domingo, 31 de dezembro de 2006

Os reforços segundo Luís Freitas Lobo

Vale sempre a pena considerar o que Luís Freitas Lobo nos diz ou escreve.
No seu “planeta do futebol” diz-nos ele não conseguir “entender porque os clubes não têm um gabinete de prospecção estruturado como uma prioridade da sua organização. Tanto para um reforço normal como para uma grande estrela, o reconhecimento e contratação de um talento implica um trabalho estruturado no tempo”.
Ora o que se passa é que “em vez de serem os clubes a ir ter com os jogadores e, indirectamente, seus empresários, acontece o contrário: são os empresários a ir ter directamente com os clubes com os seus portfolios de craques para todos os gostos, posições e bolsas. São recebidos de braços abertos em opíparos almoços e jantares”.
“Não acho possível avaliar um jogador em treinos ou por mirabolantes montagens em DVD. Já vi alguns em que o nº9 mais torpe parece uma máquina goleadora”, refere LFL, e sabe muito bem do que fala.
Havendo o tal “gabinete de prospecção estruturado”, um jogador que tenha sido, primeiro, referenciado em vídeo, deverá ser, depois, obrigatoriamente observado ao vivo. “Pelo menos, três jogos em casa e três fora, com condições, adversários e graus de dificuldade diferentes”, traçando-se então “o perfil, táctico e técnico do jogador, respeitando uma trilogia base:
valor potencial (o que efectivamente demonstrou);
rendimento (o que, integrado noutro clube, ambiente, táctica, aspecto humano, etc, poderá render);
e especialização (posição de origem).”
Por este método “a contratação feita em Janeiro de 2007, deve ter sido começada a pensar em Janeiro de 2006”, “mas a verdade é que a maioria dos clubes chegam a estar altura sem ter qualquer jogador referenciado”.
Vistos os fracos resultados das contratações feitas para esta época, dá para duvidar de que exista um “gabinete de prospecção estruturado” no Sporting.
Mas, se existe, é tempo de mostrar resultados, pois é notória a falta de adequação dos “reforços” desta época às necessidades da equipa.
Como já aqui referi, precisamos pelo menos de um bom avançado, já, se quisermos aceder à Liga dos Campeões da próxima época.

sábado, 30 de dezembro de 2006

Venenos 11

O meu primo Tiger Snake , aqui fotografado enquanto estreava o seu novo equipamento do SCP, telefonou-me de propósito da Tasmânia para perguntar se eu sabia onde o presidente do FCP tinha passado o Natal há dois anos. Respondi-lhe que não. E no ano passado? Também não, respondi-lhe. Ah!, mas este ano toda a gente sabe que meteu os "sem-abrigo" e oração em Fátima... Porque será?
Contou-me também das dificuldades que PC teve em fazer o presépio este ano... mas essa eu não divulgo aqui!
Veneno puro!

quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

Venenos 10

O ano novo não começou e já se avizinha bronca! Por outras palavras, conseguimos um feito só possível no mundo do futebol: 2007 já começou mal e ainda faltam uns dias para o seu início!
Tudo porque a FPF rejeita culpas no que respeita à pausa XL dos campeonatos nacionais de futebol. A culpa afinal, segundo Amândio de Carvalho, o vice-presidente daquele organismo, é da LPF e mais concretamente de Cunha Leal. Este responsável da FPF acrescenta ter provas que a paragem foi cozinhada entre Cunha Leal e um treinador não especificado da Liga.
Vamos ver quando/se se conhecerão todos os detalhes deste episódio ainda durante o período Holocénico. Por mim, gostava, se não fosse muita maçada e já agora, de saber, por exemplo, o nome do tal treinador...

Platini vs. Johansson

Aproximam-se eleições para a presidência da UEFA. São dois conceitos que se confrontam. De um lado o magestático e enigmático Johansson, que dirige a UEFA desde 1990 com os resultados que todos conhecemos. Do outro, como o Público de hoje refere, está um Platini que pretende "fortalecer a legitimidade dos eleitos para a UEFA", "aumentar a solidariedade e o intercâmbio entre federações" e reforçar o estatuto do futebol como "modalidade de referência" no mundo do desporto e a "universalidade das competições organizadas pela UEFA." Platini manifesta também, como refere ainda o Público, a "sua vontade de elaborar uma carta europeia do futebol," e sustenta igualmente estar disposto a bater-se "contra todos os flagelos que ameaçam o futebol: o racismo e a xenofobia, as transacções financeiras de cariz duvidoso, os negócios clandestinos, os desvios às obrigações profissionais dos empresários de jogadores de futebol, a dopagem..."
O antigo internacional francês defende ainda um alargamento do número de clubes presentes na Liga dos Campeões, feito à custa da redução do número de clubes dos campeonatos europeus mais importantes e o fortalecimento do diálogo entre os clubes e as federações em torno da questão da dispensa de jogadores para as selecções.
Nesta eleição, que será dirimida pelo voto das 52 federações que integram a UEFA, o que parece estar em confronto é, por um lado, a manutenção e mesmo o aprofundamento do status quo que reina no futebol, com os resultados que todos conhecemos --que ameaçam fazer desaparecer simplesmente a modalidade em países como Portugal, e de cujas sequelas nos podemos queixar, e muito!-- e, por outro, a transição para um outro modo de funcionamento da "modalidade de referência". É um assunto em relação ao qual não podemos, naturalmente, ser indiferentes.
Aguardamos, pois, com viva expectativa os resultados desta votação.

