terça-feira, 14 de março de 2006

ELEIÇÕES JÁ! (3)

Abrantes Mendes sai hoje em entrevista no Record.
O discurso, em muitos pontos coincide com o que tenho vindo a defender. Vejamos.
Quanto à responsabilidade dos actuais corpos gerentes na actual situação, diz que "o dr. Soares Franco, quer se queira quer não, faz parte de uma solução que foi apresentada aos sócios há 10 anos e que falhou rotundamente (...) O Sporting tem um passivo enorme. Quem é o responsável por esse passivo? É toda uma política de 10 anos. É o dr. Roquette, é o dr. Dias da Cunha, é o dr. Soares Franco. Todos eles seguiram uma política que descambou no que se está a ver."
Quanto à necessidade de participação dos sócios, diz que o Sporting "precisa de sangue novo, credibilidade, projectos novos e voltar a ter a massa associativa consigo. (...) o [por decoro:) omito o nome da entidade aqui citada] está, a meu ver, a adoptar a política certa ao tentar, juntamente com a sua massa associativa, levar o clube aos feitos de outrora. (...) O Sporting precisa também de fazer isso, exactamente porque a massa associativa esteve durante muito tempo afastada da vida do clube". Acrescenta que quer "um clube devolvido aos sócios de forma tranquila porque sem eles não se vai a lado nenhum. Quando o Sporting ganhou o campeonato em 2000 eu não percebi de onde veio toda aquela massa humana, depois de 18 anos de jejum. Sobretudo jovens. Como é possível tanto jovem sportinguista? São eles que têm de aderir".
Quanto à questão da actualidade, a alienação do património não desportivo, depois de se afirmar "contra a alienação", acaba por dizer que "esta venda nesta altura é um erro crasso e estratégico". Sublinhe-se a expressão "nesta altura", justificada pelo facto de estarmos "numa crise no mercado imobiliário" e por ainda não ter começado "a ser construída aquela zona em redor do estádio", além de que AM não acredita "que os bancos executem o Sporting como o dr. Soares Franco ameaça"; AM considera, pois, a possibilidade de renegociar a dívida à banca, a propósito do que pergunta: "por que razão é que o Sporting não negoceia uma maior abertura temporal nos contratos?". AM não é, portanto, contra uma venda de património tout court, até porque se propõe "fazer a reorganização de todo o universo empresarial do Sporting, extinguindo aquilo que tem de ser extinguido, nomeadamente uma série de empresas que lá estão e não servem para nada. A NEJA, uma empresa de seguros, entre outras". O que ele acha é que "é preciso que o país saia da situação de crise económica em que se encontra e já começam a aparecer alguns sinais, nomeadamente no sector imobiliário; esperar pelo arranque das obras que vão potenciar a rentabilização daquela zona e, a negociar um dia mais tarde qualquer coisa que seja, nunca será com os inquilinos", ideia que repete, ao afirmar "que esta não é a altura certa para vender: devemos esperar pela construção da cidade à volta do estádio porque aí o bingo, o health club, o centro comercial vão ter mais gente".
Abrantes Mendes não coloca a questão na venda de património, mas sim em o quê e quando se aliena.
E remata dizendo que "Soares Franco devia candidatar-se a eleições, apresentando o seu programa e a sua equipa, permitindo aos outros candidatos a apresentação dos respectivos programas".
Aqui é que está, efectivamente, o busílis da questão: o que devemos querer agora, ou seja, na Assembleia Geral de dia 17, é que se aprove a convocação antecipada de eleições. Os candidatos elaborarão os seus programas, os sócios aprovarão um deles, neste incluído um possível programa de alienações. Só uma Direcção eleita (e não esta, cooptada e, portanto, interina) poderá vir a executar de pleno direito tão importantes e estratégicas medidas.
Quanto a Abrantes Mendes, o seu discurso parece apontar no sentido correcto. Mas, sendo as ideias um aspecto fundamental de apreciação, não é o único. Também estão em questão as pessoas. E, pese embora o inquestionável sportinguismo de AM, eu sou daqueles que ainda não se esqueceu de que ele pertenceu aos corpos gerentes do período mais negro da vida do Sporting: a presidência de Jorge Gonçalves.
Por uma nova Direcção de sportinguistas competentes e com projecto credível.
ELEIÇÕES JÁ!