quinta-feira, 31 de maio de 2007

Salto Mortal II

Falei de salto mortal no post anterior e o senhor presidente deu-nos o prazer de o executar mesmo à nossa frente, conforme previsto.
A conferência de imprensa de hoje foi um perfeito desastre. Há ocasiões, senhor presidente, em que é mesmo mais prudente estar quieto...
Primeira falácia: "o Sporting não pôs nenhum dos seus talentos à venda." A declaração, feita em tom compungido e quase beato, parece o abstract de um artigo sobre os anjos, a virtude e o reino dos céus da Wikipedia... Na realidade, trata-se de uma afirmação completamente oca, embora seja mistificadora. Claro que o Sporting não coloca jogadores à venda. Eu, de facto, nunca vi nenhum anúncio nos jornais dizendo: "Vende-se Nani! Como novo!" Não é assim que estas coisas se fazem, nem é assim que estes assuntos são tratados no futebol. Toda a gente sabe disso. Mas, lá que o jogador foi vendido antes de terminado o seu contrato e antes de assinar um novo, lá isso foi... Não poderia sair nunca de moto próprio. O Sporting, ou alguém por ele, se mexeu...
Segunda falácia: "a partir do final da próxima época Nani passaria a valer metade." Pois será, de facto, um problema... Mas, eu pergunto: que tipo de acordo existe entre o Sporting e Nani, que género de contratos são concebidos por estes crâneos, para que um seu activo veja o respectivo estatuto passar de forma tão inglória do oitenta para o oito? Como se pode justificar que um atleta entre para um clube, sedimente a sua posição nesse clube, se valorize no plano desportivo, aumente o seu valor de mercado e veja o seu valor patrimonial seguir o caminho exactamente inverso? Sinceramente, há aqui qualquer coisa que não bate certo...
Terceira falácia: "Assumi esse compromisso [de não colocar os talentos à venda] e mantenho..." Tendo em conta o caso vertente, as cambalhotas da actual administração chefiada por FSF e imaginando que o que liga os actuais atletas ao Clube são laços semelhantes aos que foram estabelecidos com o Nani, eu, pelo meu lado, estou completamente descansado e até vou dormir melhor hoje!
Tudo isto não passa de mais um episódio triste, que espelha, ele também, à sua maneira, a necessidade de se pôr cobro a esta gestão incompetente e inglória.

O salto mortal

A conversa do presidente da SAD do Sporting relativamente à formação e à saída dos talentos criados na Academia é de ir às lágrimas! Não sei se alguma vez repararam bem no estilo.
Será falta de jeito, será descaramento, será aquela tendência irreprimível desta casta que foi caldeada na política para tornar tudo obscuro, será o estilo esperado de um business man encartado. Seja o que for o resultado é sempre o mesmo: conversa soporífera para ir escondendo o óbvio até onde é possível, uma nota solta aqui e ali para baralhar, e, finalmente, o salto mortal (a imagem até vem a propósito...) que vem coroar todo este processo que conduz, exactamente, ao contrário daquilo que foi sendo dito durante uma data de tempo. Vão ver se não vai ser assim. Digo "vão ver" porque a esta hora ainda nos falta assistir ao salto mortal, i.e., à justificação que o senhor presidente nos virá dar sobre a saída do Nani. Mas estamos todos mortos por o ver...
Neste caso das transferências dos jovens oriundos da Academia, sabendo-se que elas estão já claramente decididas, vamos ouvindo sucessivamente juras de amor e declarações peremptórias (daquelas que o adepto gosta de ouvir, enquanto é ainda materialmente e tecnicamente impossível concretizar essas transferências) sobre a permanência desses talentos, depois vamos assisitindo à conversa sobre as renovações dos contratos (assina, não assina, está quase!, é para a semana...), depois vem o momento do paleio sobre as clásulas de rescisão (se os clubes interessados pagarem, não podemos fazer nada...) e, finalmente, lá vem o anúncio da evidência: o atleta à volta do qual foram sendo tecidos todos estes falsos cenários foi vendido ao clube x ou y.
Admito a inevitabilidade e a necessidade de contenção no caso deste tipo de negócios, mas não admito que me tratem como atrasado mental e, sobretudo, que os interesses financeiros e desportivos do Sporting sejam postos em causa.
No caso do Nani a questão parece clara: o Sporting não sai beneficiado, mais uma vez, de todo este processo. Há muito que o jogador jogava quando lhe apetecia e há muito que se percebia que a sua energia estava canalizada para outras latitudes. Por outro lado, um valor de transferência como este teria sido, seguramente, atingido com menos esforço e menos danos desportivos para o Clube se os métodos usados fossem mais transparentes e os interesses do Sporting fossem melhor e mais habilmente preservados. Se tivéssemos, enfim, outro estilo de gestão no Sporting.
Os Sportinguistas não podem estar orgulhosos deste negócio. Querem saber porquê? Comparem com a outra compra do Manchester... Como dizia um grande pensador da economia portuguesa "É só fazer as contas!"
É mais um jovem talento formado na Academia que, na minha opinião, nos causa mais um significativo prejuízo e parte antes do tempo, de forma frustrante e ineficaz. Mais um. Desejo-lhe tudo do melhor.

