segunda-feira, 30 de abril de 2007

O que se passou?

Depois de uma série de actuações categóricas, depois de ontem iniciar o jogo de uma forma que auspiciava um desfecho positivo, o Sporting encolheu-se. Quim perdia, compreensivelmente, tempo a repor a bola, e Ricardo, surpreendentemente, logo lhe seguiu o exemplo. Ambas as equipas pareceram satisfeitas ou conformadas com o resultado.
Pareceu-me absolutamente notório que o Sporting não quis ir mais longe... Pareceu-me que havia uma batuta invisivel a travar a actuação da equipa.
A pergunta que me ocorre, pois, é esta: o que levou então o Sporting a "desistir"? Realismo? Ingenuidade? Falta de ambição? Conformismo? Alguma perversa lógica externa?
Ontem, de qualquer forma, perdemos uma excelente ocasião para demonstrar, inequivocamente, que o espírito do Sporting Clube de Portugal não secou...

domingo, 29 de abril de 2007

Claques

A questão das claques invade de vez em quando as agendas dos meios de comunicação. Ultimamente temos estado a assisitir a uma nova vaga. Toda a gente se pronuncia sobre este tema, mas parece claro de há muito que quanto mais artigos de opinião e divagações sobre o assunto surgem, mais longe ficamos da sua resolução e mais o problema se torna... problema.
O modo como tudo isto foi até hoje tratado é deplorável. As declarações inócuas do presidente da Liga Profissional de Futebol, os silêncios dos clubes e da Federação, a inoperância das autoridades, as opiniões dos "peritos", a ausência de medidas do governo e a incompetência e a necrofagia habituais da imprensa povoam a paisagem do "problema das claques".
A propósito do papel da imprensa vejam o exemplo seguinte. Em dia de derby o assunto é manchete em dois jornais. O Público diz com grandes toques de clarim que não há pessoas a quem tenha sido imposta a proibição de entrar em estádios de futebol. O JN diz que há seis pessoas proibidas de entrar em estádios... Em que ficamos?
Os incidentes sucedem-se, os culpados eclipsam-se ou nunca são pronunciados, os responsáveis oficiais empurram-se uns aos outros, a especulação e a falta de rigor informativo servem para vender papel, enquanto o país, atónito, assiste a tudo isto sem perceber muito bem o que está em causa, que medidas reclamar e a quem exigir responsabilidades. O derby não pode fazer esconder a verdade: hoje há uma imensa maioria que não mete os pés num estádio de futebol porque não é um local seguro.
O problema das claques espelha bem o modo como se resolvem os "problemas" em Portugal e o estatuto especial que o universo do desporto parece gozar.
Decidam-se lá: isto é um assunto para resolver, ou, pelo contrário, é para continuar a alimentar por forma a vender mais "notícias" e a dar mais tempo de antena a uns figurões incompetentes ou coniventes com tudo isto?

