domingo, 29 de abril de 2007

Claques

A questão das claques invade de vez em quando as agendas dos meios de comunicação. Ultimamente temos estado a assisitir a uma nova vaga. Toda a gente se pronuncia sobre este tema, mas parece claro de há muito que quanto mais artigos de opinião e divagações sobre o assunto surgem, mais longe ficamos da sua resolução e mais o problema se torna... problema.
O modo como tudo isto foi até hoje tratado é deplorável. As declarações inócuas do presidente da Liga Profissional de Futebol, os silêncios dos clubes e da Federação, a inoperância das autoridades, as opiniões dos "peritos", a ausência de medidas do governo e a incompetência e a necrofagia habituais da imprensa povoam a paisagem do "problema das claques".
A propósito do papel da imprensa vejam o exemplo seguinte. Em dia de derby o assunto é manchete em dois jornais. O Público diz com grandes toques de clarim que não há pessoas a quem tenha sido imposta a proibição de entrar em estádios de futebol. O JN diz que há seis pessoas proibidas de entrar em estádios... Em que ficamos?
Os incidentes sucedem-se, os culpados eclipsam-se ou nunca são pronunciados, os responsáveis oficiais empurram-se uns aos outros, a especulação e a falta de rigor informativo servem para vender papel, enquanto o país, atónito, assiste a tudo isto sem perceber muito bem o que está em causa, que medidas reclamar e a quem exigir responsabilidades. O derby não pode fazer esconder a verdade: hoje há uma imensa maioria que não mete os pés num estádio de futebol porque não é um local seguro.
O problema das claques espelha bem o modo como se resolvem os "problemas" em Portugal e o estatuto especial que o universo do desporto parece gozar.
Decidam-se lá: isto é um assunto para resolver, ou, pelo contrário, é para continuar a alimentar por forma a vender mais "notícias" e a dar mais tempo de antena a uns figurões incompetentes ou coniventes com tudo isto?