteram. E que não estamos sozinhos nas nossas preocupações; intervieram vários associados jovens, com um discurso vigoroso, informado e consciente. Mas é improvável que se consiga poder suficiente para contrariar esta espécie de polvo que se alapou aos cargos dirigentes do clube.
Querem que vos diga a verdade, sem subterfúgios? Então lá vai: o que vamos ter a seguir é mais do mesmo.
A esperançazinha é que apareçam as tais alternativas credíveis.

AG III

Nos dois posts anteriores detive-me sobre duas questões que esta AG veio colocar a nú:
1- Não há uma cultura democrática no Sporting.
2- Existem valores perenes no SCP que de alguma foram transmitidos às gerações mais novas e nos deixam optimistas em relação ao futuro. Se... a herança lá chegar.
Neste terceiro post gostava de falar na questão de fundo desta Assembleia: a destituição da geração Roquette.
A situação financeira do Sporting é problemática --como o presidente cessante do Clube tentou demonstrar com copiosa soma de dados-- desde há muito. Sucessivas direcções concentraram-se na sua resolução ou acabaram agravando-a. O Projecto Roquette surgiu como uma das mais aliciantes tentativas para a resolução deste crónico problema que foi possível construir. O Projecto Roquette falhou. O que os sócios fizeram ontem foi gritar, alto e bom som, isso mesmo: o Projecto Roquette falhou. Não há mais tentativas, nem mais condescendência com os seus promotores!
Outra coisa que ficou clara do resultado da votação de ontem foi o facto de os sócios não temerem, apesar das contínuas ameaças sobre o espantalho do vazio de poder, a aparente ausência de alternativas. Este facto é importante porque o horror ao vazio de poder tem pairado constantemente sobre as escolhas eleitorais dos Sportinguistas. O vazio de poder é o factor que tem substituido o debate democrático, ético e esclarecedor.
Em grande parte porque os mesmos que abanam o espantalho do vazio de poder têm, eles próprios, horror à discussão e à participação democrática. (Neste sentido, as sessões convocadas por FSF podem bem ser classificadas como "sessões de convencimento" como um sócio referiu, e neste sentido também é mesmo fundamental discutir aberrações como a forma de condução da AG de ontem, ou a macacada da "AG" de 23/2...).
Noutra medida, e em resultado também desta posição autocrática, porque tem existido uma incapacidade para entender e promover o papel das novas gerações de Sportinguistas nos destinos do Clube. Apenas os dirigentes do presente se perfilam como alternativa. O futuro não chega aos calcanhares do presente. A não ser mascarado de claque.
Muito do que, no fundo, se passou nos últimos dez anos no SCP passou por isto: crónico desprezo pelos sócios e incapacidade de incorporar novo sangue nas fileiras dirigentes. O resto é conhecido e foi amplamente discutido por todo o lado.
Resultado de tudo isto: voltámos a falhar e estamos na estaca zero. Precisamos de um novo "Projecto".
Mas, o que ontem ficou claramente expresso na votação foi: "estes não!" Que sobre isto não restem dúvidas!!
Venham então os próximos!
Em próximo episódio tentarei falar sobre programas possíveis.

Futuro

1 – A.G.

Não me parece que o fundamental seja discutir a direcção da assembleia. Há demasiados grupos no Sporting para que saibamos quem foi fazendo as diferentes manobras de gestão da assembleia. A mesa (a direcção, verdadeiramente) fez a sua, mas foi do grupo FSF que saíram os apupos em momentos que queríamos ouvir? Não sei. Houve quem soubesse estar no lugar certo à hora certa no que diz respeito a inscrições… falaram todas as facções concorrentes à direcção, apesar de não terem verdadeiramente podido dizer tudo, mas quem tem o poder exerce-o….
Nós, que somos novatos no assunto, não falámos mas o que queríamos dizer foi dito. Hoje após alguma reflexão tenho algumas dúvidas sobre se não deveríamos ter feito uma proposta de pedir à direcção para que a sua proposta garantisse que seria a futura direcção a vender se tal achasse necessário e se isso fizesse parte do seu programa eleitoral.
Porque me parece óbvio que a situação é grave e que se fechamos as portas aos bancos podemos ficar pior que o belenenses.
Mas perante a provável impossibilidade de expor as nossas opiniões fico contente com os resultados

2- Futuro

Agora há que fazer surgir alternativas credíveis, que até podem passar pela venda, mas que terão que passar necessariamente por um esclarecimento dos motivos que nos trouxeram até aqui.
O clube está estrangulado financeiramente e quem aparecer terá que ser claro nas propostas que faz para começar a por as contas na ordem.
Penso que garantir uma candidatura credível se sobrepõe à procura dos culpados, mas não a pode esquecer.

Porque o futuro do Sporting não depende dos culpados mas das soluções

AG II

Uma primeira nota acerca da substância da AG. Fiquei francamente impressionado com o teor de duas ou três intervenções de sócios mais novos. Para quem temia que o Sporting estivesse esgotado e à beira de perder a sua mística e os seus valores, acho que essas intervenções deixaram claro que o futuro do Clube está em boas mãos.
Intervenções corajosas, articuladas, que tocaram no centro mesmo das questões que estavam em debate na AG. E doeram! Ficámos privados de ouvir outras intervenções que se adivinhavam igualmente importantes e estavam a gerar também compreensível expectativa. Mas enfim, nada disto surpreende na verdade...
Um agradecimento ao senhor Presidente da Assembleia Geral do Sporting, doutor Miguel Galvão Telles, por ter ajudado de forma tão inspirada a um maior esclarecimento de todos os Sportinguistas.
Bem haja!