sábado, 23 de dezembro de 2006

KL em comemorações

Foi assim, à beira desta magnífica vista do estádio e a reboque da quadra festiva que se vive, que os membros do KL se reuniram ontem com alguns amigos especiais. O encontro decorreu no Menino Júlio dos Caracóis, que já em tempos tinha sido devidamente destacado aqui no KL.
O pretexto foi o de comemorar, com uma mista de carnes, uma mista de factos assinaláveis.
Por exemplo, fizemos um ano (na data certa não foi possível assinalá-lo, mas fizemo-lo ontem), ultrapassámos os 10.000 contactos (um número que sempre impõe um certo respeito, especialmente se é real...), tivemos a oportunidade de nos encontrarmos --alguns de nós pela primeira vez-- fora do cíber-espaço, como que para provar que somos gente de carne e osso e não simples zeros e uns, e tivemos o prazer de conhecer gente de outros blogs e de outras andanças mediáticas que têm, para nós, um especial significado.
Foi assim, foi óptimo!

quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

terça-feira, 19 de dezembro de 2006

A golpada

Fazendo uso da esfarrapada desculpa de que o espaço da secretaria "não tem infra-estruturas básicas, como água e electricidade, estando agregada ao Edifício Visconde de Alvalade", o que implicaria onerosas obras, o Conselho Leonino aprovou a venda desta parcela ao comprador das outras, a SIL.
Mas porque é que a desculpa é ‘esfarrapada’, se se iria gastar mais nessas obras do que a diferença entre as ofertas?
Basta dizer que esta mesma SIL comprou o estádio do Barcelona. Sim, o Camp Nou é da SIL.
Ainda não perceberam?
Pois é, não dava jeito nenhum vender uma parcela do complexo a uma entidade exterior, quando o que se pretende é, no futuro, vender o Estádio de Alvalade à SIL.
Preparem-se sportinguistas!
O que quem dirige os destinos do Sporting anda a cozinhar é a venda do nosso estádio.
Mas se eles me explicassem devagarinho, assim como se eu fosse muito burro, porque é que é bom a seguir ao património não desportivo entrar pelo outro, o desportivo edificado, adentro, eu poderia compreender e, engolindo em seco, até vir a aceitar…
O que não posso admitir é que tudo isto esteja a ser cozinhado à sorrelfa; que eles tenham uma estratégia para o meu clube e ma andem a esconder; que finjam que se está a fazer uma coisa, com a qual eu até posso concordar (a venda do património não desportivo), já de modo a que, na volta, eu seja apanhado sem capacidade de dizer não a outra (a venda do estádio) de que agora não me dão conhecimento.
Se for verdade, isto configura o que se pode chamar uma golpada.

domingo, 17 de dezembro de 2006

A "enchente" de Alvalade

Todos nós pugnamos por um Sporting dinâmico, popular, participado. Que não haja dúvidas: eu gosto de ver Alvalade cheio, de sentir a participação e a comunhão do público com a equipa. Há poucos sentimentos assim, que experimentamos colectivamente. O futebol tem também essa função que não é de todo despicienda.
Tudo o que contribuir para motivar enchentes em Alvalade e transmitir apoio à equipa tem o nosso ámen. Digo "nosso" porque ainda há pouco o Raul se referiu aqui a este assunto e porque já noutras ocasiões referimos a necessidade de promover a participação dos Sportinguistas nas acções do seu Clube.
Da "enchente" de ontem se poderão tirar duas conclusões.
Primeira conclusão: se a política de preços (e de horários...) for correcta os Sportinguistas acorrem ao seu estádio. E seja pelo aplauso, seja pela assobiadela impaciente, os Sportinguistas fazem sentir uma presença calorosa a que os jogadores em campo não serão, certamente, indiferentes e que terá, seguramente, o seu efeito positivo.
Segunda conclusão: afinal a "enchente" não existiu. Os números oficiais mostram que ficámos ao nível de uma boa "casa" em dia de jogo excepcionalmente grande. Os responsáveis do SCP deveriam refletir seriamente sobre tudo isto. Uma mobilização como a que foi tentada para o jogo de ontem não conseguiu produzir a enchente que foi apregoada e que se procurou veicular para o exterior. A presença dos Núcleos deveria ser uma regra, não a excepção de Natal. A festa do futebol faz-se com essa presença regular e não sazonal... Para isso muita coisa deveria ser revista. Sem a presença dos Núcleos o número de espectadores ontem presentes em Alvalade seria certamente banal.
Vale a pena apostar seriamente nestas coisas. De forma continuada. E valeria a pena ter cerca de 40.000 espectadores em média a assistir aos jogos em alvalade. O que não vale a pena é esconder a cabeça na areia...

sábado, 16 de dezembro de 2006

Liedson resolve?

A estratégia do Sporting em relação a esta época tinha, junto com outras, uma componente essencial: a capacidade goleadora de Liedson. Como se sabe este, estranhamente, tem andado arredado dos golos, coisa em que costumava ser especialista. O jogo com o Setúbal não foi conclusivo quanto à ultrapassagem do período de crise da equipa, dada a fragilidade demonstrada pelo opositor. Não se ficou com a certeza sobre a melhoria da equipa e de Liedson, apesar dos dois golos deste.
O jogo contra a Académica trouxe, quanto a esta questão, boas e más notícias ao Sporting e seus adeptos.
Querem que comece pelas boas ou pelas más? Pelas más? Não, pensando melhor, vou atender à cronologia dos acontecimentos e começar pelas boas: Liedson voltou a resolver! Isto na primeira parte, porque na segunda, e aqui é que vêm as más notícias, voltou ao costume desta época e falhou 3 ocasiões soberanas.
Algo se passa com ele. Alguém me diz que é porque vive separado da família que está no Brasil. Talvez esta razão do foro pessoal contribua, não sei. Mas (agora que Moutinho joga na posição em que mais rende, assim se garantindo um melhor municionamento), a falta de capacidade do avançado que joga a seu lado (Bueno, e depois Alecsandro, neste jogo) parece-me uma evidente explicação, interior ao próprio jogo, para a falta de rendimento goleador de Liedson.
Não me parece, volto a dizer, que seja de pôr em causa o esforço dos atletas do Sporting; não perfilho a opinião de que “os gajos não correm”. Bueno incluído: ele esforça-se e entrega-se ao jogo. Mas não tem qualidade para o Sporting.
A questão está nos reforços de Janeiro, que se apresentam vitais se quisermos competir pela vitória no campeonato (pelo menos pela garantia do acesso directo à Liga dos Campeões).
Um bom avançado, para jogar ao lado de Liedson, já!

quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

Natal em Alvalade

Noticia “O Jogo”:
«O Sporting prepara-se para fazer da recepção de sábado próximo à Académica uma verdadeira festa de Natal, numa iniciativa deveras abrangente – denominada “Natalvalade‘06” –, que promete encher o recinto do emblema verde e branco. Para já, estão 44 mil bilhetes vendidos, perspectivando-se casa cheia.
Para que nada falte aos sócios e adeptos do clube de Alvalade, há um conjunto de promoções e acções em marcha, tendo como alvo o público jovem e também os adeptos pertencentes aos Núcleos do Sporting espalhados pelo País, estando já assegurada a comparência de 5300 pessoas ligadas a 80 “solares” leoninos. A entrada será grátis para crianças até seis anos, havendo ingressos especiais para jovens dos sete aos 17 anos.»
Trata-se de uma boa iniciativa desta direcção. Em primeiro lugar para o próprio futebol português que não vive sem público e dele está tão carenciado. Mas também para o Sporting, que assim tem uma excelente ocasião para agregar os seus adeptos de todo o País; estes raramente têm ocasião para ver o seu clube do coração jogar. Com iniciativas destas se dá alguma importância aos associados e adeptos, neste caso aqueles que mais dificuldades têm em manter viva a chama de amor ao clube, por via do afastamento geográfico.
Esperemos que isto não seja mero folclore; que possa, isso sim, ser um indício de que a nossa direcção começa a dar alguma atenção àquela que é a seiva sem a qual nem sequer haverá clube: os sócios e os adeptos.
Cá por mim, à cautela, vou esperar sentado.
Já agora, a ver se a equipa não estraga a festa, joga bem e ganha!

Uma palavra de esperança

O KL vale o que vale, mas ainda assim não queria deixar de manifestar aqui a minha enorme expectativa relativamente ao curso que pode vir a tomar o processo chamado "Apito Dourado" e outros de corrupção desportiva, agora que a Procuradora Adjunta Maria José Morgado foi nomeada coordenadora desta área da investigação judicial.
"Precisamos que acreditem em nós, Ministério Público, na polícia e nos tribunais. Por isso, a hora é de trabalhar e não de falar", disse Maria José Morgado, citada pelo Público.
Não somos ingénuos, mas temos esperança que se possa agora começar a colocar alguma ordem nesta casa que vive em grande e incompreensível balbúrdia. Tenho mesmo esperança que o exemplo do desporto possa "contaminar" outras áreas da vida nacional e que possamos, finalmente, passar a poder confiar na justiça portuguesa. Podemos estar no dealbar de uma nova era. E, no que concerne o desporto e, concretamente o futebol, pode ser que a partir de agora apenas toque viola quem tem unhas...

O relvado

Dizem que Bela Gutman, o treinador que levou o Benfica à conquista dos títulos europeus, dizia aos seus pupilos: “a bola é de couro; o couro vem da pele da vaca; a vaca come a relva; a bola é para andar junto à relva”. É de facto assim, sobretudo nas equipas mais apetrechadas do ponto de vista técnico. Mas isto está prejudicado nos jogos do Sporting em casa, dado o estado do relvado.
Claro que tal não explica os maus resultados que o Sporting vem obtendo no seu campo; mas que é um dos factores que conta, disso não tenhamos quaisquer dúvidas. Ora o que se tem passado com o relvado do nosso estádio é confrangedor e vergonhoso, prejudicando gravemente o desempenho dos atletas e pondo em risco a sua condição física, como hoje afirma com todas as letras Caneira. Isto não abona nada a favor da qualidade da gestão das sucessivas direcções do Sporting. Direcções de que fez parte o actual presidente, Filipe Soares Franco.
Historiando:
Primeiro foi o vergonhoso relvado aplicado pela mesma empresa que aplicou o do FCP, com os mesmos resultados: a relva saltava aos bocadões, fazendo os jogadores enterrar as chuteiras na “praia” que estava por debaixo; sorte que ninguém se aleijou a sério. Mas o Porto substituiu o seu relvado e não teve mais problemas. Nós, chicos-espertos, remendámos a coisa de um modo que os jornais de então descreveram como sendo um misto de natural e artificial; o artificial como que cosia o natural entre si e ao chão firme.
Os resultados dessa esperteza estão à vista e desconfio de que, passado todo este tempo, não haverá lugar à responsabilização da empresa instaladora (ou remendadora) e quem vai ter de pagar os resultados deste acto de gestão é o Sporting.
Foi assim, ou não? Se não, então expliquem-nos o que se passou! Somos sócios; pagamos as nossas quotas! O mínimo a que temos direito é a ser informados!

terça-feira, 12 de dezembro de 2006

A venda do património não desportivo

Como é patente em escritos meus anteriores, com reticências em relação a algumas parcelas, sempre fui a favor da venda do património não desportivo.
Do que sempre, no entanto, desconfiei foi das motivações desta direcção do Sporting, neste tão mal conduzido processo. E continua a não haver transparência que leve os sportinguistas a confiarem em que a sua direcção está a fazer as coisas pelo melhor para o clube e a SAD.

