sábado, 31 de março de 2007

A questão da formação

No mundo cada vez mais global em que vivemos, hoje em dia os jovens estudam e fazem vida onde acham que as suas qualidades melhor podem ser valorizadas. Tenho uma filha que, face à medíocre qualidade do ensino de que desfrutava em Lisboa resolveu ir para Londres, onde presentemente trabalha e estuda, estando plenamente integrada. E tem de fazer os estudos na língua local.
Por outro lado, é sabido que o Sporting não pode governar-se só com a formação interna e tem de fazer anualmente contratações. O grande problema tem sido a qualidade dessas contratações e a desconfiança que temos de que haja negócios escuros (em que são servidos interesses que não os do Sporting) por detrás.
Não vejo, pois, qual é o problema de se recorrer a "mercados" externos para nos abastecermos de jogadores promissores, aos quais podemos, desde mais cedo, moldar enquanto futebolistas, à medida dos interesses e modelo de jogo do Sporting.
Agora o que se tem é de obedecer a, pelo menos, dois tipos de preocupações:
- aos jovens jogadores estrangeiros deverá ser exigida, à semelhança do que acontece (e muito bem) com os nacionais, a frequência escolar; até por motivos do próprio tipo de formação que o Sporting apregoa, e com a finalidade de uma correcta integração, não pode haver excepções quanto a isto;
- os negócios têm de se submeter aos critérios de seriedade (sem luvas por fora, a todos os intervenientes) e de plafonds preestabelecidos, sem excepções.
Isto é uma parte da questão.

A outra parte tem a ver com a saída para outros clubes dos jovens futebolistas formados na nossa Academia.
Temos a promessa de que as coisas agora vão ser diferentes do passado e não mais haverá aquelas vendas ao desbarato que depois se traduzem num monte de presenças na selecção de jogadores formados na nossa Academia, mas em que muitos são primeiras figuras de clubes nossos rivais.
Quanto a este assunto tenho andado na disposição de dar um tempo de graça aos nossos dirigentes, mas isto começa mal. Então não é que Miguel Garcia sai a custo zero?!

É para isto que andamos a formar jogadores?

Negócios com Amadeu

O sr. Amadeu Lima de Carvalho é uma daquelas pessoas a quem eu, só pela pinta, não compraria um piassaba, quanto mais um carro em segunda mão. Está, como se sabe, metidíssimo nas confusões da "Universidade Independente"; vamos a ver o que é que sai dali…
Pois é esta personagem que interveio como intermediário, através de várias obscuras empresas, entre as quais, intervindo como «consultor de gestão financeira e desenvolvimento de estudos de mercado», a «Sociedade Dignidade e Firmeza, Unipessoal, Lda representada pela mulher do sr. Amadeu Lima de Carvalho» (citações retiradas do comunicado do conselho directivo do Sporting).
Esclarece-nos o conselho directivo, como se fosse uma prova de que o negócio foi porreiro (até nem pagámos tudo em dinheiro…), que «uma parte dos referidos honorários, equivalente a oitocentos mil euros foi pago através da entrega de quatrocentas mil acções da Sporting Sociedade Desportiva de Futebol, SAD».
As acções da SAD do Sporting, que foram cotadas a 2,58 euros na última sessão da bolsa e há uma data de tempo que andam à volta deste valor, foram avaliadas para efeito deste pagamento a… 2 euros cada!
É isto que estes senhores andam a fazer com o património do nosso clube!

quinta-feira, 29 de março de 2007

É preciso esclarecer

Há uma criatura, que se encontra neste momento presa preventivamente no âmbito do caso da Universidade Independente e outros processos, que terá feito uma proposta de compra do Alvaláxia, Edifício Visconde de Alvalade e Health Club à direcção presidida por Dias da Cunha pelo valor de 54 milhões de euros. A proposta foi rejeitada. Estaria talvez na altura de ouvir da boca do ex-presidente uma palavra sobre todo este assunto.
Este mesmo negócio foi depois, como é sabido, consumado pela actual direcção, ao que se sabe, com a intervenção dessa mesma criatura.
Creio que a generalidade dos Sportinguistas gostaria de saber pormenores sobre tudo isto. Não se trata de simples negócios entre entidades privadas. Trata-se de operações que envolvem o Sporting Clube de Portugal, uma entidade de bem, constituída por pessoas de bem que delegam competências nos seus dirigentes para as levar a cabo e por isso temos de ter a garantia de que tudo isto partiu de uma base lícita e transparente.
A direcção tem de nos esclarecer.

