terça-feira, 8 de agosto de 2006

A subversão da concorrência (3)

(conclusão)

Voltando um pouco atrás e parafraseando o autor do texto citado no meu anterior escrito, também eu «sempre defendi que passarinhos e andrades, jogam no mesmo tabuleiro da mentira, roubo, esquemas... No fundo discutem qual dos 2 é menos ladrão, menos mentiroso, menos "sistema"...».
Penso que ficou subentendido nos escritos anteriores que não sou a favor de uma intervenção do Sporting processada no mesmo terreno da dos nossos principais rivais. Ou seja, tentando intervir, nós também, na tentativa de influenciar os poderes da arbitragem.
Tem de ser clarificada, de uma vez por todas, a posição do Sporting quanto aos poderes do futebol. E essa posição só poderá centrar-se na luta pela tão falada, mas tão pouco concretizada, moralização da actuação das estruturas do futebol. Mas não podemos fazer como durante a presidência de Dias da Cunha, que aparecia um dia a dizer que era preciso profissionalizar as arbitragens e no dia seguinte se aliava a PC; e quando, por razões não transparentes, se chateava com este, aparecia de braço dado com LFV. Foi uma contínua mudança de estratégia (se é que a havia), uma confusão!
Portanto, quanto à política de alianças do Sporting, devemos ser contra qualquer acordo, mesmo que circunstancial, com FCP e/ou SLB. As nossas posições devem ser tomadas de forma independente e sempre tendo como pano de fundo a referida moralização da actuação das estruturas do futebol.
Assim ficamos sozinhos?
Não me parece. Entre os clubes mais pequenos haverá certamente alguns que estão fartos de ter de se aliar a este ou àquele líder (FCP ou SLB) para dele receber alguma distribuição de poder ou influência. Estes adeririam a um projecto autónomo sob estes princípios.
Depois haverá que fazer uma ofensiva diplomática que transforme este projecto num Movimento de Clubes, cada vez com mais aderentes e mais capacidade de actuação.
Até que um dia estas posições venham a conquistar o poder no futebol português.

Estes escritos deveriam motivar alguma polémica, alguma discussão. Bem sei, estamos na silly season, e a maior parte do pessoal está de férias.
Sendo sobre temas estruturantes, esta discussão é sempre actual. Portanto, mesmo não se pronunciando agora sobre estes temas, espero que os nossos leitores venham a ser sensíveis a eles e a troca de ideias se estabeleça e venha a ser frutuosa.

4 comentários:

  1. Caríssimo Raul:
    Estou de acordo que esta série de escritos deveria motivar participação, discussão e diria, polémica. Por (e para) isso aqui estou eu...
    Há uma primeira questão que gostaria de lançar a propósito das tergiversações de Dias da Cunha. De facto foi o que vimos: umas vezes nos braços de PC (grande dirigente com quem ele tinha mutio que aprender...), outras vezes nos braços do LFV (encontros, estratégias e acordos semi-secretos).
    Pois bem: será assim? O que sucedeu no Sporting com a saida e após a saida de Dias da Cunha dá a entender que não. Esta questão, de resto, prende-se com a segunda que queria aqui lançar: como referes, os milhafres e os andrades movem-se nos mesmos terrenos, ou como dizem os nossos amigos do Sporting 100, " jogam no mesmo tabuleiro da mentira, roubo, esquemas... No fundo discutem qual dos 2 é menos ladrão, menos mentiroso, menos "sistema"..."
    Mas, o Sporting não se move também neste tabuleiro? Então qual é a alternativa que o Clube propõe?
    Creio que estas duas questões estão ligadas e que o seu esclarecimento sério pode ajudar a perceber melhor os métodos de actuação do Clube nestes últimos anos.
    Queria poder ter o consolo de pensar que o Sporting tem sido "diferente" dos outros clubes ao longo destes anos todos, mas receio que isto não seja verdade...

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  2. Se se depreende desta série de escritos que penso que o Sporting tem sido uma virgem impoluta no contexto do futebol nacional, então é porque não consegui exprimir bem o que pretendia dizer. De facto, penso que o Sporting não apresentou, nos últimos anos, qualquer vislumbre de estratégia quanto à política do futebol. Porque quem tem uma estratégia não anda a aliar-se a este ou àquele ao sabor das conjunturas (ou, pior ainda, dos humores). Antes define um programa e a ele se atém procurando aliados. Mas também esta procura não pode ser na base da distribuição de cargos ou benesses. Quem vem connosco deverá saber que esse tempo acabou e que passou a haver um programa; quem concordar apoia e colabora, quem não concorda alia-se aos batoteiros.

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  3. E há a questão do Dias da Cunha! Para mim não é claro que ele tenha sido o "mau da fita"... E, se o foi, não esteve sozinho.
    Hoje o LFV veio desancar no putativo candidato a presidente da Liga Loureiro III. Ouvindo-o, parece que estamos perante um cavaleiro branco que vai salvar o futebol português.
    A concorrência, temo, vai continuar a estar subvertida por muito mais tempo. Mudança é palavra que não está no horizonte de ninguém.

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  4. Dias da Cunha é citado apenas como paradigma de tergiversação e falta de programa consistente. O que não quer dizer que tenha sido pior (nem melhor) que os outros. Quanto às eleições para a Liga, já me tenho vindo a pronunciar e continuarei em próximos escritos. Entretanto o processo de aparecimento de candidatos (Direcção e AG) não prenuncia, como afirmas, qualquer mudança. LFV até tem razão quanto a isto, mas apenas na forma. Porque ele não está nada interessado em mudanças de estrutura; esbaceja porque o candidato à direcção apresenta-se sem primeiro ir beijar-lhe o anel de godfather e o que ele quereria era controlar o processo desde o início. Ele quer realmente que as coisas mudem, mas no sentido de reduzir a influência do seu grande rival (o FCP) substituindo-a pela liderança (seja patente ou escondida) do seu clube. Não engana ninguém, a não ser alguns adeptos mais crentes, que não percebem aquilo que tenho vindo a denunciar e analisar.

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