Relendo algumas das coisas que tenho escrito aqui sobre este Sporting 2007-2008, reparo que não faltam elogios nos meus sucessivos escritos desde o princípio da época.
As recentes actuações da equipa têm motivado alguma apreensão e críticas que merecem ser tidas em conta. O que se vai lendo nos outros blogues, nos jornais, nas entrevistas, aqui mesmo no KL, nos posts e nos comentários e também nos mails privados que vou recebendo (não percebo porque é que há ainda tanta relutância da parte de alguns dos nossos leitores em publicar os seus comentários, até porque alguns mereciam grande destaque) diz-nos que há aqui ampla matéria de reflexão.
Não encontro razões para voltar com a palavra atrás relativamente aos predicados que tenho apontado a esta equipa do Sporting. No entanto, os resultados não são animadores e, confesso, algumas das críticas que tenho lido parecem-me totalmente legítimas e merecem toda a atenção.
Uma das características que tenho apontado a esta equipa é o sinal de maturidade que tem dado. Maturidade é, de facto, este ano uma palavra chave. A isso não deve ser estranho o facto de termos o capitão que temos, nem tão pouco (sejamos justos) termos o treinador que temos. Ambos parecem --cada um no seu plano e na sua escala respectiva-- ter aquela mistura perfeita de energia temperada com bom senso, aquele bom senso que normalmente só vem quando a fogosidade murcha. Neste aspecto, as condições de que dispomos este ano são, pois, perfeitas.
O Sporting parece de facto uma equipa madura, mas, hoje com ontem, nas alturas chave sente-se que falta gasolina para tanto motor.
Creio que muito do sucesso que o Sporting tem tido esta época se fica a dever, mais do que a tudo o resto, a esta maturidade do capitão do Sporting e do seu treinador. Há sempre dias melhores e dias piores, mas, no geral, é isto que penso que se passa.
O que motiva então os momentos menos conseguidos? Serão estes momentos menos conseguidos defeito ou feitio? Haverá solução para esta crise?
O ex-Presidente Dias da Cunha tornou popular um termo que, no meu entender, tem plena aplicação na actual conjuntura. O "sistema" é um facto e ataca quando menos se espera. Mas, quanto a mim, o "sistema" não existe só nos subterrâneos do futebol nacional, que são muitos e habitados pelos personagens mais abjectos, como todos suspeitamos. Não! O "sistema" existe certamente também dentro do Sporting! Percebe-se pela análise das intenções dos sucessivos dirigentes, pelas desígnios pífios dos responsáveis dos diversos sectores do Clube, pelas declarações e actuações contraditórias que há um "sistema" dentro do Sporting e que é ele que leva a que, mesmo numa situação conjuntural perfeita como é esta que em minha opinião estamos a viver, os sucessos fiquem adiados.
As condições estruturantes para um Sporting de topo não estão criadas. Nem mesmo este ano, em que dispomos de uma situação conjuntural de excepção para produzir uma boa época, se encontrou remédio para a moléstia habitual. É que não se fazem omoletes sem ovos, como me dizia um leitor, e o Sporting, por muito que nos custe, é isto: uma omolete adiada.
Não creio que seja altura para desanimar, ou para o "bota-abaixismo", e até admito que a pressão dos adeptos, o muito amor que existe pelo Clube, o brio dos seus atletas e o talento dos seus técnicos possam produzir o brilharete ocasional. Mas, a este Sporting falta tudo para ser o Clube que todos nós ambicionamos. E não é por nossa culpa, nem por culpa dos nossos atletas. O Sporting vintage está, receio bem, adiado.
Para amanhã só admito que se cumpra a previsão de Paulo Bento: nunca perdemos três vezes seguidas...
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