AG I

Obrigado por uma das maiores tentativas de golpada numa AG de que há memória, dr. Miguel Galvão Telles.
E obrigado aos estimados sócios que se prestaram a esta manobra. Em especial àquela sócia que vai ao relvado entregar ou receber qualquer coisa das mãos do dr. Filipe Soares Franco, semana sim, semana não...
Ao fim de 100 anos é natural que a reunião do Orgão Máximo do Sporting Clube de Portugal decorra na perfeição.
A última já tinha sido um exemplo de visão, de competência, de consideração pelos sócios e de escrupuloso respeito pelos preceitos democráticos.
Por isso, obrigado ainda ao dr. Miguel Galvão Telles pela forma serena, autoritária e eficaz como conduziu a AG. Um primor! Um exemplo! Então aquela fase da votação vai ter de fazer parte, no futuro, dos compêndios sobre esta matéria.
Uma palavra ainda para o método de votação. Um verdadeiro achado, também certamente ideia de um dos génios que se sentam à mesa da Assembleia Geral...
A votação era secreta e fazia-se por voto em urna. Havia dois cartões. Dispúnhamos de um verde e de outro laranja. Ambos tinham um quadradinho para assinalar o voto contra, a favor ou a abstenção. Depois tínhamos urnas onde poderíamos introduzir os votos. Mas... descoberta, das descobertas!, para um voto secreto tínhamos uma urna que dizia "A FAVOR" e outra que dizia "CONTRA". Mais além, havia urnas para a "ABSTENÇÃO". O secretismo da votação ficava deste modo assegurado. É o conhecido método de "urna no ar"!!
Mas --longe de nós querer exibir aqui algum sentimento de desconfiança--, todos nos interrogámos, quando verificámos a forma isenta e exemplar como os trabalhos foram sendo conduzidos e com a experiência radical que tivémos no dia 23/2, sobre quem teria assegurado que as urnas não continham já alguns votos (já previamente preenchidos para facilitar as operações...) e quem faria a contagem.
Depois de tudo isto temi o pior.
Ninguém nos explicou, entretanto, para que servia aquele cartão laranja.
Temi o pior...

quinta-feira, 16 de março de 2006

AG de amanhã: que fazer?

Relembremos o Ponto Único da Ordem de Trabalhos da Assembleia Geral de amanhã: «deliberar sobre alienação de imóveis não afectos a uso desportivo do Clube, designados por Edifício Visconde de Alvalade, Alvaláxia, Health Clube e Clínica, que corresponderão, após outorga da escritura de constituição da propriedade horizontal, às fracções "D", "G", "C" e "F" do denominado Complexo Multidesportivo do Sporting Clube de Portugal "Alvalade XXI"».
Face a isto, o que devemos fazer?
Tenho vindo aqui a defender que a discussão do tema desta Assembleia se deverá processar no âmbito de um processo eleitoral, o qual deverá ter lugar tão depressa quanto possível, até porque o acordo que Dias da Cunha fez com ao bancos obriga a uma decisão (venda ou fecho) sobre o Alvaláxia até ao fim de Junho.
A intervenção que tenhamos deverá, pois, pautar-se por um objectivo central: que seja, não na AG de amanhã, mas no quadro dum processo de eleição de novos corpos dirigentes que estes temas de vendas ou não vendas se discutam e que os sportinguistas possam escolher os seus melhores representantes e gestores para levar à prática o plano financeiro que venha a ser aprovado.
Só assim se poderá garantir, em primeiro lugar, que o plano aprovado venha a ser implementado por quem o propõe; em segundo lugar, que esse plano (de natureza económico-financeira, repito) se harmonizará com as outras instâncias (nomeadamente a desportiva, core business do Sporting, como os gestores gostam de dizer).
Só uma Direcção que encara o Sporting como uma mera empresa, sem atender à especificidade do negócio desporto (futebol em particular, mas não só) pode achar que estas instâncias podem ser discutidas em separado.
Mais: esta Direcção é interina e não pode partir do princípio de que vai continuar a gerir os destinos do Sporting, que é o que está subjacente à convocação de uma AG para discutir o tema da alienação separado dum projecto global para o Sporting.
Por estes motivos, se não conseguirmos impedir que a decisão de alienação seja votada, deveremos votar contra qualquer proposta de alienação que apareça, seja ela qual for e venha de onde vier.
Não, não mudei de opinião e continuo convencido de que, sob condições e no timing apropriado, é inevitável a alienação de pelo menos algum do património não desportivo do Sporting.
No entanto, quem, certamente mais do que nós, está por dentro da situação financeira do Sporting (Dias da Cunha, que deixou a presidência há poucos meses e José Roquette, pai do projecto que tem norteado o clube), já veio a público dizer que a coisa não é tão premente como FSF tentou convencer-nos.
Pode bem esperar o decurso de um processo eleitoral.
Confiemos em que apareçam candidatos que sejam sportinguistas competentes e com projecto credível.
ELEIÇÕES JÁ!

Os pontos nos ii

No meio de todo este ruído mediático, das declarações e contra-declarações que os candidatos, putativos e que o não são, dirigentes, antigos e modernos, "notáveis", uns mais que outros, e demais figuras que se querem pôr em bicos de pés nesta altura à custa do Sporting, vão emitindo; no meio dos problemas reais e/ou imaginários que ensombram o Clube; no meio da gritaria sobre as soluções possíveis; no meio de tudo isto há uma verdade que nós Sportinguistas sentimos de forma mais ou menos intuitiva, mais ou menos racionalizada, mas... sentimos. Sabemos bem o que é um Presidente do Sporting verdadeiro, um ganhador, com perfil para exercer esse cargo. E sabemos o que é um presidente fantoche, que não está à altura do Clube que dirige!
Um Presidente ganhador é aquele que propõe um programa, vê esse programa sufragado pelos sócios e alcança os objectivos que se propôs atingir em nome da grandeza e dos princípios do Clube. Tem um programa! Um Presidente ganhador não perde uma guerra em que se meta. Nem se mete em guerras que, antecipadamente, sabe que vai perder. Um Presidente ganhador só dá tiros certeiros. É metódico, seguro e enérgico. Tem uma visão estratégica e abrangente do clube, do fenómeno desportivo e da sociedade. Está com os sócios. Sente os sócios. Demonstra autoridade. Exsuda autoridade! Não precisa de dar murros na mesa. Impõe-se naturalmente. Um Presidente ganhador é um líder porque... ganha! Em todas estas frentes!
Não tem de estar permanentemente a erguer taças e a abrir garrafas de champagne. Mas, no dia a dia do Clube, nos grandes e nos pequenos monentos, dele só se esperam vitórias e sucessos.

