domingo, 29 de julho de 2007

Golden Whistle

O árbitro da NBA Tim Donaghy estará envolvido num caso de viciação de resultados. Existem fortes suspeitas de que estejam também envolvidos teinadores e mesmo jogadores neste caso que está a causar enorme escândalo.
A NBA tem sido apontada muitas vezes como exemplo de organização desportiva e alguns ingénuos sugerem que o modelo seria aplicável a outros desportos e a outras latitudes. A NBA é de facto uma máquina!
Imagino o que aconteceria se em Portugal, por exemplo, o modelo pegasse. E tendo em conta o carácter (quase) familiar da organização da Liga Portuguesa de Futebol Profissional e as dificuldades pelas quais, mesmo assim, tem passado a investigação do caso Apito Dourado, imagino o que aconteceria se a família deixasse o estatuto amador e se profissionalizasse! Aonde chegaria o ouro do apito...
Claro que não estou a defender a família. Preferia era outra organização que nos blindasse contra apitos, amadores ou profissionais...

Condenável

O que se passou no "amigável" Leixões-Guimarães não pode deixar de ser veementemente condenado. Esperemos que o assunto seja agora exemplarmente sancionado por quem, neste caso, tem autoridade para o fazer. Nem o Leixões, nem o Guimarães, nem, sobretudo, o futebol português precisam destas manifestações de "trogloditismo".

Primeiras impressões

Uma nota rápida sobre o "jogo de apresentação" do Sporting 2007-2008. Estou em crer que o carácter meio embaciado e pobretanas da "organização", a confusão e o evidente improviso na escolha da equipa adversária e o fraco espetáculo desportivo proporcionado não constituem indicadores do que se vai passar no resto da época. Mantenho o meu optimismo intacto. Vamos pensar que foi o calor o responsável por esta omoleta cheia de salmonelas que acidentalmente nos foi servida... Ai se a ASAE sabe disto!
O novo lateral esquerdo Maryan Had é que já não foi a tempo de participar em tão solene "cerimónia". Mas, já cá está!

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Hoje há visão estratégica à Portuguesa

É conhecida a cega sanha persecutória que, de repente, se apoderou do Estado em relação ao futebol. De um "Estado dentro do Estado" que o futebol era, passou-se (passa-se), subitamente e sem que nisso consigamos vislumbrar qualquer intenção estratégica, à fase do "disparar sobre tudo o que mexe!"
Ainda relativamente à transferência do Simão, deixem-me propôr-vos aqui um ponto de vista que contrasta vagamente com aquela que o Black Mamba expôs ontem nos seus Venenos.
Como se sabe, a base de incidência fiscal das remunerações dos futebolistas vai sofrer alterações. O seu valor passará a atingir os 100% (se esquecermos os inúmeros impostos indirectos...) das remunerações auferidas pelos atletas contra os actuais 60%. O objectivo é o de equilibrar o regime fiscal dos jogadores de futebol profissional com o dos restantes contribuintes.
O motivo parece virtuoso, mas, na verdade, estamos perante uma farsa.
O futebol profissional é uma actividade que vive sobre brasas. As dificuldades financeiras dos clubes são conhecidas. O "mercado", como é sabido, encolhe. Os estádios esvaziam-se, as receitas diminuem, há "produto" mas não há vendas e, sem vendas, é dificil manter a porta aberta. Para alguns, como é sabido, a solução é mesmo fechar a porta. O futebol profissional lá vai tendo de inventar mil e uma maneiras esfarrapadas para se ir desenrascando. A Liga revela ser um organismo incapaz de influenciar de forma séria e decisiva o devir destas coisas, mas isso é tema para outra conversa...
O que faz o Estado perante este cenário de debandada e dificuldades?
Aumenta essas dificuldades e promove a debandada! É isto e mais nada que vemos desde que o Estado entendeu meter aqui o bedelho.
Mas, pendura-se de forma absolutamente vergonhosa e indigente no futebol, quando lhe convém, projectando uma ideia de redenção e uma imagem de inocente anjo protector. Ambas falsas. Não é só a indústria futebolística que beneficia de regimes fiscais especiais, mas não vemos o Estado pendurado nas "tribunas" das outras indústrias. Estou certo que nem os seus dirigentes o permitiriam...
Quando vemos uma luminária qualquer pendurada numa tribuna de um qualquer estádio a assistir, emproado e majestático, a um jogo da Selecção, vemos um parasita que beneficia de uma situação que não ajudou a criar. Ou melhor: que ajudou a criar pela negativa e que na realidade está a minar. As selecções, a Federação & compadres são um logro a quem os clubes se vêem obrigados a pagar o dízimo.
O caso dos políticos que assistem a jogos de clubes, esse então deveria ser, na minha opinião, objecto de intervenção do Ministério Público...
A alteração do regime fiscal dos jogadores não resolve o défice das contas do Estado, rouba margem de manobra ao futebol nacional e vai contribuir, estupidamente, para aumentar as dificuldades de uma actividade doente, mas que revela um raro vigor e louvável resiliência no quadro geral da economia portuguesa. Neste seu labor igualitário o Estado está a dar tiros no pé, tiros que ricochetam por todo o lado. A transferência de Simão também tem, pois, de ser vista à luz desta lógica. Como a de Ricardo! De uma assentada perdemos dois jogadores de selecção para Espanha. E depois há quem ache que é o Saramago que não é patriota...
Se alguma coisa os virtuosos do Santo IRS conseguem com tudo isto é perder receita. O estado espanhol, o inglês, o alemão, etc, etc, agradecem. Mas, não retribuem...