terça-feira, 27 de março de 2007

Dias da Cunha ainda

O Blog da Bola diz preto-no-branco que Joaquim Oliveira teve responsabilidade no afastamento de Dias da Cunha. Ora vejam lá aqui e meditem. Depois digam-me que o problema está na motivação da equipa...

domingo, 25 de março de 2007

Venenos 17

Se não nos pomos a pau, é nesta coisa que se vai transformar o nosso velho símbolo do leão nobre e aguerrido...

quarta-feira, 21 de março de 2007

Grandezas e misérias de um grande Clube

Aqui há tempos um leitor habitual do KL (rg54) pedia num comentário que tentássemos definir o conceito de “grandeza” do Sporting. Isto depois de um post em que exprimi algumas ideias sobre o assunto. Porque se trata de uma questão de facto séria, que se cruza com algumas recentes trocas de opinião que temos tido no blog, aqui ficam os resultados da minha reflexão sobre o assunto que vos deixo à consideração.
Em primeiro lugar de que Sporting estamos a falar, quando falamos em grandeza? Do Sporting Clube de Portugal ou da Sporting SAD?
Sobre o SCP podemos, sem qualquer hesitação, dizer que é um grande. Para mim sê-lo-á sempre e é sempre o maior dos grandes! Creio que esta questão não merece mesmo que sobre ela escrevamos mais uma linha sequer.
Mas, o que dizer da Sporting SAD? Para mim, é um grande... bluff! Falhou em toda a linha. Sublinho: TODA A LINHA! De grande, como já tive ocasião de dizer anteriormente, a SAD só tem o défice.
Os adeptos e sócios do Sporting, a sua seiva, o seu sangue, as suas moléculas --o que quiserem para ilustrar que são eles os elementos nucleares desta instituição que é o Sporting-- não mandam nada na SAD. Apenas servem para sustentar um défice bem gordo, que estabilizará, dizem eles, lá para Junho (se a presente comissão liquidatária tiver engenho e pachorra para o fazer) nuns míseros 150 milhões de euros. Nada mais, nada menos que cerca do triplo do défice que alegadamente, (digo-o assim porque nunca o conseguiremos saber com rigor) a actual dinastia de dirigentes foi encontrar em 1994. O défice actual, recordemo-lo, situa-se praticamente no quádruplo do défice original que levou a todo este tocar de sinos que se vem ouvindo desde essa altura.
Dir-me-ão que o mesmo se passa com os outros clubes e que o futebol, a nível mundial, atravessa um crise a que o Sporting também não é imune. Pois é, mas o Sporting é especialmente vulnerável a tudo isso porque a SAD não é uma “grande”. O Sporting é grande, mas a SAD é uma brincadeira, quase se diria, de mau gosto, baseada em princípios mesquinhos e constituída por gente medíocre. No fim de contas, a verdade é que a SAD não veio proporcionar grandes resultados desportivos, nem encontrou forma nem arte para manter e cativar (muito menos aumentar) os seus elementos nucleares, os sócios do Sporting Clube e os adeptos. Sem receitas provenientes de êxitos desportivos, sem gente a engrossar as suas fileiras, que possam ir aguentando os desmandos financeiros das direcções (os outros ditos “grandes” não sofrem deste mal), ao Sporting restará ir fazendo um jogo duplo de gestão da crise e de aproveitamento oportunístico das potencialidades que se vão revelando, por parte de uns quantos espertalhões que comem alguma da chicha que o Sporting ainda tem.
O Sporting Clube de Portugal (a instituição que nos move a todos neste espaço) está em perigo. Não adianta rodear a questão, nem perdermo-nos em conversas acessórias. Por muito que custe a entrar na cabeça de alguns que continuam a pensar que ainda vivemos na época do Sporting Clube, o Grande. Agora existe uma SAD, há dois poderes (um virtual e outro real) e uma enorme zona cinzenta que pode dar para tudo. Infelizmente, tendo em conta a relação de forças, o mais certo, se nada for feito, é que dê para o torto. O Sporting actual é bicéfalo e esquizofrénico.