Vejam agora o que tem sido o Sporting dos últimos vinte anos. E atentem, muito especialmente, no que tem sido o Sporting dos últimos dez.
Derrotas desportivas, projectos grandiosos miseravelmente falhados, mentiras descaradas, retrocessos, mesquinhices, golpadas, falta de dimensão, oportunismo descarado e escandaloso, lutas ridículas por notoriedade, muita ânsia de poder, muita leviandade, responsabilidades olvidadas e culpas solteiras! É isto o Sporting hoje, por muito que nos custe. Depois de dez anos de promessas de grandeza e de vitórias retumbantes vamos para uma AG, classificada como uma das mais importantes na história do SCP, para nos pronunciarmos sobre uma proposta... de alienação de património!
A grandeza do Sporting, do seu presidente e dos seus dirigentes actuais e passados com responsabilidades nesta situação resume-se, hoje, a isto. Os debates a que assistimos e as notícias que vamos lendo mostram a pobreza e mesquinhez que hoje dominam o Clube, nas mais altas instâncias da sua liderança.
Os protagonistas de toda esta novela nivelam toda a sua actuação pela bitola mais rasteira e reduziram a dimensão do SCP --este Clube lindo que nos faz mexer e de que todos nos orgulhamos na vitória e na derrota-- à sua expressão mais baixa de sempre. Pela sua manifesta incompetência. Pela arrogância de quem se julgou capaz de liderar este Clube. Pela sua incapacidade de conseguirem sequer exibir um mísero traço de alguma grandeza admitindo que falharam e que ficaram aquém da dimensão do Clube!!
Antes insistem no mergulho.

É contra tudo isto que é preciso lutar.
O nosso campeonato não é o da alienação de património ou o do tamanho do défice. O campeonato do Sporting é o dos seus valores.

"O Sporting Clube de Portugal tem como fins a educação física, o fomento e a prática do desporto, tanto na sua vertente da recreação como na de rendimento, as actividades culturais e quanto, nesse âmbito, possa concorrer para o engrandecimento do desporto e do País."

Assim rezam os Estatutos. Isto é Sporting!
Ponto, parágrafo.
Digam-me agora se alguém pode vislumbrar uma sombra que seja destes valores na actuação dos dirigentes, que nos tempos mais chegados têm poluído a paisagem Sportinguista?
E digam-me lá que outra solução nos resta senão dar-lhes guia de marcha...? Sem remissão, nem piedade!!
Precisamos de devolver a grandeza ao SPORTING CLUBE DE PORTUGAL.

quarta-feira, 15 de março de 2006

Afirmações

Dias da Cunha: "Filipe Soares Franco desempenha as actuais funções a título precário, como ex-vice presidente substituto, e apenas a conduzir o Sporting a eleições, portanto, com a obrigação de não alterar o programa com o que o seu antecessor e ele próprio foram eleitos".
Abrantes Mendes: "Soares Franco devia candidatar-se a eleições, apresentando o seu programa e a sua equipa, permitindo aos outros candidatos a apresentação dos respectivos programas".
Eduardo Catroga: "Seria conveniente a existência de estudos independentes para um melhor esclarecimento. Está em causa uma decisão crucial e, se os sócios não se consideram esclarecidos, penso que o processo devia ser adiado até haver um esclarecimento por analistas independentes".
José Roquette: "A situação no Sporting não é de emergência descontrolada, mas de emergência potencial, a ser atempadamente cuidada".
São afirmações que vão no sentido do que aqui já defendi: na Assembleia Geral de dia 17, o que deve ser aprovado é a convocação antecipada de eleições.
Outra atitude agora revelada é a de que Dias da Cunha, mantendo a intenção de apresentar uma proposta alternativa na AG, não será candidato. Corre-se, assim, o risco de essa proposta ser aprovada, para vir posteriormente a ser implementada por outrem.
Por uma nova Direcção de sportinguistas competentes e com projecto credível.
ELEIÇÕES JÁ!

Roquette em versao soft...

A intervenção de José Roquette na SIC Notícias de ontem não deixa de causar a maior perplexidade. Apoiante confesso, desde a primeira hora, do plano de venda do património não desportivo anunciado pelo seu gestor de mão, Roquette vem agora dizer que afinal o Sporting tem uma situação de tesouraria estável (aliás todos os "notáveis" que têm sido entrevistados referem isso para justificar a dúvida sobre a venda de património), não há salários em atraso, nem incumprimentos nos compromissos fiscais, nem uma má postura institucional. Roquette usou uma figura curiosa para descrever a situação que, em sua opinião, se verifica nesta altura: diz que não há na necessidade de venda de património uma "emergência descontrolada, mas sim uma emergência potencial"...
Fui ver a todos os manuais e dicionários de economia e gestão e não encontrei os conceitos descobertos pelo insigne economista!
O Nobel da Economia para Roquette JÁ!

Dias da Cunha encore!

Dias da Cunha deu uma conferência de imprensa onde reafirmou as críticas que tem vindo a proferir nos últimos tempos. Já aqui lamentei a forma como Dias da Cunha abandonou o cargo de Presidente para que foi eleito. O próprio vem agora dar razão ao que disse há aqui no KL há muito tempo: ele próprio afirma que se soubesse o que sabe hoje não teria saido. Esperemos que saiba agora tirar todas as ilações desta sua confissão...
É que ao mesmo tempo, diz uma outra coisa perturbante: diz que espera que não o estejam a tentar empurrar para fora do Sporting!
Não é de admirar que se fale na possibilidade de instalar práticas persecutórias no Sporting de hoje. A parada é alta, as contradições são muitas, o caldo está, de uma forma ou de outra, definitivamente entornado e as responsabilidades por este estado de coisas quase sugerem a necessidade de se ter de agir criminalmente...
Espera-se, de uma lado, a continuação da fuga dos ratos do porão, enquanto, do outro, se assistá a novas fuga para a frente.

