sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Apelo aos adeptos

O vulgar adepto, o mesmo que assobia o treinador, é muito volúvel. Se o Sporting começar a ganhar jogos sucessivamente, daqui até ao fim da época, depressa o treinador passará de besta a bestial e de nabo a génio, mesmo que meta o Puro e o Pontus de início.
Nós, editores de blogues, além de adeptos como os outros, somos, à nossa mais ou menos modesta medida, fazedores de opinião. Temos, pois, responsabilidades acrescidas, pois parte dos assobios ou aplausos futuros dependem da influência que as nossas análises tenham sobre os adeptos. E, por desejarmos as vitórias do nosso clube, é nosso dever, penso eu, no conturbado período que vivemos, contribuir para a serenidade e a tão falada tranquilidade do grupo de trabalho da equipa de futebol.
E penso não estar a ser demasiado optimista se disser que é ainda bem possível, para não dizer provável, que o resto da época nos venha a trazer bastantes alegrias. Os sinais estão aí:
- Recomeçámos a ganhar jogos;
- Entraram dois reforços para a equipa (apropriados quanto às funções em campo, mas desconhecidos quanto ao valor);
- Alguns dos jogadores contratados no início desta época (Izmailov, Vucevic, mesmo Celsinho) começam a mostrar um maior entrosamento com os outros;
- Alguns dos lesionados começam a ficar disponíveis, nomeadamente Pedro Silva e Derlei;
- O tempo de vacas magras permitiu afirmações inesperadas de jogadores em funções que não lhes pareciam adequadas, mas onde podem ajudar a colmatar insuficiências da equipa; casos de Pereirinha a defesa direito e de Vucevic como segundo ponta-de-lança.
É, pois, a pior altura para se pôr em causa a competência do treinador.
Este, dentro das capacidades que possui, tem sido um exemplar servidor do clube que lhe paga. Eu, se fosse treinador do Sporting e olhasse para o banco em certos jogos em que é preciso alterar a equipa para ver se ela rende mais, era capaz de deitar as mãos à cabeça. Coisa que Paulo Bento não faz. Não se queixa do plantel que lhe deram (ele terá alguma responsabilidade nas escolhas, mas não a principal, dadas as limitações financeiras e o facto de não ser ele a fazer as contratações), nem das sucessivas lesões que o limitaram.
O que acontece é que, neste mundo cão que é o do futebol, arcar-se como ele arca com as limitações de qualidade dos jogadores, defendendo-os sempre que são postos em causa, acaba por se virar contra ele. Ele paga, pois, pela sua frontalidade, por defender os elementos do seu grupo de trabalho. Em suma, por ser um homem de carácter.
O problema está no imediatismo pouco inteligente duma parte dos adeptos (é só uma parte mas, sendo ruidosa, tende a fazer mossa) que, sequiosos de vitórias, se atiram ao treinador quando estas tardam, porque ele é o alvo mais fácil, assim se entretendo a dar sucessivos tiros nos pés.
Esses adeptos, nestas alturas em que vêem o campeonato com asas, esquecem as fraquezas do plantel, ainda por cima debilitado por lesões sucessivas, e o facto de que Paulo Bento já superou duas crises em épocas anteriores. E que, como digo atrás, estão-se a incrementar as condições para que o faça pela terceira vez em épocas consecutivas.
Não! No Sporting as questões não se limitam à competência do treinador. Elas mergulham fundo na política dos dirigentes, que, por condicionarem todos os actos de “gestão” aos interesses da banca, sacrificam tudo ao abatimento do passivo (duvidando-se que, mesmo quanto a isto, as atitudes tomadas sejam as que melhor servem os interesses do Sporting), com prejuízo do investimento no "negócio" principal do clube: o futebol.

Tudo isto pelo receio que tenho da memória dos adeptos; assim como uma sucessão de vitórias faz esquecer os eventuais erros, uma única derrota (no próximo Domingo, contra o Belenenses) pode deitar toda uma época por terra.
Eu tenho vindo a fazer o que acho que, como sportinguista, é meu dever, alertando para que não façamos o jogo dos nossos adversários, ao lançarmos o odioso da situação menos boa sobre quem é seguramente o menos responsável pelo que de mau nos vem sucedendo; sobre quem vem, à sua maneira, defendendo o seu grupo de trabalho e tem sido por tal penalizado em vez de louvado: o nosso treinador, Paulo Bento.
Estamos em fase de saída da crise desportiva. Fase em que é, mais do que nunca, da maior importância a união dos adeptos em torno da equipa de futebol. Sejamos pacientes, pois tudo indica que a tendência é para melhorar.
VIVA O SPORTING!

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