terça-feira, 30 de outubro de 2007

E agora, Sporting?


Bem sei que a exibição da equipa contra o Fátima foi uma desgraça. A qual comprovou que o Sporting tem um plantel muito curto. Mas Paulo Bento, sabendo seguramente disto, arriscou numa equipa feita com muitos suplentes e o resultado foi mau.
Bem sei que em Roma a colocação de Miguel Veloso a central, retirando-o da posição em que vem constituindo um primeiro elemento de contenção e um bom iniciador da primeira fase de transição defesa-ataque desequilibrou a equipa: nem Veloso cumpriu bem como central, nem Moutinho rendeu como trinco. Isto reflecte, de novo, a insuficiência do plantel: na ausência forçada de Polga a equipa não encontra substituto à altura. Mas não se contratou um central, de seu nome Gladstone, que até foi convocado por Dunga para a selecção do Brasil? Não serve? Contra o Fátima não serviu: não se entendeu bem com Tonel e fez uma exibição muito má. É um facto que os dois não se entenderam, e admito que não sejam capazes de presentemente o fazer, por falta de maturidade, ou outra razão qualquer (hoje, no Trio de Ataque Rui Oliveira e Costa dizia que é por qualquer deles não saber jogar do lado esquerdo). Mas seria preferível não remeter Moutinho para o vértice inferior do losango, mantendo-o do lado esquerdo (onde poderia render mais ajudando Ronny), saindo Vucevic (que, com apontamentos de utilidade, tarda em afirmar-se inequivocamente) e entrando Paredes (mais experiente do que Adrien, que poderá e deverá, quanto a mim, começar a entrar aos poucos na equipa). Deste modo a equipa ganharia em equilíbrio entre sectores. Pois PB fez entrar Paredes exactamente quando comemos o segundo golo, solução que estava na calha com propósitos defensivos, mas deveria ter sido suspensa. Vá lá que depois PB fez entrar mais um avançado retirando um defesa. Mas esse avançado foi o cada vez mais comprovadamente incompetente Purovic (oxalá eu esteja redondamente enganado e estejamos perante um potencial Yazalde, como evoca o Pedro; mas o Chirola sabia tratar a bola, coisa que não vejo fazer a este Purovic). Voltamos a estar perante a insuficiência do nosso banco.
(Abro um parêntesis para dizer que defendi, e continuo a defender, que as contratações do Sporting tiveram esta época o mérito de ser cirúrgicas, no sentido de virem preencher as carências do plantel. O defeito está em que alguns dos contratados não vêm demonstrando a qualidade que uma equipa como o Sporting tem de exigir.)
Pois não chegou a PB o jogo de Roma para ver que aquilo assim não dava e repetiu a dose na Madeira. Com resultados igualmente nefastos.
Há ainda o caso do guarda-redes. Stoikovic tirou uns dias de férias não autorizadas e faltou a uns treinos. Quanto a mim teria de ser punido. E foi-o da maneira mais penalizante para o clube: não jogando num jogo em que, como se verificou, fez falta. Ora, PB, em vez de assumir que castigou o jogador, vem a público dizer que ele não jogou por razões técnicas, (não treinou, logo não estava em condições de jogar), o que é uma falácia que não fica bem. Tinha mesmo de o castigar para manter a disciplina do balneário, mas devia ter assumido que o castigou (já agora espero que tenha também sido punido monetariamente).
São muitos erros graves seguidos.
Os quais, no entanto, não justificam a reacção habitual de criar um clima psicológico que venha a contribuir para começar a derrubar o treinador.
Apesar de todos estes últimos erros, continuo convencido de que PB é o treinador indicado para o Sporting nesta fase da vida desportiva do clube.
Nas duas épocas em que, anteriormente, ele esteve à frente da equipa, passou por situações de crise e deu a volta por cima. Na última época essa recuperação foi de molde a recolocar-nos com a possibilidade de sermos campeões nacionais, o que só não aconteceu por um triz; e em ambas as épocas ficámos à frente dos lamps.
Paulo Bento pegou na equipa num tempo em que o clube vive graves dificuldades financeiras. O nosso orçamento é muito inferior aos dos clubes com os quais nos batemos. Gastámos em contratações menos de um terço do que cada um dos nossos dois rivais internos.
Paulo Bento continua, quanto a mim, a ser o treinador apropriado para servir o clube no contexto actual. Isto não quer dizer que tenhamos de dizer ámen a tudo o que ele diz e faz. Acabo de dar o exemplo, arrolando uma série de críticas à sua recente atuação.
Mas, na minha opinião, a obrigação dos sportinguistas é continuar a apoiá-lo e à equipa, assim estimulando o aparecimento de alegrias futuras.