Ainda a entrevista de Bettencourt

A inacreditável entrevista de Bettencourt (que ontem reincidiu!) é aqui escalpelizada no blog Eis o Meu Sporting.
Já agora, só para trazer mais uma nota para a análise, acrescento que na entrevista faltou explicar porque foi Bettencourt para o Sporting... E faltou explicar porque saiu!

terça-feira, 14 de março de 2006

ELEIÇÕES JÁ! (3)

Abrantes Mendes sai hoje em entrevista no Record.
O discurso, em muitos pontos coincide com o que tenho vindo a defender. Vejamos.
Quanto à responsabilidade dos actuais corpos gerentes na actual situação, diz que "o dr. Soares Franco, quer se queira quer não, faz parte de uma solução que foi apresentada aos sócios há 10 anos e que falhou rotundamente (...) O Sporting tem um passivo enorme. Quem é o responsável por esse passivo? É toda uma política de 10 anos. É o dr. Roquette, é o dr. Dias da Cunha, é o dr. Soares Franco. Todos eles seguiram uma política que descambou no que se está a ver."
Quanto à necessidade de participação dos sócios, diz que o Sporting "precisa de sangue novo, credibilidade, projectos novos e voltar a ter a massa associativa consigo. (...) o [por decoro:) omito o nome da entidade aqui citada] está, a meu ver, a adoptar a política certa ao tentar, juntamente com a sua massa associativa, levar o clube aos feitos de outrora. (...) O Sporting precisa também de fazer isso, exactamente porque a massa associativa esteve durante muito tempo afastada da vida do clube". Acrescenta que quer "um clube devolvido aos sócios de forma tranquila porque sem eles não se vai a lado nenhum. Quando o Sporting ganhou o campeonato em 2000 eu não percebi de onde veio toda aquela massa humana, depois de 18 anos de jejum. Sobretudo jovens. Como é possível tanto jovem sportinguista? São eles que têm de aderir".
Quanto à questão da actualidade, a alienação do património não desportivo, depois de se afirmar "contra a alienação", acaba por dizer que "esta venda nesta altura é um erro crasso e estratégico". Sublinhe-se a expressão "nesta altura", justificada pelo facto de estarmos "numa crise no mercado imobiliário" e por ainda não ter começado "a ser construída aquela zona em redor do estádio", além de que AM não acredita "que os bancos executem o Sporting como o dr. Soares Franco ameaça"; AM considera, pois, a possibilidade de renegociar a dívida à banca, a propósito do que pergunta: "por que razão é que o Sporting não negoceia uma maior abertura temporal nos contratos?". AM não é, portanto, contra uma venda de património tout court, até porque se propõe "fazer a reorganização de todo o universo empresarial do Sporting, extinguindo aquilo que tem de ser extinguido, nomeadamente uma série de empresas que lá estão e não servem para nada. A NEJA, uma empresa de seguros, entre outras". O que ele acha é que "é preciso que o país saia da situação de crise económica em que se encontra e já começam a aparecer alguns sinais, nomeadamente no sector imobiliário; esperar pelo arranque das obras que vão potenciar a rentabilização daquela zona e, a negociar um dia mais tarde qualquer coisa que seja, nunca será com os inquilinos", ideia que repete, ao afirmar "que esta não é a altura certa para vender: devemos esperar pela construção da cidade à volta do estádio porque aí o bingo, o health club, o centro comercial vão ter mais gente".
Abrantes Mendes não coloca a questão na venda de património, mas sim em o quê e quando se aliena.
E remata dizendo que "Soares Franco devia candidatar-se a eleições, apresentando o seu programa e a sua equipa, permitindo aos outros candidatos a apresentação dos respectivos programas".
Aqui é que está, efectivamente, o busílis da questão: o que devemos querer agora, ou seja, na Assembleia Geral de dia 17, é que se aprove a convocação antecipada de eleições. Os candidatos elaborarão os seus programas, os sócios aprovarão um deles, neste incluído um possível programa de alienações. Só uma Direcção eleita (e não esta, cooptada e, portanto, interina) poderá vir a executar de pleno direito tão importantes e estratégicas medidas.
Quanto a Abrantes Mendes, o seu discurso parece apontar no sentido correcto. Mas, sendo as ideias um aspecto fundamental de apreciação, não é o único. Também estão em questão as pessoas. E, pese embora o inquestionável sportinguismo de AM, eu sou daqueles que ainda não se esqueceu de que ele pertenceu aos corpos gerentes do período mais negro da vida do Sporting: a presidência de Jorge Gonçalves.
Por uma nova Direcção de sportinguistas competentes e com projecto credível.
ELEIÇÕES JÁ!

segunda-feira, 13 de março de 2006

ELEIÇÕES JÁ! (2)

O anterior post com o mesmo título foi escrito antes de lida a entrevista de Dias da Cunha ao Record.
As declarações de Dias da Cunha nessa entrevista vêm transtornar o meu anterior raciocínio sobre a necessidade de alienação do património não desportivo (APND) e reforçar os contornos da posição a tomar na AG de 17.
É que a minha anterior convicção da necessidade da APND se baseava na veracidade dos elementos fornecidos por FSF e sua Direcção, o que DC vem agora pôr completamente em causa.
Já não tenho a certeza da bondade da solução da APND, pois não sei em quem acreditar. A ver se até lá e lá, conseguimos todos aproximar-nos mais da verdade. Pelo menos para isso esperemos que a AG venha a servir!...
De um modo geral, o que DC diz é que FSF pinta a situação a tons de negro (desmarcando-se, obviamente, de responsabilidades suas e atirando-as para cima das costas das Direcções anteriores) para convencer os sócios de que a situação é tão má que não há nada a fazer senão alienar. E DC dá exemplos de aspectos que revelam alguma saúde financeira:
quando chegou à presidência "o Sporting tinha 1,3 milhões de euros de patrocínios anuais. Hoje tem 9 milhões";
as receitas relacionadas com o estádio triplicaram: "Passaram de 4 milhões para 12 milhões!";
"No exercício do final do primeiro trimestre, em Setembro, tivemos 4 milhões de euros de resultados positivos o que comparável com o período homólogo do ano anterior registava uma melhoria de 2 milhões de euros";
"O que dá garantias aos bancos não é o património, é o negócio", conclui.
Diz ainda que a Câmara de Lisboa vai chumbar a alienação, com base no pressuposto de que "a CML autorizou que o Sporting construísse mais do que aquilo que estava projectado no Plano Director Municipal por uma simples razão: por se tratar de um projecto de uma instituição de utilidade desportiva. Essa decisão teve de ser aprovada em assembleia de câmara, assumindo-se que não se tratava de um negócio de uma imobiliária. Porque se assim fosse, seguramente não autorizava. Tudo isso está protocolado e certamente no devido momento será denunciado".
Vale a pena ler na totalidade.
O que concluo é que um dos 2 está a mentir sobre a situação real do clube. E se quem mente é a actual Direcção isso é gravíssimo, porque abona a favor daqueles que acusam este negócio de ter como objectivo interesses imobiliários alheios ao Sporting.
Finalmente, DC diz que vai à AG e que aí apresentará um proposta.
Reflictamos, então, acerca da seguinte, plausível, hipótese:
DC apresenta a sua proposta e ela ganha.
Não vendo a sua proposta aprovada, e admitindo que mantém a palavra dada (quanto a isto DC diz de FSF que "ele já deu uma pirueta, por que razão não há-de dar outra?"), FSF demite-se e provoca eleições antecipadas.
Quem me diz que nestas não é eleita uma Direcção cuja estratégia não coincide com a proposta de DC (este diz que não é candidato, mas também não diz que não se vai candidatar).
É que por esta metodologia se estão a definir linhas estratégicas num processo separado de quem as porá em prática, o que é manifestamente errado e pode dar em trapalhada; com as voltas que a vida dá, não coincidindo os tempos das duas escolhas, pode muito bem vir a ser eleita uma Direcção que tenha um programa não coincidente com os que agora nos irão ser postos à consideração.
Tudo isto vem reforçar a ideia de que aquilo por que nos devemos bater é pelo processo correcto de fazer as coisas: eleições antecipadas, quem tem projectos a apresentar que os apresente, os sócios votam, escolhendo um projecto ao mesmo tempo que escolhem quem o propõe para o ponha em prática.
Por uma nova Direcção de sportinguistas competentes e com projecto credível.
ELEIÇÕES JÁ!