terça-feira, 29 de maio de 2007

Paulo Bento, uma lufada de ar fresco

Paulo Bento participou no programa Trio de Ataque desta noite, na RTPN. Confirmou aquilo que tenho sempre aqui vindo a defender: estamos perante um treinador que excede as expectativas que se possam ter criado à sua volta.
Abordou com pragmatismo o tópico da formação do plantel, não fugiu às questões sobre problemas disciplinares, falou com segurança dos aspectos técnicos.
Quanto à formação do plantel para a nova época, e em resposta à questão que lhe foi colocada sobre a continuidade de Romagnoli, remeteu para as dificuldades financeiras que o Sporting vive, para dizer que desejaria a continuidade do jogador, mas que a decisão depende não apenas dele, mas da capacidade do clube para pagar o seu passe. Aqui ficou assumida a compreensão que PB tem da situação que o clube vive e dos consequentes condicionamentos para a formação do plantel. PB serve o clube que lhe paga e, como diz A Causa Foi Modificada num seu post, “acima de tudo, não se queixa. Não se queixa e não arranja problemas a ninguém”.
Excepto a quem lhe arranja problemas a ele (disciplinares, entenda-se). Foi duro quando falou de Carlos Martins e taxativo quando disse que pode muito bem viver sem ele. É destas posições firmes que vive a disciplina no seio de grupos como os dos balneários do futebol.
Mas talvez tenha sido a vertente técnica aquela em que ele melhor se expressou aliás confirmando muito do que tenho aqui vindo a publicar sobre a equipa. Ficou-se a perceber como é difícil fazer uma equipa com um meio-campo em que os jogadores têm 20 anos de média de idades, sobretudo quando falharam rotundamente as contratações de jogadores mais maduros para os enquadrar (e aqui referiu-se, cuidadosa mas significativamente ao caso de Paredes, dizendo embora que conta com ele para a próxima época, assim insinuando que os problemas que ele teve foram circunstanciais; espero que sim, mas de pé atrás). E lá se teve de fazer o enquadramento com a prata da casa: Ricardo, Polga e Caneira, sobretudo, mas também Liedson. A emergência destes jogadores como referências da equipa (os 3 da defesa fizeram a sua melhor época de sempre no Sporting), alicerçando a maturação dos mais jovens, foi fundamental para o crescendo da equipa na parte final da época. Isso a par da melhoria de Tello (durante toda a época, também a sua melhor) e Romagnoli (este só na segunda volta e quando, como muito bem referiu PB, começou a participar com mais entrega no jogo defensivo da equipa) e do reaparecimento de Abel (o porquê da sua menor utilização no início da época foi das poucas coisas que ficou por explicar).
Farto das danças e andanças de treinadores no Sporting (nos outros clubes também, que isto é síndrome do futebol português), bem desejaria eu que este, finalmente, tivesse vindo para ficar por muitos anos. Mas ele, esperto e pragmático, vai dizendo que neste momento existe empatia entre ele, os jogadores e a massa associativa, mas que tem os pés bem assentes na terra e que essa empatia se pode desfazer de um momento para o outro, pelo que se recusa a traçar projectos a longo prazo quanto à sua continuidade à frente da equipa.
Face a treinadores tristes e hesitantes, que nada trouxeram de novo ao futebol português, sem dúvida que a chegada de Paulo Bento aos grandes é uma lufada de ar fresco.

Ninguém lhe Liga

O presidente da LPFP apresentou ontem um novo rol de intenções para a época 2007-2008. E disse que com elas o "futebol português está a dar passos no caminho da credibilização." Seguramente que o deputado Hermínio Loureiro diz isto porque estará convencido, ou alguém o convenceu, que a actividade da Liga risca e que esta credibilização se consegue antes de a Liga se tornar, ela própria, um organismo credível.
Mas, falta tudo para atingir esse estatuto. A começar pelo próprio presidente. Já aqui há tempos expressei no KL a ideia de que não é possível ter uma pessoa com o perfil do deputado Hermínio Loureiro à frente de um organismo como a LPFP e esperar que, por milagre, as portas da credibilização do futebol se abram! Antes de mais, teria sido, pois, necessário que tivéssemos uma escolha acima de qualquer suspeita para dirigir este orgão. As nossas suspeitas começam a justificar-se quando observamos que não se verificou o afastamento do seu seio dos figurões que roubaram toda a credibilidade ao futebol. E a desconfiança adensa-se definitivamente quando verificamos que não foram imediatamente aplicados os mecanismos regulamentares competentes relativamente aos diversos agentes desportivos envolvidos com a justiça.
Com um arranque destes, a intenção expressa pelo presidente da LPFP de devolver credibilidade ao futebol português só nos pode dar vontade de rir...
Bem pode o deputado Loureiro anunciar estas medidas piedosas como a compra de rádio-microfones para os árbitros, ou campanhas para atrair mulheres e jovens aos estádios. Enquanto as pessoas que deixaram o futebol chegar ao ponto a que chegou se mantiverem dentro deste universo, nunca o comum dos mortais vai acreditar que o futebol se pode transformar, nem se vai aproximar de um estádio.
Será ingénuo ou matreiro, mas, a verdade é que ninguém pode levar a sério o Loureiro.