Claro que joga quem o treinador escolhe, a questão é porque faz ele estas escolhas

O futebol evolui num sentido estranho.
O jogo em si passou a ser um mero episódio do negócio, perdendo o estatuto de objectivo em si mesmo. Aqui, neste nosso canto, este facto já estava consagrado há muito tempo, desde que inventaram as equipas que jogam para não descer de divisão. Não jogam para ganhar jogos. Jogam para manter um conjunto de negócios, nem sempre claros, para os quais precisam da visibilidade relativa a cada divisão em que militam. A famosa belenesização (ó Henrique como raio se escreve esta coisa que inventaste?) passa por aceitar que o nosso clube considere como inevitável deixar de ganhar. Nesse sentido, louvo os adeptos que foram pedir explicações à equipa e ao Paulo Bento. Eles não se resignam. Em Portugal, porque na UEFA, jogamos para não descer!

O facto de o jogo ser um mero episódio no processo industrial do futebol, faz com que haja blogues, como este, em que se analisa, à laia de uma moderna conversa de café, a gestão dos clubes respectivos (dos outros nem sei porquê, porque parece que não gerem nada. Só geram dinheiro em condições obscuras). É nessa óptica que faz sentido, na minha muito modesta opinião, olhar para as escolhas do treinador. Porque elas reflectem a persecução de uma política.

A minha questão não é, portanto, uma pergunta de treinador de bancada (e muito menos de PES ou CM). É uma pergunta sobre a política de gestão do nosso principal activo (ou melhor do principal activo da Sporting SAD) – o plantel (que é um termo que me irrita, mas enfim).

Fizemos os investimentos que fizemos. Como se trata de pessoas com culturas, práticas, alimentação, ritmos e línguas diferentes, há que dar tempo à sua adaptação (não é conversa, ainda ontem alguém referia, muito bem, que o BCP, no qual, infelizmente, o SCP não tem nenhum pai levou anos para que todos os colaboradores vindos dos bancos adquiridos se aculturassem).

Há quem, como eu, acredite que muitas mudanças ao mesmo tempo não dão resultados. Mas um jogador, mesmo em fase de adaptação, deve responder minimamente quando é chamado à equipa. É para isso que é convocado. Se não serve para substituir que faz ele no banco? Ou entrar na segunda parte é menos mau que entrar no início?

Nesta minha lógica da batata ninguém me tira da ideia que há questões extra jogo que determinam a convocação de jogadores para o banco, mesmo quando os efectivos não jogam!

Reforços de inverno

Fala-se muito de reforços de inverno. Mas, parece que é o Sporting que vai forneceer os reforços aos outros clubes...
Ouvimos falar da saída quase certa de Miguel Veloso, da possível saída de Liedson e, para além destes, podemos certamente contar com aquelas surpresas de última hora que ocorrem neste Clube da nossa tristeza. Estes ou outros irão certamente reforçar mais um grande emblema da Europa do futebol. Ao Sporting restar-lhe-á lutar por um lugar europeu, o que tendo em conta a fulgurante época a que estamos a assistir até agora não se afigura tarefa fácil.
As receitas da venda dos jogadores principais do plantel do Sporting irão, claro está, reverter a favor da redução de um défice gerado por esta visão empresarial delirante e espasmódica que tem caracterizado as direcções do Sporting de há anos a esta parte.
Se as gameboxes já não se venderam, como pretendiam os seus promotores, na altura em que o Sporting estava "em alta", vamos ver o que irá suceder quando/se o Sporting for afastado das competições em que está envolvido este ano, sem jogadores e remetido para o lugar garantido pela inexorável média dos últimos anos.
Com esta filosofia dos reforços só a custo zero, com as receitas também a zero e com a debandada dos nosso melhores jogadores, este ano é que ninguém nos pára!