Do “Projecto Roquette” resultou um estado de verdadeira catástrofe no Sporting. Num primeiro tempo existia um Clube, com um património rico e um passivo que, embora fosse relativamente elevado, não se assemelhava, nem de perto nem de longe, ao projectado passivo estabilizado, com o qual aparentemente o presidente do Sporting admite viver bem.
Os “salvadores” do Sporting prometeram tudo. Ele era estádio, ele era academia, ele era apostar na formação, ele era ter novas fontes de receita que o blindassem contra a tal bola na trave. Ele era também ganhar não sei quantos campeonatos, em não sei quantos anos e passar a ter uma equipa presente na Europa com carácter regular.
O fim desta história já todos o conhecem. O escândalo é de tal ordem que até FSF (actor de toda esta novela desde o início) admitia na sua bizarra entrevista, e talvez tenha sido essa a sua única afirmação com interesse, que esse projecto falhou.
Ora, pergunto eu: para que era afinal necessária a SAD? O que precisávamos, desde o início, era de introduzir bons critérios de gestão. Parece claro que não é preciso um MBA para gerir bem um clube como o Sporting. É preciso perceber de desporto e ter sensibilidade para a sociologia de um clube como o Sporting. E ser Sportinguista. Nada disto, creio, acontece com os personagens que nos dirigem desde há pouco mais de uma década.
No fundo, se tivessem sido simplesmente aplicados critérios de gestão sensatos, se o espírito do Sporting não tivesse murchado ou sido desvirtuado à força, esse passivo tinha sido debelado em três tempos, os tempos de glória teriam de facto surgido e hoje poderíamos continuar a ser Sporting Clube. Era essa a nossa expectativa e a energia para que isso acontecesse estava lá toda. O que aconteceu então?
Porque não foram os critérios de gestão sensata introduzidos? Foi culpa dos dirigentes? Sim, decisivamente. Foi culpa dos sócios? Sim, também. Mas, porque foram os sócios atrás do canto dos novos dirigentes? Não se trata de perguntas retóricas. Era interessante conhecer as motivações dos Sportinguistas para perceber o que se passa hoje. O que os terá levado a apoiar entusiasticamente a venda ao diabo do seu Clube? Mania das grandezas? Mania da grandeza? Frustração? Inveja? Ou será que queriam simplesmente ver o seu Clube, o Clube diferente, baseado em princípios, que se habituaram a respeitar na vitória e na derrota, a ocupar um lugar que estivesse, com justiça, de acordo com os seus pergaminhos?
Por uma razão ou por outra (talvez por todas estas razões...) o certo é que os “salvadores” tiveram o engenho de fazer passar um projecto que qualquer pessoa, se tivesse a oportunidade de, calmamente, sobre ele reflectir, nunca teria aprovado. Desferiram um golpe de morte no Sporting. O Sporting deixou de ser Sporting. Passou a ser SAD. Andamos a brincar às grandes empresas, com cotação na bolsa, regidos por princípios de comércio e de obras públicas. Deixámos de ser a instituição desportiva com um século de história para nos transformarmos numa travesti de empresa. Pelo caminho os Sportinguistas deixaram de mandar no Clube, passaram apenas a ter a ilusão de que têm algum controlo, mas quem manda, de facto, é a administração da SAD. E, neste novo figurino o Clube até dá um jeitão: explica a ausência de resultados e o aumento do défice. Rico modelo este...
Numa totalmente inexplicável acção de gestão esta comissão liquidatária, em vez de reduzir o passivo, aumentou-o significativamente (poderemos dizer como se viu que, no mínimo, o quadriplicou). Vendeu parte significativa do património existente deixando o Clube de mão estendida e agora pretende incorporar o pouco que resta na SAD. O controlo efectivo de tudo o que diz respeito ao Sporting passa para a SAD. Mesmo assim ainda querem mais: querem o controlo total! Quem não o permite são os sócios, malandros, que criaram esta cultura no Clube. Querem mandar no seu Clube! Se o Clube e os sócios pouco riscam neste momento (por agora ainda vamos podendo espernear...!) a partir do momento em que a SAD controle o património, os activos, detenha a maioria e possa implementar as decisões políticas a seu bel-prazer, nada mais resta do SCP. Não há mais o Sporting dos valores corporizados na disputa desportiva, não há mais o Sporting de utilidade pública. Não há mais nada senão um eco distante dos ideias do Visconde de Alvalade. Os adeptos, que para pouco mais servem neste momento do que pagar, transformam-se em “clientes”. Nesta lógica totalmente empresarial e perversa, no futuro, nem espernear poderemos. Restará o livro de reclamações. Se a nova cultura da empresa o implementar...