Novo membro

Saudações ao novo membro do King Lizards. Bem vindo Raul.

Dias da Cunha de novo

Ai está uma nova entrevista de Dias da Cunha a ler também, absolutamente. Algumas rectificações e um alerta intrigante no final, respeitante à possibilidade de FSF se candidatar mesmo que a sua proposta perca: "Ele já deu uma pirueta, porque razão não há-de dar outra?..."
Uma questão que deve merecer ponderação pois tem consequências no que respeita à estratégia a adoptar na Assembleia.
Foi pena Dias da Cunha não ter procurado o apoio dos sócios, não ter denunciado na altura certa tudo o que vem denunciando desde há tempos e ter preferido afastar-se, nas circunstâncias que todos conhecemos. Creio que muita da névoa que hoje encobre a vida do Sporting estaria dissipada.
Para os sócios (para alguns, claro) fica também um alerta: a arma do "lenço branco", do assobio e do insulto soez deita tiros pela culatra...

ELEIÇÕES JÁ! (1)

O chamado "Projecto Roquete" (PR), ao pretender que o Sporting não estivesse dependente da "bola na trave", preconizava a existência de bens que, correctamente explorados, haveriam de proporcionar receitas que ajudassem a financiar as equipas de futebol.
O que, de facto, se passou foi bem diverso.
Por um lado, ao fazerem-se as infra-estruturas desportivas (estádio, Academia) sem capitais próprios, ficou o Sporting a ter de pagar juros anuais de muitos milhões de euros.
Por outro lado, as sucessivas, desastrosas, gestões foram conduzindo o Sporting à actual situação económico-financeira:
Ao venderem-se os terrenos do antigo estádio não se acautelou a obrigatoriedade de construção imediata e o resultado é que o estádio ficou implantado no meio do nada e com um baldio a um dos lados;
Nestas condições o Alvaláxia, de fun center que era para ser, transformou-se num nightmare center para os sportinguistas, pois, sendo um enorme flop comercial, em vez de gerar receitas é mais uma fonte de despesas;
O bingo, bóia de salvação de tantos clubes, é no Sporting mais uma dor de cabeça que nos limpou 630.000 € só no último ano;
As modalidades, que deviam ser auto-suficientes, continuam a dar generosos prejuízos;
A Academia contribui para a desgraça, soube agora pelos jornais, com mais 2,5M;
Nos jogadores que comprámos (a maioria deles nem sequer joga no Sporting) custou-nos mais 1,2M que os que vendemos (sem contar com os reforços de Inverno), o que quer dizer que, se estivéssemos a jogar com o Roca e o Enak ainda tínhamos poupado 1,2M;
Etc., etc..
Na sequência de todos estes insucessos (e a enumeração está longe de ser exaustiva, mesmo falando apenas do que é público) houve que negociar com a Banca a enorme dívida acumulada. Foi assim que o Sporting ficou na mão dos bancos, aceitando condicionar o reforço da equipa de futebol à cláusula (esta sim, leonina) de ter de realizar 5,5M todos os anos; o que se traduz em só se poder adquirir reforços se se vender acima deste montante e só na medida da diferença. Mas a gestão tem sido de tal ordem, que nem mesmo os compromissos assumidos são cumpridos e, em 2005, não só não se abateu os tais 5,5M à dívida, como, como escrevo acima, ainda se gastou mais 1,2M.
Mais tarde ou mais cedo isto tinha de ser pago, mas lá há a chatice dos estatutos e de ter de levar a coisa à Assembleia-geral. Portanto, lá tem a Direcção de vir convencer os sócios de que depois da venda do património é que vai começar a nova vida do Sporting e finalmente vamos aceder aos amanhãs que cantam. Como se não tivesse nada a ver com o passado desastroso que provocou esta situação.
Ora, esta Direcção resulta de sucessivas cooptações, muitos dos dirigentes no activo assinaram por baixo as sucessivas decisões deste processo e não pode pretender lavar as mãos da parcela de responsabilidade que tem no desenvolver do mesmo. Não serve de atenuante o argumento de FSF de que não participou nas decisões entre Junho e Dezembro de 2005 e que, portanto, não tem responsabilidade no acordo com os bancos.
Em conclusão, esta Direcção não dá quaisquer garantias de gerir bem a massa monetária gerada por uma eventual venda de património.
Esta é uma questão.
A outra prende-se com a questão da venda do património não desportivo (VPND), que é aquilo que presentemente foi posto à discussão e que constitui o único ponto da ordem de trabalhos da AG de dia 17. É uma questão que se traduz na abdicação de uma das componentes do PR, a saber, a que se referia à exploração de componentes não desportivas para obter dinheiro para financiar a parte desportiva.
Quanto a isto a minha posição é de que se chegou a uma situação de facto em que a venda é inelutável. Porquê?
Em primeiro lugar porque assim como os sapateiros não se devem pôr a tocar rabecão, também os gestores de empresas de desporto não se devem pôr a gerir centros comerciais, bingos ou clínicas médicas. Não me custa nada a acreditar que tenha havido incúria e inépcia dos dirigentes, as quais devem ser esclarecidas; mas o ponto central desta questão é que Roquette se enganou ao considerar que era desejável incluir estas valências num grupo empresarial do Sporting. Existem entidades especializadas para a gestão seja de áreas comerciais seja de clínicas e, manifestamente, tal não é o caso do Sporting.
Depois por causa da situação financeira que a própria Direcção agora nos apresenta em números assustadores, ao mesmo tempo que nos revela que, para obter financiamento dos bancos, com estes acordou uma série de regras de gestão. Que não estão a ser cumpridas, o que pode levar a uma denúncia do contrato por parte dessas entidades; o que conduziria o Sporting a uma situação de insolvência, a curto prazo.
Por mais que custe a quem não consegue ver estas coisas desapaixonada e racionalmente FSF tem razão quanto à necessidade da venda de PND para a sobrevivência do clube. (Ver, a propósito, aqui).
A minha posição é exactamente a oposta da expressa por "Violino" , que diz discordar da proposta de FSF, mas que, se calhar, lhe vai dar o voto; eu acho a proposta de FSF boa, dum modo geral, mas não tenho confiança nele para gerir os fundos resultantes da sua implementação e, portanto, não lhe darei o meu voto.
Espero é que entretanto se apresente um candidato que não traga consigo, nem o lastro dos últimos 10 anos de incompetência (com suspeitas de aproveitamento pessoal da parte de alguns dos intervenientes), nem nódoas no currículo como a pertença ao pior dos elencos directivos do clube (Abrantes Mendes), nem a manifesta incapacidade pessoal para o cargo, como Dias Ferreira.
Na minha opinião aquilo em que se deve centrar a discussão é o timing da venda e quais os bens a incluir nela (tenho dúvidas quanto ao Health Center, mas não possuo informação suficiente). A discussão não deve, pois, ser colocada no plano de ser ou não favorável à venda – é para este contexto que FSF e a sua Direcção nos querem empurrar – mas sobre quando, e sobretudo quem é que procederá a essa venda e gerirá o seu produto.
Se, como sugerem alguns, a coisa traz água no bico e o que se prepara são negócios escondidos a favor de interesses imobiliários estranhos ao Sporting, o que temos a fazer é estudar uma táctica em relação à AG de 17.
O ponto único da AG de 17 consiste em «deliberar sobre alienação de imóveis não afectos a uso desportivo do Clube, designados por Edifício Visconde de Alvalade, Alvaláxia, Health Clube e Clínica, que corresponderão, após outorga da escritura de constituição da propriedade horizontal, às fracções "D", "G", "C" e "F" do denominado Complexo Multidesportivo do Sporting Clube de Portugal "Alvalade XXI"» (ver aqui).
Penso que a posição correcta a tomar deveria ir no sentido de fazer adiar a decisão sobre a tal alienação para depois de eleições, as quais deveriam ocorrer tão depressa quanto possível.

