segunda-feira, 28 de agosto de 2006

Ainda o "caso Deivid" e o que eu vejo com os meus óculos novos...

Desculpem insistir, mas os blogs têm esta virtude. Podemos ir fazendo ajustes, reforçando ideias ou alterando pontos de vista na hora. No caso vertente, os meus óculos continuam a dar-me uma imagem que, lamento dizê-lo (não gosto de dizer mal por sistema...), é francamente negativa.
Os factos são estes. Deivid chegou ao Sporting com uma missão e uma aura. Nem a missão foi cumprida, nem a aura se justificava. Pelo meio ficaram cenas de birra, férias prolongadas, declarações de intenção, de insatisfação e de vontade de mudar de clube, etc, etc. E ficou sobretudo um registo de quase total falhanço. A imagem que Deivid construiu ao longo desta sua passagem por Portugal --creio que ninguém o negará-- é profundamente má.
Ora, como referi em post anterior, o Deivid surpreendeu-nos com uma exibição excepcional frente ao Boavista. Nunca lhe tínhamos visto uma exibição assim. Parecia outro jogador. Até sorria... Mas, a surpresa não ficou por aí. Na manhã seguinte lá chegou a bomba: Deivid ia para o Fenerbahçe. Uns dizem que por 6 milhões, outros dizem que por 4.5... O negócio estaria todo concluido antes do jogo de sábado. Dirão uns: foi um negócio exemplar, discreto e eficaz. Um jogador que nunca se afirmou, foi vendido, com lucro, de forma que surpreendeu toda a gente. Nada mau...
Pelo meu lado, acho tudo isto inaceitável e não creio que haja desculpa para ninguém.
Ainda pensei que o jogador se estava a mostrar ao possível novo patrão no sábado, o que já de si seria lamentável. Mas, não! O negócio já estava concluido, Deivid sabia do negócio, os responsáveis técnicos e directivos sabiam do negócio e no sábado a substituição operada por Paulo Bento tinha uma história cujo fim já era conhecido por todos os actores. Deivid afinal jogou como que dizendo "Ora vejam lá o que vocês andaram a perder e vão perder no futuro!"
Na prática, a situação do Sporting é esta: com o campeonato já iniciado, perdemos um jogador para uma posição chave, que afinal até era bom, vamos ter de gastar dinheiro (que, foi-nos dito, não abunda...) num novo, e vamos contratar um jogador que já perdeu a pré-época.
Esta história, que parecia simples, tem afinal um enredo bem mais complicado e revelador do que se pensava...
E não é dos óculos!


PS- Lembram-se do Rogério? Do seu último jogo ao serviço do Sporting com a saída já anunciada? Descubram as diferenças...

domingo, 27 de agosto de 2006

Avançado, precisa-se!

O acontecimento da venda de Deivid é, de facto, preocupante.
Mas, quanto a mim, não por causa do Deivid. Antes dos dois últimos jogos dele pelo Sporting eu achava (e nem era só eu; ver aqui o post de 6/8) que, quando ele jogava, o Sporting jogava com dez. A ponto de me interrogar sobre se a melhoria dos últimos dois jogos não se deverá ao facto de já haver conversações para a sua transferência e de ele querer “apresentar serviço” ao agora novo patrão.
Não concordo que se analise a questão partindo do princípio de que o Conselho Directivo age sempre mal. No futebol, meio em que, como dizia esse grande filósofo destas coisas agora a contas com a justiça, “o que é verdade hoje, é mentira amanhã”, não há certezas. Por isso, sem o afirmar a pés juntos, apenas digo que parece que, desta vez, o Sporting fez um bom negócio. Um jogador que custou 3,5 milhões e se vende por 6, após uma época e tal em que não convenceu, é um bom negócio. Além disso o assunto foi tratado com uma discrição inusual: só se soube do caso depois de ultimado o negócio!
O que é preocupante é que o lote de avançados com que ficamos não dá garantias de chegar para as encomendas. Tirando a indiscutível qualidade de Liedson, temos um Bueno que, até agora, se mostrou ainda pior que o Deivid, um Douala cuja incrível velocidade tarda em ser aproveitada e em relação ao qual parece haver algumas reticências por parte do treinador, o que o trará insatisfeito.
Resta Yanick, um miúdo que tem mostrado querer e potencial, mas que está ainda muito verde.
Em resumo: temos de gastar o lucro (de preferência apenas uma sua parte) desta transacção nas compras.
Avançado, precisa-se!

Devia ser dos óculos...