terça-feira, 24 de abril de 2007

Venenos 19

A clínica da Luz

A competência desta clínica ficou demonstrada com o caso da operação a Eusébio. Black Mamba teve acesso a fontes geralmente bem informadas que nos referiram que o lançamento da clínica na comunicação social estava para ser feito através de uma espectacular operação à válvula tricúspide de Zé dos Anzóis, a qual só cuspia duas vezes em vez das três que é de regra. Mas o assessor de imprensa da clínica teve o rasgo de dizer que a coisa não ia lá com um qualquer Zé dos Anzóis e que era crucial arranjar um colunável. Pensaram logo no Coluna, mas não se sabia de qualquer limitação física do ex-jogador (na verdade nem se sabia do próprio ex-jogador). Palavra puxa palavra, alguém se lembrou do Eusébio. Estão a ver: clínica da Luz, Eusébio… tinha tudo a ver. Mas que se conhecesse o Eusébio apenas padecia de um problema num joelho desde os tempos em que jogava futebol e era assistido no célebre Departamento Médico do Benfica. Na altura não havia controlo, mas que se saiba, a coisa nada teve a ver com doping, como no caso do Nuno Assis. Também não teve a ver com aselhice como no caso do Mantorras. Já teve mais a ver com o caso do Rui Costa; naquele tempo os contratos de jogos particulares do Benfica implicavam que o Eusébio jogasse, nem que fosse preso por arames. E os médicos, tumba, infiltrações e outras drogas para cima, que o homem tinha mesmo de jogar. E ficou coxo; talvez o Mantorras não o seja, mas o Eusébio é. (É muito amor continuar a ser benfiquista, depois de ser assim utilizado!)
O caso do joelho, manifestamente, não servia. Um dos médicos mais experientes teve uma ideia: “Oferecemos-lhe um check-up e, com a dedicação que ele manifesta pelo desporto (versão líquida), de certeza que se descobre alguma coisa em que pegar”.
Foi assim que a Eusébio foi detectado um problema cardiovascular. O trabalho dos assessores de imagem foi fenomenal: o caso foi abertura de telejornal em horário nobre (e também nos horários do clero e da plebe). Passou a mensagem de que Eusébio e a família hesitaram antes de aceitar a operação, mas o caso não estava tanto no how como no how much. E, claro, tudo acabou em benefício de ambas as partes envolvidas. Happy end.
Terminada a operação, vieram as luminárias da clínica aproveitar os seus minutos de glória para dizer o costume. Patati, patatá, isto e mais aquilo, e o Eusébio tem de mudar os seus hábitos alimentares: e uma coisa que tem de acabar é o consumo de charutos. Bem se tem o António Pedro Vasconcelos, do Clube dos Puros, fartado de dizer ao Eusébio, quando se encontram nos camarotes VIP do estádio da Luz que os charutos não são para comer, mas todos sabem o que custou ao Eusébio interiorizar a ideia de que o tremoço não era marisco…

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Alecsandro

Uma noite tranquila em Alvalade. Alecsandro e o seu hat-trick deixaram-nos de papo cheio, mas deixaram também algumas interrogações. As limitações deste jogador são evidentes. Os seus golos são de um modo geral pouco ortodoxos, a sua movimentação em campo é deficiente, é trapalhão, é lento, não sabe o que fazer à bola quando a tem nos pés e é problemático em missões de recuperação ou defesa. Ontem, como dizia alguém ao meu lado, foi, provavelmente, o pior jogador em campo e, no entanto, foi pródigo no domínio que mais tem afectado o Sporting esta época: fazer golos. É um facto que não lhe falta aquela dose de "oportunismo" que se exige a um ponta de lança. Mas também é um facto que há qualquer coisa nele que não seduz, apesar dos "tricks".
A Jardel, dizia-se, só lhe faltava meter um golo com a bunda. A Alecsandro "só" lhe falta meter golos normais...

quarta-feira, 18 de abril de 2007

terça-feira, 17 de abril de 2007

"Betão! Betão! Betão!" uns pasmam-se outros não...

