segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

O médio defensivo

Descontando João Moutinho (como disse aqui o melhor jogador do actual Sporting em qualquer das posições do meio-campo) o plantel do Sporting tem três elementos que podem preencher a função de médio defensivo: Custódio, Paredes e Miguel Veloso.
Custódio é um médio do tipo limpa pára-brisas, de raio de acção limitado (zona curta, frente aos defesas, a toda a largura do campo), mas muito efectivo nessa área. Não sendo veloz, compensa isso com um excelente posicionamento, capacidade de luta e entrega ao jogo. É um jogador muito disciplinado tacticamente. No entanto falta-lhe propensão atacante e rapidez de pensamento e execução. Daí que a sua tendência, por autodefesa, seja passar a bola para os lados ou para trás. Esta tendência é directamente proporcional ao seu estado de autoconfiança; dependendo este, por sua vez, do seu estado físico ou de cansaço e da forma ou do momento da equipa. Já o vimos, em períodos de grande autoconfiança integrar-se em acções ofensivas e mesmo rematar à baliza. O normal nele, contudo, é não ser jogador de fazer a transição entre linhas. Quanto a mim é um bom trinco, mas não é um bom médio defensivo (embora, recicladas as suas capacidades, possa vir a dar um bom médio lateral). Quanto a Paredes, há que analisar as suas capacidades não pelo que ele já demonstrou ser capaz de fazer, mas pelo que ele mostra agora. De facto desconfio muito da capacidade de entrega ao jogo e alegria de jogar em atletas que, depois de se lançarem em equipas de campeonatos mais modestos (como o nosso) transitam para outros mais exigentes onde estão por uns anos, para finalmente regressarem em fim de carreira. Estão aí múltiplos casos a comprová-lo: Zahovic, Drulovic, Edmilson, Valdo, Robert, para não falar de Skuravy, etc. (as excepções, que as há, só servem para confirmar a regra). (Entre parêntesis, direi que, por esta razão, mas não só, vejo com muita desconfiança o regresso de Rochembach). E Paredes, que era um excelente trinco (ou melhor, médio defensivo) no FCP ainda não demonstrou essa valia no Sporting.
É por estas razões que eu apostaria, actualmente, sabendo que a opção comporta riscos, em Miguel Veloso. Não sendo um jogador rápido e faltando-lhe experiência para uma função de tão grande responsabilidade, apresenta uma grande irreverência, vontade e alegria de jogar. O seu futebol é ofensivo: quando ganha a bola tem logo a tendência a conduzi-la para a frente, sem medo de errar. Tendência que, sem ser desencorajada, tem de ser contida nos devidos limites, não vá o rapaz pôr-se a driblar por ali adiante em vez de fazer o jogo da equipa; isto é, tem de se lhe ensinar (e isso é missão da equipa técnica) o momento próprio para progredir, para fazer o passe ou arriscar o remate (e ele dá indicações de o fazer bem com o pé esquerdo), para fintar. Bem sei que Paulo Bento o vê mais como defesa central que como médio defensivo, mas eu gostaria que ele arriscasse em Miguel Veloso nesta posição.

3 comentários:

  1. Desculpe lá, mas está a ver o filme ao contrário: o Custódio, no Guimarães e nas selecções juniores, sempre foi médio do meio campo para a frente, um pouco como o C. Martins; só quando o passaram para trinco é que começou a apssar bolas para trás e a ficar recuado, por falta de rotina na posição e medo de errar. Aliás, quando sobe, até continua a marcar, como sempre fez.
    E bem sei que é muito menos severo com o Polga (ou o Ricardo) do que com o Martins, mas o Polga, que não é nada seguro na área, talvez estivesse menos mal a trinco. No Brasil parece que chegou a fazer a posição algumas vezes. Aí, o Velosos podia fazer dupla com o Tonel...
    Abraço
    CL

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  2. E eu sou da opinião que o Veloso será o melhor trinco que alguma vez tivemos, capaz de meter Costinhas e outros debaixo do braço.
    P:S:- Não me parece que o Paulo Bento o veja como central.

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  3. Sou realmente severo com o Carlos Martins, mas acho que ele precisa e que é para bem dele. Espero sinceramente que ele ultrapasse os seus fantasmas e que venha a ser o jogador que pode ser pelo talento que tem. Agora, nestas coisas, por mais chato que seja, os interesses da equipa estão acima dos individuais quando estes não se conseguem conciliar com aqueles.
    Quanto ao caso do Custódio, reconheço que não acompanhei com atenção a fase da carreira que o Carlos Leone refere. De qualquer maneira, por intuição, admito no escrito que ele possa render mais noutra posição do meio-campo e também lhe reconheço potencialidades que, infelizmente, não vem evidenciando na totalidade. Quanto ao Polga, lembro-me vagamente do o ver jogar (bem) na selecção do Brasil a trinco; seria uma hipótese a ponderar, a que refere.
    Um abraço também para si de gratidão pelo modo atento com que nos segue e connosco dialoga.

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