terça-feira, 22 de maio de 2007

Tudo normal


O que se passou esta época a nível da equipa de futebol do Sporting foi completamente normal.
Por razões orçamentais a equipa foi formada à volta de um núcleo de jovens jogadores ainda em fase de afirmação e crescimento como futebolistas.
O alto grau de responsabilidade da participação na Liga dos Campeões (LC), num dos grupos mais difíceis, a par da 1.ª Liga e da Taça de Portugal, foram areia de mais para a camioneta dos rapazes. Ainda por cima as contratações da época foram, como aqui no KL vem sendo glosado, feitas com os pés, e não se traduziram em mais-valias.
Com os nossos rapazes (treinador incluído; Paulo Bento tem 37 anos e foi a primeira vez que se viu nestes assados, como treinador) sem o necessário enquadramento por gente mais experiente, os sucessos parcelares do início de época foram conseguidos à custa do talento. O que, como é sabido, não chega.
Essa insuficiência ficou comprovada com a quebra de rendimento da equipa, que a abateu ao activo na UEFA e a fez descer na classificação do Campeonato.
Com a têmpera que tem de se lhe reconhecer, mesmo que não se lhe reconheça mais nada, PB não esmoreceu, foi mantendo a disciplina interna e a motivação do grupo de trabalho e fazendo algumas reformas na equipa.
Essencial nesta fase foi o abandono da rotatividade dos jogadores utilizados, a qual, como é normal, deixara de ser necessária por ter sido reduzida a média de jogos por semana. Faça-se um parêntesis para dizer que a rotatividade, sendo embora necessária, nem sempre, por inexperiência, foi correctamente implementada; e foi o campo em que mais se notou a falta que fariam jogadores válidos em lugar dos “cepos” das contratações do ano. Foi, pois, normal que não tivéssemos seguido em frente na UEFA.
Quando deixou de precisar de usar a rotatividade, PB concentrou-se na coesão defensiva, colocando finalmente as peças certas nos sítios certos: Abel estabilizou na direita e Caneira no centro da defesa, com Veloso no vértice inferior do losango e a surpresa (eu já pouco dava por ele) Romagnoli no vértice superior. A equipa acabou por terminar o campeonato sofrendo apenas meio golo por jogo, a melhor média de sempre do Sporting, menos 5 golos sofridos que Porto e Benfica (correspondentes a um quarto dos 20 golos encaixados por cada um deles).
A equipa foi estabilizando e encarou o jogo com o Porto com grande descontracção, fruto não só do processo descrito, como da diminuição da pressão pelo facto de ter deixado de jogar para ganhar o campeonato, aspecto para o qual diversos comentadores chamaram a atenção (entre os “nossos”, Carlos Leone), e que penso ser uma realidade insofismável. A confirmá-lo está a visível nervoseira que se apossou dos jogadores mais jovens (mesmo os menos dados a essas oscilações de humor, como Veloso e, pasme-se, João Moutinho) quando estávamos a ganhar em Coimbra e o Porto perdia com o Paços.
Mas há mais um factor a explicar o comportamento da equipa e a justificar o facto também ele normal, de, nos últimos 10 jogos, o Sporting ter obtido 9 vitórias e um empate (na Luz), acabando o campeonato a apenas um ponto do primeiro e dando luta até ao fim.
É que as coisas passaram-se um pouco à maneira do que acontecia com o nosso grande campeão Joaquim Agostinho. Este começava a Volta à França ainda sem a conveniente preparação e ia “aquecendo os motores” ao longo da competição; normalmente começava mal e ia em crescendo até ao fim. Também os nossos jovens (treinador e jogadores) tiveram um progressivo ganho de maturidade no decorrer do campeonato. O qual foi bem confirmado quando os putos abriram o livro e, esquecendo as cautelas sempre recomendadas (e bem) pelo treinador, ao cair do pano, aviaram mais duas batatas aos pastéis. Foram esses os golos mais valiosos, como nota Master no post anterior.
É sobretudo este último factor (tão normal como normal é que os jovens cresçam) que nos deve deixar optimistas para a próxima época, tanto quanto as coisas dependam deles. A este propósito, embora com aspectos que não sei se percebi, é realmente interessante este post de A causa foi modificada.

vídeo de O Leão da Estrela

10 comentários:

  1. Concordo que o Sporting só passou a ser competitivo na Liga quando já tinha o campeonato quase perdido. Quando foi jogar ao Dragão, o Sporting ía com 9 pontos de atraso em relação ao Porto. Já ninguém dava nada pelo Sporting, e os miúdos jogaram sem pressão. Caso não fosse assim, provavelmente não teriam ganho. O ano passado também vencemos na Luz quando tinhamos 6 pontos de atraso em relação ao Benfica, e depois o Sporting arrancou para dez vitórias consecutivas, só perdendo com o Porto em Alvalade.

