segunda-feira, 5 de dezembro de 2005

Gestão amadora

Depois da desempoeirada e saudavelmente descomplexada exibição que o nosso Sporting, lá fui eu no sábado comprar um jornalito desportivo para acompanhar a bica matinal e o croquete, ali na Cristal.
O Record vinha com uma revista chamada “Dez” onde o Mourinho escreve um artigo com o título Hotel Chelsea (toma lá ó Leonard Cohen…).
Dois temas chamaram-me a atenção na crónica semanal do Mourinho em que o Sporting dominou os seus comentários.
Num, a referência muito positiva ao comportamento do Paulo Bento (mesmo sem saber do resultado e exibição nas Antas), elogiando-lhe a honestidade e a frontalidade para assumir os desafios e a coragem com que tem gerido a disciplina no caso Liedson.
Noutro ponto, colocando em causa a competência da gestão da SAD a propósito do aparecimento do Nani.
Diz ele que um dos objectivos de qualquer clube com a dimensão dos Portugueses é criar talentos nas suas escolas para depois os vender criando mais-valias.
Ora ele lembra, e bem, que poucos clubes no mundo têm sido tão bem sucedidos nesta matéria; lembremo-nos que em menos de 10 anos produzimos o Simão, o Quaresma, o Hugo Viana e o Cristiano Ronaldo, todos eles vindos das camadas mais jovens e vendidos por valores sempre na ordem dos milhões de contos.
Pergunta-se ele, e com razão, que gestão é esta que produz mais valias deste calibre e depois não consegue apresentar contas estruturadas (de que os últimos casos são apenas mais uma demonstração) e resultados financeiros sólidos.
Temos que nos perguntar também o que se passa. Se produzir um jogador de 2 ou 3 milhões de contos de 2 em 2 anos não chega para sustentar o clube, que raio haveremos de fazer?
Que despesas justificam este descalabro (num clube que se orgulha de ter uma massa salarial baixa para a média dos clubes do seu estatuto)?
Se temos as melhores afluências de público da Super Liga, se temos a melhor taxa de êxito na venda de lugares anuais, se temos a melhor e de longe mais rentável escola de formação do País, e nada disto chega, para onde é que vamos?
Se cumprimos todos os objectivos financeiros do ponto de vista das receitas e até excedemos as expectativas com a arte de inventar estrelas, como é que chegamos a este ponto?
Se apesar de tudo isto há dívidas ao fisco e necessidade de venda de património e urgência de encontrar presidentes mecenas, não estará o problema na gestão amadora das finanças do clube?

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