Assim, e para além de o negócio se estar a processar sem concurso público:

  • Surgem rumores de que temos de pagar uma comissão de 2 milhões de euros, correspondente a 4% do valor do negócio total;
  • O valor de venda estará fixado em 50,7 milhões de euros, verba que, a haver lugar à tal comissão, se reduzirá a 48.672.000€, valor inferior aos 50 milhões prometidos pela direcção como receita mínima e também inferior ao do investimento feito há 3 anos;
  • Acresce que o comprador fez a exigência de uma taxa de rentabilidade bruta de 8,65% nos alugueres do Alvaláxia, taxa essa que o Sporting nunca atingiu e que está claramente acima das taxas correntes dos fundos imobiliários, o que resulta numa diminuição efectiva do valor do negócio;
  • Quanto à secretaria do Sporting (negócio ainda a ser aprovado pelo Conselho Leonino), Abílio Fernandes e José Nascimento Alves (sócios do Sporting ligados à lista de Abrantes Mendes nas últimas eleições) ofereceram 600.000€, cobrindo a proposta existente (500.000€) do consórcio (Silcoge e Deutche Bank Real Estate) que é comprador das outras parcelas a alienar. Esta oferta (claramente feita para testar a boa-fé da direcção) parece ser vantajosa para o clube pois a renda anual será a mesma nos 2 casos (40.000€), e neste não haverá comissões de venda a pagar e o Sporting ficará com opção de recompra pelo mesmo preço.

Dum modo geral este tipo de negócios exige discrição. Mas as dúvidas que estão acima, uma vez tornadas públicas, têm de ser esclarecidas. Por mim, gostaria de ter a certeza de que o negócio que se está a fazer, o será no melhor benefício do meu clube.

Reformas na equipa

Na sequência da reunião de ontem dos quadros da SAD, disse FSF que “a Academia é a sede do futebol do Sporting, e a formação é uma aposta firme e estratégica, mas não podemos depender exclusivamente da formação”. Também disse: “Não ouvi ninguém do Sporting dizer que era preciso reforçar a equipa. Nenhum administrador ou director. Ouvi foi o técnico dizer que era extemporâneo falar em reforços, porque era desmotivador para o grupo de trabalho que tem. Se ele acredita neste grupo de trabalho, obviamente não lhe compete dizer que temos de reforçá-lo.” A terminar, Soares Franco referiu que o reforço do plantel é assiduamente conversado com o treinador: “Não foi discutido qualquer reforço, nem era o local próprio. Isso é um processo dinâmico e natural, e é ciclicamente falado com o Paulo Bento.”
Portanto, o dossiê dos reforços está sempre aberto. Este tipo de negócios deve ser tratado em segredo, não só por razões comerciais, como também para não destabilizar o balneário. Mas, quando se diz que “não podemos depender exclusivamente da formação” é porque se está a preparar reformas na equipa.
Entretanto há a notícia da manifestação de interesse do San Lorenzo e do Gimnasia La Plata, junto do Vera Cruz, clube mexicano que emprestou Romagnoli ao Sporting, em garantir o concurso do médio para o Torneio Clausura, que começará em Janeiro de 2007 (embora o Presidente do Vera Cruz diga que o quer de volta no fim do empréstimo se o Sporting não exercer direito de opção, mas isto é para valorizar o produto).
Também João Alves parece confirmar-se que vai ser cedido ou vendido ao Braga. O erro de casting que foi esta contratação tem responsáveis: Peseiro, que se equivocou completamente e Carlos Freitas (CF).
O problema é que CF esteve em todas as recentes contratações do Sporting e as deste ano são o flop que se sabe. Nas empresas a sério os dirigentes são responsabilizados pelos seus actos de gestão.
Vamos ver o que acontece com CF e se é ele a liderar as reformas do plantel na reabertura do mercado. É um assunto intrincado já que Paulo Bento afirmou publicamente aqui há tempos a sua solidariedade com CF, fazendo depender a sua permanência da dele.
O que eu não quero é que haja benefícios para terceiros à custa do Sporting!

domingo, 10 de dezembro de 2006

A crise

Bastaram duas derrotas seguidas e a ameaça (séria!) do fim antecipado da época para colocar as hostes Sportinguistas em estado de sítio. Duas bolas que batem na trave, uma cabeçada falhada frente à baliza deserta, um jogador em dia não, uma opção porventura errada do treinador e a casa ameaça logo ruína total!
Tudo isto dá que pensar.
Não é preciso ir muito longe para perceber que há crise e da grossa! Basta ouvir o tom das declarações dos responsáveis para perceber que não se trata de um problema de falta de produtividade conjuntural do Liedson, ou de haver necessidade deste ou daquele novo elemento para o lonsango... A crise existe, latejante, e a qualquer momento ameaça rebentar com estrondo! A crise começa por se revelar, desde logo, na enorme dificuldade, senão mesmo na total inabilidade em neutralizar os epifenómenos que a indiciam publicamente, mal estes se começam a manifestar. E adivinha-se, sub-reptícia mas letal, nas opiniões desencontradas dos diversos actores desta novela. À espera de um rastilho de tamanho certo.
A habitual cadeia de reacções que se desencadeia nestas alturas só não tem, desta feita, uma expressão mais dramática porque, se calhar, está frio e chove...
Já no passado chamei aqui a atenção, sem ser totalmente compreeendio, para o facto de que o afloramento de certo tipo de reacções --condenáveis, frequentemente, é certo, sob o ponto de vista dos métodos utilizados-- não pode ser ignorado e as suas motivações e veemência têm de ser levadas muito a sério!
O certo é que a crise, insidiosa, tem uma dimensão que sobreleva a simples mudança táctica ou de protagonistas e tem origens remotas, perfeitamente conhecidas, mas nunca enfrentadas com determinação. Enquanto essa questão não estiver dirimida a nossa expectativa quanto ao futuro só pode, pois, ser (ainda na minha simples opinião!) de sereno pessimismo...
Quanto ao jogo de sábado, não foi um jogo a sério. A vaia final dos adeptos setubalenses à sua equipa prova-o!

sábado, 9 de dezembro de 2006

Superação da crise?

