quinta-feira, 21 de setembro de 2006

O papel dos jornais desportivos segundo o director do "Record"

Aproveito a onda lançada pelo ZDQ e o peito inchado pelos agradecimentos do Biqueirada ao post do nosso grande Master, para lamentar o facto de ser leitor do Record há cerca de 14 anos consecutivos! É que o Jornal está cada vez pior e desde que é dirigido pelo sr. Alexandre Pais está, de facto, mau.

O director do “Record” tem uma coluna diária, “Passe Longo”, à qual pouco ligava até à passada segunda-feira. Desde esse dia reparei que a evidente perda de qualidade do jornal é indissociável do seu principal responsável, o qual ainda vai naquela cantiga que desde que falem de nós, mesmo que para dizer mal, é bom sinal.

Este é, portanto, um excelente post para o "Record"

Para escrever este post resolvi voltar atrás e ler a crónica de Domingo, exemplar mais antigo que tinha à mão. Gostava de perceber a mensagem nele contida, mas confesso a minha incapacidade para tal.

No já referido artigo de segunda-feira, Alexandre Pais diz que “João Ferreira borrou a pintura (…) logo ele um dos apitadores preferidos por quem pode dar-se ao luxo de preferir – só por ser um homem sério. Aliás, o Sporting foi prejudicado apenas porque o árbitro não viu a mão de Ronny. Lembro que, na semana anterior, Ferreira expulsou 3-futebolistas-3 do Benfica, pese a pressão a que estava sujeito. Sei do que falo. Sou do tempo em que era um trinta-e-um para se expulsar um jogador do Benfica ou do Sporting – quanto mais três… A validação do golo do Paços foi um erro, nada mais. Voltará a acontecer.

É ou não de pasmar? Num só artigo o “Record” consegue comparar a validação de um "golo" "marcado" com a mão e a expulsão de jogadores que cometeram, no mínimo, faltas graves (desportivas ou educacionais). Não contente, retira a ilação extraordinária que as coisas estão melhores uma vez que os dois clubes de Lisboa já não mandam no futebol como querem. Quererá o “Record” dizer que sempre foi fácil expulsar jogadores do Porto? Ou será que quer dizer que, pelo contrário, esses ainda são difíceis de expulsar?

Resumindo volto a ser incapaz de perceber a mensagem!

Na terça-feira Alexandre Pais começa com uma daquelas referências irritantes tipo “vocês sabem de quem eu estou a falar”. Concretamente, escreve “Dois pequenotes da luta armada não gostaram de ler nesta coluna que o Record jamais será brigada vanguardista, e muito menos persecutória e esquizofrénica, da luta contra agentes do futebol que se portem mal.” Para alem do mau gosto de não ter a coragem de chamar os visados pelo nome, Alexandre Pais diz que o “Record” nunca escreverá coisas como “(…) não sei se estava “feito” mas a grande penalidade que dá o empate ao Leixões é anedótica (…) E há quem diga certos árbitros deviam guardar o apito. Dourado? Esse apito é que me dói.[1]

Persecutório? Não! - Verão, seguidamente, que é o relato independente de um jogo

Porque no mesmo artigo Alexandre Pais diz que é aos jornalistas de outro tipo de jornais que compete denunciar o crime. Diz mesmo que os leitores do “Record” “preferem desporto e reconhecem a outros títulos maior competência na área criminal.
Aqui é que eu não posso perdoar! Então o director do “Record” acha que falar dos casos de corrupção no desporto nada tem a ver com…. O desporto? E acha que os seus leitores não querem saber disso para nada?

Pensavam que não podia piorar?.......

Quarta-feira: “Andamos todos voltados para o futebol e só se um Obikwelu, uma Vanessa ou um Emanuel nos atirar com uma medalha à cara é que reparamos que há mais desporto para além da bola.” Depois escreve umas baboseiras, parvoíces mesmo, que os “justiceiros do apito dourado” talvez sejam responsáveis pela não divulgação dos outros desportos.
É a loucura! O “Record” que só quer falar de desporto, que acha mal só se falar de futebol....só fala de futebol. Mas por culpa de outrem.

Ele não dirige o Jornal, vai lá ver uns amigos!

Hoje Alexandre Pais, que não escreve senão sobre desporto, que não escreve sobre os “casos” do desporto, diz que o Presidente do Gil Vicente não entende que perdeu e insiste na tese do beco sem saída.

Confused? You won’t be after the next episode of…… “Record”

Mas, para lá desta falta de pudor que se diz o que não se diz e que não se diz o que se diz, há mais jornal para além da coluna de Alexandre Pais.

O Jornal que só escreve sobre desporto, que tenta resistir à tentativa dos justiceiros em impedir que se fale nos outros desportos, teve azo de tomar algumas decisões coerentes com a sua perspectiva. Na mesma semana reservou as páginas centrais do seu jornal ao jogo do Arouca! Jogo de futebol, não vá haver quem pense que é uma tentativa de rasgar a nuvem dos justiceiros. É verdade que na edição de hoje dedica uma grande % de um página, a 35ª, ao jogo da selecção feminina de basquete....