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Venenos 27

Diz-se que Simão não gostava das camisolas novas. Diz-se que terá ficado perturbado com aquela montagem fotográfica que andava a correr aí pela net. Chorou. Diz-se que a malinha de mão, em especial, o terá deixado profundamente transtornado e que mais transtornado ficou quando soube que o acessório vai mesmo fazer parte do equipamento oficial. Chorou. Diz-se que terá exigido ao comendador Vieira a dispensa de usar o dito acessório. Diz-se que Vieira lhe terá gritado "-A malinha é para vocêses todos usarem, ou então andex!!" Chorou. Diz-se. E foi-se.
Diz-se ainda que esta transferência não passa afinal de uma manobra destinada a levá-lo para o Porto.

domingo, 22 de julho de 2007

Apontamentos do jogo contra o Lille

O guarda-redes

Não me tinham convencido, nos extractos de vídeo que vira, as actuações de Stojkovic (exceptuando a soberba exibição contra Portugal em 2006): estático e com fraca capacidade de reacção às contrariedades. Neste jogo e nos lances que vi contra o Guimarães pareceu-me rápido de reflexos e bom entre os postes, bem como a jogar com os pés. Também Rui Patrício, na sua inexperiência, parece vir a confirmar as esperanças que se depositam nele.

Os centrais

Polga, ultrapassados problemas disciplinares (que nunca mais se manifestaram), é um esteio da defesa (e agora, quanto a mim assisadamente, promovido a segundo capitão). Mas a boa notícia é Gladstone, que me pareceu um jogador com bom posicionamento e poder de antecipação, embora ainda sem confiança para construir jogo; a bola queima-lhe nos pés e ele despacha-a sem cerimónias, ou desfaz-se dela para o companheiro mais próximo.

O médio defensivo

Paredes voltou a não me convencer (embora pareça com mais vontade que na época passada) e Miguel Veloso, com falta de ritmo, complicou lances e perdeu bolas. Outra boa notícia veio de Adrien, que joga com grande à-vontade e habilidade e tem bom jogo posicional; no entanto desapareceu do jogo quando passou a médio direito (mas, mesmo nesta posição, poderá progredir muito).

A linha média

Fiquei convencido de que não irá ser difícil que este sector se apresente mais consistente que no ano passado: Romagnoli e, sobretudo, o grande João Moutinho (agora, merecidamente apesar da sua juventude, capitão de equipa) estão mais maduros e experientes e Simon Vukcevic deu alguns bons apontamentos, marcando um golo (embora muito consentido pelo guarda-redes contrário).