Escrevo na ressaca da vitória por 3-0 sobre o Vitória de Setúbal.
Como reiteradamente venho afirmando a crise do Sporting deveu-se (situando a análise no contexto do potencial instalado, com as suas virtudes e carências, ou seja, no que há e não no que poderia ou deveria haver):
• Desde o início da época, à perda da capacidade goleadora por parte de Liedson.
• À não afirmação das contratações como mais-valias para a equipa.
• No período mais recente à perda da coesão defensiva (um tanto derivada das sucessivas lesões de 3 defesas direitos).
• Estes factores acabaram por condicionar o desempenho dos mais novos (os quais constituem o ‘core’ da equipa, sobretudo no meio-campo) e resultar em descontrole e consequente queda anímica.
Paulo Bento soube, pelo menos neste primeiro jogo a seguir aos desastres, unir as hostes mantendo o mesmo padrão de jogo e motivando os jogadores.
É certo que o adversário “ajudou”, tendo estado muito macio e mal organizado na defesa (faltou-lhe um habitual titular no centro desta e o treinador Toni adaptou Binho, habitual trinco, a essa função) e pouco perigoso (não fez qualquer remate com perigo, nem teve uma ocasião de golo digna desse nome). Também ajudou o facto de termos marcado logo ao princípio do jogo.
Destaquemos as opções escolhidas para este jogo em termos de jogadores e das suas funções:
• Finalmente Moutinho apareceu na função em que mais rende (vértice superior do losango) e, porque joga sempre bem, tem andado a ser “desperdiçado” noutras.
• Descaído sobre um dos lados (direito, neste caso) Nani é muito mais eficaz, pois isso permite-lhe fazer arrancadas para dentro do campo (de uma destas surgiu o segundo golo), ou (mais raramente) em direcção à linha para cruzar.
• Talvez em resultado destes factores, finalmente Liedson voltou aos golos; ele cuja ineficácia era factor preponderante da crise. Se for para continuar, esta veia goleadora é o primeiro passo para se começar a atinar nos jogos em casa, onde curiosamente a performance do Sporting é pior que fora, esta época.
• Bueno é que continua a ser ineficaz e a não justificar a contratação, não conseguindo levar uma jogada até ao fim.
• A defesa é muito mais consistente quando Caneira joga (embora neste jogo desse pouco para ver isso, dada a ineficácia do Setúbal); a sua presença parece dar mais confiança aos companheiros.
• Espero que seja desta vez que se acaba com o mito de que o jogo do Sporting não tem largura e não se desenvolve pelas alas: os 3 golos resultaram de jogadas pelos lados do campo (o primeiro dum cruzamento de Moutinho da linha de fundo do lado direito; o segundo duma jogada de Nani pela esquerda com derivação para zona mais central e remate; o terceiro dum canto). O Sporting, como não tem extremos de raiz, abre a frente do seu jogo através de:
- desmarcações do elemento do vértice do losango (Moutinho neste jogo);
- entradas dos defesas (mesmo Caneira, considerado elemento menos ofensivo, fez diversas incursões pela direita com cruzamento de perto da linha de fundo);
- deslocação esporádica de um dos avançados, com ida à linha e passe atrasado ou cruzamento, com simultânea infiltração do elemento mais avançado do meio-campo pelo meio da grande-área.
Um único jogo não dá para ver se a crise está ou não superada; mas as vitórias ajudam muito.
E lembremo-nos de que na época passada PB pegou na equipa em estado anímico muito destruído e, depois de alguns desaires, conseguiu dar a volta por cima e lutar pelo título quase até ao fim.
E não se diga que a equipa falha sempre em momentos decisivos; na época passada o Sporting foi o campeão nos jogos entre os 3 grandes.
Tudo isto, junto com uma esperada e necessária correcção nas contratações na reabertura do mercado, nos deve conferir algum sereno optimismo.

Cuidado com as contratações!

Sei que não concordo com a alínea que diz que “aparecer ao lado de João Loureiro a defender projectos comuns é uma vergonha!”, porque nesse caso tratou-se de definir os contornos da Taça da Liga, um trabalho institucional e circunstancial que não implica alianças, apenas interesses comuns de parceiros da Liga; quanto algumas das outras não sei se concordo na totalidade.
Mas, porque preconizo contratações na reabertura do mercado e quero que as mesmas se processem de forma muito séria, acho que vale a pena transcrever o seguinte post de um blog sportinguista:

«PRINCÍPIOS LEONINOS
No Sporting, não devia de haver lugar para filhos de Presidente exibirem, com exuberância, na zona VIP de Alvalade, o seu benfiquismo!
No Sporting, o Presidente da Assembleia Geral, nesta altura, não deve aparecer com um caschecol a dizer vota Soares Franco, porque a campanha eleitoral já foi há muito e porque até é a figura nº 1 do Clube!
No Sporting, o Presidente não pode dizer uma coisa e o treinador o contrário no final de um jogo!
No Sporting, a equipa de futebol não pode ser gerida para justificar a vinda de novos jogadores, renovação com outros, dispensa de alguns, por interesse de Freitas e companhia!
No Sporting, não pode haver relações com agentes, dirigentes de outras instituições e entidades, seja quais forem, que prejudiquem o Clube!
No Sporting, um elogio de Pinto da Costa deve ser encarado com muita desconfiança!
No Sporting, aparecer ao lado de João Loureiro a defender projectos comuns é uma vergonha!
No Sporting, os responsáveis deviam explicar e justificar todos os milhões que saem, para não haver o descrédito causado pelo "custo zero" de João Pinto!
No Sporting, transacções como as de Ronaldo, Quaresma e Hugo Viana devem ser muito bem esclarecidas!
No Sporting, não pode haver obstáculos a renovações para defesa de interesses de empresários!
O Sporting, é um Grande Clube e ninguém tem o direito de dele se servir em proveito próprio!
Estes são princípios básicos que devem ser, escrupulosamente, cumpridos por quem gere o Sporting Clube de Portugal!
VIVA O SPORTING, ABAIXO QUEM DELE SE SERVE
RMF»

