sábado, 9 de setembro de 2006

A questão moral

Hoje o problema que apoquenta o futebol português (quero-me ficar, por agora, pelo futebol português...) é o da mais absoluta falta de quaisquer princípios morais. Os factos que têm vindo a lume nestes últimos dias (quero-me ficar, por agora, pelo futebol português...) assim o indiciam.
Não é a moral que orienta a actuação dos agentes deportivos. Não é a procura da virtude que está na base da tomada de decisões. Não é o simples princípio do agir segundo dita a consciência que está certamente na base das declarações e manobras de dirigentes, jogadores, árbitros e governantes que vemos e ouvimos desde há muito tempo. Não é a ânsia em fazer o que é correcto que orienta as acções e comportamentos de uma parte não despicienda dos adeptos.
Não!
Quando analisamos tudo isto depara-se-nos um panorama verdadeiramente assutador e o mais das vezes sentimos vergonha por aquilo que se passa à nossa volta (quero-me ficar, por agora, pelo futebol português...) O futebol português perdeu, como dizem os japoneses, a face, contudo isso não parece preocupar a maior parte das pessoas. Ora, o que comanda toda a nossa vida é, justamente, a moral. Sem ela tudo o resto (tudo o resto!) deixa de ter importância. Sem ela nada (nada!) nos diferencia das outras espécies animais.
Vem isto a propósito de um post meu anterior sobre o que é ser Sportinguista e de um comentário que foi feito a um outro post meu sobre a existênciaou não de telhados de vidro no nosso Clube relativamente a estas matérias. Creio que sobre isto tudo vale a pena deixar aqui uma nota mais.
Eu quero crer que o Sporting se ditinguiu sempre dos demais clubes por cultivar a adopção de uma postura moralmente irrepreensível. E quero crer que foi essa postura que esteve na própria génese do Clube. Entretanto, foi esse seguramente o factor de atracção de uma grande parte da massa adepta e associada ao Clube ao longo destes cem anos. Tornámo-nos Sportinguistas porque, simplesmente, temos princípios, em contraste com os adversários para quem tudo isto é uma questão menor ou mesmo totalmente ignorada. Somos Sportinguistas e aprofundámos o nosso Sportinguismo porque temos princípios numa terra e numa sociedade que vê os princípios vaporizarem-se perante a voragem dos tempos. E mantemo-nos Sportinguistas porque o Sporting é um Clube onde o que conta acima de tudo é esta cultura dos princípios.
Perante tudo o que se passa no futebol português (quero-me ficar, por agora, pelo futebol português...) e perante o postura de silêncio que o Clube adoptou relativamente a tudo o que de há muito tem vindo a lume sobre os variados processos em que estão envolvidos os diferentes agentes do futebol português, eu temo que esse silêncio possa querer dizer uma de duas coisas. Ou os dirigentes estão conformados e já lhes é indiferente tudo aquilo que se vem passando, ou, nada disto lhes é indiferente e apenas estão aguardando a oportunidade de poderem comer do mesmo caldeirão. De qualquer modo, é patente que há um indiferença pouco tranquilizadora perante a enorme confusão que hoje reina.
Preocupa-me tudo isto porque se a questão moral deixou de ser o factor que move os Sportinguistas isso quererá dizer que o Clube mudou. E, das duas uma, ou mudou porque está a ser mal dirigido, ou porque os Sportinguitas (já) se passaram a rever na aparente indiferença ou no possível oportunismo dos seus dirigentes.
Se os meus temores são infundados estará então na altura de os Sportinguistas pensarem sobre a questão moral, sobre ela se pronunciarem e exigirem uma posição oficial.
Esta é talvez a grande questão que define o que é ser Sportinguista hoje e que baliza o Sporting do futuro.