segunda-feira, 28 de maio de 2007

De novo em alerta



Os festejos acabaram. Estamos de novo atentos. Atentos aos discursos, às intervenções de ocasião e às entrevistas. Atentos mais do que nunca às promessas... Como disse há uns dias, não há nenhuma razão para abrandar a crítica, nem para deixar de estar extremamente atento porque nada de substancial mudou na orientação do Sporting.
Voltemos ao combate.

domingo, 27 de maio de 2007

sexta-feira, 25 de maio de 2007

A renovação de Moutinho


É um jogador por quem tenho uma particular admiração. Para além das qualidades desportivas, que não deixam margem para dúvida, acima delas, estão ainda as suas óbvias qualidades humanas. Não creio que seja fácil encontrar alguém como Moutinho e não deve, por todas estas razões, ter sido fácil esta renovação.
Pressente-se, pois, em todo este processo uma vibração positiva que é justíssimo sublinhar.
Confesso que já me tinha preparado para o pior, mas por uma vez esta gerência conseguiu surpreender-me... Não é fácil!
Ora aí está, mais um grande símbolo do Sporting em potência, totalmente impoluto, que vale integralmente qualquer distinção que lhe foi ou lhe venha a ser feita.

A questão da juventude

Sempre que tenho falado na juventude, e consequente inexperiência, da equipa do Sporting como justificação para alguma inconsistência no seu comportamento, há quem me contradite com o argumento de que a equipa do Porto tem uma média de idades um pouco mais baixa do que a da nossa.
Convencido de que mesmo isso não era verdade (a média de idades dos jogadores do Sporting foi inferior à do Porto, no Sporting-Porto), fui fazer contas. E cheguei à conclusão de que a média de idades, contadas estas pelos dias de vida que cada um dos jogadores utilizados no campeonato tinha no dia do termo deste (20/5), ponderadas com os minutos de cada um em campo foi a seguinte:
Sporting: 25,7
Porto: 25,4
Por este critério parece que a equipa do Porto é um pouco mais jovem que a do Sporting. Mas também pelo critério das médias parece impossível uma pessoa afogar-se num lago com 2cm de altura da água, se não se acrescentar que é… em média.
Pois é, esta coisa das médias é muito traiçoeira!
Usando um outro critério de avaliação da juventude das equipas, vejamos quais os jogadores que têm idade de sub-21 (segundo o regulamento da UEFA, quem nasceu em 1/1/86 ou depois).
Por este critério temos:
No Sporting: Moutinho, Nani, Veloso, Djaló, Rony, Pereirinha e Rui Patrício. Destes os 4 primeiros são titulares e, todos juntos perfizeram 9.117 minutos jogados.
No Porto: Anderson e Vieirinha. Destes apenas Anderson é titular e juntos fizeram 1.047 minutos de jogo no campeonato.
Não sei se se nota muito, mas, por este critério bem objectivo, o Porto leva 9-1.
Espero que, depois disto, todos tenham percebido do que é que se fala quando se menciona a juventude da equipa do Sporting.

números colhidos em Maisfutebol

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Cuidado com os lampiões

Já que não conseguem ganhar dentro das quatro linhas, os passarocos passaram ao ataque na baixa política.
Quanto à futura Taça da Liga, o orelhas dos pneus recheados declarou que a sua equipa não vai a jogo. Toda a malta percebe que o que ele quer é mama, isto é, contrapartidas; e também marcar oposição à prova porque esta foi concebida pelo Sporting.
A Taça da Liga tem um bom desenho: a existência de fases de grupos beneficia as melhores equipas, possibilitando a existência de até 4 jogos entre os grandes na competição, o que, obviamente, é portador de audiências e receitas.
Mas, no fim de contas, claro que ele só se fosse burro é que não alinhava.
Mais problemática é a notícia que vale a pena ler de que “o Benfica quer que as Finanças autorizem o não pagamento de imposto municipal sobre as transmissões onerosas de imóveis (IMT), imposto de selo e emolumentos, no valor de cerca de dez milhões de euros”. À pala dos propalados seis milhões de eleitores, lá querem eles ir, mais uma vez, aos bolsos dos contribuintes (aos nossos bolsos).
A boa notícia da semana é a da entrada da SAD deles em bolsa: só no primeiro dia as acções caíram 11,6%. Estou como o outro: habituem-se!