sexta-feira, 8 de dezembro de 2006

Ano Novo, vida nova

Como afirmo no último post que publiquei, é preciso reiterar confiança no treinador e na equipa. Mas também é preciso reforçar esta.
Houve graves equívocos (acreditando que foi só isto e não negociatas para benefício próprio, como ouço e vejo escrito nalguns blogues – o que motivou os problemas de oposição a Carlos Freitas na última AG) nas contratações do ano. Estas tardam em afirmar-se, se é que alguma vez o virão a fazer. Mas não nos esqueçamos de casos anteriores de futebolistas sul-americanos que não provaram na primeira época (adaptação ao ritmo de jogo, ao clima, à alimentação e, sobretudo, o facto de os futebolistas virem com uma espécie de jet-lag que resulta do facto de começarem aqui a época já com uma quase inteira nas pernas) e depois se comprovam craques. O último caso foi o de Tinga, que achávamos que não valia nada e que agora foi convocado por Dunga para a selecção do Brasil. O que é facto é que Bueno, Farnerud, Romagnoli e Alecsandro ainda não provaram a sua utilidade. Paredes é um caso diferente e em que me atrevo a um diagnóstico mais definitivo: não sou nada a favor do regresso ao nosso país de jogadores que se revelaram no nosso periférico futebol e deram o salto para campeonatos mais poderosos (o mesmo se diga de contratações de craques em fim de carreira, salvo casos tipo Smeichel). Quando esse regresso se processa os jogadores estão já em declínio de carreira e, salvo excepções que se contam pelos dedos (estou-me a lembrar do Mozer), não se apresentam com motivação suficiente. Falando do futebol português em geral, foi assim com Edmilson, com Zahovic, com Robert e com mais alguns barretes caríssimos, cujos nomes agora não me ocorrem (aquele avançado calmeirão do Leste), mas vocês lembrar-se-ão de alguns.
Por outro lado sectores fundamentais da equipa são muito jovens e inexperientes. (E não me venham dizer que a equipa do Porto ainda é mais jovem que a nossa; isso é verdade em média geral e apenas por uma ou duas décimas de ano; e não com a concentração em sectores-chave do campo como acontece no Sporting).
Last but not least, Liedson, uma peça-chave do conjunto, não tem rendido o que era expectável, no capítulo (fundamental) em que se mostrou tão exímio no passado recente: marcar golos. Este foi um dos aspectos capitais em que o jogo da equipa falhou e que, nem eu, nem Paulo Bento, nem o opositor mais empedernido deste, nem ninguém, acreditaria que claudicasse tão fragorosamente (fomos o segundo pior ataque de toda a primeira fase da Liga dos Campeões; pior só o Levski). Com Liedson a render como nos seus bons tempos haveria golos, os jovens não teriam entrado em parafuso e a equipa (apesar da tosquice dos reforços) teria passado à fase seguinte da Liga dos Campeões.

Quem só se preocupa com as vitórias, não importa a que preço, pode agora vociferar para os dirigentes, exigindo craques a peso de ouro, como no tempo do Duque. Entrar-se-ia no caminho de contratações do tipo exemplarmente ilustrado pelo, agora tão propalado, negócio de João Pinto. Para quem não saiba, tudo aponta para que esse atleta nos tenha custado cerca de 2 milhões de contos (10 milhões de euros). Foi figura central do último campeonato ganho pelo Sporting, mas foi por actos de gestão deste tipo que o Sporting chegou a uma situação de quase falência financeira.
Correspondeu este a um dos muitos anos em que o Sporting andou, acompanhando aliás a prática corrente no futebol português, a viver acima das suas capacidades. Os outros clubes grandes (Porto e Benfica) ainda não entraram na política de rigor que os tempos presentes aconselham, à qual, com o fim dos subsídios das Câmaras e das Regiões Autónomas recém-aprovado na Lei de Bases do Desporto, serão obrigados a também se submeter, mais tarde ou mais cedo. O Sporting tem a vantagem de já ter começado. (Assim estivesse esta direcção a dar atenção aos associados e à insubstituível força que eles constituem para o clube).
Apesar de o momento ser delicado (tendo sido eliminados desperdiçámos as receitas da UEFA), o sucesso desportivo obriga a que se tenha de ir às compras na reabertura do mercado, mas, quanto a mim, há duas regras de ouro que não podem ser transgredidas:
• Não se pode gastar o dinheiro da venda do património não desportivo na compra de jogadores;
• Não se pode vender os jovens talentos (Nani, Moutinho, Djaló, Veloso, e mesmo Custódio, Carlos Martins e Rony) para obter dinheiro para as compras.
Tentemos despachar os que vieram “por engano” e, sem entrar em loucuras, reforçar a equipa, para ver se garantimos a (fundamental) presença na Liga dos Campeões para o ano que vem.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