O ataque

O inevitável Liedson aparece possuidor de todas as características que fizeram dele um jogador imprescindível. Marcou dois golos em remates com o pé esquerdo, o primeiro de excelente execução (um tiro muito forte e indefensável) e o segundo fazendo uso de uma das características que o tornam um jogador de excepção, roubando a bola ao guarda-redes (este, se conhecesse Liedson, sabia que era muito perigoso tentar uma finta sobre ele). Derlei, embora neste jogo mais esforçado, continua a não me convencer. A novidade táctica está, contudo, na entrada de Purovic. Este tem 1,90m e a equipa tenta com ele o jogo directo: bola bombeada dos centrais ou do guarda-redes (como já disse Stojkovic evidenciou-se neste pormenor), o calmeirão dá-lhe de cabeça (na segunda parte, ou por já estar mais cansado ou porque os adversários fizeram melhor a cobertura, deixou de ganhar as bolas de cabeça) solicitando a irrequietude de Liedson. Esta jogada valeu o primeiro golo do Sporting. Sem que possa ser um sistema recorrente (tem de haver muito mais variedade de processos) a presença de Purovic, acrescenta esta possibilidade, que pode ser útil em certos jogos, ou em certos momentos do jogo.

Os laterais

Deixei para o fim este sector da equipa, por me parecer que é o mais problemático. Sendo Abel um jogador relativamente seguro, é o único disponível para preencher o lado direito da defesa. Mas o problema é ainda maior à esquerda: tanto Rony como André Marques não têm (pelo menos por agora) classe suficiente para o jogo do Sporting. Rony não tem velocidade. Mas poderia compensar isso com uma boa colocação no terreno e inteligência a ver o jogo (como era o caso, por exemplo, de Rui Jorge); ora o jogador não possui nem uma nem outra destas capacidades e, não raramente, vêmo-lo a correr atrás dos adversários, por não prever contra-ataques e se ter adiantado excessivamente em certos momentos (como noutros pode, despropositadamente, ter ficado atrás). André Marques pode vir a dar um bom lateral, mas não tem ainda um jogo convicto, parecendo receoso, tímido e com falta de determinação.

Em conclusão

O plantel não pode ainda estar fechado, se quisermos fazer uma época em que nos possamos bater pela vitória no campeonato até ao fim e passar a primeira fase da Liga dos Campeões.
É preciso contratar um defesa esquerdo, pelo menos.

Venenos 27

Os jornais noticiam hoje que a Torre Burj do Dubai é já o edifício mais alto do mundo, apesar de ainda faltar construir qualquer coisa como quase 300 metros. Depois de terem tido conhecimento da notícia, consta que os comendadores Berardo e Vieira se reuniram de emergência com o objectivo de lançar a construção, no Seixal, de uma nova torre, mais alta ainda que a Torre Bruj. A única condição colocada pelo comendador Joe foi a de que este plano nunca seja descrito pelos serviços de comunicação do clube como um "mega-projecto". Instantes depois de se ter tido conhecimento desta notícia o edifício era já reconhecido como o mais alto do mundo, antes mesmo de se iniciar a construção!
Segundo conseguimos apurar, o edifício --já chamado de Torre Joe do Seixal-- vai funcionar como nova sede do clube e servirá também para albergar os seus 6 milhões de adeptos. Aproveitando a altura, a Torre Joe servirá também para lançar em voos de exercício o milhafre Vitória. A gigantestca torre irá albergar um gigantesco centro comercial com 2500 restaurantes chineses e 6000 "Lojas dos 300".
Finalmente, os adeptos do dito clube, com as quotas em dia, sim, mas em dia não, vão poder lançar-se gratuitamente do alto do edifício em queda livre, sempre que aquele sofra uma derrota.
O Livro Guiness vai lançar uma edição especial sobre este projecto.

sábado, 21 de julho de 2007

Tenacidade, brio e sentido de responsabilidade


O jogo de hoje marca a estreia de João Moutinho como capitão do Sporting. Tudo isto lhe deve parecer um sonho, mas tudo isto é bem real: Moutinho faz parte do plantel principal desde a época 2004-2005, tinha então 17 anos, e torna-se aos 20 anos o mais jovem capitão desde o tempo do mítico Stromp. É um exemplo a todos os níveis. Um exemplo, desde logo, para todos os atletas aspirantes a profissionais de futebol, dentro e fora do Sporting. Mas, é-o, sobretudo, para todos os jovens de hoje, desportistas ou não. Para além do óbvio talento, Moutinho distingue-se pela tenacidade, pelo brio e pelo sentido de responsabilidade que demonstra de forma exuberante. Com Moutinho fica provado que estas qualidades são recompensadas quando exercidas, que a vida não se resume a reclamar direitos e que direitos adquiridos são direitos legitima e duramente conquistados. Para acreditar em tudo isto os jovens só têm de olhar para este exemplo. Os responsáveis dos Sporting fizeram o que deviam e o KL não pode deixar de o assinalar.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Batoteiros e vigaristas impunes