sábado, 11 de março de 2006

Entrevista de Eduardo Bettencourt

A ler absolutamente. Muita coisa fica por perceber, mas muita coisa fica também esclarecida.
Uma coisa que fica completamente clara é que nem este, nem nenhum dos outros dirigentes da era Roquette e pós-Roquette, são responsáveis pelo fosso em que o Sporting mergulhou. A culpa anda sempre por ali misturada numa bruma difusa. A culpa é sempre não se sabe bem de quem. Pois se havia rigor, havia auditorias, havia plafonds precisos, não é? Bom, o certo é que acabou tudo num trambolhão dos 277 milhões...
Tudo terá, se calhar, acontecido por magia!! Ou talvez por culpa dos sócios...
Se foi magia, quem foi então o ilusionista que se lembrou de montar um projecto que estava, comprovadamente, muito para além das possibilidades do Sporting, arrastando milhares e milhares de sócios e simpatizantes do Clube para essa miragem??!!!
Mas, por outro lado, se esta actividade só dá prejuizo e é o sorvedoiro que toda a gente diz que é, porque é que andam tantos bancos, notórias empresas e demais instituições variadas atrás dela??! Porque se dedicam a ela tantos figurões que dela só se queixam? O que raio é que se passa com o futebol?!! O que raio se passa concretamente com o Sporting??!!!
A tudo isto Bettencourt diz nada. Uma desilusão, este dirigente que até gozou de alguma margem de manobra e suscitou uma certa expectativa...

Fui eu?!

Ficámos a saber oficialmente a origem do tal famigerado défice.
Segundo o comunicado, o Sporting Clube de Portugal...
- deve cerca de 237 M€ directamente aos Bancos
- tem mais uma responsabilidade relativa ao leasing da Academia (10 M€),
- outra relativa ao empréstimo obrigacionista na Sporting SAD (18,5 M€)
- e deve cerca de 12 M€ a fornecedores.
O passivo total ascende assim, segundo o comunicado, a 277 M€.
Duzentos e setenta e sete milhões de euros...
A pergunta que vos faço é a seguinte:
Fui eu que contraí estas dívidas?
Não fui, asseguro-vos.
Então, independentemente do cumprimento dessas obrigações, na qualidade de associado sem qualquer responsabilidade neste escandaloso passivo, exigo:
1- Que se explique claramente quem é, ou quem são os autores deste desastre para que reparem e sejam penalizados pela situação que criaram ao Sporting, e que
2- Que seja elaborada uma proposta de alteração dos Estatutos para a criação de um mecanismo que previna a ocorrência de situações semelhantes no futuro.
Tão simples como isto.
Quem não foi responsável pelos 277 M€ levante o braço!!!

sexta-feira, 10 de março de 2006

Já temos alternativa!

