terça-feira, 15 de janeiro de 2008

A Hidra

A Hidra de Lerna, saberão os leitores destas coisas da Mitologia, era um monstro criado por Hera para pôr à prova Héracles. Tinha várias cabeças e para a abater Héracles teve que as cortar rapidamente e usar um estratagema para impedir que elas voltassem a crescer de novo.
Também no Sporting se instalou desde há muito uma Hidra. Uma Hidra com muitas cabeças. Os Sportinguistas têm cortado uma ou outra cabeça, mas não tendo usado um estratagema adequado, como fez Héracles à sua Hidra, as cabeças voltam a crescer e este monstro estúpido, feio e medonho volta a tomar conta de tudo.
Há para aí gente a reclamar a cabeça de Paulo Bento. O próprio Paulo Bento já pôs a cabeça a jeito. Ora, o monstro que foi criado para nos pôr, a nós Sportinguistas, à prova tem mais cabeças para além da de Paulo Bento. E, não tenhamos ilusões, todas elas têm de ser abatidas e neutralizadas para que a Hidra não renasça. Há cabeças pequeninas e há cabeçorras disformes. Há cabeças que estão aqui e cabeças que vigiam à distância. Há cabeças para todos os gostos.
Mas há cabeças óbvias! A começar pela cabeça do presidente Filipe Soares Franco. Ele é --e é preciso que os Sportinguistas compreendam isto com clareza, de uma vez por todas-- o primeiro responsável por toda a situação que o Sporting está a viver. É ele que oficialmente assina os cheques e é ele que estatutariamente tem a responsabilidade primeira por todo o descalabro que está a acontecer.
Foi ele que quis abandonar o Sporting e que voltou depois, insistindo numa candidatura que iria salvar o Clube. Está-se a ver que salvação nos caiu no regaço...
Salvemo-nos nós, mas dele!
Mas, a cabeça de Soares Franco não chega! E é muito importante também que os Sportinguistas percebam isto. Com a sua cabeça terão de ser cortadas também as cabeças dos seus companheiros de lista, subalternos, amanuenses e colaboradores que por eles lá foram entretanto metidos. Se não fizermos isto, tal como as cabeças da Hidra, esta gente vai renascer e voltar a colocar o SCP em situação de crise na primeira oportunidade que se lhes deparar.
Pelo que se percebe (estas coisas são sempre tratadas com grande mistério, numa altura em que se exige total esclarecimento) já há por aí umas cabeças a tentarem renascer antes mesmo de serem cortadas. Já se perfilam "alternativas" e "soluções"...
Ora TODAS AS CABEÇAS desta Hidra são parte do problema e têm por isso de ser cortadas.
TODAS!!
Não há cabeças boas e cabeças más. Há cabeças responsáveis. Todas têm a sua quota parte no que está suceder. Temos de saber distinguir as cabeças da Hidra e temos que estar atentos às cabeças que a Hidra esconde. Não há cabeças brancas...
E temos de ter tolerância zero para com as manobras que esta Hidra pode estar a tramar. Há aí cabeças a tentarem fugir ao castigo, apresentando-se aos olhos dos Sportinguistas com uma aura de virtude que não têm e mostrando-se como reserva virtuosa quando, de facto, o tempo e as acções mostraram que não passam de uma reserva viciosa.
A actual direcção tem que nos vir prestar contas sobre toda a situação que o Sporting está a viver. Exigem-se esclarecimentos! Urgentes. Exige-se transparência e exige-se o primado do Sporting Clube de Portugal sobre tudo o resto!
Mas, independentemente dos esclarecimentos que possam vir a ser prestados e que nos são totalmente devidos, não há outra solução para o Sporting: a Hidra tem de ser abatida.
É a Hidra que constitui o problema!

