quarta-feira, 16 de agosto de 2006

A bola é redonda mas o dinheiro não tem formato

Considerava Jesualdo Ferreira um homem sério. Mas tal como um antigo primeiro-ministro o crescimento do currículo, e da carteira, falou mais alto que os compromissos assumidos.

O Boavista fez o seu papel, o papel dos pobres, e tentou sacar o máximo, fingindo perante os sócios que havia condições para manter o treinador. Todos sabiam que não, mas o futebol, ao contrário de outros negócios, ainda tem esta questão da afectividade que impede a tomada de decisões sem explicações plausíveis aos que mantém o negócio, sobretudo porque estes não são os anónimos clientes, mas, isso sim, os conhecidos associados.

O caso do Jesualdo (deveria dizer do merdas do Jesualdo) prova que os clubes Portugueses estão maduros para a próxima etapa: a cedência do controlo do capital a quem tem dinheiro independentemente da cor do clube. Nesse dia, que considero inevitável, o futebol deixará de existir.

O taxista de Barcelona deixará de dizer que não transporta adeptos do barca, pois no dia seguinte esse jogador poderá vestir, por um ou dois jogos, a camisola do seu Español.

Será o dia em que perceberá que não vale a pena ser do Español.

Será o dia em que ficarei com mais 2000 euros por ano para outras coisas que gosto.

Será o fim da história do desporto profissional.