quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Quanto tempo mais?

As declarações de Paulo Bento no final do jogo com o Penafiel constituem a prova de que tudo está em aberto no que respeita à existência de uma grave crise interna no Sporting, mas também querem dizer que os dias de Paulo Bento como cordeiro de serviço ao sacrifício estão a chegar ao fim.
Nada que não se percebesse já há muito tempo, mas agora é mais claro do que nunca.
Lamento profundamente dizê-lo, mas o adiamento da solução desta situação não se pode aplaudir.
Já há tempo Paulo Bento tinha sugerido que as resposabilidades têm de ser assumidas de forma hierarquizada. Quando disse isto Paulo Bento revelou, talvez sem querer, que o problema do Sporting está (estava na altura e continua) longe de ser um simples problema de resultados. Mas, agora temos um dado novo: Paulo Bento parece farto deste seu papel no altar dos sacrifícios Sportinguista. Ainda bem. O que ele terá "aguentado" até agora só pode dizer bem do seu carácter. Se, de facto, o Sporting pudesse ter um Ferguson eu apostava também nele...
Mas, nem o Sporting é o Manchester, nem, sobretudo, esta direcção demonstra ter estofo daquele que a gente necessita e, portanto, esta novela só pode ter um fim.
Repito: o adiamento desta solução não se pode aplaudir e o facto de não conhecermos, no momento, nenhuma alternativa credível para ocupar a direcção dos destinos do Sporting não pode constituir desculpa para evitar o inevitável. A desculpa da falta de alternativa cria uma espécie de ditadura dentro do Sporting e a factura dos "ganhos" desta pretensa "estabilidade" vai-nos cair em cima com estrondo! E, se calhar, o facto de não se convocarem eleições antecipadas é uma excelente desculpa para os vários possíveis candidatos credíveis a dirigentes do Sporting continuarem a tirar o cavalinho da chuva. Convoquem-se eleições, promova-se o debate e vão ver se não aparecem logo alternativas!
Inácio dizia hoje na TSF (*), claramente, que os treinadores do Sporting são a tropa de choque para camuflar os desaires das direcções. Falou num muro de betão que, no caso do Porto, a direcção forma entre os sócios, por um lado, e a equipa técnica e o plantel, por outro. Ele saberá melhor do que ninguém do que fala. Nós que andamos antentos sabemos isso. Nem é preciso conhecer por dentro a realidade.
Acabem com o sacrifício!

(*) Já agora Inácio, daqui se me escuta, aproveito para lhe dizer, a propósito destas suas declarações, que, eu como sócio do Sporting, honrá-lo-ei sempre pelo facto de nos ter tirado do jejum de dezoito anos e sempre achei um acto verdadeiramente canalha esse de, após essa histórica conquista, lhe terem tirado o tapete!

2 comentários:

  1. A actual direcção foi eleita muito graças ao estado de graça do Paulo Bento. Irónicamente, afundam-se treinador e direcção, porque ambos falharam claramente. Aquelas dez vitórias consecutivas de 2006 serviram absolutamente para nada a não ser para iludir cerca de cinco mil sócios.

    Esta direcção tem os dias contados porque não consegue resolver os problemas do Sporting. A gestão do futebol é uma lástima, portanto a situação financeira não está em vias de melhorar, uma vez que a redução do passivo por causa da venda do património não é sustentável. O Sporting já vendeu tudo o que tinha para vender. Agora tem de "produzir" para ganhar dinheiro, senão volta à mesma insolvabilidade. Com o futebol num estado mediocre (não só por causa do endividamento) é bom de ver que não estamos em recuperação coisíssima nenhuma.

    Já disse mais do que uma vez que o Soares Franco é outro Amado de Freitas. Quem se recordar desses tempos sabe do que falo. Vamos assistir ao estrebuchar do projecto e seus apêndices, mas o Sporting continua porque é demasiado grande. Vão aparecer alternativas com toda a certeza. Mas só depois da oligarquia se estatelar...

    ResponderEliminar
  2. Excelente post, no que respeita à análise da actual posição e declarações de Paulo Bento.
    Quanto à tecla batida e rebatida aqui no KL por Master das eleições antecipadas, todos sabem que divergimos; ao contrário de Master, eu acho que é preciso haver antecipadamente um projecto e uma figura credível que seja o seu rosto.
    A este propósito, discordo do comentador Lionheart: Soares Franco não tem nada a ver com Amado de Freitas. Uma ausência de alternativas (programáticas e de figuras) é que poderia colocar o Sporting num remendo de tipo Amado de Freitas. Para quem deseje uma solução do tipo quanto pior melhor(isto é, aprofundamento da crise para então aparecer alguém credível para tomar as rédeas do Sporting) criar-se um vazio após uma demissão (preenchido embora com uma solução transitória do tipo AF, como está nos estatutos) seria uma boa solução.
    Para mim atravessaríamos um tempo de gestão corrente sem qualquer garantia de que daí saísse uma solução melhor que a da situação actual. Porque uma instituição que gera as receitas que o Sporting gera, continua a ser apetecível para os arrivistas que, aproveitando uma situação de eventual (mas bem possível) ausência de alternativas, pudessem surgir. Atentemos no caso da Universidade Moderna, e vejamos o que se passou: é certo que o Braga Gonçalves foi parar à prisa; o problema é que, entretanto, a Universidade foi para o galheiro.
    Construamos entretanto a alternativa e preparemo-nos para eleições. A União de Blogs Leoninos pode ser um primeiro passo neste sentido.

    ResponderEliminar

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.