terça-feira, 11 de julho de 2006

FIFA, Mundial, Zidane & etc.

Os leitores mais atentos do KL (será que há outros?) terão notado que, praticamente, não falei do Mundial. Não havia, de facto, grande coisa para dizer. Portugal bateu-se em pé de igualdade com as principais potências do futebol mundial. O mesmo tipo de jogo, as mesmas exactas simulações, a mesma magreza de resultados, as mesmas manobras de bastidores, o mesmo mau perder e as mesmas desculpas de mau perdedor que outrora nos distinguiram, transformaram-se agora em armas a que recorreram as principais selecções e seus representantes. Com honrosas excepções, a verdade é esta: os grandes do futebol mundial não jogaram um boi e refugiaram-se na tática da manobra dilatória para mascarar as suas incapacidades!!
Já no que respeita o comportamento do público fomos miseravelmente batidos: exibimos e agitámos bandeirinhas, vestimos camisolas, despimos as roupas nas fontes públicas, reunimo-nos nas praças e rotundas, como os outros, mas falhámos estrondosamente num aspecto: não conseguimos acertar ou, sequer, dar um tiro num adepto de outra selecção que festejasse pacificamente uma vitória nas nossas ruas! Foi pena.
Mas, é no campo da indisciplina que me parece estarmos a perder virtudes mais rapidamente. Já fomos mesmo ultrapassados! E para isso contribui decisivamente o Zidane que com aquele toque de classe --certamente, pensado para coroar condignamente a sua brilhante carreira na selecção francesa-- nos dá um tiro fatal na nossa corrida para a conquista do galardão do unfair-play...
No geral, pois, a nossa participação no Mudial não se distinguiu substancialmente da das outras selecções.
A partir daqui, porém, começam-se a manifestar algumas pequenas e arreliadoras diferenças.
A FIFA apressou-se a aplicar a Zidane um castigo exemplar e sui generis atribuindo-lhe o prémio Adidas Bola de Ouro!!
Tudo isto me trouxe à lembrança a reacção que provocou aquele gesto quase infantil do João V. Pinto no Mundial 2002 da Coreia/Japão... Vejam as diferenças. Mão pesada para uns. Bolas de Ouro para outros... Fogueira para uns, sonoros cantos laudatórios para outros.
Zidane, não há dúvida, é um jogador fora de série. Então no jogo de cabeça não há como ele! No caso do João V. Pinto, também não há dúvida: aquilo era mesmo a reacção de um verdadeiro bandido! Estava-lhe no genes...
(Já agora, um pequeno aparte para recordar a forma canhestra como o Sporting tratou, na altura, este caso e assistiu a todas aquelas FIF(i)As...!)
A FIFA anuncia o Mundial de 2010 na África do Sul como "A Symbol of Hope"... Começa bem o Mundial 2010!

O exemplo de Itália

A esta hora ainda não se conhece o desfecho do processo que ameaça a despromoção de várias equipas de topo do futebol italiano e condenação de dirigentes, agentes e outras gentes. Os contornos deste caso, conhecidos até agora, deixam contudo antever que, inevitavelmente, algo se vai passar. É assim em Itália.
Quanto a Portugal, limitamo-nos a continuar a aguardar que o caso "Apito Dourado" seja proclamado como tendo oficialmente caído no esquecimento, i.e., que seja tudo arquivado, os responsáveis pelas investigações sejam castigados, até reformados compulsivamente, os arguidos, todos, sucessivamente ilibados e mesmo até louvados e condecorados no próximo Dia da Raça, que mais deputados se juntem, enfim, a alguns deles para mais uma grande almoçarada ou uma jantarada!!
Não sei, sequer, se (com medo, talvez, que alguém meta a boca no trombone...) haja tomates para condenar um exemplar da arraia miúda.
Para um observador externo, ingénuo, mas atento, com eu, uma de três conclusões é possível extrair de tudo isto: ou tudo o que se diz para aí é, afinal, mentira; ou, em Portugal, só há coragem para enfrentar carteiristas de 5ª categoria, previamente esterilizados; ou então a teia é tão complexa que ninguém se safa...
Mas, confesso, gostava de um dia ver um dos grandes ser mesmo condenado à descida de divisão e os seus responsáveis metidos no Tourel!!
Continuo (continuamos todos!), ansiosa e atentamente, a aguardar cenas dos próximos capítulos. Entretanto, contentemo-nos com o que se vai passar em Itália...