Mas, dir-me-ão, a lógica empresarial pode trazer os valores do Clube de volta, sustentá-los e dar-lhes uma expressão desportiva adequada e enquadramento financeiro saudável. Ora, aí é que a porca torce o rabo! Eu não creio que o esvaziamento do Clube tenha sido o resultado de um objectivo virtuoso. Serviu apenas para escancarar as suas portas ao mais reles oportunismo e aos mais sórdidos desígnios. Estava tudo, creio, pensado. Ninguém está neste Sporting para servir o Clube. Por isso é que eles não despegam nem à lei da bala! O Sporting não aterrou no “mercado” ontem e esta gente já o percebeu há muito...
Esvaziado o Clube, o que resta? Há muito que ando para aqui a escrever que o Sporting é uma espécie em vias de extinção. Não é um trocadilho fácil. É uma realidade que pode acontecer e que acontecerá, creiam-me, enquanto a discussão se situar ao nível do acessório.
Ao contrário do que se passa na ecologia, a espécie Sporting pode evoluir para uma coisa que não tem NADA a ver com o Clube que aprendemos a amar. Um “freak” qualquer, empoleirado neste nosso ideal ingénuo e generoso de um Sporting de princípios, feito de feitos desportivos (sobretudo) passados, cavalgando um pseudo vanguardismo de gestão insustentado, que caminha para o inevitável insucesso. As dificuldades tremendas que se fazem sentir, e que previsivelmente se continuarão a fazer sentir no futuro (FSF fala do tal passivo estabilizado de 150 milhões como se se tratasse, ou de um pacote de amendoins, ou de um feito notável... embora vá avisando que o Sporting se pode tornar ingovernável, sendo que, nessa altura, ele dará de frosques), são resultado do delírio de uns quantos dirigentes e do oportunismo de outros. Em nenhum caso se apuraram responsabilidades. E tudo isto atingiu um ponto tal que pode levar a que não haja --num futuro não tão longínquo como se possa pensar--, simplesmente, Sporting.
As AG do Sporting já são uma vergonha maior que as assembleias em pleno período do PREC. Totalmente manipuladas. Passa o que os senhores do poder e os seus esbirros quiserem, como e quando quiserem. Os mecanismos de participação e de democracia desta instituição estão abaixo dos limiares mínimos. Com uma cuidadosa preparação, com uma campanha bem feita nos orgãos de comunicação (parece que, aí sim, há engenho e arte), as ideias mais fantasiosas passam e a elas os Sportinguistas, daquela espécie em vias de extinção que ainda assiste a AGs, vão todos alegremente dar o seu ámen. São os mesmos que depois virão verberar os jogadores, o treinador e os dirigentes porque não obtiveram resultados. Recomeça o ciclo.
Já experimentaram ver qual é a reacção de qualquer pessoa que ouça uma marcha com uma batida forte e sincopada? Começa a marchar. Assim que o ritmo é dado, quem estiver para aí virado ou distraído, começa a marchar. Enquanto marcha não vê o que se passa de facto à sua volta. Obedece cegamente e sem se dar conta à batida.
Mas, enquanto uns marcham, a realidade do Sporting mostra que os Sportinguistas hoje estão a milhas de distância do Clube. O desencanto é total. Não se pode confundir a situação de desencanto com o entusiasmo que o ocasional brilharete proporciona. Dois campeonatos em, não tarda nada, 30 anos ou uma fugaz vitória perante um equipa fortíssima como é o FCP ao fim de dez (dez!) anos podem-nos dar uma satisfaçãozeca fugaz, mas a verdade é esta: o Sporting não vale hoje um caracol. E mantenho a minha: o Sporting é o primeiro dos “pequenos”. Se calhar era por isto que Roquette dizia que já não há grandes nem pequenos...