O presidente interino FSF referiu-se ao défice daquela agremiação (cujo nome nunca consigo recordar...) ali em frente do C.C. Colombo, em declarações proferidas salvo erro ontem, dizendo que era superior ao do Sporting. Presume-se que a lógica dele seria: se a referida agremiação é maior que o Sporting, o seu défice também deve ser...
Estas declarações suscitaram uma reacção (que eu escutei ainda há pouco na TSF) da parte do presidente da referida agremiação que depois de disponibilizar um pavilhão para a realização da nossa AG, negou veementemente que o défice tivesse a proporção que FSF afirmava que tinha, chamando-lhe demagogo e dizendo que eles não querem servir para promover ninguém.
E, animado seguramente pelo previsível encaixe que vai fazer com a próxima eliminatória da Liga dos Campeões, disse mais: que se ele (FSF) tivesse dificuldade em resolver o problema do défice do Sporting (um problema que, segundo o presidente da referida agremiação, é de fácil resolução) eles lhe ensinavam como se diminuem os défices.
Ora toma lá!
Há por aí uns companheiros nesta aventura que se chama Sporting Clube de Portugal que têm dúvidas sobre o facto de não terem surgido alternativas ao "programa" de FSF...
Pelos visto há alternativas!
Nós é que andamos enganados...



PS- Vejam aqui as declarações que vale a pena...

A venda a partir das 14h


Aqui há umas três semanas fui comprar um bilhete para um amigo, sócio e detentor, como eu, de Lugar de Leão. Fui munido do cartão que ele me deu para o efeito. Quando cheguei à bilheteira o funcionário informou-me que aquele lugar já tinha o bilhete adquirido. Intrigado com o mistério telefonei-lhe e concluimos que o cartão dele ainda era o antigo. O número não estava actualizado e, portanto, o detentor do antigo número dele já teria adquirido o seu bilhete. O meu amigo espumava do outro lado e tentava transmitir-me a justificação para não ter o novo cartão: tinha-o pedido em Setembro --em Setembro!-- e ainda não o tinham mandado! Estávamos em Fevereiro... De resto, durante todo este tempo tinha comprado os seus bilhetes sem problemas com o cartão antigo.
Fácil, julguei eu... Bastava o funcionário introduzir o nome dele e facilmente se saberia o novo número. Engano, explicou o funcionário, ele não tinha acesso à base de dados dos sócios (?) e eu teria de ir à secretaria pedir um papel com o novo número. Expliquei ao meu amigo que não podia ir à secretaria, enquanto, simultaneamente, tentava perceber do funcionário porque é que ele, numa bilheteira do Estádio de Alvalade, não tinha acesso à lista de associados do Clube e não podia, ele, verificar o novo número de sócio. Respondeu-me a criatura que não tinha, e pronto! Era assim...! O meu amigo do outro lado, dizia-me "deixa estar, se é assim não vou!" E não foi!
Hoje, fui comprar um bilhete para mim. Chegado à mesma bilheteira, aberta mas sem ninguém lá dentro, deparei com uma fila já de tamanho avantajado. Estranhei. Pensei, o funcionário foi à casa de banho... Também tem direito. De repente alguém surge por trás do vidro. Era, por acaso, o mesmo funcionário do episódio anterior. Deu umas pancadinhas no teclado do computador, encolheu os ombros e afastou-se outra vez. Nesta altura já a fila tinha um tamanho mais respeitável. As pessoas entreolhavam-se, intrigadas e naturalmente incomodadas. Ao fim de uma meia-hora (pela minha saúde!) o funcionário apareceu de novo. E lá se dignou então informar o pessoal que havia um problema com os computadores e que só ao fim da manhã poderiam começar a vender os bilhetes. De seguida, as pessoas começaram a dispersar, murmurando insultos entre os dentes. Tinham passado mais de 45 minutos com isto tudo. Para alguns, que já ali estavam quando cheguei, seguramente, mais.
Eu, pelo meu lado, fui fazer outras coisas que tinha de fazer e voltei ao "fim da manhã" para me deparar com a bilheteira encerrada e com o cartaz que a foto mostra...
Resultado: "por motivos informáticos" não vou ao jogo!
Não é por mais nada... é que não admito ser tratado assim por ninguém, em qualquer circunstância, sobretudo quando sou eu a pagar...
Para aqueles que acham que o Sporting mudou muito nestes últimos dez anos, fica este testemunho do que é um clube movido ainda a carvão... Noutras paragens e em clubes a sério, os detentores de lugares especiais e os adeptos comuns podem adquirir os seus bilhetes através da internet e até através das máquinas do Loto, em qualquer vulgar tabacaria. O Sporting não! O Sporting encontrou a sua via. Original, sem dúvida. Talvez devido ao facto de o Clube andar ainda movido a carvão, tudo se processa, em plena era digital, de uma forma, digamos, mais compassada, mais artesanal, mais caseira, mais pão com manteiga...!
Enquanto esperava da primeira vez, recordo-me de me ter perguntado o que levaria aquele grupo de pessoas, no qual me incluia, a estar ali, numa situação tão desagradável de espera e de desconforto (frio e ventania).
Há motivos para a gente se aguentar tenazmente numa fila para comprar um bilhete para a bola. Mas também há motivos para dizer: Não!!
O problema não é, infelizmente, pontual. É o resultado de dez anos de gestão ineficiente e feita apenas para deitar poeira para os olhos, cujos resultados agora se revelam perante nós.
A leviandade que leva os actuais responsáveis a tratar a clientela desta forma será a mesma, certamente, que os levará a pretender vender o Sporting a retalho...
Os associados que se lixem!!
(Mas vou à Assembleia!!!!!)

quarta-feira, 8 de março de 2006

Estamos esclarecidos...