Vejo mal ao longe e as minhas lentes já não me permitiam ver muito bem, por exemplo, o que se passava em Alvalade nas zonas mais afastadas do meu lugar. Recentemente corrigi a graduação das lentes. Ontem estreei, finalmente, os meus novos óculos em Alvalade!
Deve ter sido por isso —por já há tempo não ver com completa nitidez o que se passava em campo— que sempre me pareceu que o Deivid era um elemento fora do baralho na equipa. Parecia-me que falhava escandalosamente, não se movimentava como devia e o seu papel no seio do colectivo era pouco mais do que de embrulho. Parecia-me...! Era certamente dos óculos, porque ontem o Deivid apareceu, de súbito a jogar, nitididamente, melhor. Nunca o tinha visto assim: desenvolto, rápido, possante, atrevido! E fez mesmo uma coisa que nunca tinha feito, salvo erro, desde que chegou a Alvalade: marcou dois golos no mesmo jogo!
Bendito oftalmologista, pensei eu...
Afinal, hoje fomos surpreendidos (digo, "fomos", nós que para mal dos nossos pecados fazemos parte daquele grupo que se deixa ainda surpreender...) com a notícia de que o supracitado Deivid afinal vai ser transferido do Sporting, o 32º clube do ranking da UEFA, para o Fenerbahçe, um clube turco classificado no 89º lugar desse mesmo ranking. Ambição? Oportunidade? Destino? O apelo da Nova Lira Turca? O fastio do Euro? O passo lógico que se segue na carreira de qualquer atleta desta craveira? Quem sabe o que levou Deivid a mudar, preferindo ir mostrar noutras paragens aquilo que os meus novos óculos revelaram que, afinal, é capaz...
Há aqui, de qualquer forma, um problema. Se está em Deivid ou no Sporting eis uma questão que não seria despiciendo analisar. Cheira-me que a margem de manobra concedida aos jogadores para seguirem os seus humores particulares tem sido bastante grande. Este é em todo o caso um acontecimento preocupante...

sexta-feira, 25 de agosto de 2006

Um ano!


Já se tornou tradicional e o KL não vai fugir à regra: fazemos um ano —o KL nasceu a 26 Agosto, 2005 à 1:57:08 AM GMT+01:00, assim reza o registo do Blogspot. Assinalamos o aniversário e fazêmo-lo com bolo e tudo!
Não queria deixar de manifestar aqui o meu mais sincero agradecimento a todos os que nos visitaram. Espero que continuem a fazê-lo, creiam que é um prazer imenso vê-los por este espaço. Um agradecimento a todos os que tiveram a amabilidade de nos distinguir com links e referências, ou recomendar a leitura deste ou daquele artigo. Foi este talvez o aspecto mais surpreendente e mais comovente de toda esta aventura. O KL começou, de facto, por ser uma conversa entre amigos, mas a coisa "complicou-se" e hoje temos a noção de que falamos para um universo muito mais alargado. É este, creio, o encanto dos blogues.
A nota dominante, desde o primeiro momento e ao longo destes 315 posts, tem sido de crítica. Infelizmente, têm sido raríssimos os motivos de satisfação ao longo deste ano. Um período durante o qual passámos mesmo por momentos bastante amargos, que nos levaram por vezes a vacilar.
Mas, que ninguém tenha dúvidas: até que o Clube retome o caminho que os seus fundadores para ele sonharam —a verdadeira razão afinal que tem levado sucessivas gerações a ligarem-se ao Sporting—, não haverá um momento de desatenção e não teremos quaisquer contemplações na nossa apreciação do que se vai passando na vida desta colectividade que amamos e que é nossa!
Finalmente, gostaria de aproveitar o momento para lançar daqui um apelo a todos os que, sobretudo depois das últimas eleições, se afastaram desta tertúlia: por favor, voltem e participem connosco com os vossos comentários, ou nos blogues que criaram mas que, entretanto, perderam gás ou pararam mesmo. Não me parece que o Sporting mereça o vosso prolongado silêncio.
Um enorme abraço a todos.

quinta-feira, 24 de agosto de 2006

Não foi um sorteio, foi um desastre

"As equipas dificilmente podiam ser piores e até a ordem dos jogos é má. Se o Sporting não conseguir, nem jogadores nem técnicos são de culpar, e até lá é torcer pelo melhor. Mas não foi um sorteio, foi um desastre." Faço minhas as palavras do orador anterior. Os lampiões, em compensação, lá tiveram a vaca do costume.

O que é ser do Sporting?

Aposto que se aproveitarmos um dia de jogo e fizermos esta pergunta a todos aqueles que assistem ou se preparam para a ele assistir, obtemos tantas respostas quantas as pessoas inquiridas. No entanto, todos sabemos cá dentro o que é ser do Sporting. Ou seja: há para além das razões pessoais, resultantes das idiossincrasias de cada um e mesmo que de forma subliminar, um conceito, um “universal”, se quisermos, (no sentido filosófico do termo, embora isso nos levasse longe…) do que é ser do Sporting. Este problema coloca-se a qualquer outro clube, claro, e essa é uma questão relevante, mas sobre isso falarei noutro post.

O que nos prende aqui, neste momento, é isto: o que é, afinal, ser do Sporting!

Não é uma questão que surja pela primeira vez no espaço do KL. O Manifesto —cuja re-leitura recomendo— aborda este problema. Mas, neste momento, tendo em conta os últimos posts surgidos neste espaço, creio que é altura de fazer o chamado “ponto de situação”.