Não acredito em bruxas, mas às vezes até parece que elas andam por aí...
Depois de toda esta cena patética que resultou do acordão do STJ sobre o artigo do Público, eis que surge um novo episódio a afectar a imagem do nosso Clube. Refiro-me, claro, ao problema do loteamento dos terrenos do Sporting, cuja resolução foi, como se sabe, adiada. Como não acredito em bruxas, como referi, não acredito que o senhor vereador Sá Fernandes faça parte de uma qualquer cabala contra o Sporting. As coincidências temporais não devem, pois, passar disso. Nestas coisas nunca podemos ter certezas, porque a parada é alta e a fita e os seus actores são do tipo Bollywood. Mas, nunca se sabe...
As bruxas, se as há, têm contudo uma ajuda preciosa da parte dos gestores do Sporting.
Eu, por mim, reflito sobre todo este problema e não consigo deixar de pasmar...
Vou às origens e pasmo! Parece quase inimaginável que os "craques" da gestão que se propuseram tirar o Sporting do pântano em que se havia atolado, conceberam um "projecto" que não tinha recuo, não tinha plano B e, verifica-se agora, tinha uma série de pontas soltas que ninguém soube, conseguiu ou quis atar. Fico totalmente perplexo quando verifico que se lançou um projecto de enorme ambição e dimensão, que com ele se inflamou a imaginação dos sócios, levando-os a sancioná-lo, que não continha afinal quaisquer mecanismos de controlo, ou prevenção de catástrofes...
O projecto Roquette não passou afinal da aplicação da velha estratégia à portuguesa do "todos ao molho e fé em Deus!!"
Pasmo, portanto, quando verifico que o tal loteamento dos terrenos não estava afinal escorado em terreno sólido (em sentido literal e em sentido metafórico...) Era uma espécie de "supônhamos"...
Continuo a pasmar quando observo a fase seguinte. Passaram anos (não meses, mas anos!), e, percebe-se agora, ninguém negociou, ninguém alterou, ninguém introduziu correcções no projecto original, sabendo que as falhas originais tinham e iriam continuar a ter custos e que a ausência de correcções iria agravar toda esta situação. Pasmo, pois quando verifico a leviandade com que se deixou arrastar este problema.
Finalmente, continuo a pasmar quando verifico que depois do presidente do SCP ter afirmado que se o loteamento não fosse aprovado era o dilúvio e ter referido a verba perfeitamente obscena que o Sporting tem de pagar de juros por causa de todo este atraso, não foi antecipada a questão da cedência de terrenos à autarquia para espaços verdes, o que nos leva a ter de enfrentar mais este contratempo e a dispender mais um balúrdio de massa com os custos de mais este atraso. Desconfio que os crâneos do Sporting que concebem e definem estas estratégias andarão obnubilados com qualquer coisa de mau que o ar contém porque só assim se pode compreender tanta asneira!
Desconheço, é verdade, se esta exigência foi feita aos outros clubes da capital que mantêm relações semelhantes com a autarquia, e se relativamente a esses o senhor vereador Sá Fernandes também gritou como ontem, indignado, "É só betão! Betão! Betão!" Mas, ainda pasmado, pergunto como é que este problema escapou aos gurus de gestão, actuais inquilinos do edifício Visconde de Alvalade... O vereador levantou ou não levantou um problema legítimo? Se é legítimo agora não o era há um mês?!
Termino com um recado dirigido a quem de direito: deixem a equipa trabalhar até ao fim da época e depois desamparem-nos a loja que já não há pachorra para isto!!

