quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Acalmia na Academia


Aquilo a que temos estado a assistir nestes últimos dias no nosso Clube do coração é o resultado deste projecto bizarro de colocar o Sporting em defintivo na senda da pós-modernidade. O "fim da história do Clube", a destruição da "ideologia" Sportinguista, a entrega da vida do Clube às flutuações e sabores do "mercado". O processo não vem de há um mês, nem sequer de há um ano. Começou há muito mais tempo, há algumas décadas, entalado algures entre a utopia mercantilista e a ruptura de tesouraria.
Estranho terreno este onde se ensaia o fim da ideologia: o da paixão desportiva.
A "paixão do desporto", sentimento martelado incessantemente pela Sport TV junto dos seus espectadores, encontra na prática da gestão desportiva corrente obstáculos inultrapassáveis, geradores de contradições insanáveis.
E, de vez em quando, estala tudo.
No Sporting (e não só) o "fim de ideologia", já se sabe, dá nisto: quando um jogador não se esfarrapa todo em campo a malta assobia, quando o treinador erra tem uma "espera" e depois de dois ou três resultados negativos seguidos o "povo sportinguista" (composto por gente como o dono da viatura que se vê na imagem, os "melhores") agita-se. E por aí acima até chegar ao topo da hierarquia de rostos visíveis da crise. Quando acabarem os visíveis recorrer-se-á, como é norma, aos invisíveis. O dr. Miguel Ribeiro Telles veio habilmente comprar algum tempo ao reconhecer que a origem da crise reside, em primeira instância, na administração. Foi bonito, mas já veio tarde.
O que conduz à pergunta: não andará a dinastia pós-moderna que ocupou as cadeiras do poder do Clube equivocada? Precisa da malta mas está a dar-lhes tema para assobio, quer gerar receita mas não fornece ao "cliente" aquilo que o "cliente" quer! A situação é dificilmente explicável e ninguém a suporta muito tempo.
Pelo meu lado, acredito que a história não vai acabar por muito esforço que seja feito nesse sentido. Os episódios recentes fornecem amplas razões para a gente pensar que a bolha vai rebentar mais dia menos dia. Neste momento preciso espera-nos certamente um período de acalmia. Os compromissos das selecções vieram numa boa altura. O excelente dr. Eduardo Barroso cita um seu professor que dizia que a saúde é um estado transitório que não augura nada de bom... Perguntem-lhe se não é verdade. Ora, acalmia, sabem os senhores directores do SCP, é também um estado transitório que não augura nada de bom.

3 comentários:

  1. "Precisa da malta mas está a dar-lhes tema para assobio, quer gerar receita mas não fornece ao "cliente" aquilo que o "cliente" quer!"

    É irónico, não é? Aquelas alminhas que só sabem falar para a bancada VIP, querem aumentar o número de sócios para 100 mil, ainda para mais com a equipa em baixo? Querem aumentar a base de apoio do Sporting, quando a política do clube se dirige quase só à classe média/alta da zona de Lisboa? Em que planeta vivem os actuais dirigentes e seus apoiantes? Devem estar a sonhar!

    Dizia Camões que fraco rei faz fraca a gente forte. Aplica-se perfeitamente ao Sporting. Depois queixem-se que os adeptos não têm paciência nenhuma, que não aparecem em grande número, etc, etc. Poucas vezes vi tamanha desmobilização no clube, o que afecta profundamente a equipa. Isto tem TUDO a ver com a ausência de liderança da direcção e com a falta de identificação dos sócios para com os dirigentes do projecto. Só não vê com que não quer.

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  2. A minha falta de paciência: 7 anos 7 títulos... e uma final da Taça Uefa

    www.fondosurgradabaja.blogspot.com

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  3. O presdidente do Sporting disse há uns dias que a Liga (o Campeonato, como queiram) é a prova mais importante em que o Clube está envolvido. É uma evidência que ninguém contesta...
    O presidente do FCP disse há dias que no novo estádio, desde que está em funcionamento, o clube já teve mais vitórias que os rivais juntos...

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