terça-feira, 10 de julho de 2007

Ricardo


No momento em que escrevo este post não tenho confirmação oficial sobre o futuro de Ricardo. O mais certo parece ser a sua partida do Sporting e do futebol português.
Independentemente de ficar ou não, o Ricardo é um guarda redes que merece uma palavra de elogio. Sei que há leitores do KL que não concordarão comigo, mas na minha opinião é um jogador que vai fazer grande falta ao Sporting e ao futebol português. É triste --e torna todo este processo ainda mais inexplicável-- que por detrás desta saída de Ricardo do futebol português esteja, aparentemente, a questão do aumento da incidência fiscal sobre os ordenados dos jogadores. Tudo isto é triste.
Há qualquer coisa de chocante, de injusto e até de caricato nesta actuação da máquina fiscal em relação ao futebol. Face às dificuldades que o futebol enfrenta actualmente o Estado parece ter encontrado a solução ideal: aumentar as dificuldades.
Lá estarão, certamente, estes ou os governantes que vierem a seguir, pendurados nas tribunas dos estádios para aplaudir os jogos do Ricardo pela Selecção. E os adeptos do Bétis para o aplaudir no resto dos jogos. O Sporting, esse, fica mais pobre.

Os clubes hoje

Apanho por acaso um programa que faz um retrato do que foi o Cannes Lions 2007. Entre as conferências incluídas nesta edição do festival, destaca-se uma de Bobby Charlton sobre o Man. United. Ouço-o dizer perante uma plateia de gente da publicidade que os clubes têm de ser geridos numa perspectiva empresarial. Ouço-o dizer também que a bitola para esta gestão são os adeptos. Ouço-o dizer ainda que no Manchester se trabalha duramente para fazer os adeptos felizes. É por isso, certamente, e não por qualquer outra razão mais ou menos fantasista, que o Manchester é, como se sabe, um dos maiores clubes do mundo. O Manchester United é uma máquina de produção de felicidade.
Os clubes são hoje o que sempre foram: associações de pessoas unidas por um ideal desportivo. Geridas numa perspectiva empresarial ou geridas com os pés os clubes são associações de pessoas...
Tenho muitas vezes a sensação que no Sporting não se trabalha duramente para tornar os Sportinguistas felizes e que estes não são a bitola pela qual se orienta a gestão do Clube. Tenho mesmo a nítida sensação que se os adeptos não desatassem, volta não volta, aos gritos e aos assobios (uns gritos e assobios que significam "olhem que a gente está aqui, para o caso de ainda não terem reparado em nós...") eram totalmente negligenciados.
Como no Manchester United é assim e como se sentiu sempre uma enorme pressa em copiar o Manchester, pode ser que a moda um dia pegue...

Transferências

Bem sei que isto é verão, que anda tudo a meia nau (até as eleições para a CML... ainda ninguém abordou a questão do Sporting!) e que até há factos positivos neste defeso do Clube. Mas, caramba!, há coisas que continuam a fazer-nos uma grande confusão e que precisam de uma explicação muito clara, sob pena da gente ter que ficar a pensar o pior...
A notícia de hoje é a transferência do Pepe para o Real Madrid. Não se trata de uma transferência para clube menor, nem o valor para ela anunciado uma banalidade. É um recorde para um defesa. Ora, o Pepe passou pelo Sporting, salvo erro, duas vezes. Não encontraram forma de o segurar. Acabou no Porto, onde deu nas vistas, e o clube encaixou agora com a sua transferência uma nota preta, semelhante à que obteve com a transferência do Anderson, que era, lembremo-lo, considerada excepcional. Aliás o Porto encaixa com as transferências deste ano (e vamos ver se a coisa fica por aqui...) uma maquia muito considerável.
O que eu pergunto é simples: porque não ficou o Pepe no Sporting, ele que, pelas declarações que proferiu na altura, até parecia querer ficar? O que falhou neste processo? Quem falhou neste processo?
Na minha leitura de tudo isto, trata-se de uma pesada derrota para a SAD. Lembro que estamos a falar de 30 milhões de euros e que em nome da redução do passivo houve e há encaixes não realizados, de valor bem menor, que nos foram choradamente apresentados como uma verdadeira catástrofe. Em que ficamos?