domingo, 15 de abril de 2007

A "dívida" do Sporting

A imprensa tem um papel fundamental numa sociedade democrática. Tenho disso uma quase certeza (digo "quase" porque engano-me muitas vezes e raramente tenho certezas...). Como leitor de jornais tenho a noção de que este papel é desempenhado de forma cada vez mais frequentemente canhestra e guiada por motivações cada vez mais obscuras. A mim, parece-me que os chamados "critérios editorais" se assemelham cada vez mais a um eufemismo que significa na realidade "obediência ao patrão."
Tenho todo o direito e todas as razões para pensar assim.
Há dias, como é sabido, o STJ condenou o Público a pagar uma indemnização ao Sporting por causa da famigerada notícia da pretensa dívida fiscal.
Esta condenação motivou imediatamente uma reacção irada por parte do Público, juntamente com outros orgãos de comunicação social e de uma data de escribas de serviço, do quadro e avençados. O argumento que nos quiseram impingir foi o de que afinal os factos noticiados eram verdadeiros (o Público escrevia "Apesar de o Supremo ter admitido que a notícia é verdadeira"), mas o pobre jornal era ainda assim condenado. A liberdade de imprensa, reclamaram em uníssono, está ameaçada. Depois deste acordão vem aí o dilúvio, asseguraram todos com ar severo.
Desde o início que tudo isto me cheirou mal. Para além de me ter parecido haver um desajuste entre os meios e os fins, as reacções que se seguiram depois de termos conhecimento do acordão pareceram-me, sinceramente, ser de índole meramente corporativa. Por outro lado, lendo e relendo o acordão, não se consegue perceber onde está a prova de que a matéria de facto é verdadeira. Finalmente, lendo os argumentos de todos os que se atiraram à decisão do Supremo, não se consegue perceber de que forma a pretensa dívida do Sporting consegue colocar a liberdade de imprensa em perigo. Francamente, eu não consigo imaginar como poderá este caso do Sporting levar a imprensa a ficar numa situação pior do que aquela que a própria imprensa já criou para a si própria, que a conduziu a um estado de destruição quase completo do que sobrava da sua credibilidade...
Imediatamente a seguir a termos tido conhecimento do acordão, a Direcção emitiu um comunicado no qual se diz, preto no branco, que "o Sporting não devia nem nunca deveu os noticiados 460 mil contos ao fisco... Lamenta-se por isso que a análise ao Acórdão do STJ sobre a matéria esteja a assentar nos pressupostos da veracidade e da excelência do trabalho jornalístico, quando nem um nem outro são verdadeiros." Mais afirma o comunicado que "em parte alguma do processo, quer nas decisões de primeira e segunda instância, quer na decisão do STJ, ficou provado que a notícia do Público fosse verdadeira. (...) Pelo contrário, a sentença da primeira instância, que fixou definitivamente os factos, é claríssima quando afirma que o Público e os demais jornalistas réus não fizeram prova da efectiva existência desta dívida."
Ora há aqui umas quantas contradições e alguns pormenores que merecem a nossa atenção...
Em primeiro lugar, digam-me os meus amigos se acham que um caso destes terá sido puxado para manchete de forma inocente. Por que razão coube ao Sporting esta distinção? Por que razão uma pretensa dívida fiscal, prontamente desmentida, do Sporting merece tamanho destaque? Não haverá outras instituições e empresas com situações fiscais bem mais conturbadas? Será este um assunto, de facto, assim tão, tão momentoso que mereça honras de manchete no Público? Se eu fosse maldoso não iria hesitar em pensar que este arsenal todo atirado contra o Sporting traz água no bico... Não sou maldoso, mas analisando as manchetes do Público e confrontando-as com o efectivo grau de interesse da matéria que as determina, tenho de concluir que, ou foi esta que escapou, ou são as outras todas que foram engano...
Em segundo lugar, depois do comunicado emitido pelo Sporting, seria de esperar que as vítimas desta injustiça, ou seja, a imprensa e o Público em particular, se concentrassem na demonstração inequívoca de que os argumentos do comunicado do SCP são falsos. Ao invés disso vemos uma ladainha, feita de palavreado oco ou bacoco, conforme os gostos, contra o estado da Justiça em Portugal, sem que consigamos vislumbrar um único argumento de peso, nenhuma opinião que contradiga, inequivoca e frontalmente, as afirmações perfeitamente claras e objectivas que o Sporting exprimiu no seu comunicado.
Ainda hoje o comentador António Barreto, de quem se esperaria um outro tipo de rigor, se atira de forma assanhada ao Sporting. Diz ele que "é natural concluir que esta decisão [de condenar do Público] terá efeitos nefastos para a imprensa e para as liberdades públicas, pois acaba por assumir o carácter de intimidação." O desfecho do caso das dívidas do Sporting acaba por assumir carácter de intimidação...?! Porquê?!! Que raio de conclusão é esta?!! O que leva o sociólogo António Barreto a juntar-se ao coro esganiçado que se levantou contra o Sporting e, mandando às urtigas a sua formação científica, atirar-se contra o Sporting? Porque não refere os argumentos do Clube para os desmontar como seria seu dever, se quisesse ser rigoroso?
Não quero acreditar que a contundência do discurso se destine afinal a servir o seu empregador, mas até parece...
Tenham juízo.

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Grande noite!

Golo temperano, excelente exibição colectiva e várias exibições individuais a raiar a perfeição, quase tudo feito com brilho e uma enorme alegria em campo que contagiou tudo à sua volta. A César o que é de César!
O Marítimo apresentou-se de risca ao meio (de que resultou o tal golo temperano), mas nem depois de ter mudado de penteado se livrou de mais uns correctivos. O novo treinador já deve estar a acreditar em superstições a esta hora...
O que falta ao Sporting para jogar sempre assim?