    Na próxima época, há que ser mais regular. E isso só se consegue com a experiência. Os jogadores e o treinador vão evoluindo com o tempo. Se vierem reforços que sejam uma mais valia para a equipa, melhor. Mas não se pense que para o ano vamos "limpar" tudo só porque este ano ficámos a 1 ponto de vencer o campeonato. Cada época é diferente e os nossos rivais não vão ficar estagnados.

    No entanto, dá a ideia que o Porto está a chegar ao fim do seu ciclo "glorioso". Este final de campeonato do Porto teve todas as semelhanças com o nosso em 2002. E depois foi o que se viu... Não tenho memória de ver tanta insegurança para os lados do Dragão e estando a era do Pinto da Costa a chegar ao fim, e colocando-se o problema da sucessão, creio que dentro de muito pouco tempo a hegemonia do Porto vai acabar. A tremideira deles neste campeonato já é um prenúncio disso mesmo, e nós só sabemos da "missa" a metade. O Pinto da Costa até se sentiu mal ao intervalo. Não me admiro nada que tenham subornado o Aves. Para o Porto marcar logo no início da 2ª parte e depois mais um auto-golo muito suspeito... Mas o que interessa é o Sporting progredir, porque senão é o Benfica que vai aproveitar.

    ResponderEliminar
  2. sem querer entrar em polémicas, voçês fazem muito finca pé na questão da idade
    "Também os nossos jovens (treinador e jogadores) tiveram um progressivo ganho de maturidade no decorrer do campeonato. "
    mas se alisarem bem, o Porto apresenta uma média de idades inferior nos seus jogadores mais utilizados.
    E se a idade é desculpa a menor regularidade do Sporting, então também o será para a recta final do Porto...

    ResponderEliminar
  3. Boa tarde
    E bem vindo seja de volta, já estava a estrnahar o silêncio.
    Sobre o post: creio que os jovens de hoje não vão passar a ser maduros daqui a 3 meses - ou 1 ano. Por isso só não se repete quase tudo se as contratações forem boas - Miccolis em vez de Buenos, se os empréstimos é o que nos resta.
    O PBento, quanto a mim (e nisto discordo de si e do Maradona) não tem a próxima época como teste a menos que ganhe a Taça; se falharmos, fica entalado, como aconteceu ao peseiro. Devo dizer que estou confiante, e nem é pelos 4 a zero, é por já estar há muito a pensar que a Taça é que pode ser o meio de interromper 5 anos sem títulos.
    Por fim: muito más notícias quanto a saídas. Não é que Varela, Martins ou Custódio façam muita falta mas por valores destes (aliás, quais? ao certo não se sabe...) parece-me vender a qq preço; e Paredes, Farnerud, Alves, etc. ficam? Anovela Caneira recomeça e Semedo esteve a rodar em Itália ao que parece para nada. Depois de a época acabar há muitas explicações a dar, de dirigentes e PB - mas parece-me que tudo vai continur na mesma, com os desvios de atenção para a CML, a FPF, ROny, etc... Espero bem enganar-me!

    ResponderEliminar
  4. Não é, quanto a mim, altura ainda de estar a escalpelizar todos os problemas que afectam o Sporting. Não é censura hein?!! :-) Mas, é a minha sincera opinião. Não vale a pena falar de certas coisas nesta altura.
    A partir de domingo à noite podemos voltar abertamente à carga!
    Interessa, nesta altura, relevar esta questão da manutenção o ânimo que parece ter invadido o "grupo de trabalho" nesta ponta final. (Aliás creio que PB tem um único grande desafio na próxima época: manter este espírito e contagiar os novos reforços que eventualmente aí venham.)
    Creio que aí reside um factor decisivo para alterar o futuro. Ter espírito, ter mística! Tudo isto desapareceu. Só os sócios e adeptos têm conseguido manter a mística Sportinguista. No que repeita a equipa, isso perdeu-se. Recentemente renasceu, embora seja pena que esta recuperação parta da equipa e não dos dirigentes, mas que havemos de fazer...?
    Quanto ao resto, se vamos começar a desfiar os problemas que afectam o Sporting arriscamo-nos a ver a equipa recusar-se a jogar no domingo... ;-)
    Nem sequer é altura de falar da vergonha habitual que é a venda dos bilhetes para a Taça e das cenas tristes que esta coisa simples gera... Lá tivemos a Polícia outra vez!