terça-feira, 22 de maio de 2007

Tudo normal


O que se passou esta época a nível da equipa de futebol do Sporting foi completamente normal.
Por razões orçamentais a equipa foi formada à volta de um núcleo de jovens jogadores ainda em fase de afirmação e crescimento como futebolistas.
O alto grau de responsabilidade da participação na Liga dos Campeões (LC), num dos grupos mais difíceis, a par da 1.ª Liga e da Taça de Portugal, foram areia de mais para a camioneta dos rapazes. Ainda por cima as contratações da época foram, como aqui no KL vem sendo glosado, feitas com os pés, e não se traduziram em mais-valias.
Com os nossos rapazes (treinador incluído; Paulo Bento tem 37 anos e foi a primeira vez que se viu nestes assados, como treinador) sem o necessário enquadramento por gente mais experiente, os sucessos parcelares do início de época foram conseguidos à custa do talento. O que, como é sabido, não chega.
Essa insuficiência ficou comprovada com a quebra de rendimento da equipa, que a abateu ao activo na UEFA e a fez descer na classificação do Campeonato.
Com a têmpera que tem de se lhe reconhecer, mesmo que não se lhe reconheça mais nada, PB não esmoreceu, foi mantendo a disciplina interna e a motivação do grupo de trabalho e fazendo algumas reformas na equipa.
Essencial nesta fase foi o abandono da rotatividade dos jogadores utilizados, a qual, como é normal, deixara de ser necessária por ter sido reduzida a média de jogos por semana. Faça-se um parêntesis para dizer que a rotatividade, sendo embora necessária, nem sempre, por inexperiência, foi correctamente implementada; e foi o campo em que mais se notou a falta que fariam jogadores válidos em lugar dos “cepos” das contratações do ano. Foi, pois, normal que não tivéssemos seguido em frente na UEFA.
Quando deixou de precisar de usar a rotatividade, PB concentrou-se na coesão defensiva, colocando finalmente as peças certas nos sítios certos: Abel estabilizou na direita e Caneira no centro da defesa, com Veloso no vértice inferior do losango e a surpresa (eu já pouco dava por ele) Romagnoli no vértice superior. A equipa acabou por terminar o campeonato sofrendo apenas meio golo por jogo, a melhor média de sempre do Sporting, menos 5 golos sofridos que Porto e Benfica (correspondentes a um quarto dos 20 golos encaixados por cada um deles).
A equipa foi estabilizando e encarou o jogo com o Porto com grande descontracção, fruto não só do processo descrito, como da diminuição da pressão pelo facto de ter deixado de jogar para ganhar o campeonato, aspecto para o qual diversos comentadores chamaram a atenção (entre os “nossos”, Carlos Leone), e que penso ser uma realidade insofismável. A confirmá-lo está a visível nervoseira que se apossou dos jogadores mais jovens (mesmo os menos dados a essas oscilações de humor, como Veloso e, pasme-se, João Moutinho) quando estávamos a ganhar em Coimbra e o Porto perdia com o Paços.
Mas há mais um factor a explicar o comportamento da equipa e a justificar o facto também ele normal, de, nos últimos 10 jogos, o Sporting ter obtido 9 vitórias e um empate (na Luz), acabando o campeonato a apenas um ponto do primeiro e dando luta até ao fim.
É que as coisas passaram-se um pouco à maneira do que acontecia com o nosso grande campeão Joaquim Agostinho. Este começava a Volta à França ainda sem a conveniente preparação e ia “aquecendo os motores” ao longo da competição; normalmente começava mal e ia em crescendo até ao fim. Também os nossos jovens (treinador e jogadores) tiveram um progressivo ganho de maturidade no decorrer do campeonato. O qual foi bem confirmado quando os putos abriram o livro e, esquecendo as cautelas sempre recomendadas (e bem) pelo treinador, ao cair do pano, aviaram mais duas batatas aos pastéis. Foram esses os golos mais valiosos, como nota Master no post anterior.
É sobretudo este último factor (tão normal como normal é que os jovens cresçam) que nos deve deixar optimistas para a próxima época, tanto quanto as coisas dependam deles. A este propósito, embora com aspectos que não sei se percebi, é realmente interessante este post de A causa foi modificada.

vídeo de O Leão da Estrela

domingo, 20 de maio de 2007

Os golos mais valiosos


Sabem quais foram os golos mais valiosos que o Sporting marcou esta época? Foram o terceiro e, sobretudo, o quarto golo obtidos hoje contra o Belenenses.
Ao longo do campeonato muitas foram as vezes em que a equipa foi criticada pela sua atitude, ou melhor, pela sua falta de atitude em campo. Pois hoje, depois de saber que o Porto já era campeão, o Sporting respondeu com mais dois golos e acabou com um concludente 4-0! Perante, recorde-se, a equipa considerada com justiça a sensação do campeonato.
É este tipo de atitude que queremos ver sempre no Sporting: nunca baixar os braços, mesmo que estejamos a ser vítimas do maior infortúnio. O Sporting nunca poderá estar derrotado antes do apito final, da última partida, da derradeira competição em que estiver envolvido. Nunca!
Essa é postura de campeão que a equipa demonstrou hoje ser afinal capaz de adoptar.
Por razões mais ou menos conhecidas, como é sabido, a postura da equipa ao longo da temporada oscilou e as contas acabaram por sair trocadas.
O Sporting não é, de facto, um clube tranquilo e aí encontraremos as razões para essas oscilações que se verificaram ao longo da época. Mas, como disse no meu post anterior, sem atitude de nada serve pretendermos ter ambições e poucos êxitos seremos capazes de alcançar.
O estilo de gestão actual, baseado em artilharia de pólvora seca, terá tido certamente efeitos na alma dos jogadores e equipa técnica e ter-lhes-á com certeza roubado a energia necessária para conservarem os seus níveis de dedicação ao Clube sempre no máximo. Mas os adeptos que encheram o estádio, que apoiaram vibrantemente a equipa e que teimaram em manter erguidos os seus cachecóis e bandeiras mesmo depois do jogo ter terminado querem o seu Sporting assim: com marca de vencedor. Precisamos, então, é de pólvora nova...
Não foi um final de época, simplesmente, digno este que tivemos hoje em Alvalade. Foi um sinal de campeão!