Lamber as feridas e dar a volta por cima

No fim do jogo com o Spartak, três jovens sócios exibiram grandes letreiros do tipo dos que anunciam saldos no supermercado, que diziam: Liedson 0,31€; Paulo Bento 0,00€ e um terceiro que não consegui ver. Todos os circunstantes se opuseram a este tipo de protesto acusando-os de não serem verdadeiros sportinguistas, ao que eles respondiam exibindo os cartões de sócio. No ambiente de enervada e quente frustração que se vivia a oposição aos jovens tomou aspectos de alguma violência, embora não atingindo as pessoas: os cartazes foram-lhes confiscados e rasgados pelas pessoas presentes.
Considero este episódio significativo da actual reacção à triste situação que a equipa vive. Mesmo assim os sócios parecem continuar a dar o benefício da dúvida ao treinador e à equipa. É certo que, um pouco mais tarde nessa mesma noite, no inquérito aos espectadores do Trio de Ataque, a votação sobre quem era o principal culpado da crise desportiva do Sporting teve como "vencedor", com cerca de metade dos votos, o treinador, vindo a seguir os reforços do ano, e só com cerca de 10% a equipa. Sendo, como se sabe, o treinador tradicionalmente o bode expiatório mais imediato e fácil, parece-me mais significativa a votação nos fracos reforços do ano.
Fico contente com isto. De facto, escaldado por aquelas quase duas décadas sem ver o padeiro, mas vendo os treinadores não aquecer o seu lugar, não sou nada favorável à solução da facilidade: almejo uma situação do tipo do Manchester United, em que ao treinador é dado tempo para construir e estabilizar a equipa. E para atingir este escopo já se sabe que se tem de atravessar altos e baixos.
Não podemos ter aquela reacção típica dos adeptos (sobretudo no Sporting) em que os mesmos jogadores e o mesmo treinador que ainda há umas semanas eram bestiais, subitamente passaram a ser umas bestas. E então entretemo-nos a dar tiros nos pés.
Cito Rui Dias (Record): «Em estado de graça, o 4x4x2 em losango foi o sistema que melhor potenciou as características dos jogadores do Sporting – agora, que surgiram recuos inesperados, tira largura ao ataque; quando ganhava, a rotatividade era uma bênção para quem precisa de crescer ou adaptar-se – a perder, é um disparate não pôr sempre os melhores. Paulo Bento viveu o primeiro fracasso da carreira e tem pela frente delicada prova de fogo: lidar com a derrota, resistir aos profetas do instante e prosseguir o caminho vitorioso. O grande treinador define-se em momentos destes».
Eu continuo a achar a táctica boa. O Sporting, sem ter extremos de raiz, atacou sempre muito pelas alas e, descontando estes últimos jogos em que jogámos muito mal, as estatísticas colocavam-no a par do Porto no aspecto dos cruzamentos tirados entre a linha de grande-área e a linha de fundo. No nosso grupo da Liga dos Campeões fomos os que beneficiámos de mais cantos (exceptuado o Spartak que só teve mais 1: 34 para 33). Nesse mesmo grupo, o Sporting foi a equipa com mais posse de bola (53%).
Sem concordar com todas as opções (sobretudo aquela de pôr o Romagnoli e o Bueno de início contra o Benfica), também concordo com a rotatividade, sobretudo tendo em conta o plantel pouco numeroso e jovem do Sporting (23 jogadores, contra, por exemplo, 29 do Benfica).
Por último, na minha leitura o treinador Paulo Bento tem sabido motivar os jogadores e mantê-los sempre disponíveis para dar o concurso à equipa. O descalabro dos últimos jogos deve-se à imaturidade de sectores fundamentais da equipa, cujos rapazes não tiveram capacidade para dar a volta a situações de contrariedade motivadas por golos sofridos prematuramente, em jogos de grande importância. Falhou a força anímica conjuntural, mas o balneário mantém-se coeso.
Em resumo: o único erro grave de Bento foi ter dito que estava contente com o que tinha e não exigia mais. Mas também aqui compreendo que o que ele quis, mais do que dizer que não reivindicaria reforços na abertura do mercado, foi significar uma compreensão pelas dificuldades financeiras do Sporting, que recomendam contenção.
O problema está nos recursos: de orçamento e de plantel. Desenvolverei este ponto em próximo escrito.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

Ilusões

Hoje os Sportinguistas estão divididos entre a ira, o desânimo, o conformismo e a ilusão de que o futuro será melhor.
Não, não estou a referir-me ao rescaldo de nenhum jogo em particular. Só tinha ilusões em relação à carreira do Sporting nas competições em que está envolvido quem ainda não percebeu o imbróglio em que o Clube está metido.
E o imbróglio não vem de sexta-feira à noite. O imbróglio tem mais de quarenta anos. Hoje a situação é de iminência de extinção, mas as raízes do problema vêm de longe. E não são todas imputáveis ao Sporting.
Vamos, tudo o indica, passar por mais um período de turbulência. Acabou o estado de graça. Adivinha-se a preparação de novos cordeiros para o sacrifício habitual.
Quem sabe onde e como isto vai acabar?
Já vimos que não existem soluções milagrosas para curar o Sporting. Já vimos que quem fala alto também se engana. Já vimos que a maioria pode ser iludida. Já vimos que a minoria não pode ser ignorada. Já vimos que as formas organizativas actuais do Sporting, com todo o seu "glamour", não passam de ilusão, não resolvem os problemas, nem espelham a formação social do Clube.
Que fazer então?
Mantenho que o Sporting tem de voltar às suas origens, aos seus valores primeiros. Mantenho que a representatividade do Sporting tem de ser muito mais alargada e que para isso devemos encontrar formas organizativas apropriadas. Mantenho que não devemos andar a viver a mentira, que foi propagandeada pela geração de dirigentes que neste momento conduz os destinos do Sporting: encolhemos, não crescemos. O Clube não se situa, de facto, no plano em que os Sportinguistas o desejariam ver ou se convenceram que está colocado. Ao Sporting falta-lhe músculo, combatividade e perspectiva de futuro. Não passamos de uma comissão liquidatária em forma de clube. Somos hoje uma imagem triste e longínqua do que fomos. O Clube tem vindo a definhar e vai continuar a definhar nesta agonia lenta, alimentado pela ilusão de que é o que não é, ou que pode deixar de ser o que é por um golpe de asa de um qualquer Messias iluminado. Mas, o Sporting só vai ser o que os Sportinguistas pensam que o Sporting é, se os Sportinguistas se empenharem em transformar o Sporting no que os Sportinguistas querem que seja! Com os Sportinguistas! Não sem, nem contra os Sportinguistas! Com os Sportinguistas, repito!!
Os problemas do Clube não são nada fáceis de resolver. E não se situam só no plano interno.
Mas também eu tenho uma ilusão: penso que é possível ao Sporting ultrapassar de vez os seus problemas e ajudar a resolver os problemas que o afectam mas que o ultrapassam, se os Sportinguistas puserem essa questão no topo das suas agendas.
A situação, como a vejo hoje, é simples: se os Sportinguistas não colocarem o Sporting no topo das suas agendas, alguém o vai, ou continuará a fazer por eles. E assim será até o nosso Clube, tal como o conhecemos e aprendemos a amar, se esgotar em defintivo.
O KL está e vai continuar a estar aberto e pronto para o debate. Sempre que e quando julgarem oportuno.