Hoje voltei a comprar “A Bola” jornal que tinha abandonado porque apoia descaradamente os coisos e, sobretudo, porque numa “modernização” do seu estilo provocou o pior efeito que eu posso sentir num jornal: falta de empatia pelo seu grafismo. “A Bola” dedica ao mesmo jogo da selecção feminina de basquetebol 3 páginas. 2 delas as centrais! Pode ser coincidência, pois como disse não a tenho lido. Mas parece-me que, no que diz respeito a falar de outros desportos, um escreve e o outro faz!

Infelizmente no que diz respeito aos assuntos tristes no desporto, ambos ficaram para trás!

Deixam, nas palavras de Alexandre Pais, o assunto a quem é especialista.




[1] Hélio Nascimento na mesma página da mesma edição do “Record”

2 comentários:

  1. A ideia de pedir a repetição do jogo Sporting-Paços de Ferreira, que é defendida pelos juristas da SAD do Sporting, é mais um episódio destinado a entrar no anedotário bem recheado do grande pântano em que vive o futebol português, à semelhança do célebre luto sportinguista decretado há uns anos pelo ex-presidente Dias da Cunha.
    Infelizmente, nos últimos 25 anos, a história do futebol português está resumida a títulos do FC Porto, entremeados com títulos do Benfica enquanto andava por lá Fernando Martins, o grande amigo de Pinto da Costa em Lisboa.
    Para o Sporting, que investiu como ninguém em grandes equipas e em grandes treinadores, ficaram três campeonatos e umas taças sobrantes, conquistados em anos de crise e distracção dos controladores.
    Nos anos 90, o Sporting ganhou uma Taça de Portugal e uma Supertaça porque tinha mesmo uma grande equipa, o mesmo acontecendo quando foi campeão em 2000 e 2002, falhando muito ingloriamente um tri-campeonato porque o Boavista de Valentim Loureiro se meteu na luta, presumivelmente por "determinação" do tal "sistema", vencendo a Liga de 2001. Quem não se lembra do anti-jogo e do jogo violento que levou o Boavista ao título?!... Quem não se lembra da protecção dos árbitros a esse tipo de jogo?!...
    Apesar do jejum de títulos, é curioso verificar as tentativas do Sporting para abraçar os métodos nortenhos, ao ponto de o "namoro" incluir trocas de jogadores com o FC Porto e transferências de quadros técnicos. É também curioso lembrar o silêncio do Sporting quando a classificação da equipa no campeonato indicava o cumprimento dos objectivos...
    O mesmo silêncio, afinal, que se verificou antes do último Nacional-Sporting, e mesmo depois dele. O árbitro Paulo Paraty nunca poderia ser o escolhido e a sua nomeação deveria ter sido recusada ou aceite sob protesto, mais a mais por se tratar de um dos homens do "apito dourado". Mas ele acabou por dar a vitória ao Sporting que, com os três pontos no bolso, assobiou para o ar e para os lados. Também a nomeação de João Ferreira deveria ter sido chumbada pelos dirigentes sportinguistas antes do jogo com o Paços de Ferreira, nomeadamente por anteriores graves prejuízos que esse árbitro já provocou ao clube leonino.
    O "sistema" mafioso que domina o futebol português é tão requintado que, em apenas dois jogos, conseguiu arrumar com a legitimidade de quaisquer críticas do Sporting. Numa jornada, o "sistema" deu três pontos na Madeira, ante o silêncio cúmplice do clube. Noutra, logo a seguir, tratou de retirar os mesmos três pontos. Enquanto isso, o FC Porto faz o seu caminho sem arbitragens polémicas, repete excelentes inícios de campeonato em termos de facturação de pontos e, como noutros anos, ganha balanço para mais um título...
    Neste quadro, a argumentação que a administradora da SAD Rita Figueira e outros juristas do Sporting estão a reunir deixa de ter sentido, nomeadamente por já ter passado a ideia de que o clube só está contra quando é lesado, calando-se quando é beneficiado. Foi, de resto, o que se passou na última temporada, num Sporting-União de Leiria, em Alvalade, em que a equipa de arbitragem ignorou um golo limpo dos leirienses, evitando assim a derrota leonina. E também não consta que Paulo Bento, num assomo de "fair play", tenha pedido a repetição desse jogo, como agora Soares Franco acha que o treinador do Paços de Ferreira, José Mota, deveria fazer...
    É por estas e por outras que o Sporting, nesta cruzada pela repetição do jogo com o Paços, pode ter o apoio dos adeptos e simpatizantes mais ferrenhos, mas não tem, seguramente, o apoio da opinião pública. Nem sequer legitimidade.

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  2. Ridiculo é este blogue. 4-1 há duvidas?

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