Poderíamos responder à questão colocada pela negativa, ou seja, poderíamos dizer que ser do Sporting não é, certamente, envergar um cachecol ou uma camisola do Sporting. Ser do Sporting não é gastar dinheiro numa Game Box e enfiar na cabeça um chapéu de bicos com guizinhos na ponta... Mas, não é o que todos os Sportinguistas fazem? Não vestem todos uma peça verde em dia de jogo? Não envergam uma camisola ou um cachecol? Não foram tantos, alegremente, comprar uma Game Box?

Analisar esta questão pela negativa não é, contudo, um exercício tão óbvio ou despiciendo como isso. Já há muito que nos tentam vender os símbolos do Sporting como um substituto do que é ser, verdadeiramente, do Sporting. Aqueles que assim procedem não estão tão distantes daqueles vendedores de cachecóis e camisolas para o “maior”, que se passeiam pelos estádios e imediações nos dias de jogo. Hoje apregoam que o cahcecol é para o “maior” Sporting, amanhã é para o “maior” Porto, etc, etc. O “maior” é sempre aquele que joga no momento. Apelando ao sentimento clubista, os vendedores do “é pró maior!” lá se vão tentando safar, hoje aqui, amanhã ali.

Na falta de valores, os símbolos traficados dos clubes vão servindo para mediar a relação entre o sócio ou o adepto e o clube. Mas, como nos dizem os teóricos (posso citar a quem quiser, em privado, em que teóricos me apoio para afirmar isto) o símbolo não precede o simbolizado. A adopção do símbolo e o significado que lhe é atribuído pelos membros de uma determinada comunidade que o gerou é o resultado de uma negociação que sucede a um entendimento sobre o que é e qual é a função do conceito. Depois vem o símbolo.

Ou seja: ser do Sporting não “é” uma camisola com riscas verdes e brancas… Há qualquer coisa que a camisola verde e branca simboliza. Mas, a camisola não é a coisa!

O que é então ser do Sporting? Vou-vos dar a minha perspectiva pessoal e podemos depois “trabalhar” esta definição.

Ser do Sporting, para mim, é um ideal de competição desportiva assente no confronto totalmente leal e na entrega total a esse confronto. É isto, simplesmente, que todos os Sportinguistas almejam. Em campo ou for a dele.

Tudo o resto, camisolas, cachecóis, estádios, academias, marketing, imagem, gestão, naming rights, game boxes, etc, só faz sentido ao serviço deste ideal. Reparem: um clube desportivo é uma metáfora, uma criação, uma utopia colectiva que reproduz através de símbolos um determinado ideal. É um desígnio colectivo produzido e aceite por um grupo de pessoas que se revê nesse ideal. Quando os símbolos viram ideal algo está a correr mal.

Ora, o que implicitamente nos estão neste momento a vender —todos aqueles em quem os Sportinguistas confiaram, desde há muitos anos a esta parte a condução dos destinos do Clube— é a ideia de que basta comprar na “loja verde” o produto do dia, seja ele uma camisola, um cachecol, ou uma Game Box para que a manutenção do ideal Sportinguista esteja assegurada. Isto é uma mentira que precisa de ser denunciada, dissecada e combatida!

Poderíamos até estar numa situação em que esta mentira se pudesse ir mantendo sem grandes sobressaltos ou consequências. Afinal trata-se apenas de bola. Mas, não estamos. O futebol tem uma função e assenta em pressupostos antecedem e se não esgotam nos clubes. Ora, o futebol português e a sua organização, estão mergulhados numa pocilga fedorenta constituida por clubes fundados em ideais que não praticam, esquecidos ou há muito abandonados. Encavalitados no poder do futebol, os clubes vão tentando vender de forma ardiolosa e por todos os meios que conseguem agarrar ideais virtuais, com o objectivo único de defender interesses privados, obscuros e mesquinhos dos seus agentes. O problema não é, certamente, exclusivo do futebol, nem do país, mas a vulnerabilidade e o carácter efémero deste desporto (e do país!) tornam este caso mais pungente.

Não sendo um produto de primeira necessidade, a sobrevivência do futebol está ameaçada no nosso país. Todos assistimos aos episódios, que se multiplicaram na época passada, de desaparecimento de alguns clubes e ao enfrentamento de dificuldades sérias de vária ordem de outros clubes. As despesas aumentam, as receitas dimimuem, o futebol torna-se um produto inatingível. Não é de prever que esta situação melhore. E o Sporting não está (não se tornou por milagre...) imune a estes problemas. Diria mesmo mais: o Sporting é particularmente vulnerável a tudo isto.

A pergunta que, face a isto, poderemos para já fazer é, portanto, esta: o que será dos ideais Sportinguistas se, por via de uma condução errada dos seus destinos e das dificuldades que a estrutura em que se insere enfrenta, o Clube vier a desaparecer? O perigo de os ideais Sportinguistas deixarem de ter uma estrutura que os contenha é real. E por quanto tempo poderá o Sporting sustentar a sua actividade desportiva com base no modelo do ano de camisola ou nos guizos dos bonés?