O meu Sporting era outro! O Sporting de hoje é uma caricatura. Hoje o grande objectivo é ser uma “clube de formação”. A salvação, diz-se, do Sporting é a formação. O fim de todos os problemas é a formação. Mas alguém conseguirá alguma vez explicar o que é isto de “ser um clube de formação”?! O Sporting abdicou dos seus objectivos desportivos e sociais e transformou-se numa fábrica ou agência de jogadores? Como é que funciona afinal de facto este modelo da formação? Quem é que beneficia dele? Pode um clube como o Sporting resumir a sua actividade a este modelo? A formação de jogadores ao mais alto nível é viável (financeiramente, para o Clube) sem uma componente desportiva, ela também, ao mais alto nível? Que modelo é este afinal? Receio que seja mais um conceito oco.
E chegamos, finalmente, a uma das outras questões que têm entretido por aqui alguns dos intervenientes no debate Sportinguista. A questão do comportamento dos sócios e dos adeptos. Em primeiro lugar, há que dizer que o pior que poderíamos ter era a completa indiferença. Quem se manifesta contra os jogadores ou o treinador faz parte de uma minoria que ainda vai dando sinais que está viva e que, mesmo em situação de desvantagem e mesmo em época má, teima em manter a sua presença. Mas, esta minoria está longe de constituir uma amostra significativa da massa adepta e sócia do Sporting. A maioria, essa, desligou-se do Clube.
Eu sempre achei um pouco estranho que alguém fosse a Alvalade para insultar os jogadores, o treinador, e mais quem estivesse à mão. Pessoalmente, nunca o faria nem o farei. Assisti a jogos em que se chegou a aplaudir o adversário face às paupérrimas exibições da nossa equipa. Chegou mesmo a haver “olés” a premiar os bailaricos dos adversários! Com o desenrolar do tempo e observando o quadro de participação na causa do Sporting que é hoje proporcionado aos sócios e adeptos, aos resultados e aos valores que são seguidos, comecei a compreender melhor o que significa tudo isto. No fundo, estamos perante um sinal claro de frustração, um grito de impotência, um desajuste entre os desígnios do Sporting e o modo como estão a ser implementados. De facto, nada mais (repito, nada mais!) resta a quem paga os balúrdios que paga para ser Sportinguista (FSF disse numa AG que para ser do Sporting era preciso ter algum poder económico, embora não tenha esclarecido se esse poder económico era só para exibir ou se servia também para benficiar o Clube) e a quem paga balúrdios para assistir aos jogos no estádio (FSF referiu também na sua homilía televisiva que o preço dos bilhetes --a “bilhética” como ele dizia-- era o mais baixo de todos, facto que, como é fácil demonstrar, não corresponde, nem de perto, nem de longe, à verdade!), nada mais resta, dizia, senão barafustar. E por enquanto ainda dá para barafustar...
Há quem veja nisto uma atitude anti-Sporting. Há quem pense que detém a virtude do Sporting.
Pensando eu como penso que o elemento central de um clube como o Sporting são os seus adeptos e sócios e que tudo o resto gira à volta deles (as receitas obtidas, os patrocínios, os ordenados, etc, etc, etc, tudo provem, directa ou indirectamente, do bolso dos espectadores!!) não posso deixar de exprimir o meu desagrado perante uma falta de empenhamento que não seja total, ou um comportamento fora dos cânones institucionais dos agentes e funcionários deste organismo que é o Sporting. Não há contemplações. Alguém tem de mostrar a que nível se situam os nossos padrões! E quem manda...
Ao Sporting hoje falta ambição e coragem. Os destinos do Clube situam-se algures em território que ninguém de facto conhece. O modelo vigente de gestão é um enorme fiasco. Tudo o que se anuncia projectado para o Clube não passa, ou de um logro, ou de uma assunção velada de impotência, ou de actos de mero oportunismo. Os resultados estão à vista. Quem é capaz de desmentir?

