quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

O terreno de jogo

Só por distracção, ingenuidade, desconhecimento e, eu diria até, por má fé é que se pode ignorar que o jogo de futebol se joga a toda a largura do terreno. E joga-se também dentro e fora dele.
Já insisti inúmeras vezes neste ponto, mas reitero-o aqui mais uma vez porque a minha paciência é infinita...
O sucesso desportivo (o objectivo de um Clube como o SCP) e o consequente desafogo financeiro só podem resultar da conjugação de três factores: equipa (atletas e técnicos) talentosa, sócios e massa adepta profundamente envolvida e administração competente. Com todos empenhados e em perfeita sintonia, no espírito da velha máxima dos mosqueteiros "Um por todos, todos por um!"
Tudo isto requer uma perfeita e assumida hierarquização, uma assunção clara dos papéis a desempenhar e uma fé inabalável na força colectiva. Nenhum destes factores pode prevalecer sobre os outros. Ninguém pode fraquejar.
Qualquer exemplo de sucesso desportivo no mundo do futebol, revela na sua origem, de forma mais ou menos clara, isto que disse. E, creio que é legítimo dizer-se, estes factores são condição sine qua non para alcançar o sucesso.
Ora, no Sporting há muito que não se vive um clima assim. Há já muito tempo que a única máxima que se pode perceber é "tudo ao molho e fé em Deus"! A todos os níveis e em todos os sectores de actuação, dentro e fora do terreno de jogo. O Sporting é uma sombra decadente do que foi e a sua grandeza é passado.
Neste momento não há uma liderança sólida, nem credível. Não se descortina qualquer espécie de desígnio. Não há projecto, não há dedicação, não há valores, não há sucessos, Não há decoro!
Há, sim, uma simples caça ao níquel e um abuso sem limites!
E um longo rol de imperdoáveis derrotas.
Os episódios que acontecem com e no Sporting, esses sim, de forma recorrente desde há anos e anos, sem que se vislumbre qualquer tentativa de lhes colocar cobro, sem que se perceba capacidade de liderança para os obviar ou estancar sem apelo na origem, revelam apenas o enorme (o enorme!!) desnorte que reina pelas bandas de Alvalade.
Mas a confusão parece oferecer grandes oportunidades aos volframistas da bola... Temos pois, em contrapartida, um Clube que é pasto para inomináveis manobras de exorbitância de atribuições e de atropelo das mais elementares regras de qualquer agência colectiva idónea. À custa de quê e ao serviço de que amos? É coisa que todos gostaríamos certamente de avaliar com detalhe.
Só, repito-o, por ingenuidade, desconhecimento, ou má fé se pode pensar que o estado a que o Sporting chegou se deve a outras razões que não estas que expus. E só por essas razões poderemos compreender que haja quem desculpe, faça vista grossa ou pactue mesmo com os episódios que com regularidade somos constantemente brindados nesta triste telenovela em que se tornou o SCP.
O terreno do jogo do Sporting é muito maior que o pequeno rectângulo onde os jogadores jogam. E de forma muito perceptível o jogo fora do terreno influencia o jogo dentro do terreno.
Não é de hoje. É muito claro. Só não vê quem não quer...