E já agora, deixem-me lá fazer uma pergunta à consciência mais profunda de todos os Sportinguistas: não seria antes preferível preservar os ideais Sportinguistas, tanto no plano da actuação interna, como externa, a fazer esta fuga para a frente em que os dirigentes parecem andar empenhados? Não seria esta a forma sustentada de fortalecer o Clube e de o blindar contra as dificuldades que não vão, certamente, desaparecer?

Liga

Os episódios que se vão sucedendo relativamente a toda esta trapalhada da Liga revelam bem o que é o futebol português hoje. Do lado do Sporting, o silêncio assusta porque, não sendo conhecida nenhuma estratégia da parte desta Direcção relativa a esta matéria, só podemos chegar a uma de duas conclusões: ou vamos com a Maria (que vai com as outras, como é sabido...), ou não vamos com ninguém.
Aguardemos então pelos novos episódios que, decerto, se vão suceder...

sábado, 19 de agosto de 2006

A bola é redonda mas o dinheiro não tem formato (2)

O nosso clube não só não está imune a este novo paradigma da organização do futebol, como, em conjunto com a banca, lidera algumas movimentações que conduzem, na minha opinião, ao fim do futebol.

Esta direcção, o seu presidente, disse, em campanha eleitoral, que apesar de ainda ser cedo, não vê qualquer motivo para que o SCP detenha a maioria do capital da SAD. Há já indicadores, graves indicadores, que esse caminho já está a ser trilhado, administradores da SAD que são ADEPTOS DO BENFICA, é só a ponta desse iceberg.

Nós, os sócios, andamos todos contentes com os resultados da pré-temporada, com as más contratações de treinadores dos outros, mas a minha questão é outra. De que servirá ser de qualquer clube quando forem os fundos de investimento a determinar que clube ganha o quê? Quando as condenações de Itália passarão a medalhas por antevisão do futuro do “desporto”.

O dinheiro não tem formato, pelo que não pode ser o dinheiro sem rosto a comandar o futebol, porque o futebol é negócio enquanto os seus clientes sentirem que vale a pena investir na paixão.

Porque o caminho que se trilha é o de uma espécie de globetrotters do basquetebol – até podemos gostar de ver o espectáculo, mas só lá vamos de vez em quando...

Quem ganha com o caminho que as coisas levam?

quarta-feira, 16 de agosto de 2006

A bola é redonda mas o dinheiro não tem formato

Considerava Jesualdo Ferreira um homem sério. Mas tal como um antigo primeiro-ministro o crescimento do currículo, e da carteira, falou mais alto que os compromissos assumidos.

O Boavista fez o seu papel, o papel dos pobres, e tentou sacar o máximo, fingindo perante os sócios que havia condições para manter o treinador. Todos sabiam que não, mas o futebol, ao contrário de outros negócios, ainda tem esta questão da afectividade que impede a tomada de decisões sem explicações plausíveis aos que mantém o negócio, sobretudo porque estes não são os anónimos clientes, mas, isso sim, os conhecidos associados.

O caso do Jesualdo (deveria dizer do merdas do Jesualdo) prova que os clubes Portugueses estão maduros para a próxima etapa: a cedência do controlo do capital a quem tem dinheiro independentemente da cor do clube. Nesse dia, que considero inevitável, o futebol deixará de existir.

O taxista de Barcelona deixará de dizer que não transporta adeptos do barca, pois no dia seguinte esse jogador poderá vestir, por um ou dois jogos, a camisola do seu Español.

Será o dia em que perceberá que não vale a pena ser do Español.

Será o dia em que ficarei com mais 2000 euros por ano para outras coisas que gosto.

Será o fim da história do desporto profissional.

terça-feira, 8 de agosto de 2006

A subversão da concorrência (3)

(conclusão)

Voltando um pouco atrás e parafraseando o autor do texto citado no meu anterior escrito, também eu «sempre defendi que passarinhos e andrades, jogam no mesmo tabuleiro da mentira, roubo, esquemas... No fundo discutem qual dos 2 é menos ladrão, menos mentiroso, menos "sistema"...».
Penso que ficou subentendido nos escritos anteriores que não sou a favor de uma intervenção do Sporting processada no mesmo terreno da dos nossos principais rivais. Ou seja, tentando intervir, nós também, na tentativa de influenciar os poderes da arbitragem.
Tem de ser clarificada, de uma vez por todas, a posição do Sporting quanto aos poderes do futebol. E essa posição só poderá centrar-se na luta pela tão falada, mas tão pouco concretizada, moralização da actuação das estruturas do futebol. Mas não podemos fazer como durante a presidência de Dias da Cunha, que aparecia um dia a dizer que era preciso profissionalizar as arbitragens e no dia seguinte se aliava a PC; e quando, por razões não transparentes, se chateava com este, aparecia de braço dado com LFV. Foi uma contínua mudança de estratégia (se é que a havia), uma confusão!
Portanto, quanto à política de alianças do Sporting, devemos ser contra qualquer acordo, mesmo que circunstancial, com FCP e/ou SLB. As nossas posições devem ser tomadas de forma independente e sempre tendo como pano de fundo a referida moralização da actuação das estruturas do futebol.
Assim ficamos sozinhos?
Não me parece. Entre os clubes mais pequenos haverá certamente alguns que estão fartos de ter de se aliar a este ou àquele líder (FCP ou SLB) para dele receber alguma distribuição de poder ou influência. Estes adeririam a um projecto autónomo sob estes princípios.
Depois haverá que fazer uma ofensiva diplomática que transforme este projecto num Movimento de Clubes, cada vez com mais aderentes e mais capacidade de actuação.
Até que um dia estas posições venham a conquistar o poder no futebol português.