terça-feira, 10 de abril de 2007

Os negócios do Sporting 2

No primeiro post sob este tema cheguei à conclusão de que, não sendo obrigatório o insucesso dos negócios ligados ao património não desportivo do Sporting, o facto é que a incompetência e provável oportunismo da gestão levaram a uma situação de queda continuada dos números no vermelho (o que no nosso caso é duplamente penalizador:)
Foi assim que cheguei à conclusão de que o melhor era vender esse património. Vamos ser claros: FSF fez bem as contas e, no estado em que as coisas estavam, o melhor era amortizar uma parte da dívida e, pagando menos juros daqui para a frente, poder a vir a tornar a actividade do clube lucrativa.
O papel do actual presidente e seus acólitos não foi, desde o início, nada correcto em muitos aspectos. Primeiro os antecedentes: para além do facto de ser um cooptado da anterior casta dirigente (portanto co-responsável dos erros de gestão que conduziram a prejuízos acumulados de mais de 100 milhões de euros), ele não conseguia esconder a suspeição sobre o seu estatuto de homem do BES. Depois o número da Assembleia-geral convocada de propósito para a aprovação de apenas este ponto (venda do património não desportivo), quando era sabido que tinha de haver eleições daí a pouco e o mais lógico era escrutinar este assunto nesse âmbito, incluindo-o no programa da candidatura à Direcção e aguentando o embate de listas de oposição. Foi o que, finalmente, teve mesmo de ser feito, mas então já com um desgaste muito grande dos associados proporcionado por uma votação de muito mais de metade dos votos que, em sede de eleições dariam (como deram) uma tranquila vitória; isto dissuadiu alternativas credíveis. Por último, o truque de desviar para o mais que controlado Conselho Leonino a decisão final sobre esta matéria, sem ter de novamente passar pelo risco de uma AG com exigência de maioria de 2/3.
Depois os contornos do negócio em si, com inclusão de uma parcela não prevista (a Secretaria) e a venda a um bando de sujeitos ligados à Universidade Independente que, por enquanto, são apenas suspeitos de negócios escuros (que metem diamantes angolanos e a filha do consabidamente corrupto presidente local) e diplomas forjados. E ainda com o pormenor de a tal parcela a mais ter sido vendida a quem menos ofereceu por ela.
Por último o intermediário no negócio recebeu uma onerosa comissão, parte da qual paga em acções do Sporting avaliadas muito abaixo do valor em bolsa (ver aqui).

(continua)

Público condenado em processo movido pelo Sporting

Reproduz-se do Público...

Supremo condena PÚBLICO por notícia sobre dívidas do Sporting
10.04.2007 - 15h41 PUBLICO.PT

O jornal PÚBLICO foi condenado pelo Supremo Tribunal de Justiça a pagar uma indemnização de 75 mil euros ao Sporting Clube de Portugal por ter noticiado, em 2001, que o clube tinha uma dívida ao Estado de 460 mil contos desde 1996. Apesar de o Supremo ter admitido que a notícia é verdadeira, condenou o jornal com o argumento de que o clube foi lesado no seu bom-nome e reputação.


Notícia completa aqui.
Acordão do STJ aqui.

domingo, 8 de abril de 2007

Os assobios e a equipa de futebol



Como aqui tenho vindo a defender a instabilidade da equipa de futebol do Sporting deve-se principalmente a duas ordens de factores:
- A juventude do conjunto de jogadores, nomeadamente os da zona fulcral do meio-campo;
- A qualidade das contratações que era para acompanharem e darem enquadramento a esse conjunto de jovens, e se verificou serem uns cepos que, em vez de fazerem parte da solução, acrescentam ao problema.
Neste negócio de grande risco (porque se baseia em talentos e humores de miúdos de vinte e poucos anos) os “prognósticos só se devem fazer depois do jogo”. Arrisco, contudo, que nesta fase final da época a equipa parece ter ganho uma capacidade mental que até agora aparecia por vezes, outras vezes não. É um facto que ao longo da época tanto os jogadores como o próprio treinador ganharam uma experiência que talvez se possa agora traduzir em resultados.
Os adeptos que andam constantemente a dizer que o Ricardo é um frangueiro e o Polga um enterra, deviam adoptar uma leitura mais menos estática das coisas, procurando acompanhar o dinamismo próprio da realidade. As equipas evoluem mesmo ao longo da mesma época e o que é facto é que a nossa parece estar agora mais consolidada. Reparem por exemplo que o Sporting já é a defesa menos batida da Liga.
O responsável principal por esta aquisição de mentalidade é o treinador Paulo Bento, de quem vem a afirmação: “Podíamos, porventura, ter matado o jogo mais cedo, mas gosto de ganhar por 1-0. Prefiro ganhar por 1-0 do que por 5-4. Denota maior concentração e maior organização”.
Eu não tenho a suficiente convicção para apostar que vamos ganhar o campeonato; mas será que os sportinguistas detractores das capacidades do treinador apostam que não vamos ganhá-lo?
Os adeptos que, no nosso estádio, se entretêm a assobiar alguns jogadores dificultam essa possibilidade. Não é por acaso que a equipa tem esta época piores resultados em casa do que fora. É porque se é verdade que, como diz Master Lizard “o triste palmarés do Sporting não é resultado dos assobios dos adeptos”, mas sim da “actuação desses agentes que têm canibalizado o Clube ao longo de todos estes anos, que (com bastantes e honrosas excepções é verdade!) têm servido mal e se têm servido (à fartazana!) do Sporting”, não é menos verdade que os assobios, pondo o(s) visado(s) a jogar sobre brasas, não ajudam a ganhar campeonatos.
Talvez seja verdade que, com escreve o Leão da Estrela, “os momentos autofágicos do Sporting têm motivos no próprio interior do clube” e não, como insinuou o Record, nos adeptos que postam nos blogs. Ou, como escreve o Sporting no Coração, “se os assobios continuarem, ficamos a saber que a pandilha do costume, aqueles que usando os mesmos métodos expulsaram Dias da Cunha, estão a preparar-se para embolsar mais uns milhões com a venda do Custódio e do Nani”.
O meu apelo vai para o adepto anónimo, no sentido de não se deixar ir nesta onda; ela só prejudica o Sporting.