    ResponderEliminar
  5. Para informação de Offshore:
    A média de idades dos que jogaram no Porto-Sporting foi a seguinte:
    Porto 25 anos;
    Sporting 23,2 anos.
    Para mais rigor, só fazendo uma média ponderada idade/minutos jogados em todos os jogos oficiais, dos dois plantéis. Não tenho pacchorra, mas estou plenamente convencido de que o Sporting ganha.
    O argumento de que o Porto tem uma nédia de idades dos seus jogadores uma décima inferior à do Sporting é completamente falacioso, porque conta com todos os jogadores do plantel. Ora os jovens do Sporting são titulares e jogam sempre, ao passo que muitos dos do Porto são, como se dizia dantes, "suplentes à garrafa de água".

    ResponderEliminar
  6. Obrigado pelos boas vindas, Carlos Leone. É que eu sou um gajo tramado: a cabeça sempre cheia de ideias, mas o astral a, por vezes, não mas deixar exprimir por escrito. Enfim, conjunturas...
    Quanto à substância, concordo com os comentários de Lionheart e de Master, particularmente com a opinião deste de que é prematuro falar de questões de plantel antes da final da Taça. Mas sempre direi, de acordo com Leone, que me preocupam as notícias (por enquanto não confirmadas; pode ser só coisas de jornais, para vender) das transferências de jogadores formados no clube. A ver se não acontece como com o Miguel Garcia, com o qual nada ganhámos, depois de anos e anos de formação.

    ResponderEliminar
  7. a minha análise é sustentada no seguinte:
    Média de idades dos 11 jogadores MAIS utilizados no campeonato:
    SCP: 25,45
    FCP: 24,54

    se alargamos aos 15 jogadores MAIS utilizados no campeonato:
    SCP: 25,33
    FCP: 24,86

    como pode ver o argumento não é falacioso

    ResponderEliminar
  8. Bem, Offshore, você lá me "obrigou" a fazer as contas rigorosas.
    A média de idades contadas estas pelos dias de vida de cada um dos jogadores (todos os que foram utilizados no campeonato) até ao dia do termo do campeonato, ponderadas com os minutos de cada um em campo, dá:
    Sporting: 25,19 anos
    Porto: 25,25 anos.
    Contra factos, não há argumentos.

    ResponderEliminar
  9. mesmo pelo seu rigor a teoria da equipa mais jovem sairia um pouco a perder e até se tornou menos jovem em relação aos 23 anos que avançou inicialmente.

    o meu rigor resumiu-se a ver as idades dos jogadores em relação à data em que fiz a análise (há poucos dias)
    11 mais utilizados de acordo com o ZeroZero"
    SCP:
    1 João Moutinho
    2 Ricardo
    3 Anderson Polga
    4 Liedson
    5 Nani
    6 Tello
    7 Caneira
    8 Miguel Veloso
    9 Tonel
    10 Abel
    11 Yannick Djaló
    alargando aos 15:
    12 Romagnoli
    13 Alecsandro
    14 Carlos Bueno
    15 Ronny

    cumprimentos

    ResponderEliminar
  10. Caro Offshore,
    A comparação que antes fiz sobre idades referiu-se ao jogo entre o Sporting e o Porto; comparando a média de idades dos jogadores do Sporting e do Porto em campo, nesse jogo, a do Sporting era a mais baixa.
    Entretanto tenho de reconhecer que me enganei nas contas (por lapso, deixei de fora o Paredes). Assim, no rigoroso critério que segui no meu anterior comentário, você tem razão:
    Sporting: 25,74
    Porto: 25,25
    Mas nesta polémica deixei-me levar pelo seu critério de cotejo das idades, o qual, como tentarei provar em futuro post, não é o relevante.

    ResponderEliminar

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.