terça-feira, 30 de outubro de 2007

Claro que joga quem o treinador escolhe, a questão é porque faz ele estas escolhas

O futebol evolui num sentido estranho.
O jogo em si passou a ser um mero episódio do negócio, perdendo o estatuto de objectivo em si mesmo. Aqui, neste nosso canto, este facto já estava consagrado há muito tempo, desde que inventaram as equipas que jogam para não descer de divisão. Não jogam para ganhar jogos. Jogam para manter um conjunto de negócios, nem sempre claros, para os quais precisam da visibilidade relativa a cada divisão em que militam. A famosa belenesização (ó Henrique como raio se escreve esta coisa que inventaste?) passa por aceitar que o nosso clube considere como inevitável deixar de ganhar. Nesse sentido, louvo os adeptos que foram pedir explicações à equipa e ao Paulo Bento. Eles não se resignam. Em Portugal, porque na UEFA, jogamos para não descer!

O facto de o jogo ser um mero episódio no processo industrial do futebol, faz com que haja blogues, como este, em que se analisa, à laia de uma moderna conversa de café, a gestão dos clubes respectivos (dos outros nem sei porquê, porque parece que não gerem nada. Só geram dinheiro em condições obscuras). É nessa óptica que faz sentido, na minha muito modesta opinião, olhar para as escolhas do treinador. Porque elas reflectem a persecução de uma política.

A minha questão não é, portanto, uma pergunta de treinador de bancada (e muito menos de PES ou CM). É uma pergunta sobre a política de gestão do nosso principal activo (ou melhor do principal activo da Sporting SAD) – o plantel (que é um termo que me irrita, mas enfim).

Fizemos os investimentos que fizemos. Como se trata de pessoas com culturas, práticas, alimentação, ritmos e línguas diferentes, há que dar tempo à sua adaptação (não é conversa, ainda ontem alguém referia, muito bem, que o BCP, no qual, infelizmente, o SCP não tem nenhum pai levou anos para que todos os colaboradores vindos dos bancos adquiridos se aculturassem).

Há quem, como eu, acredite que muitas mudanças ao mesmo tempo não dão resultados. Mas um jogador, mesmo em fase de adaptação, deve responder minimamente quando é chamado à equipa. É para isso que é convocado. Se não serve para substituir que faz ele no banco? Ou entrar na segunda parte é menos mau que entrar no início?

Nesta minha lógica da batata ninguém me tira da ideia que há questões extra jogo que determinam a convocação de jogadores para o banco, mesmo quando os efectivos não jogam!

1 comentário:

  1. Muito bom!
    Concordo com este ponto de vista. Quanto às questões extra jogo chamei-lhe "sistema" (dentro do Sporting também existe!!) e é a sua lógica que comanda tudo isto, que condiciona o PB e que vai em última análise (pelo que se consegue já perceber) levar ao seu afastamento e ao fracasso da sua "fergunisação". Conceito que, curiosamente, vem de um dos expoentes do sistema!
    Talvez ele jogue com triplas...

    ResponderEliminar

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.