domingo, 27 de agosto de 2006

Avançado, precisa-se!

O acontecimento da venda de Deivid é, de facto, preocupante.
Mas, quanto a mim, não por causa do Deivid. Antes dos dois últimos jogos dele pelo Sporting eu achava (e nem era só eu; ver aqui o post de 6/8) que, quando ele jogava, o Sporting jogava com dez. A ponto de me interrogar sobre se a melhoria dos últimos dois jogos não se deverá ao facto de já haver conversações para a sua transferência e de ele querer “apresentar serviço” ao agora novo patrão.
Não concordo que se analise a questão partindo do princípio de que o Conselho Directivo age sempre mal. No futebol, meio em que, como dizia esse grande filósofo destas coisas agora a contas com a justiça, “o que é verdade hoje, é mentira amanhã”, não há certezas. Por isso, sem o afirmar a pés juntos, apenas digo que parece que, desta vez, o Sporting fez um bom negócio. Um jogador que custou 3,5 milhões e se vende por 6, após uma época e tal em que não convenceu, é um bom negócio. Além disso o assunto foi tratado com uma discrição inusual: só se soube do caso depois de ultimado o negócio!
O que é preocupante é que o lote de avançados com que ficamos não dá garantias de chegar para as encomendas. Tirando a indiscutível qualidade de Liedson, temos um Bueno que, até agora, se mostrou ainda pior que o Deivid, um Douala cuja incrível velocidade tarda em ser aproveitada e em relação ao qual parece haver algumas reticências por parte do treinador, o que o trará insatisfeito.
Resta Yanick, um miúdo que tem mostrado querer e potencial, mas que está ainda muito verde.
Em resumo: temos de gastar o lucro (de preferência apenas uma sua parte) desta transacção nas compras.
Avançado, precisa-se!

Devia ser dos óculos...

Vejo mal ao longe e as minhas lentes já não me permitiam ver muito bem, por exemplo, o que se passava em Alvalade nas zonas mais afastadas do meu lugar. Recentemente corrigi a graduação das lentes. Ontem estreei, finalmente, os meus novos óculos em Alvalade!
Deve ter sido por isso —por já há tempo não ver com completa nitidez o que se passava em campo— que sempre me pareceu que o Deivid era um elemento fora do baralho na equipa. Parecia-me que falhava escandalosamente, não se movimentava como devia e o seu papel no seio do colectivo era pouco mais do que de embrulho. Parecia-me...! Era certamente dos óculos, porque ontem o Deivid apareceu, de súbito a jogar, nitididamente, melhor. Nunca o tinha visto assim: desenvolto, rápido, possante, atrevido! E fez mesmo uma coisa que nunca tinha feito, salvo erro, desde que chegou a Alvalade: marcou dois golos no mesmo jogo!
Bendito oftalmologista, pensei eu...
Afinal, hoje fomos surpreendidos (digo, "fomos", nós que para mal dos nossos pecados fazemos parte daquele grupo que se deixa ainda surpreender...) com a notícia de que o supracitado Deivid afinal vai ser transferido do Sporting, o 32º clube do ranking da UEFA, para o Fenerbahçe, um clube turco classificado no 89º lugar desse mesmo ranking. Ambição? Oportunidade? Destino? O apelo da Nova Lira Turca? O fastio do Euro? O passo lógico que se segue na carreira de qualquer atleta desta craveira? Quem sabe o que levou Deivid a mudar, preferindo ir mostrar noutras paragens aquilo que os meus novos óculos revelaram que, afinal, é capaz...
Há aqui, de qualquer forma, um problema. Se está em Deivid ou no Sporting eis uma questão que não seria despiciendo analisar. Cheira-me que a margem de manobra concedida aos jogadores para seguirem os seus humores particulares tem sido bastante grande. Este é em todo o caso um acontecimento preocupante...