sábado, 1 de março de 2008

Os 3 macaquinhos chineses

Pedro Burmester (por quem tenho uma imensa admiração) foi entrevistado hoje na RTP1. Falou de futebol, sublinhou a enorme superioridade do seu Porto, em todos os domínios e dizia que o facto de o clube ter a vantagem que tem neste momento é mau porque lhe tira competitividade. No fundo, o que ele disse, sem o dizer, foi que a bater em mortos o Porto acaba por estar a hipotecar o seu futuro neste país... A verdade é dura, mas temos de a engolir.
O Porto, justificava ele, tem uma superioridade organizativa e desportiva tal (indesmentível, com mais ou menos apito, diria eu) que não sobra nada para a concorrência.
Instado a pronunciar-se sobre as causas de tal desiquilíbrio (que eu espero que neste ponto do meu post ninguém esteja a colocar em causa...), Pedro Burmester não hesita: é um problema de estrutura e vem de longe.
É simples.
Nós, os "oposicionistas" malandros, bloguistas desavergonhados, "mal-dizentes" contumazes, andamos a afirmar isto mesmo há uma data de tempo: o problema do Sporting é um problema de estrutura. É um problema simples dentro da complexidade da questão. Mas, o Pedro Brumester constatou o que qualquer pessoa de boa fé pode facilmente concluir, se não estiver naquela posição dos três macaquinhos chineses.
Ele disse, repito-o, tuto isto com uma enorme simplicidade e naturalidade. Porque o assunto, embora seja complexo, não tem várias interpretações possíveis.
Será que os Sportinguistas alguma vez aceitarão, de forma assim tão simples e tão natural, esta justificação para o continuado apagamento do nosso Clube, ou quererão teimar em viver neste clima de canto de sereia até ao naufrágio final?


PS- Já depois de publicado este post leio aqui no Futebol Finance um artigo sobre os resultados financeiros do FC Porto do primeiro trimestre. Leiam (de forma desapaixonada!) e comparem que vale a pena...

2 comentários:

  1. Caro Master
    Não é pelo facto de um vizinho ser rico e poderoso, um vencedor, à custa de uma teia complexa de situações, que eu desejo também o ser.
    É uma questão de formação, de princípios e de higiene mental.
    Não é pois pelo facto do Porto clube ser o que é, à custa de uma teia complexa de casos e situações, com origem na atribulada vivência no PREC (um dia a história completa virá ao de cima), que eu vou desejar para o Sporting uma teia idêntica, mesmo sabendo que parte dela será dificilmente implementada (o sentimento regional).
    Se esse é o preço para ganhar, prefiro não ganhar.
    Lamento, mas não sou adepto do princípio que tudo vale para ganhar.
    E sei que o Sporting Clube de Portugal não tem na sua história este princípio.
    A mim não me incomodam nada as vitórias do Porto, porque sei que não são vitória exclusivas do campo de jogo, e que comportam jogos tão complexos que envergonham qualquer desportista.
    Antes pobre mas honrado, que rico e sem vergonha.
    Sem lhe dizer tudo, levanto apenas a ponta do véu, dizendo-lhe que o Porto criou um Estado dentro do Estado. Eu não aceito que o Sporting para ganhar, o tenha que fazer.
    É isso que pretende(m)?
    Percebe agora porque não tem sido fácil destruir "a máquina" tão elogiada?
    Estamos entendidos?

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  2. Caro Master
    Já agora uma observação.
    Como creio desconhecer a origem em Portugal da imagem dos 3 macaquinhos, informo-o que o mesmo estava presente em todos os serviços públicos e em especial na Assembleia Nacional, por ordem expressa de António de Oliveira Salazar, significando que os funcionários não deviam ouvir, não deviam ver e tinham que estar calados.
    Não era pois uma isenção de responsabilidade, era antes uma obrigação do funcionário sob pena de ser incomodado e despedido.
    Chamar uma imagem do negro passado para o presente não é o ideal, não acha?
    Ou será que desconhecia a sua utilização no passado?
    Hoje, felizmente, podemos ouvir, ver e falar, se bem que alguns continuem a ver a árvore, ignorando a floresta.

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