As "sessões de esclarecimento" levadas a cabo pela direcção a propósito da proposta de venda de património não constituem um modo sério de esclarecer o que quer que seja.
Na prática, e no plano estritamente formal, apenas têm o efeito de apequenar a Assembleia Geral.
Repito o que disse noutra ocasião: a condução deste processo tem sido um autêntico desastre desde o primeiro momento e estas "sessões" são disso mais um elemento de prova.
Mas, fico, naturalmente, muito apreensivo com a situação do Clube que nos é descrita.
Percebo, pelo quadro que se consegue adivinhar (a gente não sabe ao certo não é? Isto são apenas conjecturas...) a necessidade de encontrar formas de sanear financeiramente o SCP. A situação, se calhar, está mesmo de aflitos. Mas, o problema que, no meu entender, requer solução não é o da presente situação financeira, mas o quadro organizativo do clube.
Digo isto por duas ordens de razões:
1- Porque se as alternativas à venda de património não são claras, as garantias de boa gestão das eventuais receitas extraordinárias (expressão que tem tonalidades deprimentes...) são ainda menos claras. Ora, não foram estas criaturas que actualmente gerem o Sporting as mesmas que geraram a situação presente? E são estes os mesmos que agora vêm reclamar a venda de património?! Que garantias teremos nós de que as receitas vão passar de súbito a ser bem geridas se, comprovadamente, não o foram no passado?
A actual direcção fala de ausência de alternativas, mas também não aponta uma única medida de carácter estrutural para sustentar uma operação delicada como é esta da venda de património. Nenhuma medida que dê garantias de que tudo isto não volta a descambar no futuro. A proposta do FSF & Cia parece-nos, assim, magrinha. E, neste estrito sentido, o esclarecimento não esclarece nada.
2- Por outro lado, a questão central é, para mim, a de que com a solução preconizada teremos com única garantia (desejada ou colateral): a de que a responsabilidade das personalidades que tomaram conta do Sporting desde há mais de 10 anos vai ser branqueada.
É ou não legítimo que os Sportinguistas exijam o apuramento de responsabilidades pela situação que actualmente se vive e que cobrem as expectativas que foram criadas aos associados há cerca de dez anos? Chegar a este ponto crítico da vida do Clube, ter de vender património para tapar buracos --depois de, recorde-se, nos ter sido prometido o céu--, e não submeter os dirigentes, actuais e passados, a um processo de prestação de contas, não me parece ser um caminho minimamente credível.
Penso que só a criação de mecanismos de responsabilização pelos actos de gestão e o fim da impunidade vigente poderá dar maiores garantias de que isto não volta a acontecer e tornará aceitável a adopção de medidas excepcionais como a venda de património.
Tomada a seco esta solução é inaceitável.
Em resumo: venda de património que não seja acompanhada de medidas estruturais de alteração do presente quadro organizativo do Clube constitui MAIS DO MESMO! E tratar-se-ia de uma medida avulsa que, certamente, conduziria, mais tarde ou mais cedo, a uma situação semelhante, ou mesmo mais grave, já que a margem de manobra se vai estreitando.
Precisamos de mudar os Estatutos!
Preconizo a criação de mecanismos para uma política de gestão do Clube que seja eficaz e aceite por todos, e a responsabilização dos autores do actual buraco.
Quanto à forma de tudo isto ser levado à pratica é assunto que fica para outro episódio...

segunda-feira, 6 de março de 2006

Carlos Martins

Entre AG's, sessões de "esclarecimento" e vitórias categóricas do Sporting lá vamos observando a formação de mais um tornado no horizonte...
O episódio "Carlos Martins" ameaça tornar-se mais uma daquelas situações em se adivinha desorganização, lutas de poleiros, tergiversações e vulnerabilidades inaceitáveis. Vulnerabilidades que os nossos adversários costumam depois tão bem explorar...
O que se passa com o Carlos Martins afinal? Não se percebe porque é que o folhetim começou, porque se arrasta, e porque é que não se conhecem reacções e explicações claras.
Assim se evitariam inúteis e desgastantes sururus no futuro...

sexta-feira, 3 de março de 2006

O sapateiro e a chinela

Não, não me esqueci que temos um problemazinho ainda por resolver...
Há, em princípio, uma Assembleia Geral marcada. Nunca se sabe mesmo até à hora, não é? Mas, em princípio, haverá uma AG.
Para os mais distraidos, para os "politicamente correctos" e para os que são sensíveis à argumentação da actual direcção e dos seus seguidores (a única que se ouve) chamo a atenção: a forma como, desde a demissão do Presidente Dias da Cunha, todo o processo subsequente tem vindo a ser conduzido é um desastre em toda a linha!
E quero-vos deixar, com toda a sinceridade, um aviso: mesmo que a solução proposta por esta direcção fosse boa (e estamos a anos luz de distância de o saber com rigor), esta gente que teve a arrogância de pensar que poderia vir a dirigir o Sporting Clube de Portugal revela uma total incapacidade para a implementar.
Senão vejamos... Não conseguiram prever uma solução para a AG que permtisse enfrentar as ocorrências imprevistas que tiveram lugar. Não conseguiram conduzir a AG de acordo com os mais elementares princípios de funcionamento democrático. Anunciaram no espaço de poucas horas duas datas para a nova AG. Recuaram, anunciando que afinal optariam pela demissão e por eleições. Recuaram novamente acabando por marcar afinal a AG para 17 de Março, sem que esteja definida sequer, nesta altura e nas circunstâncias particularmente delicadas em que ela vai decorrer, nem a hora nem o local. A confusão é total e o sentimento de insegurança quanto às reais capacidades de toda esta gente para dirigir o Clube cresce à medida que se sucedem novos episódios desta verdadeira telenovela.
Reparem que não estou aqui a falar de questões subjectivas. Não estou a falar, por exemplo, na opacidade, dir-se-ia, deliberada de todo este processo. Nem estou, sequer, a queixar-me do sentimento de enorme revolta que me está a roer desde há muito pela forma verdadeiramente miserável como os cidadãos Sportinguistas e o orgão soberano do Sporting Clube de Portugal que é a Assembleia Geral estão a ser tratados por estes cavalheiros... Disso nem falo! Estou-me a cingir aos factos.
Fosse ele um indivíduo com perfil para ocupar este lugar e Filipe Soares Franco já teria vindo demonstrar, inequivocamente, a todos os associados que tem unhas para tocar esta guitarra. Que o "projecto" que propõe está ao alcance das suas capacidades reais. Ora, se a apreensão era grande quanto à real dimensão destas suas capacidades, agora face aos factos que todos podemos apreciar, é total.
A verdade é que as mudanças de rota e os erros primários cometidos por estes dirigentes são por demais evidentes para que pudéssemos estar tranquilos, mesmo que quiséssemos muito.
Não se iludam: se me meterem um microfone à frente, me puserem maquilhagem, me vestirem com umas gravatas vistosas, arranjarem uma luzes brilhantes, um cenário sugestivo e me derem tempo de antena suficiente, também eu vou à televisão expor as soluções mais mirabolantes para o SCP e causar alguma agitação. A questão que todos levantariam era, muito justamente, a da minha capacidade para as levar à prática.
Analogamente, a questão que está, verdadeiramente, em aberto neste momento é a de saber se, face aos factos concretos que todos podemos constatar, o Grande Projecto de Soares Franco alguma vez poderia ser dirigido... por ele.
O melhor mesmo é que o sapateiro não vá além da chinela...