domingo, 18 de março de 2007

Boa noite

Foi boa a noite de ontem. O FCP esteve bastante mal, diria, surpreendentemente mal, e o Sporting soube aproveitar. Antes de embandeirar em arco, porém, e de fazer o que é habitual --i.e. passar da fase de profunda angústia à fase de euforia, sem paragem em nenhuma estação intermédia-- remeto-vos para a leitura deste post do Simplesmente Sporting, publicado antes do jogo, com o qual estou totalmente de acordo. E depois continuamos a conversa.
Vamos, pois, com calma...

sexta-feira, 16 de março de 2007

Venenos 16

Os lampiões, com a equipa a precisar de marcar mais um golo e as coisas a correrem mal, assobiam o Moreto, que está em campo, e a entoar bem alto o nome do Moreira, que está no banco. São uns elitistas, completamente antidemocráticos.
Nós, cá no Sporting, pelo contrário, somos mais liberais que o Espada e distribuímos a fruta pela malta toda: começamos no guarda-redes e só paramos no banco. A bem dizer só se safa o Varela, se estivermos a jogar contra o Setúbal; e é porque não está a jogar pelo Sporting. Se for contra outra equipa qualquer, só não dizemos mal da bola. Que importa se foi respondendo a um passe longo do Ricardo que o Liedson partiu os rins ao Luisão e enfiou a bola na gaveta dos lampiões, se ele disse um dia que era benfiquista desde pequenino e sai mal aos cruzamentos: não merece nem as 2 milenas que o Rui Patrício ganha! O Caneira atraiçoou quem o ensinou a jogar e zarpou para o estrangeiro, e nem tem corrida para agarrar o gajo que vai sozinho por ali fora marcar-nos um golo. E mesmo aquele golaço que marcou ao Inter foi para disfarçar a tendência de enterra que ele tem. O Custódio não devia ser jogador de futebol porque se está sempre a enganar no lado para onde é a baliza do adversário; além disso deram-lhe a braçadeira por ele ter dado um pêro no Beto (esse sim um produto da nossa cantera, um verdadeiro sportinguista, a quem perdoamos mesmo o facto de ter marcado dois golos na própria baliza contra os lampiões, porque ele agora não está cá). Que o Polga actualmente seja o elemento que comanda a defesa em campo quase não cometendo faltas e que em momentos de dificuldade empurra a equipa para a frente é irrelevante; tal não passa de “corridas à maluca do medíocre, embora esforçado” jogador que chegou uma vez atrasado num voo do Brasil.
Mas o cancro começa no treinador. O que é que interessa que, recém-chegado dos juniores, tenha tirado da fossa uma equipa pouco apetrechada e desfeita, na época passada, levando-a ao segundo lugar e à liga dos campeões, se ele é uma reconhecida melancia, todo vermelhinho por dentro. E como é que ele pode ser bom se foi escolhido pelos nossos dirigentes? Estes são ou não são uma merda? Então como é que podem ter feito uma boa escolha? E como é que o Paulo Bento pôde aceitar ser treinador em resposta ao conjunto de trastes que o escolheu para treinador? Não conhece ele o marxismo (tendência Groucho)? Cá pra mim ele e a sua “capacidade disciplinar” é que provocaram o desatino do Carlos Martins, coitado, crucificado por um único deslize! O Paulo Bento está mas é a fazer entrismo no Sporting à boa maneira trotskista!
A bem dizer, e parafraseando Bulhão, no “Mãos ao Ar”, o único que se safa é o Miguel Garcia, que nos levou ao colo à final da Taça UEFA. Ele e os putos (estes com algumas reticências quanto aos filhos dos lampiões). Mas tinham de ser enquadrados por gente mais experiente. Para ensinar o Floribela havia de lá estar o Fernando Couto, do alto dos seus quase 40 anos (se nada se conseguisse quanto a futebol, alguma coisa o puto havia de aprender sobre penteados). E para ensinar umas coisas ao Yannick, deixa cá ver, só se for o Pauleta, com quase 18 em cada perna. Assim já conseguíamos ganhar ao Porto. Pelo menos em média de idades.

terça-feira, 13 de março de 2007

??????

Vi as promoções da SIC N, martelando-nos desde há dias com a entrevista exclusiva do presidente do Sporting, vejo a entrevista, ouço cuidadosamente o que FSF disse e pergunto-me: para que raio terá servido tudo isto?
Estranhos meandros estes os da comunicação social...