Leiam aqui quem é que beneficiou das trafulhices feitas com as acções do Benfica.
Aquilo é um clube de batoteiros.
Queixam-se muito da batota que o Porto faz com os árbitros dentro das quatro linhas, para verem se passa despercebida a batota que fazem com os negócios da SAD deles, adulterando a sã concorrência.
E, já agora, era bom saber-se onde é que eles foram arranjar grana para comprar jogadores, se não ganharam dinheiro em vendas e a sua gestão é deficitária.

domingo, 15 de julho de 2007

Também acho

Paulo Bento declarou que "não vamos alterar a nossa forma de jogar em função dos reforços." Disse ainda que os reforços foram escolhidos em função da forma de jogar e não o contrário. Francamente também acho que esta questão não deve constituir motivo de preocupação para Paulo Bento. Acredito que não vamos assistir a grandes alterações no modelo de jogo e confio que os novos jogadores foram cuidadosamente avaliados e escolhidos pela capacidade que terão para cumprir o seu papel no contexto desse modelo.
Acho que o problema de Paulo Bento será outro. Se queremos ganhar o campeonato este ano teremos de manter o espírito que dominou a equipa no final da época passada. Não vai ser fácil, especialmente por causa dos reforços, mas é crucial que Paulo Bento mantenha aquela magia que o Sporting demonstrou no final da época. Reafirmo totalmente o que disse aqui há uns tempos.
Quanto às mudanças do plantel em si, apenas lamento profundamente o modo como certos jogadores sairam (não a sua saída!). É pena por vezes os dirigentes também não sairem a custo zero... O balanço que se pode fazer de alterações tão significativas é fraquíssimo e tudo isto apenas denota a grande confusão que por vezes se adivinha na gestão do Sporting. Percebo que a gestão dos activos seja um problema complexo, mas se a direcção da SAD não corrigir o que se passou este ano será um falhanço lamentável, de consequências dramáticas para o futuro do Sporting.
Cá estamos para ver...

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Venenos 26


A continuar assim José Couceiro vai acabar a sua carreira a treinar a equipa dos Sub-buteos!

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Tello

Tello apanhou vinte-jogos-vinte de suspensão da selecção chilena pela sua participação nos desmandos que ocorreram durante a Copa America. Duas interpretações são possíveis. Ou Tello sempre foi assim e se portava bem no Sporting porque andava com a rédea curta, tão curta que agora, finalmente livre, deu largas à sua verdadeira natureza. Ou passou-se porque a família, insatisfeita com as condições que o jogador actualmente lhe proporciona, o está a pressionar...
Em todo o caso estamos manifestamente perante um caso do foro psiquiátrico.

Purovic

Chegou o novo reforço do ataque do Sporting. Chegou e ainda no aeroporto disse que como não foi para o tal clube de cujo nome eu nunca me lembro, veio para o Sporting (acho que foi mais ou menos isto, o tradutor era quase incompreensível.)
Das duas quatro: alguém se esqueceu de preparar esta chegada, designadamente, de contratar um tradutor à altura, ou ninguém disse a Purovic que aquele nome não se pronuncia sem fazer aquele gesto que quer dizer que estamos prestes a vomitar, ou fez esta afirmação para picar já o adversário, ou Eurico Gomes estava no terminal das partidas à espera dele e já não chegou a tempo de evitar o pior...
Desejo-lhe muita sorte.