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Optimismo e confiança

Sabem os leitores habituais do KL o quanto critico a actual geração de dirigentes do Sporting, a efemeridade e a transitoriedade da sua gestão, o folclore pseudo dourado e o falso sportinguismo que emana, na minha opinião, de todos os seus actos. Conhecem todos também a opinião que tenho sobre a insustentabilidade das opções da direcção, as críticas que faço a esta cultura de subalternidade, à tragédia que constitui a falta de um projecto credível e à forma como os Sportinguistas são, na generalidade, tratados pelos responsáveis do Clube.
Mas, ouvimos os nossos jogadores e o técnico nestes últimos tempos, o sorriso tranquilo, a confiança e o optimismo que emanam das suas palavras e não é possível ficar indiferente a tudo isto. Já há muito que não se via um clima assim no Sporting, nem mesmo nos anos recentes em que fomos campeões.
Não me iludo sobre os problemas que afectam o Sporting e não vejo motivos para abrandar as minhas críticas, mas mesmo que acabemos por não ser campeões, não é possível deixar de assinalar esta atmosfera positiva que está hoje instalada. Sem ela de pouco ou nada servem as nossas ambições e poucos ou nenhuns êxitos poderemos alcançar.
Daqui queria, pois, enviar uma palavra de apreço e encorajamento aos jogadores e técnicos que envergam a nossa camisola e que por nós se batem. E queria dizer-lhes que também eu comungo desse entusiasmo.
No domingo lá estarei a gritar tudo isto em Alvalade.

terça-feira, 15 de maio de 2007

As declarações de Rochemback


Temos de aguardar as cenas dos próximos capítulos, claro, mas, a serem verdadeiras, as declarações de Rochemback só nos podem levar a concluir que o brasileiro perdeu uma boa ocasião para estar calado...

domingo, 13 de maio de 2007

Terrenos perigosos, afirmações polémicas

O prof. Marcelo reproduz na sua coluna no semanário Sol uma afirmação de FSF. "O ideal é ganhar a Taça e ficar em 2º na Liga. Chega-se onde se quer e não se tem de pagar o prémio da vitória," terá afirmado o sr. presidente ainda antes do jogo com aquela equipa cujo nome nunca me ocorre...
A revelação do prof. Marcelo, está-me a parecer, leva curare na ponta. Mas, é verdade que a afirmação do sr. presidente parece totalmente inconcebível, embora não me surpreenda de todo. Pode-se aliás comprovar lendo o que escrevi a seguir a esse jogo.
Porém, eu concordo totalmente com o presidente FSF! Com efeito, será melhor, é verdade, que nos quedemos pelo 2º lugar...
Porque se a referida equipa cujo nome não me ocorre (que apenas está a um ponto e vai jogar em casa na última jornada contra a equipa que defrontámos hoje) ganhar e nós perdermos (o nosso jogo na última jornada não vai ser pera doce!), hipotecando a possibilidade de entrada directa na fase de grupos da Champions, eu quero ver como vai o sr. presidente justificar, não só, a afirmação, mas também a postura da equipa que, tudo indica, de uma forma directa ou indirecta promoveu...

A ler

Com um agradecimento ao CLeone pela dica aqui está uma história digna de se ler.

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Vamos ver o que vem aí...

Não creio que venham aí boas notícias para os Sportinguistas. Depois da conferência de imprensa de FSF e ouvindo os argumentos apresentados está-se mesmo a ver que a actual direcção vai aproveitar a ocasião para desferir mais uns golpes daqueles que só eles parecem saber dar. Ou muito me engano, ou vêm aí "mudanças de cultura". Lá vai o nome do estádio (ou mesmo o estádio todo...), lá vem a mudança de maioria na SAD (ou melhor, lá vêm os predadores tomar conta da ocorrência...!), lá irão as pérolas da Academia. A operação sempre me pareceu iminente e o pretexto chegou agora numa bandeja.
Não se iludam! O Sporting teve todo o tempo do mundo para tratar deste assunto. Quando digo tratar do assunto, refiro-me a ter um plano. Não tem, como é notório. Ora, não podemos responsabilizar a CML e os seus problemas pelos desmandos, escorregadelas financeiras, falta de visão e a incompetência dos dirigentes do Sporting.
Há por aí já uma série de Sportinguistas (ingénuos) desejosos, parece-me, de branquear uma culpa que só pode ser atribuída exclusivamente aos dirigentes do Sporting. Só a estes cabe toda a culpa pela génese das dificuldades financeiras do Clube. Por muito que nos queiram vender outra versão, só aos dirigentes do Sporting são imputáveis os custos financeiros obscenos de todo este processo. Não é a CML que assina os cheques do Sporting!
Tudo isto seria risível se não fosse uma enorme tragédia.