Vender a alma ao diabo

Um artigo publicado hoje no Público, de autoria de Manuel Mendes, descreve com doloroso detalhe o que aconteceu aos clubes que optaram pela venda da sua alma ao diabo, que é como quem diz, pelo recurso a grupos estrangeiros para resolução dos seus desmandos de gestão. Acabaram todos sendo despromovidos ao escalão inferior de competição (e aí se afundaram ainda mais) e não resolveram nenhum dos seus momentosos problemas.
O Beira Mar teve até este curioso gesto: aparentando não ter aprendido a lição, volta a insistir. Em 2004 foi a Stellar, agora é a Inverfutbol.
A fórmula é conhecida. A empresa passa, de uma forma ou de outra, a controlar o departamento de futebol, designa um treinador e traz os célebres reforços a "custo zero" que cedo se revelam completamente coxos (no KL começa a designar-se este tipo de jogadores por "cepos", expressão introduzida num comentário do Lionheart) e não valem a água do duche que tomam.
Todos os dirigentes que deram o aval a estas operações asseguraram que os respectivos clubes não perdiam autonomia. Pois, pois... Deve ser por isso que hoje todos lamentam ter tomado essa decisão.
Perguntarão os meus caros leitores: mas o que é que isso tem a ver connosco? O Sporting vai vender a alma ao diabo?
Bom, claro que não acontecerá ao Sporting o que aconteceu ao Freamunde ou ao Farense... Será pior!
Já em ocasiões anteriores tive a oportunidade de exprimir uma ideia sobre a qual os Sportinguistas deviam refletir seriamente e com muita serenidade. O Sporting é normalmente referido como um dos "três grandes". À força de ser repetida a ideia institucionalizou-se. Mas, a verdade é esta por muito que nos custe ouvi-la esta "mania da grandeza" não tem qualquer sustentabilidade. De grande o Sporting tem apenas o passivo.
Temos pergaminhos, temos um historial longo, temos os melhores princípios, que nos unem e nos elevam, somos de facto potencialmente apetitosos. Mas, desde a gestão de João Rocha que o Sporting se afundou e desta situação nunca mais se conseguiu recompor. O grande, o nosso Sporting perdeu-se e nunca mais se encontrou.
Quero com isto dizer que não temos, ao contrário dos outros clubes designados "grandes", o potencial de adeptos ou de feitos desportivos que permitam vencer a dificuldade transitória ou o insucesso conjuntural. Podem dizer, como é infelizmente bastante vulgar, que os outros também não estão melhor e que enfrentam igualmente dificuldades. Será verdade. Mas, a questão central aqui não é essa. A questão central que todos nos devemos perguntar é de que maneira pode o Sporting superar as suas (não as dos outros!) dificuldades e de que armas dispõe para o fazer.
Sem ganhar nada, com um universo de apoiantes pequeno e em perda, com os seus princípios já há muito metidos na gaveta, com o peso da SAD a desequilibrar, em vez de compor, a balança, que argumentos nos restam?
Pelo que se percebe das intenções destes corpos gerentes, resta mesmo vender a alma ao diabo e cavalgar o mito da grandeza. Não será a Stellar ou a Inverfutbol (isso é para os "pequenos""...), mas os efeitos serão igualmente desastrosos. Vamos perder o Sporting!
A todos os que possam pensar que se trata de uma visão catastrofista e de alarmismo não justificado peço apenas que respondam a duas perguntas simples.
Em primeiro lugar, o que faz hoje do Sporting um "grande"? Em segundo, se uma tomada de capital da SAD por uma empresa qualquer, estrangeira ou não, falhar e os resultados forem um desastre acham os meus estimados consócios, tendo em conta aquilo a que assistimos em tempos recentes, que algum dos actuais dirigentes teria coragem para vir assumir o erro da sua decisão? Que mecanismos temos nós aliás para responsabilizar os dirigentes por eventuais erros cometidos? Será mais uma operação financeira e após a sua conclusão os seus mentores partirão para outra, sejam quais forem os resuldos para nós, com o seu bolso cheio.
A menos que... A menos que se perfile no horizonte um outro tipo de operação, ainda mais sinistro e tortuoso que aquilo que poderíamos antecipar.
Talvez o presidente do Sporting venha dizer hoje alguma coisa sobre isto...

Quem é que paga as favas?



«Soares Franco alertara no início de Fevereiro: o Sporting pagava dez mil euros de juros diários. O incumprimento do acordo – assinado em 2003 – entre a Câmara Municipal de Lisboa e o Metro retardava o licenciamento de construção da MDC e o respectivo encaixe de 35 milhões de euros pelos leões. O impasse, porém, está prestes a ser ultrapassado, e a empresa holandesa será autorizada a iniciar a construção do empreendimento no antigo estádio de Alvalade a partir de Abril.»

Esta notícia, retirada de O Jogo, toca as raias do inacreditável e suscita a dúvida de saber de quem é a responsabilidade por o património do Sporting ter sido aliviado, feitas as contas, de 400 e 510 mil euros (consoante o mês de 2003 em que o acordo foi feito), fora os juros! E fora os lucros cessantes dos empreendimentos do Estádio, nomeadamente o Alvaláxia, que foi vendido a preço de saldo dado o estado a que chegou por causa do perigoso ermo criado ali ao lado.
A responsabilidade foi da Câmara? Do Metro? Do Sporting? Se não foi do Sporting, este tem de ser indemnizado! Mas mesmo tendo sido a Câmara ou o Metro os responsáveis, como é que os nossos dirigentes se deixaram comer por parvos este tempo todo?
O que revolta é que quem vai pagar por isto somos nós, “contribuintes” do Sporting!

domingo, 11 de março de 2007

Pelo Sporting... continuamos alerta!

Publicada que foi a lista de vencimentos dos jogadores do Sporting, ficou patente a incompetência dos contratadores de “reforços”. Também se ficou a saber quanto custam ao clube os contratados a “custo zero”: fortunas mensais. Os emprestados Bueno (73 mil), Romagnoli (66 mil) e Alecsandro (52 mil), mais os contratados Paredes (54 mil) e Farnerud (44 mil) custam mensalmente ao clube a módica quantia de 289 mil euros. Para não falar naqueles que nem sequer já jogam no Sporting e apenas representam custos não reprodutivos (Pinilla, L. Loureiro e Wender, custam 61 mil).
Aqui residem grande parte dos problemas que a equipa tem tido nesta época. E os responsáveis não são chamados à pedra.
Para não ser tudo mau, temos uma Academia que é um autêntico viveiro de talentos, como reconhece a seguinte reportagem da BBC.



