sábado, 9 de dezembro de 2006

Superação da crise?

Escrevo na ressaca da vitória por 3-0 sobre o Vitória de Setúbal.
Como reiteradamente venho afirmando a crise do Sporting deveu-se (situando a análise no contexto do potencial instalado, com as suas virtudes e carências, ou seja, no que há e não no que poderia ou deveria haver):
• Desde o início da época, à perda da capacidade goleadora por parte de Liedson.
• À não afirmação das contratações como mais-valias para a equipa.
• No período mais recente à perda da coesão defensiva (um tanto derivada das sucessivas lesões de 3 defesas direitos).
• Estes factores acabaram por condicionar o desempenho dos mais novos (os quais constituem o ‘core’ da equipa, sobretudo no meio-campo) e resultar em descontrole e consequente queda anímica.
Paulo Bento soube, pelo menos neste primeiro jogo a seguir aos desastres, unir as hostes mantendo o mesmo padrão de jogo e motivando os jogadores.
É certo que o adversário “ajudou”, tendo estado muito macio e mal organizado na defesa (faltou-lhe um habitual titular no centro desta e o treinador Toni adaptou Binho, habitual trinco, a essa função) e pouco perigoso (não fez qualquer remate com perigo, nem teve uma ocasião de golo digna desse nome). Também ajudou o facto de termos marcado logo ao princípio do jogo.
Destaquemos as opções escolhidas para este jogo em termos de jogadores e das suas funções:
• Finalmente Moutinho apareceu na função em que mais rende (vértice superior do losango) e, porque joga sempre bem, tem andado a ser “desperdiçado” noutras.
• Descaído sobre um dos lados (direito, neste caso) Nani é muito mais eficaz, pois isso permite-lhe fazer arrancadas para dentro do campo (de uma destas surgiu o segundo golo), ou (mais raramente) em direcção à linha para cruzar.
• Talvez em resultado destes factores, finalmente Liedson voltou aos golos; ele cuja ineficácia era factor preponderante da crise. Se for para continuar, esta veia goleadora é o primeiro passo para se começar a atinar nos jogos em casa, onde curiosamente a performance do Sporting é pior que fora, esta época.
• Bueno é que continua a ser ineficaz e a não justificar a contratação, não conseguindo levar uma jogada até ao fim.
• A defesa é muito mais consistente quando Caneira joga (embora neste jogo desse pouco para ver isso, dada a ineficácia do Setúbal); a sua presença parece dar mais confiança aos companheiros.
• Espero que seja desta vez que se acaba com o mito de que o jogo do Sporting não tem largura e não se desenvolve pelas alas: os 3 golos resultaram de jogadas pelos lados do campo (o primeiro dum cruzamento de Moutinho da linha de fundo do lado direito; o segundo duma jogada de Nani pela esquerda com derivação para zona mais central e remate; o terceiro dum canto). O Sporting, como não tem extremos de raiz, abre a frente do seu jogo através de:
- desmarcações do elemento do vértice do losango (Moutinho neste jogo);
- entradas dos defesas (mesmo Caneira, considerado elemento menos ofensivo, fez diversas incursões pela direita com cruzamento de perto da linha de fundo);
- deslocação esporádica de um dos avançados, com ida à linha e passe atrasado ou cruzamento, com simultânea infiltração do elemento mais avançado do meio-campo pelo meio da grande-área.
Um único jogo não dá para ver se a crise está ou não superada; mas as vitórias ajudam muito.
E lembremo-nos de que na época passada PB pegou na equipa em estado anímico muito destruído e, depois de alguns desaires, conseguiu dar a volta por cima e lutar pelo título quase até ao fim.
E não se diga que a equipa falha sempre em momentos decisivos; na época passada o Sporting foi o campeão nos jogos entre os 3 grandes.
Tudo isto, junto com uma esperada e necessária correcção nas contratações na reabertura do mercado, nos deve conferir algum sereno optimismo.

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