terça-feira, 5 de dezembro de 2006

Juízes e futebol

Uma mistura que tem de tudo menos o que devia ter: justiça!
Aqui há tempos falou-se na questão dos fumos estranhos que rodeiam a Liga e o CD no processo Apito Dourado. Como se sabe, há um facto ainda por esclarecer: houve um requerimento do presidente do CD da Liga, na altura o desembargador Gomes da Silva, para o Tribunal de Gondomar passar certidões sobre o processo qua aí estava a decorrer. A solicitação decorria do facto de estarem envolvidos agentes desportivos, e de, de acordo com os estatutos da LPFP, ter de automaticamente ser aberto um processo disciplinar aos referidos agentes. Que neste caso envolveria as figuras que todos nós conhecemos. Ora, depois da demissão de desembargador Silva, tomou conta do cargo o desembargador Pedro Mourão que voltou a requerer as referidas certidões, referindo, ao que parece no seu pedido, que já havia sido feito um pedido semelhante que ficou nas gavetas da Liga. Porque depende aparentemente o CD da Liga para efeitos de cumprimento deste aspecto dos estatutos, é assunto cujo clarificação nos merceria eterna gratidão. Todos temos uma enorme curiosidade em saber qual vai ser o desfecho de todo este imbróglio...
Também o famigerado caso Mateus veio trazer a lume uma questão bizarra: uma decisão tomada pelos membros do CD da Liga (juízes conselheiros e desembargadores, que sancionaram o Gil Vicente por ter recorrido a tribunais comuns para derimir o processo) foi apreciada por um juíz em início de carreira do Tribunal Administrativo por via da providência cautelar interposta por aquele clube. Outro assunto que o comum dos mortais não toleraria, mas que no mundo do futebol parece ser perfeitamente normal...
Mas, não fica por aqui o rol de bizarrias no edifício da justiça desportiva portuguesa.
Sabe-se hoje que o Conselho Superior de Magistratura pondera a alteração do estatuto que permite aos juízes fazerem parte de orgãos de justiça em organismos ligados ao futebol. A decisão ameaça gerar polémica. Hermínio Loureiro já veio dizer que há uma visão complexada sobre o futebol e que o desporto ficaria mais fragilizado se não pudesse contar com a presença de magistrados. Mas, a verdade é que a fragilidade vem da falta de credibilidade das instâncias e agentes desportivos. No caso da justiça desportiva isso é flagrante. A polémica é apenas e tão somente fruto de não se atacar este problema de frente.
Mas, o que verdadeiramente espanta é que as vozes que geram esta polémica não reclamem a alteração completa do sistema de justiça desportiva português. Todas as bizarrias a que temos vindo a assistir não passam afinal dos corolários lógicos da rebaldaria que reina neste domínio.
Quem tem estatuto de administrador da justiça no campo do desporto em Portugal? Quem deve resolver os problemas existentes?

domingo, 3 de dezembro de 2006

Já estamos em saldo!

Depois da derrota de 6a feira, os serviços do Sporting --que habitualmente não ligam nenhuma aos associados e fazem mesmo questão de os tratar, frequentemente, de forma miserável...-- estão desde ontem a enviar SMS aos sócios exultando-os a "marcar presença" no jogo da próxima 3a feira. As bilheteiras estão abertas durante o fim de semana e há bilhetes a 10 euros!
Dez euros...
Deve ir um enorme pânico neste momento pelas bandas do Edifício Visconde de Alvalade...

sábado, 2 de dezembro de 2006

Dois discursos

A fractura, mesmo ténue, que os discursos de Paulo Bento e Soares Franco indicia constitui uma má notícia para o futuro do Sporting.
Do lado de Paulo Bento há duas conclusões a extrair das declarações que produziu. A equipa jogou mal e ele assume, como é seu saudável costume, as responsabilidades na totalidade. "Não houve casos", declarou, e foi o Sporting que falhou. Do lado de Soares Franco, o Sporting jogou bem, pressionou, e foi a arbitragem que influenciou o jogo ao não assinalar uma pretensa grande penalidade.
Todos sabemos que uma equipa vencedora é aquela em que existe um simbiose total entre os adeptos, a equipa e a direcção. Se quiserem analisar todos (todos!) os casos de sucesso, em Portugal e lá fora, vão verificar que se confirma este trinómio.
Ora, no Sporting tem havido, nesta nova fase, uma sintonia manifesta entre a equipa (incluindo a técnica, claro) e a direcção, ficando os adeptos numa situação de sintonia expectante (pagamos para ver...), mas mesmo assim de sintonia. Nas declarações de Soares Franco e de Paulo Bento de ontem começamos a notar uma clivagem insanável. Soares Franco, o Presidente do Sporting, joga o habitual jogo do varrer o lixo para debaixo do tapete, enquanto Paulo Bento, o sustentáculo de todo o edifício erguido pela direcção tutelada por Soares Franco, se diz responsável pelo sucedido e assume, como é seu apanágio, repito, a sua quota parte no insucesso. Mas, a verdade é que Paulo Bento está longe de ser o rosto dos desaires.
Está, na minha opinião, iniciada a guerra das responsabilidades.
Vamos ver o que vai dar este choque de opiniões. Se os resultados se forem aguentando, o ónus desta, aparentemente, leve guerra de responsabilidades vai ser adiado no tempo. Se os resultados forem um desastre (já vamos ter oportunidade na próxima terça-feira de ver qual foi o efeito desta triste derrota na equipa e, nomeadamente, se a época não foi já ao ar...) não tenhamos dúvida: vai estalar a grande guerra das responsabilidades. A coragem de Paulo Bento, creio, funciona para os dois lados...
Oxalá me engane, mas, sabendo como todos nós sabemos o modo como nos últimos anos o Clube vem reagindo aos infortúnios, o futuro mais ou menos imediato do Sporting afigura-se-me bastante conturbado...
A falta de resultados deu sempre mau resultado!