4 comentários:

  1. Há uma antiga polémica entre mim e Master Lizard acerca desta questão. É que eu acho que não se pode cortar cabeças sem que haja previamente outras para pôr nos lugares de direcção. No competitivo e altamente capitalizado mundo do futebol actual, já não existem condições para gestões de transição (tipo Amado de Freitas). Tem de haver um candidato a presidente e sua lista, bem como um programa. E não pode haver apenas uma destas duas componentes; têm se existir as duas (candidato e programa).
    Portanto, para que as cabeças possam ser cortadas, precisamos encontrar uma figura credível (junto dos adeptos, mas também junto da banca), que, com um programa, se apresente como alternativa ao eleitorado leonino.
    O poder não pode cair no vazio.

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  2. "O poder não pode cair no vazio."
    Mas, ó Raul eu se quisesse ser mauzinho citava-te uma mão cheia de casos em que o poder caiu mesmo no vazio com excelentes resultados.
    Não há aqui polémica nenhuma, lamento dizer-te.
    O conceito de "vazio" pressupõe a existência de um conceito de "cheio". E a questão que se coloca a nós Sportinguistas é muito simples e nada polémica: quem é que define o "cheio"...
    Somos nós ou são os que agora enchem o poder?
    Se não sabes, eles sabem e já estão todos preparadinhos para voltarem a encher o poder com os seus enquanto nós discutimos conceitos abstractos que não resolvem a crise.
    Isto não tem nada que saber: a direcção tem que se demitir e tem de ser convocada uma AG. Antes que a "nova direcção" já esteja completamente definida pela Hidra. A não ser assim nunca mais saímos disto!!
    Se não aparecer mais ninguém, a gente preenche o vazio, não te preocupes com isso...
    A casa está a arder e tu queres que a gente vá constituir uma brigada de bombeiros, elaborar um manual de combate aos incêndios e arranjar um comandante...

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  3. Entre vazio e cheio há inúmeras situações: semi-cheio, semi-vazio e outras gradações. Por outro lado, mesmo partindo do princípio de que há incendiários internos, não creio que cortar-lhes as cabeças apague o fogo; é preciso um corpo de bombeiros, bem comandados e com uma estratégia de combate ao incêndio.
    Não havendo nada, nem ninguém organizado para contrapor, mais vale o poder que está; é mau, mas existe. Prefiro isso ao "depois logo se vê".
    É que, do modo como as coisas estão, o mais provável é não aparecer ninguém!...
    Mas, pronto, esta discussão é interminável: as convicções estão expressas e não adianta chover no molhado.

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  4. Cada vez é mais clara a razão porque o Sporting é menos vencedor que os outros rivais.
    Para os sportinguistas, o clube é uma coisa sua, e que deve reger-se segundo os seus próprios conceitos, desprezando uma coisa simples que são os mandatos, os quais só servem para imputar responsabilidades pelos desaires.
    A política da terra queimada, a que alude ao vazio total, só é admissível onde é necessário começar do 0. Felizmente, não é o caso do Sporting.
    É verdade que há cabeças a cortar, desde logo todo o apoio à Juveleo, que é a maior vergonha do clube.
    São tão sportinguistas que até já iam preparados para Coimbra com aquele cartaz reproduzido pela imprensa e que, como todos sabemos, deu uma enorme imagem positiva do clube.
    Tal como em tudo na vida, há órgãos eleitos, e na defesa do clube, não devem ser postos em causa no curso seu mandato. Quando forem abertas eleições, então a sua actuação deve ser avaliada, colocada face à concorrência e apoiados os novos corpos sociais, sejam eles os mesmos ou outros.
    No meio de tanto alarido contra os corpos sociais, os técnicos e os jogadores do clube, constato o silêncio a respeito da vergonhosa actuação da Câmara, no passado e no presente, e que muito estão a prejudicar o clube.
    Masoqismo, é o que é, pois dá-nos muito mais gozo bater em nós próprios do que bater nos outros.
    Já agora, era bom que o clube alienasse 51%, acabando definitivamente com toda esta prosápia que o clube somos nós.
    Isto não é discutir e construir, é mesmo e só destruir.
    Orlando Teixeira

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