As SAD e a Bolsa segundo Belmiro

Belmiro de Azevedo criticou a presença das SAD na bolsa. No quadro actual da organização do desporto o facto de estarem na bolsa parece-lhe estranho. Chamou a atenção para a situação instável das finanças das SAD e disse que não vê o rigor, a transparência e a qualidade na sua governação que a CMVM exige às outras empresas cotadas em bolsa.
A CMVM já se apressou a dizer que as SAD cumprem escrupulosamente as regras a que estão sujeitas as empresas incluidas na bolsa de valores. A gente aliás acredita piamente na CMVM. As SAD não são uma bolsa dentro da bolsa...
Eu já desconfiava que o jogo da bolsa não rimava com o jogo da bola (não rima, estão a ver?) mas agora, com este alerta estou muito mais apreensivo. O mercado é afinal uma realidade virtual e as minhas acções não passam de bytes. E eu que até pensava que ia ficar rico à conta do Sporting!
O engenheiro Belmiro de Azevedo lá foi dizendo também (quem o ouviu...?) que os valores do desporto estão a ser desvirtuados pelos clubes e que a actividade desportiva deixou de ser uma ocupação para ser um emprego. Emprego de curta duração que deixa em maus lençóis aqueles que "pretendam reentrar na vida activa após o fim da carreira."
Que maçada! Nem dividendos, nem valores desportivos, nem passatempo, nem emprego de futuro. Que labéu sobre o futebol!
E Hermínio Loureiro ouviu tudo isto, mesmo ali ao seu lado, e nem pestanejou.

terça-feira, 10 de julho de 2007

Ricardo


No momento em que escrevo este post não tenho confirmação oficial sobre o futuro de Ricardo. O mais certo parece ser a sua partida do Sporting e do futebol português.
Independentemente de ficar ou não, o Ricardo é um guarda redes que merece uma palavra de elogio. Sei que há leitores do KL que não concordarão comigo, mas na minha opinião é um jogador que vai fazer grande falta ao Sporting e ao futebol português. É triste --e torna todo este processo ainda mais inexplicável-- que por detrás desta saída de Ricardo do futebol português esteja, aparentemente, a questão do aumento da incidência fiscal sobre os ordenados dos jogadores. Tudo isto é triste.
Há qualquer coisa de chocante, de injusto e até de caricato nesta actuação da máquina fiscal em relação ao futebol. Face às dificuldades que o futebol enfrenta actualmente o Estado parece ter encontrado a solução ideal: aumentar as dificuldades.
Lá estarão, certamente, estes ou os governantes que vierem a seguir, pendurados nas tribunas dos estádios para aplaudir os jogos do Ricardo pela Selecção. E os adeptos do Bétis para o aplaudir no resto dos jogos. O Sporting, esse, fica mais pobre.

Os clubes hoje

Apanho por acaso um programa que faz um retrato do que foi o Cannes Lions 2007. Entre as conferências incluídas nesta edição do festival, destaca-se uma de Bobby Charlton sobre o Man. United. Ouço-o dizer perante uma plateia de gente da publicidade que os clubes têm de ser geridos numa perspectiva empresarial. Ouço-o dizer também que a bitola para esta gestão são os adeptos. Ouço-o dizer ainda que no Manchester se trabalha duramente para fazer os adeptos felizes. É por isso, certamente, e não por qualquer outra razão mais ou menos fantasista, que o Manchester é, como se sabe, um dos maiores clubes do mundo. O Manchester United é uma máquina de produção de felicidade.
Os clubes são hoje o que sempre foram: associações de pessoas unidas por um ideal desportivo. Geridas numa perspectiva empresarial ou geridas com os pés os clubes são associações de pessoas...
Tenho muitas vezes a sensação que no Sporting não se trabalha duramente para tornar os Sportinguistas felizes e que estes não são a bitola pela qual se orienta a gestão do Clube. Tenho mesmo a nítida sensação que se os adeptos não desatassem, volta não volta, aos gritos e aos assobios (uns gritos e assobios que significam "olhem que a gente está aqui, para o caso de ainda não terem reparado em nós...") eram totalmente negligenciados.
Como no Manchester United é assim e como se sentiu sempre uma enorme pressa em copiar o Manchester, pode ser que a moda um dia pegue...