Estes escritos deveriam motivar alguma polémica, alguma discussão. Bem sei, estamos na silly season, e a maior parte do pessoal está de férias.
Sendo sobre temas estruturantes, esta discussão é sempre actual. Portanto, mesmo não se pronunciando agora sobre estes temas, espero que os nossos leitores venham a ser sensíveis a eles e a troca de ideias se estabeleça e venha a ser frutuosa.

domingo, 6 de agosto de 2006

A subversão da concorrência (parêntesis)

(continuação)

Resumindo, pois: actualmente a luta pela hegemonia (sempre falando na que se passa fora das quatro linhas) processa-se sobretudo no campo da influência sobre as arbitragens.
Ia eu terminar assim a resenha histórica para passar a analisar a estratégia que penso que o Sporting deve seguir quanto às questões da política do futebol quando me confrontei com a notícia sobre o naming right do Centro de Estágio do pântano do Seixal (é em terrenos pantanosos que eles se sentem como peixe na água).
O que se passa, em resumo, é que a Caixa Geral de Depósitos se apresenta como patrocinador do centro de estágio do clube do passaroco, em troca de a Caixa passar a figurar no nome do referido centro de estágio.
O negócio cheira a esturro desde logo: porque é que a Caixa apoia os lampiões e não os andrades ou os leões? É que assim arrisca-se a que os utentes façam como o meu tio que, quando os lampiões fizeram acordo com a Parmalat, proibiu a entrada de leite dessa marca lá em casa; ou como o senhor António Costa que comenta uma notícia sobre este assunto dizendo: “A minhas contas na CGD foram fechadas, bem como as aplicações financeiras resgatadas. A CGD escolheu o seu caminho, não conta é com a minha companhia. Boa Viagem!”.
Mas do cheiro a esturro a coisa passa a cheirar a vigarice ao saber-se que o negociador por parte da Caixa (por parte da Caixa ou por parte do SLB de que é sócio, ex-protocandidato à presidência e ex-Administrador da SAD?) é o “reputado” Armando Vara, homem possuidor de uma “folha de serviços” invejável! Confusos? Vejam aqui mais pormenores do que está a acontecer, embora eu não garanta que acreditem que isto se passa num país da Comunidade Europeia e não numa qualquer república das bananas do corno de África. Se isto não é deturpar as regras da sã concorrência, quer dizer, batota da mais descarada, vou ali e já venho. Mas em Portugal este tipo de compadrios começa a ser o pão nosso de cada dia… Particularmente nos meios do futebol.
Terá a proposta partido de LFV y sus muchachos ou terá sido o próprio Vara a oferecer os seus préstimos? É que há que preparar o futuro, porque em cargos de nomeação política ninguém sabe o dia de amanhã...

(continua)

Ele sabe do que fala

Afirmação de Luís Filipe Vieira: "os mafiosos têm de tirar um curso em Portugal".
O homem fala de cátedra! Mas não tem tempo para se deslocar ao estrangeiro.

sexta-feira, 4 de agosto de 2006

A subversão da concorrência (2)

(continuação)