Os dirigentes do passado procederam à dilapidação sistemática desta criação de riqueza. Esta Direcção apresentou um plano de venda de património e de colocação no mercado de acções da SAD, justificando estas operações como necessárias à mudança em relação às práticas anteriores, mantendo os jovens talentos durante mais tempo no clube. Este é um dos propósitos em relação aos quais temos de gritar bem alto o lema do KL:
Filipe Soares Franco: Pelo Sporting... continuamos alerta!

sábado, 10 de março de 2007

Entrámos num outro campeonato

Depois de ter dito adeus ao campeonato da Liga deste ano, o Sporting criou uma nova modalidade e iniciou a sua prestação no respectivo campeonato, provando que a questão do desinteresse pelo ecletismo era afinal um produto de más línguas.
Como é sabido, foi divulgada a lista dos ordenados dos futebolistas profissionais do Sporting. O facto em si afigura-se-me totalmente bizarro. Terá sido o tribunal que a requereu "no âmbito do processo judicial a correr entre Nani e a empresária Ana Almeida," como noticia o Público. Mas, que informação requereu efectivamente o tribunal? Quanto ganha o Loureiro?!! E o Pinilla??!! E em que condições foi essa informação entregue pelo Sporting ao tribunal? Como foi, no final, a lista parar às mãos da Sportugal? Por mim, gostava (gostaríamos todos, estou certo...) mais de saber as respostas a estas perguntas do que saber se o Liedson ganha 110 mil euros e o Nani 12 mil. Embora a divulgação destes valores também tenha dado algum jeito para perceber muito do que se tem passado em campo nestes últimos meses.
Mas, o que se afigura mesmo estranho a este observador da coisa Sportinguista é o facto de o presidente Soares Franco ter reagido a tudo isto, primeiro, confirmando os valores; segundo, afirmando que se trata da folha salarial mais baixa dos três grandes e, finalmente, referindo que seria interessante divulgar as folhas salariais dos outros clubes.
Como sabe Soares Franco que o valor da folha salarial do Sporting é o mais baixo dos três grandes? Como obteve ele essa informação? Ou será que se trata de uma estimativa? Ou temos submarinos nos outros clubes?
Se esta informação é verdadeira e ele a obteve pela mesma via que a Sportugal obteve a nossa e dela tira as conclusões que vieram a público, mal vamos nós...
Se se trata de um "palpite", proferido pelo presidente de uma SAD cotada em bolsa, mal vamos nós...
Se o que FSF afirma é produto de uma reacção mal enjorcada, mal vamos nós...
Quando diz que seria interessante revelar as folhas salariais dos outros clubes, podemos entender esta pergunta como meramente retórica, ou efectivamente não as conhece? Se não as conhece, como pode afirmar que a nossa é a mais baixa?
De qualquer forma, uma coisa é clara: para o presidente do Sporting, temos de nos contentar com o facto de sermos os vencedores do campeonato das folhas salariais.
Talvez isso explique também muita coisa...

terça-feira, 6 de março de 2007

Apito apita!

Vinte e quatro dos vinte sete arguidos no processo Apito Dourado foram mesmo pronunciados e irão a julgamento. Incluem-se neste lote Valentim Loureiro e Pinto de Sousa. Isto depois de uma campanha, a meu ver, incrível a favor da tese da ilegalidade das escutas telefónicas.
No meio de todos os nossos padecimentos desportivos e clubísticos, no meio das controvérsias e da reinvenção da tese da cabala --que parece ter atingido um número surpreendentemente inusitado de gente, incluindo os, habitualmente, mais lúcidos comentaristas da blogoesfera (como, por exemplo, este)--, isto são boas novas para todos!
Independentemente de credo, cor ou religião...
E como foram extraídas novas certidões do processo, ficamos ansiosamente a aguardar por novas apitadelas.

segunda-feira, 5 de março de 2007

Sinais da moda...

As notícias dizem que o Sporting informou o árbitro Paulo Costa da intenção de protestar o jogo, como ditam os regulamentos. Isto depois de FSF ter declarado, no final do jogo, que não o ia fazer. Em que ficamos?
A descoordenação é mau sinal. Mas, o protesto é ainda pior sinal. E o branqueamento da atitude de Liedson é patético!
Paulo Bento tinha dito, entretanto, que este jogo era crítico. Pela primeira vez nesta época ouvimos-lhe, na intervenção depois do jogo, palavras fortes contra um árbitro.
Tendência primavera-verão...?