Transferências

Bem sei que isto é verão, que anda tudo a meia nau (até as eleições para a CML... ainda ninguém abordou a questão do Sporting!) e que até há factos positivos neste defeso do Clube. Mas, caramba!, há coisas que continuam a fazer-nos uma grande confusão e que precisam de uma explicação muito clara, sob pena da gente ter que ficar a pensar o pior...
A notícia de hoje é a transferência do Pepe para o Real Madrid. Não se trata de uma transferência para clube menor, nem o valor para ela anunciado uma banalidade. É um recorde para um defesa. Ora, o Pepe passou pelo Sporting, salvo erro, duas vezes. Não encontraram forma de o segurar. Acabou no Porto, onde deu nas vistas, e o clube encaixou agora com a sua transferência uma nota preta, semelhante à que obteve com a transferência do Anderson, que era, lembremo-lo, considerada excepcional. Aliás o Porto encaixa com as transferências deste ano (e vamos ver se a coisa fica por aqui...) uma maquia muito considerável.
O que eu pergunto é simples: porque não ficou o Pepe no Sporting, ele que, pelas declarações que proferiu na altura, até parecia querer ficar? O que falhou neste processo? Quem falhou neste processo?
Na minha leitura de tudo isto, trata-se de uma pesada derrota para a SAD. Lembro que estamos a falar de 30 milhões de euros e que em nome da redução do passivo houve e há encaixes não realizados, de valor bem menor, que nos foram choradamente apresentados como uma verdadeira catástrofe. Em que ficamos?

terça-feira, 3 de julho de 2007

Venenos 21



Depois da apresentação do novo equipamento, Richarlyson Barbosa Felisbino, jogador do São Paulo, terá declarado que pondera seriamente ingressar na equipa da Luz.

domingo, 1 de julho de 2007

A "marca"

