sexta-feira, 9 de maio de 2008

Maquilhagem ou justiça

Parece mais que óbvio que o "ordenamento" jurídico desportivo português, bem como as instâncias que o têm de colocar em prática, necessitam de uma varridela de cima a baixo. Em matéria de justiça desportiva, são claras as incongruências da lei e a inocuidade das instâncias jurídicas que a têm de aplicar. Nesse sentido, e independentemente do modo como vier a evoluir toda a situação que hoje foi despoletada pelas punições decretadas pela Comissão Disciplinar da Liga, o futuro pode apesar de tudo vir a ser diferente.
Duas coisas parecem certas no meio de todo este bruá. Por um lado, houve mesmo casos factuais de ilícitos. Mas, por outro lado, os regulamentos parecem conter alçapões por onde os factos podem vir a "desaparecer", ou, pelo menos, podem permitir que as medidas punitivas correspondentes aos ilícitos provados venham a ser amortecidas.
Se a lição for aproveitada e se houver de facto vontade de mudar o panorama actual, no futuro, a ilícitos provados corresponderão, inequivocamente, as medidas sancionatórias adequadas, aplicadas em tempo útil, sem apelo nem agravo. A bem do desporto e do futebol em particular.
Sem esta reforma profunda o que hoje foi anunciado arrisca-se a não passar de maquilhagem, nada que um bom desmaquilhante não trate...

Unidade e geração

Tenho lido algumas posições nos blogs directa ou indirectamente relacionadas com a questão da unidade Sportinguista. Recentemente JG no Rugido Leonino e Verde CDV no Sangue Leonino abordaram o tema. Estou de acordo: a unidade dos Sportinguistas é sagrada! Já tive a oportunidade de escrever aqui no KL, por diversas ocasiões, sobre este tema, analisando-o de diversas formas.
O tema da unidade não parece ser problemático para a maioria dos Sportinguistas. Somos um Clube, o clube chama-se Sporting, somos Sportinguistas, portanto, somos um. Acabou-se!
Vai-se a ver e a coisa não é assim. É muito mais complicado, como de resto tudo na vida. E o tema até é bastante discutido, embora de forma transviada. É que associada à questão da unidade está implícita a questão do divisionismo. A unidade não se discute, não se coloca em perigo, divisionistas são todos aqueles que ousam exprimir uma ideia que contradiga a paz podre em que vive no Sporting. Falar em divisionismo é pois uma forma (fácil) de exprimir ideias sobre a unidade. Raciocínio perigoso e inaceitável este que remete para os contestatários o peso de atentarem contra a unidade dos Sportinguistas.
Mas, eu pergunto ao Verde CDV, ao JG e a todos os outros: quem são os causadores do atentado? Somos nós que colocamos em voz alta as nossas objecções, ou são aqueles que atentam por todos os modos contra a nossa independência, imaginando que um reparo significa vontade de poder? Somo nós que exprimimos os nossos pontos de vista porque nos preocupamos com o Sporting, ou os indiferentes? Somos nós que contribuímos com as nossas sugestões e críticas ou aqueles que ameaçam, caluniam, silenciam ou boicotam a democracia leonina?
A unidade não é um conceito abstracto. A unidade é um conceito concreto que se forja no dia a dia do Clube, por todos: pelos dirigentes e pelos associados que lá os colocaram. A primeira obrigação de um dirigente é cultivar a unidade, não afrontar os associados. Não há associados "uníveis" e associados "tresmalhados". Como não há associados de charuto e associados de beata. O discurso da direcção é manifestamente um discurso que não apazigua, que estremece e não raro afronta e provoca, dando a entender que, para ela, o Sportinguismo é uma qualidade que vem do berço e que dirigir o Sporting é um desígnio atribuído por direito divino.
Felizmente há blogs... Há um administrador da SAD que exprimiu em tempos sobre os bloguistas uma opinião que talvez lhe venha a cair um dia em cima. Errou por dois motivos. Caluniou, esquecendo que os bloguistas do Sporting estão na razão directa do défice democrático do Sporting. Fossem os dirigentes do Sporting correctos na sua actuação e os bloguistas não teriam talvez razão de existir. E caluniou, errando segunda vez, porque a nova geração de Sportinguistas, onde se inclui a grande maioria dos bloguistas, sabe muito bem o que quer, tem espírito crítico e exige participação. Não se contenta com este estatuto de apêndice incómodo do Sporting que é a forma como os actuais dirigentes encaram os adeptos e, sobretudo, os sócios. Esta nova geração de Sportinguistas, os sócios que serão os nºs 20s e 30s daqui a 50 anos, aquela que vai conduzir o Clube no futuro, a geração dos 500 €, que não tem dinheiro para ir à bola, não se limita a abanar a cabeça como aqueles cãezinhos que se vêem nas traseiras de alguns carros. Olhem para as iniciativas que neste momento animam o associativismo verde e branco e tomem atenção aos seus mentores...