Os negócios do Sporting 1

Não foi o facto de ter passado a existir uma SAD do Sporting que conduziu à impune trafulhice e falta de transparência actualmente em vigor no Sporting; esta já existia antes e as fraudes eram muito mais difíceis de controlar e os vigaristas mais difíceis de escrutinar e punir. Saíam ilesos com muito mais facilidade. Foi num desses processos que quase estivemos a abrir falência.
Encaro a nossa fase Jorge Gonçalves como equivalente à fase Vale e Azevedo no Benfica; a fase Sousa Cintra equivale (em pior) à actual fase LFV deles.
Talvez a contracorrente aqui, no KL, acho que o Projecto Roquette (PR) teve muito mais aspectos positivos do que negativos.
O primeiro aspecto positivo foi desde logo safar o Sporting do pântano directivo em que tinha caído. Os mais evidentes dos outros: temos um estádio moderno e uma Academia internacionalmente reconhecida como modelar.
Evidentemente que isto teve enormes custos, que agora estamos a pagar. Mas, quanto a mim, a maioria destes custos deve-se não tanto ao próprio projecto, mas aos seus gestores.
Em posts anteriores tenho vindo a analisar alguns aspectos da nociva acção destes e procurarei continuar a fazê-lo em próximos, porque, como digo, é nessa acção, mais que no PrR, que tem estado a desgraça do nosso clube.
Neste post procurarei analisar um dos aspectos do PrR que mais gritantemente falhou: o de conter em si a perspectiva de desenvolver negócios não desportivos lucrativos para, dizia Roquette, com os lucros gerados nesses negócios, o Sporting manter uma autonomia financeira que o tornasse independente da bola na trave.
Ora esta perspectiva era defensável e há exemplos concretos de sucesso dessa estratégia. É o caso do F. C. Copenhaga (FCK), campeão da Dinamarca, (que defrontou e perdeu a pré-eliminatória com o Benfica). Em 1997 este clube estava à beira da falência. Oito meses após a entrada de um grupo de investidores (em que se incluía o actual presidente, Fleming Ostergaard) o clube era admitido na bolsa de Copenhaga e em 1998 comprou o estádio nacional Parken. “A partir do ano seguinte, o FCK passou a apostar na diversificação de actividades, englobado numa empresa que se chama Parken Sport & Entertainment A/S. Além de deter e explorar o estádio – que em 2001 passou a ter uma cobertura amovível, possibilitando todo o tipo de eventos e até espectáculos como o Festival Eurovisão da Canção – a Parken também detém uma aldeia de férias, um clube de futebol (FCK), um clube de andebol, um centro de conferências, três torres de escritórios e participações em grandes empresas de televisão e de venda de bilhetes”. Presentemente é um dos poucos clubes que, estando cotado em bolsa, apresenta resultados positivos consistentes, mais devidos às outras actividades da Parken que ao futebol. (Informação sobre o FCK colhida num artigo de Paulo Anunciação em “O Jogo” de 10/09/06).
É claro que nem a Dinamarca é Portugal nem os dinamarqueses são comparáveis aos portugueses. Começa logo pelas motivações de quem é encarregado da gestão. Se se privilegiam os próprios interesses em detrimento da entrega a um projecto em prol da instituição que era suposto servir-se, o projecto não pode ter sucesso.
Ora a gestão dos interesses do Sporting, tanto quanto é publicamente conhecido, foi feita com os pés. Tomemos como exemplo o Alvaláxia. Este foi um projecto que já nasceu torto (e quem torto nasce tarde ou nunca se endireita). Para se aumentar a quantidade de lugares do estádio, já que a comparticipação pública era feita em função do número de lugares, abdicou-se da construção do pavilhão desportivo previsto no projecto inicial, porque o espaço passou a ser insuficiente. O que é que fazemos, o que é que não fazemos, ocupou-se o espaço com um fun center. Não teve piada nenhuma pois foi o flop que conhecemos. As pessoas que tinham a coragem de atravessar, à noite, o ermo do espaço do antigo estádio para ir ao cinema sabem bem que era impossível aqui ter público. É claro que houve a incompetência do costume por parte dos poderes públicos (a Câmara, o Metro) para se avançar com as licenças de construção, segundo veio a público vários anos depois. Tudo em prejuízo do Sporting. Mas ninguém se lembrou de pressionar e meter a boca no trombone se não todos estes anos depois? Como é possível isto acontecer se, confessa agora FSF, andamos a perder dez mil euros de juros por dia!
O Alvaláxia é só uma das inúmeras gotas de água que constituem o oceano de incompetências das sucessivas direcções cooptadas.
À pala dos negócios extra-desportivos foram-se constituindo e desfazendo sociedades, pagando ordenados a administradores, gastando à tripa-forra o património do nosso clube.
Aqui chegados, é óbvio que o melhor era vender o património não desportivo.
(continua)