Há conceitos que, de tão ouvidos, acabam a ser repetidos sem que os seus pregoeiros pensem muito no seu real valor. O conceito de marca ligado a um clube é um deles. Ouvimo-lo papagueado a toda a hora.
Sei que vou provavelmente chocar os leitores mais sensíveis, mas "chavões" como este, para mim que sou mais pão com manteiga, não passam de puro vácuo.
O que é a "marca" de um clube? O que é a marca Sporting?
Os especialistas definem marca como um nome, um emblema ou um esquema conceptual associado a um produto ou serviço. Mais dizem estes especialistas que uma marca é a materialização simbólica de toda a informação associada ao produto ou serviço e que o símbolo serve para criar, em volta desse produto ou serviço, um conjunto de associações ou expectativas. Por mim, sinto-me confortável com esta definição. Mas encontro aqui conflitos insanáveis com a interpretação que do conceito é feita pelos especialistas em marketing do futebol, nomeadamente do Sporting. Estes especialistas estão, na minha humilde opinião, redondamente equivocados e andam a destruir o nosso Clube e a dar cabo desta nossa paixão.
O que estes especialistas em marca que trabalham no futebol têm feito até aqui mais não é que pegar no ferro em brasa e aplicá-lo, brutalmente, sobre a pele do produto que nos querem à viva força impingir. Assim "marcado", o produto passa de forma enganadora por ser aquilo que a gente quer.
Sobre este assunto da "marca" o nosso Manifesto contém algumas observações que peço a todos que leiam ou releiam. Deixem-me apenas colocar aqui algumas notas adicionais.
Se aceitarmos a definição de marca que deixei atrás poderemos perguntar de imediato: que produto ou serviço cria afinal o Sporting?
Uns dirão que produz espetáculos de cariz desportivo. Outros dirão que produz uma série de mercadorias que vende como forma de completar a venda dos espetáculos. Outros poderão dizer que o produto são os lugares de época. Outros dirão ainda que o produto são os talentos futebolísticos para vender nos mercados estrangeiros e nacionais. Outros pensaram que o produto Sporting era uma fórmula completa de proporcionar momentos de lazer de qualidade a toda a família, mas esse chão deu, como se sabe, uva. Outros, finalmente, dirão que o "produto" do Sporting é tudo isto.
Ora, quando se grita no estádio ao "bandeirinha" para enfiar a bandeira num determinado sítio, quando se assobia um jogador que não dá o litro, ou se aplude outro que protagoniza uma bela jogada que ajuda a garantir uma vitória importante, quando gritamos ai-ai com uma saída mal calculada do guarda-redes ou saímos em massa para comemorar uma vitória numa prova importante, quando discutimos e vibramos com as ocorrências do Clube estamos a ir muito para além do espetáculo, do simples entretenimento ou da efemeridade da compra de uma simples camisola ou de um cachecol. Ninguém salta da cadeira com o papel que os talentos do Sporting irão futuramente representar no Manchester ou no Real Madrid. E ninguém, no momento do golo, gritará entusiasmadamente sobre a mais valia que o seu marcador representa para a receita.
O produto que o Sporting vende (com toda a cautela que esta expressão deve merecer!) não é definitivamente, nem espetáculo, nem talentos, nem bugigangas! É uma postura perante a vida, materializada na competição desportiva. Tudo o que é Sporting obedece a essa premissa. O Sporting é diferente, diz-se, e se há coisa que o Sporting pode vender, ela é, justamente, essa diferença. Quem se indentificar com ela junte-se a nós.
Espetáculos desportivos, cachecóis e camisolas todos os clubes podem vender. Uma etiqueta colocada na camisola vendida na loja de artigos desportivos não é a marca Sporting! A marca Sporting é a diferença, é a nossa especificidade, são os nossos princípios e é isso que os Sportinguistas, actuais e potenciais, buscam. É por esses princípios que estão dispostos a dar tudo. É por eles que vibram energicamente. Os jogos, as camisolas, os emblemas permitem a identificação com os princípios, com o conceito, materializam-no e ajudam a suscitar as tais expectativas e associações com o produto. Mas não são o produto.
Vamos aos jogos porque somos Sportinguistas, envergamos um cachecol ou uma camisola porque somos Sportinguistas, mas o facto de os envergarmos não faz de nós Sportinguistas. Somos Sportinguistas porque temos um determinado ideário. Poderemos imaginar uma empresa que faça da venda de cachecóis ou mesmo espetáculos de futebol o seu core business, mas não lhe auguro grande futuro.
Claro que eu, pessoalmente, não concordo nem aceito facilmente que um Sportinguista seja equiparado a um cliente de supermercado. O Sporting é sagrado. Aceito que se faça chegar a mensagem de forma eficaz a todos os destinatários, actuais e potencias, mas esta sacralidade está em perigo, desvanece-se e banaliza-se com essa visão de promoção comercial em que foi transformada a nossa militância clubística.
A culpa de tudo isto, desta tendência que está a corroer e a destruir o futebol português, está nesta verdadeira aberração que são as SAD. No caso do Sporting foi a SAD, esse conceito aborto, esse logro, essa aberração, a responsável pela aceleração deste processo de degradação do nosso Clube, que transformou o sagrado Sporting numa promoção de supermercado, que escancarou a porta ao mais abjecto oportunismo e lá vai servindo para que uma meia dúzia de espertalhões encham as respectivas contas bancárias. (Continua)

Sócrates copia Soares Franco

O destaque da crónica de Fenando Madrinha no Expresso desta semana é o seguinte: «A UE vai transformar em 'sim' o 'não' dos eleitores europeus. Como? Deixando de os consultar.»
Refere-se o comentário à operação em curso entre as luminárias europeias (com o nosso PM à cabeça: agora que Portugal tem a Presidência da UE, ele já se manifestou contra referendar do novo tratado europeu) de fazer passar a chumbada Constituição Europeia travestindo-a em tratado, para a fazer passar sem referendo por parte dos eleitorados dos países da União.
Não foi preciso muito para eu fazer a associação entre a frase de Madrinha e o que se passou no Sporting quanto à famigerada operação de aprovação da venda do património não desportivo. Também neste caso Filipe Soares Franco conseguiu a artimanha de passar por cima do chumbo que os sócios lhe deram, levando a questão para o seio do dócil Conselho Leonino.
Só que, no caso da Direcção do Sporting a única alteração feita (ao contrário das que se fizeram na Constituição europeia, as quais foram no sentido de amenizar um pouco o texto), foi para ainda reforçar o bolo da venda, incluindo a Secretaria.
Na UE, os cidadãos não contam para as decisões; no Sporting, não contam os sócios.
Um destes dias entra-nos um "Berardo" pela porta dentro...