terça-feira, 30 de janeiro de 2007

E agora?

Que os medíocres últimos resultados/exibições não nos tirem a capacidade de pensar em termos estruturais, ou seja, para lá das conjunturas. O que é muito característico dos adeptos fervorosos: quando perdem, começam logo a dizer que temos de mudar de treinador, já que não podemos mudar a equipa toda.
É tempo de apostar na formação de uma equipa para lutar por tudo o que ainda está em disputa nesta época, mas sobretudo em consolidar essa equipa e toda a estrutura do futebol do Sporting para o futuro.
Nunca concordei com a ideia de que as dificuldades financeiras fossem obstáculo ao investimento. É assim no país e em qualquer negócio, sob pena de se comprometer o futuro.
Se isto é verdade em termos puramente financeiros, é-o, por maioria de razão, em termos desportivos. De facto não se obtêm títulos sem bons jogadores, e um clube como o Sporting dificilmente sobrevive se não fizer negócios de promoção e venda de futebolistas.
Mas esta promoção não se pode limitar aos jogadores formados no clube, vertente na qual o Sporting se tem vindo a afirmar como a melhor escola do país, de longe. Por exemplo, nas últimas convocatórias das selecções jovens o Sporting dá baile aos seus rivais. Na de sub-17 ainda o Benfica nos iguala em número (7) de convocados (o Porto não tem ninguém); na de sub-16 o Benfica leva 8 a 1 e o Porto 8 a 2.
Há que, pois, complementar a componente formação na Academia, com aquisições de jogadores com potencial de progressão, vindos de mercados de capacidade financeira e visibilidade inferiores às do mercado nacional. De facto, os principais clubes portugueses podem ser (e têm sido, sobretudo o FCP) uma montra e trampolim para campeonatos europeus mais competitivos.
É claro que este é um negócio de risco (são miúdos, o eventual começo de sucesso nos seus campeonatos não implica necessariamente que triunfem na Europa, …). Mas pode proporcionar mais-valias para a equipa e, transferidos os jogadores depois de valorizados, para as finanças do clube. Evidentemente que este processo implica, como aqui referi, a existência de um departamento de prospecção competente.
É preciso, pois, encarar as contratações de jogadores como investimentos proporcionadores de mais-valias. Nesta perspectiva, contratações como a de Paredes e Bueno são incompreensíveis: o primeiro está fora de prazo e o segundo já tinha tido a sua (desperdiçada) oportunidade. Quanto a Alecsandro, Farnerud e Romagnoli, o que falhou (admitindo que não houve interesses privados que se sobrepuseram aos do Sporting) foi a apreciação do seu potencial, o que põe em causa, justamente, a competência do tal departamento de prospecção (admitindo que o mesmo existe).
Chegados a este ponto, estamos necessitados de reforços, se quisermos ainda ter alguma hipótese de disputar as competições em que estamos envolvidos e garantir acesso (já agora directo) à Liga dos Campeões. Na minha modesta opinião, não é o Rochembach que nos faz falta. Motivos? Os que acabo de expor (ele já desperdiçou suficientes oportunidades – Barcelona, Middlesborough – e deixou de ser garantia de mais-valia futura) associados à sua falta de autodisciplina, que o leva a não controlar o peso (lembrem-se do Micoli) e a que não são as posições que ele pode preencher em campo aquelas em que estamos mais necessitados.
Quem nos faz falta, e o prazo acaba amanhã, é um avançado para jogar ao lado de Liedson. Jovem, com margem de progressão, jogador de área e, já agora, com jeito e alegria de jogar.