sexta-feira, 6 de outubro de 2006

FC Barcelona


A notícia já tem um mês, mas só agora tomei dela conhecimento. Creio que merece um destaque muito especial aqui nas páginas do KL.
O Barça firmou uma aliança com a UNICEF. Como resultado desta aliança o FC Barcelona irá prestar apoio financeiro (no valor de 1 milhão e quinhentos mil euros), através da sua fundação, a projectos por todo o mundo, em especial, àqueles que ajudem a proteger crianças em locais onde surjam crises humanitárias, ou onde o fenómeno da SIDA esteja a aumentar.
Se bem que tenha patrocinadores, nas camisolas do Barça nunca se viu, como é sabido, nenhuma referência a esses patrocínios. Numa altura em que os clubes de futebol se esgatanham para arranjar patrocínios pintados no mais alto pilar dos seus santuários, que lhes permitem alimentar todos os devaneios, desportivos e para-desportivos; em que toda a gente que se envolve neste universo perverso se coloca em bicos de pés para parecer maior do que é na realidade; numa altura em que se vê tanta gente a sugar o tutano do futebol, não dando nada (NADA! ZERO!) em troca; numa altura em que os únicos "valores" que contam são os nominais, mobiliários ou imobiliários; numa altura em que a palavra escândalo aparece rabiscada por todo o edifício do futebol, nesta altura precisa é bom ver que há afinal outros caminhos possíveis. O Barça paga para ostentar a sigla UNICEF nas suas camisolas!
Não creio que haja jantares de borla, nem dirigentes cândidos, puros e inocentes, sobretudo no universo do desporto, e em particular o do futebol, mas, ao mostrar a sigla UNICEF nas suas camisolas, o Barça dá um contributo corajoso e eloquente para mostrar que existe alternativa a esta pandemia de bandalheira e a este inexorável caminho em direcção ao caneiro que hoje parecem ser as únicas vias que o desporto em geral e o futebol em particular percorrerem.
Sempre nutri uma simpatia muito especial pelo FC Barcelona, devo confessar. Se não fosse do Sporting seria quiça do Barça. A sigla UNICEF presente nas camisolas do Barça mostra que, mesmo nos moldes actuais de enorme pressão financeira, é possível não ter de vender a alma ao diabo para apoiar o nosso ideal desportivo.

Imprensa desportiva: uma boa ideia

Aqui há dias um dos membros do "Biqueirada" (não é fixação...) chamou a atenção, num daqueles raros momentos sérios que o programa tem, para o facto de lhe parecer que o jornal Bola se estava a transformar no orgão oficial de um determinado clube (de cujo nome, como sabem, nunca me consigo lembrar, mas cuja sede fica ali para os lados do C. C. Colombo...). Os momentos sérios do "Biqueirada", justamente porque são raros e surgem num contexto contrastante, adquirem um peso significativo. Permito-me, aliás, chamar a atenção dos "biqueirantes" para o facto de o efeito destes momentos sérios ser demolidor!! Quando quiserem de facto arrumar com alguém, falem a sério! Não abusem dos momentos sérios, porém e atirem só para matar!
Mas, falava de jornais...
Infelizmente, não é só a Bola que merece ir para o quadro de excedentários. Nenhum outro orgão de informação desportiva escapa à crítica. Ainda hoje tivémos mais um exemplo com o Record e o seu "dossiê" sobre as finanças do Sporting. Uma manchete bombástica, uma foto de FSF na primeira página empunhando um suposto mapa de tesouro e facilmente se concluiria que estaríamos perante revelações escaldantes de grandes e espetaculares novidades. Afinal, lido o artigo ficámos todos na mesma. Mas, ninguém aparece na primeira página de um jornal, mesmo uma folha de paróquia como é o Record, sem um qualquer propósito e este "dossiê", caído nesta altura, assim, do céu aos trambolhões, há-de ter água no bico...
Muitos outros exemplos permitem demonstrar o total descrédito da imprensa dita desportiva portuguesa. Ainda há dias se falou aqui no KL de vários outros, também do Record. Para além das "encomendas", a forma como passaram ao lado de problemas de enorme importância como o processo "Apito Dourado", por exemplo, a arrogância com que o fazem, a forma como tratam o fenómeno desportivo em geral, a falta de isenção, de capacidade de análise, a falta de atenção escandalosa que demonstram em relação aos outros desportos que não o futebol, a sua enorme e generalizada falta de qualidade, enfim, chegam para fazer da imprensa desportiva algo que nos remete mais para o universo dos jornais de promoções dos supermercados que nos enchem as caixas do correio do que para o universo da Comunicação Social.
Interrrogado uma ocasião sobre o que achava da "civilização ocidental", Gandhi respondeu: "acho que seria uma boa ideia!"
Estou como ele... Imprensa desportiva portuguesa?! Acho que era uma boa ideia.