Rescaldo do jogo do Braga

Perante o resultado de ontem e os comentários que fomos ouvindo aos diversos intervenientes, fica a sensação que afinal o assobio há-de ter-se tornado matéria de reflexão no balneário. O debate sobre o futebol moderno assume no Sporting contornos bizarros...

terça-feira, 3 de abril de 2007

Os assobios

Paulo Bento deve ter andado a ler os posts e comentários do Raul. Ontem, na habitual conferência de imprensa depois do jogo, veio criticar os assobios aos jogadores. Os adeptos mereceram, finalmente, uma atençãozinha...
Dizia ele que "tem dificuldade em perceber" a razão pela qual Nani e Custódio ontem foram assobiados.
Eu ajudo a explicar.
A razão dos assobios, Paulo Bento, é simples: nos últimos 30 anos (TRINTA anos!) o Sporting ganhou 4 campeonatos, ficou por 3 vezes no 2º lugar, terminou por 17 vezes no 3º lugar e quedou-se pelo 4º lugar por 5 vezes. Este ano, sob o seu comando, ocupa um lugar que se situa, sem surpresas, na média destes últimos 30 anos.
Este é o palmarés real do Clube que os adeptos amam. O Sporting das promessas adiadas. Um Sporting bárbara e continuamente mutilado, mas que vive à custa desses adeptos que você diz que não percebe.
Infelizmente, muitos dos agentes principais do Clube acham que acabar a temporada entre o 3º e o 4º lugar por 22 vezes em 30 anos chega... A gente queria mais qualquer coisa!
O triste palmarés do Sporting é o resultado da actuação desses agentes que têm canibalizado o Clube ao longo de todos estes anos, que (com bastantes e honrosas excepções é verdade!) têm servido mal e se têm servido (à fartazana!) do Sporting. Que pensam que tudo lhes é devido e que nada têm que dar em troca. Que nos devem explicações muito detalhadas e já há muito aguardadas com grande curiosidade sobre o forrobodó em que tudo isto tem andado. O resto é folclore.
O triste palmarés do Sporting não é resultado dos assobios dos adeptos.
Espero que tenha ficado esclarecido...