quinta-feira, 28 de junho de 2007

O dinheiro não tem cor

Não consigo perceber aqueles que continuam a fazer análises à indústria do futebol única e exclusivamente com base na paixão clubista. Vem isto a propósito das recentes movimentações em torno dos “coisos”, sobretudo do Mr. Berardo.
O Sr. Berardo é um capitalista (este termo, ao contrário do que se possa pensar não é político, mas sim económico) que enriqueceu nos elevadores das minas de ouro. Resolveu voltar para Portugal por razões que desconheço, mas que acredito, por pura especulação, terem a ver com a tendência dos sul-africanos em atacar aqueles que mais se distinguiram na defesa dos valores do apartheid. Ao regressar investiu nos vinhos, na bolsa nos bancos, em roupa preta. Também continuou a maior colecção de “lados B” de arte moderna que há no mundo. De tudo isto nada é demais a não ser ter sido o único “coiso” a transformar em real um valor estimado (ao contrário do que pretendiam os seus corregelionários pelo Mantorras). Pagamos todos nós esta escandaleira que até o “Mega Gastadeira” se indignou....
Voltando à vaca fria. A Banca nasceu para suportar as actividades capitalistas e sempre esteve envolvida nas actividades que em cada momento histórico mais se desenvolveram. Todos sabemos que esse é o caso actual do futebol pelo que não entendo onde está o espanto ou a ironia na sua proposta. Acho que deve ser tomada a sério, e nestas confusões e interesses do BCP, não sei se não poderá ser mais perto do que se pensa.
Mas onde eu queria chegar, apesar de parecer que estou a caminho do centro cultural, é que a OPA não é mais que uma acção capitalista de um capitalista numa indústria em franco desenvovimento. Ou seja, o Mr. Berardo já manda no Benfica, porque já iniciou as movimentações necessárias para dar cobertura a compras de jogadores a influenciar decisões e a enviar recados. Lançou a OPA e logo todos acham que ele agora tem a obrigação de comprar jogadores para o clube, que isso sim é ajudar. Mas é o que ele quer! Como qualquer capitalista faz, estudou o mercado e chegou à conclusão que só com a ajuda de quem já conhece o mercado é que pode investir. E os “coisos” colocam todo o seu know-how ao seu serviço. Ele investirá em jogadores sem necessidade de investir em infraestruturas de procura de mercados. O clube do seu coração trabalhará de borla para ele. Porque hoje não é preciso “pôr” dinheiro nos clubes. Compram-se passes e colocam-se os jogadores em clubes a valorizar. As mais valias são melhores que muitas das acções da nossa bolsa. A popularidade e promoção numa área que até aqui não estava ao seu alcance serão só mais um valor acrescentado.
O dr. Sousa Tavares parece que foi o único colunista a perceber isto e não pode ou não quis dizer tudo, talvez porque o seu mercado vive da especulação clubista. Entretanto todos andam entretidos a dizer que não vendem as acções. O Mr. é tão bom que nem precisará desse investimento para mandar e ganhar dinheiro no futebol.

3 comentários:

  1. Bem vindo!!!!! Long time no see... :-)
    Alguém dizia ontem que estava feliz que o nosso Clube, apesar de estar sujeito a estas turbulências do "mercado", pelas condições ditadas pelo seu modelo de organização actual, não foi delas vítima. Concordo com esta observação do personagem (confesso que, vítima de "information overload", não consigo recordar quem foi que disse isto, mas foi ontem...) e com as tuas observações.
    Só lamento que tenhas escrito a B-word neste blog! Vais ser punido!!!!

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  2. foi uma falha...... as minhas desculpas todos os leitores de bem.

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  3. O Joe gosta de mandar, de ser conhecido e, sobretudo, de ganhar dinheiro. E tem tido sucesso, neste país de gente submissa e apreciadora de chicos-espertos, sem acrescentar um pingo de mais-valia; é tudo ganho com especulação.
    Mas os "coisos" que se cuidem: o Joe não faz nada pelos lindos olhos dos outros e, no dia de fazer contas, talvez se surpreendam por terem ficado com menos que um prato de lentilhas. Berardo já estará noutra...

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