Diz-se, no anterior escrito sob este título, que a disputa pela hegemonia do futebol português (quer dizer, a que se processa fora das quatro linhas) permaneceu, a partir de finais dos anos 70, no terreno da batota nas arbitragens.
Entretanto os clubes iam tentando junto dos poderes públicos locais obter fundos, bens ou privilégios. A vantagem, neste caso, sempre esteve do lado do FCP, com o Sporting, constantemente a fazer figura de patinho feio, tentando não ficar muito atrás do rival da mesma cidade. Este foi beneficiando do seu potencial em termos de votos em eleições e um dos seus principais beneméritos foi, curiosamente, alguém que se afirma sportinguista e até já foi presidente do Sporting: o famigerado Santana Lopes.
O regabofe maior chegou com o EURO 2004 e a “necessidade” de construção dos estádios. SLB, frustrado por não ver o padeiro há uma data de anos, prostrado por gestões internas de gamanço de proveitos, e na premência de ter de construir um estádio, tem a luminosa ideia de trocar perdões de dívidas por votos. A presidência de Manuel Vilarinho tem então a refinada lata de vir a público apoiar determinado partido político em eleições, em troca de serviços prestados. Assim tal e qual, na televisão, vi eu com estes dois que a terra há-de comer! Coisa que ainda hoje deve estar a servir de case study em aspirantes a ditadores de países do Terceiro Mundo e de inspiração a comediantes de stand up em todo o universo. Sobretudo porque o clube, de facto, ganhou um perdão de juros que lhe permitiu sobreviver sem ir à falência!
A disputa SLB/FCP centrava-se, pois, por esta altura, no campo da partilha de fatias dos nossos impostos e no campo da influência sobre as arbitragens. A hegemonia continuava a ser do FCP.
Com o fechar da torneira no que diz respeito aos fundos públicos decorrente da crise económica generalizada, a batota voltou a centrar-se nas arbitragens.
Consciente disto, a actual Direcção dos lampiões faz um tour de force original e contrata o Veiga. É que este andou a aprender com o inimigo como é que as coisas se fazem, pois foi unha com carne com PC e seus acólitos durante anos e anos, antes de se porem de candeias às avessas. Os dirigentes dos lampiões são tão básicos que não percebem que estão a jogar no campo do adversário e que, por mais que o Veiga saiba como fazê-las, a vitória assim só irá pender para um dos lados no mesmo dia em que se resolver a crise do Médio Oriente. Quer dizer, no dia de São Nunca, da parte da tarde.
É neste contexto que rebenta o escândalo “apito dourado”, de suspeição de envolvimento de dirigentes desportivos, sobretudo ligados de forma directa ou indirecta ao FCP e aos que lhe comem as migalhas, em processos de influência sobre as arbitragens. Houve detenções e interrogatórios a figuras de topo, no que parecia aos incautos prefigurar um escândalo de enormes proporções. Valentim Loureiro, escudado numa experiência de anos e anos de trafulhices (as mais antigas, ainda do tempo da tropa, vieram descritas, juntamente com os motivos por que foi perdoado, numa edição do Expresso de há uns anos atrás; nunca mais me esqueci) sem nunca sofrer consequências de maior (por exemplo, teve de sair da tropa, mas saiu rico), para lá de uns interrogatoriozitos e outras pequenas chatices, manteve sempre a calma. De facto, estamos em Portugal e quase que aposto que vai tudo acabar em águas de bacalhau.
Mas, cuidado, este Valentim é o mesmo que vem governando o “sistema” e que se candidata à presidência da AG da Liga com o beneplácito do outro Loureiro, candidato a presidente da Direcção.

(continua)

quinta-feira, 3 de agosto de 2006

A subversão da concorrência (1)

Voltemos ao tema da poluição no futebol português.
Para tanto façamos um pouco de história.
A hegemonia do futebol nacional foi, até meados dos anos 70, disputada entre Sporting e SLB. Até que apareceu a figura, de dimensão histórica a nível nacional (pelo menos), de Eusébio. O Sporting perdeu a capacidade de disputar a hegemonia no futebol português quando se deixou comer no assunto Eusébio. SLB transformou uma circunstancial e leiteirosa vitória europeia numa efectiva importância como equipa de nível europeu graças a Eusébio. Beneficiou também do facto (político) de Salazar, percebendo a importância do fenómeno, ter impedido a saída do ídolo para o estrangeiro. O facto de não ter podido realizar esse negócio, em vez de diminuir as capacidades do SLB facilitou a sua imposição como clube dominante de todo o panorama desportivo português durante mais de uma década, ademais porque beneficiava de todas as bênçãos possíveis por parte dos poderes. Foi também nessa época que solidificou a sua base de apoio de adeptos, de cuja inércia ainda hoje beneficia. Mas a idade não perdoa e Eusébio e seus pares deram lugar a executantes de qualidade muito inferior e o poder político totalitário deu lugar a uma democracia formal. Tal implicou um esforço, por parte do SLB, de reforço da influência que já detinha sobre os meandros da arbitragem.
Tudo correu bem até ao advento da dupla Pinto da Costa/José Maria Pedroto à frente dos destinos do FCP. Beneficiando do enfraquecimento desportivo e de influência sobre o poder do SLB, PC/JMP traçaram a sua estratégia de assalto à hegemonia no futebol português com base em parâmetros como:
- Esforço de construção de uma equipa forte em termos desportivos, com agressividade em matéria de contratações, assim enfraquecendo os rivais, sobretudo o Sporting;
- Para isto precisava de dinheiro e obteve-o junto do empresariado e, sobretudo, do poder político local, ao arvorar a bandeira da luta do “norte”, formiga trabalhadora e criadora de riqueza, contra o “sul”, leviana cigarra beneficiária dessa riqueza;
- Last but not least, o domínio dos órgãos que detinham o poder sobre a arbitragem através da colocação de gente da sua “confiança” nos cargos de topo. Para isto souberam aproveitar-se dos regulamentos que atribuíam o poder de voto às Associações de forma proporcional às equipas da jurisdição destas colocadas nas divisões principais do futebol; ora como a maioria das equipas da primeira divisão era do norte do País e o “combate” era situado entre o “norte” e o “sul”, com um pequeno esforço de distribuição (mitigada) de benesses, a coisa resolvia-se.
A tradução prática disto foi a deslocação do combate pela hegemonia do futebol português de SLB/SCP para FCP/SLB, com eventual, mas contínua vai já para duas décadas, vantagem para o FCP.
Depois de um momento inicial em que o Sporting assumiu parte das mágoas decorrentes da afirmação hegemónica dum intruso, os lampiões nunca mais foram gente, antes se afirmando por oposição ao FCP, com a raiva que têm de as suas vitórias só passarem no Canal Memória.
Entretanto, permanentemente arredado da disputa pelos lugares de topo do poder do futebol, o Sporting ficou também arredado da luta pela hegemonia. Isto porque a disputa permaneceu no terreno da batota nas arbitragens em que o Sporting, seja porque não quis ou porque não conseguiu, não entrou.
Mas tinha de entrar? Não, não tinha de entrar; tinha era de conseguir afirmar-se de uma maneira autónoma no futebol nacional. Coisa que, até hoje, não conseguiu, a não ser circunstancialmente.
É aqui que entronca a importância das presentes eleições para a Liga.