PS- Mais uma pergunta singela: como é que alguém de boa fé pode invocar os louvores da Câmara à construção do centro comercial, do centro de saúde e da Clínica CUF, parcelas do património que já foram vendidas, como se sabe?

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Gestão por núcleos

Consta para aí que "núcleos do Sporting" estarão a preparar um protesto contra a CML, caso não seja aprovado o famigerado loteamento.
Devo dizer, para começar e a confirmar-se, que acho isto --a simples ideia de fazer uma manifestação de Sportinguistas por causa de um projecto imobiliário-- completamente inacreditável! Em primeiro lugar, se há protesto a fazer é contra as sucessivas direcções do Sporting que deixaram chegar tudo isto a este estado e que revelam ter conceitos de gestão que, asseguro-vos!, nem o merceeiro cá do meu bairro usa na direcção da sua mercearia. Assim sendo, estarão os Núcleos envolvidos enganados no que respeita ao local do protesto.
Em segundo lugar, porque mesmo que houvesse razões para adoptar uma medida destas, ela só demonstraria uma enorme falta de bom senso e dignidade. Um Sportinguista não vai fazer arruaças para a frente da Câmara. Quando muito vai para a frente da Câmara comemorar a vitória no campeonato... Tudo isto é desprestigiante para o SCP e para o movimento de Núcleos do Sporting! Ou será que o "exemplo", "instituição de bem", etc, são conceitos apenas utilizáveis quando se trata de sacar...?
Em último lugar, como já há muito que deixei de acreditar no Pai Natal, estou mesmo a ver que este "movimento de Núcleos" (seria também interessante saber que "núcleos?") é mais uma estratégia de gestão descoberta nos manuais onde os actuais gestores do Sporting foram colher a sua afamada expertise. Se tudo isto foi/é preparado, não abona muito em favor dos gurus de gestão do Sporting. Só agora descobriram, em vésperas da Câmara cair, que tudo se vai mais uma vez atrasar, foi...? Na ausência de capacidade para ter uma actuação mais séria, a direcção do Sporting preferirá promover a assuada...
Havia a gestão por objectivos, agora descobriu-se a gestão por núcleos...
Toma lá!


PS- Uma pergunta singela: e se os contratos do Moutinho, Nani, entre outros, não forem assinados a culpa é da CML, é..?

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Esquecimentos...

O dr. Dias Ferreira é um personagem simpático e não coloco em dúvida o seu sportinguismo e a sua boa fé. Dias Ferreira aparece semanalmente num programa chamado "Dia Seguinte", uma coisa sem grande história da SIC Notícias e aí exibe semanalmente esse seu sportinguismo.
Hoje Dias Ferreira criticou, naquele seu jeito inflamado, a actuação da Câmara Municipal de Lisboa neste processo do loteamento e verberou, em especial, os responsáveis que se mostram "sportinguistas" quando lhes parece mais conveniente, mas não tomam, no seu entender, decisões na sua esfera de actuação no tempo que interessa ao Clube.
Tem muito que se lhe diga esta questão.
Esta participação de Dias Ferreira na tal lengalenga semanal teria sido concerteza mais útil se ele tivesse usado toda aquela sua exuberância para distinguir "sportinguismo SAD" de Sportinguismo tout court. Há distinções urgentes a fazer e há certos "sportinguismos" que têm um cheiro esquisito. Por outro lado, em todo este processo a falha não parece estar, pelo menos totalmente, do lado da CML. Dias Ferreira esqueceu-se (não acredito que propositadamente...) de referir, a título de exemplo, os sete anos passados sem que tenha sido tomada pelas sucessivas direcções qualquer medida para resolver o problema...
O Sporting é (mesmo) coisa séria e há que ser rigoroso.

Venenos 20

FSF dizia numa entrevista recente ao DN que, caso chegasse a haver eleições intercalares para a CML e para acelerar a resolução do problema do loteamento, não admitia fazer campanha por nenhum candidato. Justificou esta afirmação invocando, muito legitimamente, os estatutos: "o Sporting é uma instituição que não tem partido, nem religião e a todos acolhe de braços abertos."
Ontem, certamente por os seus colaboradores se terem esquecido de lhe dar um "clip" da entrevista, vimo-lo ao lado de Carmona Rodrigues na tribuna principal. Neste preciso momento, o facto não tem duas leituras.
Vamos ver o que sobra para o Sporting de tudo isto. Vamos ver se há eleições, se Carmona concorre e perde, ou se Carmona ganha... E vamos ver como fica o Sporting depois disto e o que se dirá do Clube num caso ou noutro. Ou será que, como diz o Master noutro post, ele sabe alguma coisa que a malta não sabe...?

