terça-feira, 21 de fevereiro de 2006

Decidam-se!

Noto que há para aí uns quantos Sportinguistas ligeiramente equivocados, que ainda não viram correctamente o que está em jogo neste momento no Sporting.
Quando, como se passa no caso vertente, a venda de património é apresentada como inevitável há que fazer algumas perguntas, saber a resposta com clareza e tirar daí todas as conclusões possíveis.
Diria mais: esta questão torna-se de facto central porque tudo isto nos é apresentado como ponto único de um programa de acção que tem como objectivo, nada mais nada menos, que governar o Sporting Clube de Portugal durante os próximos anos! Não conhecemos mais nenhuma ideia do putativo candidato Filipe Soares Franco que não seja esta de vender uma parte significativa do património do Clube.
Ora, a construção do estádio e dos espaços que lhe são adjacentes foi-nos apresentada há cerca de dez anos, no âmbito do chamado “Projecto Roquette”, como um dos factores centrais da fórmula para garantir um futuro livre de sobressaltos ao SCP. Foi-nos dito e repetido ad nauseam que o tempo dos “presidentes mecenas” tinha chegado ao fim e que era necessário encontrar meios para tornar o Clube independente dos humores e tendências do momento. Dez anos volvidos, não só a fórmula não teve sucesso, como os resultados negativos ensombraram os sucessivos exercícios a ponto de se ter de voltar atrás. Não se conhece toda a extensão deste insucesso (porque no Sporting vigora uma cultura de secretismo que em nada abona a favor dos dirigentes que a praticam), mas é de crer que ela é significativa, caso contrário não surgiria a ideia de vender o património e muito menos ela nos seria apresentada como imperiosa.
Mas, inevitável era também a sua construção!
Ou será tudo isto uma enorme mistificação...?
De qualquer forma, sendo os autores destas propostas grosso modo os mesmos desde há muitos anos, temos de perguntar: porque havemos de acreditar agora neles? Que dado novo nos trazem? O que significa a palavra inevitabilidade? Será que "inevitabilidade" é o que tem de ser, como a força das marés ou a deriva dos continentes, ou é o “que tem de ser”, agora... para eles?
Para que fiquemos todos esclarecidos gostaríamos de saber que garantias novas de sucesso desta proposta nos dão agora os seus autores que nos permitam esquecer que as propostas que fizeram anteriormente falharam de forma miserável?
A outra questão a que há que prestar atenção é a seguinte: então se, como é admitido pelos próprios, o modelo que vigorou no Sporting falhou (como está implicitamente admitido) e isso tem custos de uma extensão incalculável para o Clube, para os seus associados e para os seus accionistas, não há consequências para as decisões que os autores do modelo original tomaram? Mais!: vai-se-lhes dar o benefício da dúvida e admiti-los novamente à luta pela Direcção do Clube? Tudo isto vai passar impune?
Neste sentido, o facto de José Roquette ser um apoiante das propostas de Filipe Soares Franco constitui na verdade um verdadeiro escândalo. Trata-se de uma tentativa de branquear uma situação que está cheia de nódoas, de atirar poeira para os olhos dos sócios mais distraidos e de disfarçar as responsabilidades!
Não sou alinhado com nenhum dos até agora autoproclamados candidatos, mas devo confessar que a ideia sugerida por Dias Ferreira de suspender a marcação da AG de dia 23 e evitar que se gere uma situação de fractura insanável no Clube do nosso coração me parece sensata e oportuna.
A bem da unidade! Mas, afinal, o que vale a unidade dos Sportinguistas?



Manifesto - Sporting uma História com Futuro

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