(continua)

Ainda a gestão de talentos

Já agora, ainda a propósito da mentira que é a gestão de talentos do Sporting que o Raúl vem referindo, vejam aqui mais esta nota curiosa que nos é dada a conhecer pelo nosso colega Sangue Leonino.
Grande gestão e grande fábrica de talentos... Enquanto metem no "show-room" um novo talento para ir enganando o pagode, os outros saem pela porta do cavalo. Entretanto, vamos importando material de segunda categoria e alguns, mesmo com defeito. Já se viu o que mudou com esta direcção neste domínio...
Não é um problema específico do futebol, claro. A valorização do "produto" português, nem com mil Michael Porters vai lá! Na área do futebol as negociatas, os arranjinhos, a ganância, a leviandade e os tiros no pé sobrelevam tudo aquilo que de positivo possa ser feito!! E então no Sporting, nem é preciso falar...!!!!!
Esta questão dos "talentos" e da sua gestão não passa, como fica amplamente ilustrado por estes recentes comentários, de um enorme cliché.
Deixem-me só ainda recordar aqui, a este propósito, que esta era uma das pedras de toque do projecto Roquette. O grande feiticeiro da "nova gestão" do Sporting, não só não conseguiu impôr quaisquer mudanças na cultura do Clube neste domínio, como escancarou as portas para que este entrasse num novo período de uma nunca antes vista, descomunal, despudorada e inaceitável rebaldaria. Basta recordar as figurinhas que passaram pelo Sporting, nesta área, durante este consulado... And the beat goes on!!

O negócio dos talentos 3

Ainda a propósito dos novos talentos do futebol leonino cito, com a devida vénia, o blog dias de uma princesa -- um bem-vindo perfume feminino a dar cor a estas coisas da bola!... -- (ele mesmo citando Mais Futebol):

Quem é Yannick Djaló?

Yannick Djaló nasceu na Guiné-Bissau no dia 5 de Maio de 1986 e veio para Portugal aos sete anos. Começou a mostrar-se no futebol de salão, ao serviço do Forte da Casa e rapidamente chegou à Associação Desportiva da Estação (ADE), clube da Covilhã que se dedica exclusivamente aos escalões de formação. A sua qualidade não passou despercebida e o Sporting garantiu a sua contratação por um valor a rondar os 500 contos. Antes, foi oferecido ao Benfica pelos dirigentes da ADE, mas os encarnados recusaram por terem muitos estrangeiros.
No Sporting cresceu como jogador, nunca deixando os estudos de parte. Djaló tirou um curso técnico-profissional de informática, por exigência dos responsáveis do clube. Aos 16 anos foi chamado por Laszlo Boloni para um amigável de final de época. Apostou uma grade de coca-cola com o treinador romeno e ganhou, marcando um golo nesse desafio.
Mais tarde, fez parte da equipa campeã nacional de juniores com Paulo Bento como treinador. Na última temporada esteve emprestado ao Casa Pia, onde fez 16 golos. Durante esse período nunca deixou de se deslocar à Academia do Sporting, em Alcochete, onde cumpriu um programa específico de musculação. Aos 20 anos, este internacional sub-20 por Portugal integra pela primeira vez o plantel principal do Sporting, apesar de já ter feito, por uma vez, o estágio de pré-temporada, então com José Peseiro à frente dos «leões».

O negócio dos talentos 2

A propósito do que aqui escrevemos sobre os novos talentos do Sporting e a necessidade de os “rentabilizar” eis duas citações da bloguítica generalista de coração leonino.
A primeira é da autoria de FAL e está no Corta-Fitas:

Três secos
A vitória de ontem do Sporting sobre outro clube da segunda circular merece alguma atenção. Primeiro, 3-0 já é uma goleada. Depois, impressiona porque a equipa treinada por Paulo Bento tem pouco mais de uma semana de trabalho nas pernas e já joga a sério.
Sobre a nova estrela, Yannick Djaló, que foi a figura do jogo, recomenda-se juízo. Espera-se que possa evoluir em Alvalade como João Moutinho ou Nani e que não seja uma explosão para vender no fim do ano ao desbarato, como aconteceu com Cristiano Ronaldo, Quaresma e um jogador que parece ter chegado a capitão do clube ontem goleado. Deixem Yannick jogar com a alegria e a sabedoria que já deu para ver que tem e aí ele passará de diamante em bruto a jogador a sério. Caso contrário, se o elevarmos ao Olimpo cedo demais, não passará de um Litos, um Mário Jorge, um Dani ou outros casos mais recentes de grandes jogadores que não crescem à altura de um Figo ou um Pedro Barbosa. Sobre este último recaem, aliás, grandes responsabilidades na condução da equipa de jovens talentos, a partir do seu novo cargo de director do departamento de futebol. Com falta de referências e com a braçadeira entregue a promessas como Custódio ou Moutinho (para além de Ricardo), é em Barbosa que os miúdos vão buscar o que precisam de saber. Deles, de Liedson e de contratações como Paredes, Farnerud ou "El Loco" se fará o grande Sporting 2006-2007!