domingo, 6 de maio de 2007

A solidez possível

foto daqui
A nossa equipa é uma equipa de putos, deficientemente enquadrados por jogadores mais experientes, devido ao facto de as contratações da época terem sido feitas com os pés (e com os bolsos de alguns, também).
Alguns sportinguistas vociferavam, aqui há coisa de um mês, que tínhamos uma equipa e um treinador sem categoria e que o melhor era não nos distrairmos da única coisa que podíamos conquistar (a Taça). Esses mesmos, esquecendo os argumentos de "há bocadinho", que o conjunto é demasiado jovem e não está enquadrado por jogadores experientes, etc., agora acham que era trigo limpo lutar pelo título. E tonitruam indignados que no jogo contra o Benfica devíamos ter ido para cima deles ‘que nem uns tarzões’ (como dizia o Caiado).
Confesso que, também eu, fiquei um pouco frustrado com a falta de ambição, face à evidente superioridade leonina até meio da primeira parte desse jogo; e toda a gente pensou que podíamos ter ganho com alguma facilidade. Depois, mais sereno, reflecti em que Paulo Bento é que conhece o potencial dos jogadores que tem. E, quanto a mim, tem agido bem, de um modo geral; ultimamente muito bem.
Nos últimos jogos o Sporting tem, de facto, vindo a ser uma equipa muito consistente. A personalidade do treinador tem vindo a ser bem traduzida na maneira como as coisas correm em campo. O Sporting entra “à Leão” e consegue resultados nos primeiros minutos. Continua mais um tempo a jogar bem, repito, a jogar bem, a espaços muito bem, e solidifica o resultado. Depois descansa sobre o mesmo e gere o esforço durante o resto do tempo, o que frustra um pouco os adeptos, que gostariam de ver a equipa jogar bem o tempo todo.
A excepção (parcial embora, já que tentámos fazer o mesmo durante o primeiro tempo) foi, pois, o jogo contra o Benfica, por essa equipa ser mais da nossa igualha e meter mais medo. Acho que a opção, tomada a meio do jogo, de jogar para o segundo lugar foi do Paulo Bento. Houve até um jogador (Caneira) que, em entrevista após o jogo, manifestou discordância em relação a essa opção. Ele achava que havia potencial na equipa para lutar pela vitória. Confiando embora na inteligência de Caneira e na influência que ele parece ter na equipa, confio mais no Paulo Bento. Ainda me lembro dum jogo entre o Brasil e a Itália no Mundial de 82: o Brasil (de Zico, Júnior, Sócrates, Falcão), a melhor equipa do mundo nesse tempo, atirou-se com autoconfiança para cima do adversário, mesmo depois de estar a ganhar. Foi o que a cínica Itália quis ouvir: ganhou 3-2 e foi campeã do mundo.
Escrevo logo a seguir ao jogo com o Setúbal, em que a nossa exibição foi, em determinados períodos, brilhante. Bem sei: é uma das equipas mais fracas da primeira liga, mas também a Naval levou de nós quatro secos e o Benfica só lhe ganhou, em casa, à tanja e com vaca.
Há que reconhecer, portanto, os méritos do treinador Paulo Bento, que tem mantido a cabeça fria e a capacidade de fazer o grupo dar a volta por cima em momentos de crise – no ano passado e agora. E tem também conseguido gerir o esforço da equipa.
Arriscava eu, em post anterior, “que nesta fase final da época a equipa parece ter ganho uma capacidade mental que até agora aparecia por vezes, outras vezes não”. Considerava depois um facto, “que ao longo da época tanto os jogadores como o próprio treinador ganharam uma experiência que talvez se possa agora traduzir em resultados”.
Como se diz no póquer, pago para ver.

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Sporting Trek - Episode I

A Galáxia está em perigo! A situação é grave. Não sou eu quem o afirma. É o comandante Soares Kirk hoje numa entrevista ao DN. Diz ele, sem que se lhe adivinhe hesitação no discurso, que o Sporting fica numa situação grave se o projecto de loteamento não for aprovado pela CML. Ora, sabendo nós o estado em que se encontra o dito organismo "somos" humildemente a perguntar (como se diz em linguagem de escritório foleira...) como vai ser o futuro do Sporting se a dita autorização não for dada. Bem pode o comandante Soares Kirk chutar a bola para o lado do Largo da Câmara, mas a verdade é que tudo aponta para que o Sporting seja confrontado com novos atrasos. No melhor dos cenários o projecto atrasa-se, "simplesmente". No pior dos cenários, o Sporting vai ter de esperar e alterar os pressupostos do projecto. No cenário mais negro possível, vai acabar por ter de meter o dito projecto no saco. Com eleições ou sem eleições, a solução não será para amanhã. E com eleições ou sem eleições, as reivindicações do Sporting, mesmo que legítimas e satisfeitas em tempo razoável nunca iriam significar uma solução sem espinhas. Custos somar-se-ão a custos. A menos que o comandante Soares Kirk saiba de alguma coisa que a gente não sabe...
Para já, perante o que podemos ler, a argumentação situa-se ao nível da densidade de jardins que existem na zona. Podemos, pois, temer o pior...
Uma pergunta devemos todos fazer, sem tergiversações, nem falsos fervores clubísticos: como é que os sucessivos responsáveis do Sporting, uma instituição centenária, com o peso social e financeiro que tem, deixaram resvalar o Clube para uma situação que é classificada pelo próprio presidente como potencialmente "grave"? Como pôde o Sporting chegar ao ponto de projectar hoje esta imagem, não a da instituição nobre, sólida e prestigiada que deveria ser, mas a de uma dessas empresas feitas na hora, presa de uma qualquer manobra mal calculada?
E podemos ainda legitimamente colocar a questão: tudo isto foi desleixo ou foi premeditado? Foi desleixo ter deixado o acordo com a CML em banho-maria durante sete anos, com os custos financeiros de tudo isto a atingirem as somas obscenas que atingem, ou foi de forma deliberada que se deixou a situação chegar ao ponto a que chegou para depois, quiçá, tirar da cartola (mais) uma qualquer solução milagrosa. Talvez tudo isto não tenha passado afinal de um investimento...
Eu creio que se o cenário acabar por ser o pior cá iremos estar, seguramente, para pagar a factura em nome do Clube do nosso coração. Mas, neste caso os responsáveis deverão ser entregues aos Klingons para que lhes seja aplicado o justo correctivo.
Uma última nota para uma passagem enigmática e francamente perturbante da entrevista do senhor presidente. Diz ele que espera que a Câmara delibere. E acrescenta "ou sim, ou não. Nada é pior que não deliberar."
Ou não...?! Então afinal a aprovação é vital ou não é? A situação é grave ou não é? Então há compromissos ou não? E há encargos com tudo isto ou não? Quanto custa o sim? E quanto custa o não?
Ou sim, ou não...??!

quinta-feira, 3 de maio de 2007

O clube cá do meu bairro

A questão que coloquei no post anterior gerou uma interessante troca de comentários. Pelo que percebo, por estes comentários e pelas opiniões que tenho ouvido e lido por aí, o assunto atormenta hoje muitos Sportinguistas. Ficou do último jogo a ideia de que deu aos responsáveis do Clube um ataque de "realismo". Acredito cada vez mais nessa hipótese. Garantimos os mínimos e ficámos contentes com isso. Sente-se no discurso dos jogadores, do treinador (PB tem de nos explicar porque considera infundadas as críticas à actuação do Sporting, não basta achar que somos injustos...) e, sobretudo, viu-se em campo.
Alguns, é certo, apoiam convictamente a legitimadade da opção realista. Trata-se da aplicação do velho rifão "mais vale um pássaro na mão."
A lógica subjacente a esta posição é simples: assegurada a presença directa na Champions League teremos direito ipso facto
àquele tal euro-rendimento mínimo garantido que tanta falta faz. E mais algum poderá até vir por arrasto.
Está também garantida (e este facto não é despiciendo) uma grande cobertura mediática e, ainda mais uma vez, ipso facto, uma maior exposição e consequente valorização dos jovens talentos "exportáveis" da escola do Sporting.
Parece bom. Na minha opinião não é.
Está na altura de perguntar aos Sportinguistas, que Sporting é este e que Sporting querem.
A "cultura do segundo lugar" não passa de uma versão, mais perfumada, da "cultura da manutenção".
Quando em 94 fomos confrontados com os projectos de mudança propostos pela nova direcção disseram-nos que o objectivo a alcançar era o de um Sporting campeão, com presença habitual nas grandes competições europeias. Ninguém na altura teve coragem para propôr um Sporting a lutar para ser campeão dos segundos, nem um Sporting freguês ocasional da gamela da UEFA para camuflar os desmandos de gestão. Hoje estamos reduzidos a isto: a ambição do Sporting fica-se por ser segundo e poder garantir, conjunturalmente, mais uns cobres. Mas, o presidente quer um Ferguson...
Reformas estruturais, viste-as! Blindagem contra a bola na barra foi chão que deu uva. Mas, o presidente quer um Ferguson...
Temo que com o desgaste se instale neste Sporting, em defintivo, esta cultura de 2a divisão. Que, francamente, me parece mais um objectivo da agremiação cá do meu bairro do que o de um clube que se diz e se quer grande.
Sabemos que não se pode estar sempre no topo, que os tempos são difíceis e que partimos desfalcados. Mas, este "realismo" não passa, na minha opinião, de autismo e radica na via que esta linhagem de dirigentes escolheu de promoção do divórcio entre o Clube e os seus sócios.
Lanço, aliás, um repto à actual direcção: perguntem aos sócios, olhos nos olhos, se eles se contentam com um Sporting de segunda, preparado e a aguentar-se apenas para os mínimos!
A mim, se me perguntassem se queria um Sporting a lutar de cabeça erguida sempre por um lugar de topo, ou contentinho com o segundo lugar eu não hesitaria na resposta. E vocês?