Estoutra (Carlos Leone, no Esplanar), sendo pessimista e injusta ao chamar nomes ao melhor guarda-redes português, manifesta as mesmas preocupações que nós quanto ao destino dos miúdos formados na nossa Academia:

Prognóstico reservado
Gostava de partilhar o entusiasmo do FAL no Corta-Fitas, mas não consigo. Lá continua o Rei dos Frangos com o seu lugar cativo, o Caneira por resolver e um novo inadaptado ao futebol europeu para chegar, o Deivid a atrofiar e El Loco como alternativa ao Liedson. Os miúdos? Quase sem excepção, transferidos ainda em formação, para mal deles e por tuta e meia (cláusulas de rescisão, nem vê-las...). O Guadiana e o seu troféu são passatempos.CL

quarta-feira, 2 de agosto de 2006

As eleições na Liga

As eleições na Liga

O processo de candidatura aos cargos directivos da Liga Portuguesa de Futebol Profissional começou torto. E, como diz o povo, quem torto nasce, tarde ou nunca se endireita.
O que é normal é apresentar-se um grupo (mesmo que ainda não formalizado em lista) de pessoas e um programa (pelo menos algumas linhas programáticas).
Ora o candidato, até ver único, que se apresenta às eleições, Hermínio Loureiro (HL), apresenta-se orgulhosamente só, sobre quem o acompanhará ou sobre o que irá fazer se for eleito, dizendo nicles. A única medida concreta que preconizou até à data foi a de que a arbitragem deve «sair do contexto da Liga» e que «caminhe muito depressa para a profissionalização», assim se colando a uma posição há muito tempo defendida pelo Sporting. De resto só generalidades do tipo "unir o futebol português e em nenhuma circunstância o dividir", “[impedir] que existam casos no futebol português”, “que os regulamentos quando existam são para cumprir", que “o grande desafio dos próximos anos será a competitividade, também fora dos relvados”, e outras banalidades mais ou menos tautológicas.
Apesar disso, o homem parece estar em vias de receber o apoio, cada dia que passa mais unânime, dos clubes nacionais (ontem foi a vez do Porto).
Aqueles que, como eu e certamente todos os sportinguistas, anseiam por uma mudança do estado de coisas no que respeita às estruturas dirigentes do futebol nacional ficam chateados, com certeza que ficam chateados. Os que, pelo contrário, estão satisfeitos com o statu quo – aquele a que Dias da Cunha chamou “o sistema” – já devem andar a esfregar as mãos de contentamento.
E qual foi a posição tomada pelo nosso clube, através do administrador da SAD do Sporting, Rogério de Brito (RB)? Pois apressou-se (antes mesmo do PC) a afirmar que “o Sporting está de acordo com a generalidade dos princípios defendidos por Hermínio Loureiro e em função disso lhe dará o seu apoio", embora fazendo-o depender dos "protagonistas propostos para dar corpo aos princípios defendidos". Quanto a princípios, como se viu, tirando o que respeita à arbitragem, mas isso é consensual e qualquer um que viesse tinha de defendê-lo, não há razão para embandeirar em arco.
Portanto começámos mal em matéria de política desportiva em sentido estrito. O que penso que deveria ter sido feito era não expressar posição antes de se saber o que é que pensa fazer se for eleito e quem são os que o acompanharão nesse projecto. Parece que não é nada importante o projecto do candidato, ou que a confiança nas suas capacidades é tal que se tem por garantido que ele irá fazer bom trabalho, quem sabe se por HL se dizer adepto do Sporting. Mas isto é muito pouco. Vá lá que, do mal o menos, sempre se fez depender o apoio dos acompanhantes de HL.
Estamos, pois, agora, a tempo de lhe retirar o apoio, já que, perguntado sobre como encarava a pretensão do Major Loureiro à presidência da AG da Liga, Loureiro, o Hermínio, (que já tinha afirmado não ir “apresentar lista à AG, porque se apresentasse, o [seu] candidato seria Valentim Loureiro”) garantiu que era só o Loureiro cessante querer, que, por ele Loureiro candidato, é p’ra já. Passava-se isto ante a presença tutelar e complacente de PC, em pleno Estádio do Dragão
Não podemos senão chegar à conclusão de que estamos perante uma sucessão dinástica, isto é, vai ficar tudo na mesma, com Loureiro controlando Loureiro, Dupond lado a lado com Dupont.
Só mudará uma parte das moscas…