sábado, 18 de março de 2006

AG III

Nos dois posts anteriores detive-me sobre duas questões que esta AG veio colocar a nú:
1- Não há uma cultura democrática no Sporting.
2- Existem valores perenes no SCP que de alguma foram transmitidos às gerações mais novas e nos deixam optimistas em relação ao futuro. Se... a herança lá chegar.
Neste terceiro post gostava de falar na questão de fundo desta Assembleia: a destituição da geração Roquette.
A situação financeira do Sporting é problemática --como o presidente cessante do Clube tentou demonstrar com copiosa soma de dados-- desde há muito. Sucessivas direcções concentraram-se na sua resolução ou acabaram agravando-a. O Projecto Roquette surgiu como uma das mais aliciantes tentativas para a resolução deste crónico problema que foi possível construir. O Projecto Roquette falhou. O que os sócios fizeram ontem foi gritar, alto e bom som, isso mesmo: o Projecto Roquette falhou. Não há mais tentativas, nem mais condescendência com os seus promotores!
Outra coisa que ficou clara do resultado da votação de ontem foi o facto de os sócios não temerem, apesar das contínuas ameaças sobre o espantalho do vazio de poder, a aparente ausência de alternativas. Este facto é importante porque o horror ao vazio de poder tem pairado constantemente sobre as escolhas eleitorais dos Sportinguistas. O vazio de poder é o factor que tem substituido o debate democrático, ético e esclarecedor.
Em grande parte porque os mesmos que abanam o espantalho do vazio de poder têm, eles próprios, horror à discussão e à participação democrática. (Neste sentido, as sessões convocadas por FSF podem bem ser classificadas como "sessões de convencimento" como um sócio referiu, e neste sentido também é mesmo fundamental discutir aberrações como a forma de condução da AG de ontem, ou a macacada da "AG" de 23/2...).
Noutra medida, e em resultado também desta posição autocrática, porque tem existido uma incapacidade para entender e promover o papel das novas gerações de Sportinguistas nos destinos do Clube. Apenas os dirigentes do presente se perfilam como alternativa. O futuro não chega aos calcanhares do presente. A não ser mascarado de claque.
Muito do que, no fundo, se passou nos últimos dez anos no SCP passou por isto: crónico desprezo pelos sócios e incapacidade de incorporar novo sangue nas fileiras dirigentes. O resto é conhecido e foi amplamente discutido por todo o lado.
Resultado de tudo isto: voltámos a falhar e estamos na estaca zero. Precisamos de um novo "Projecto".
Mas, o que ontem ficou claramente expresso na votação foi: "estes não!" Que sobre isto não restem dúvidas!!
Venham então os próximos!
Em próximo episódio tentarei falar sobre programas possíveis.

2 comentários:

  1. O voto contra tem, na minha opinião várias leituras. No meu caso pessoal foi mais assim (sem esclarecer tudo e com processos esquisitos) e com estes (os mesmos que nos trouxeram aqui) não.... não me parece ser credível não por em cima da mesa algo que se pareça com a alienação de património que apesar de não resolver nada, permitirá respirar até uma solução.

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  2. Se a solução apresentada fosse a única ou a melhor para o clube, então seria fácil demonstrá-lo (até com estudos independentes e crediveis).
    Não houve nunca a intenção de nos demonstrar a bondade do que pediam, antes pelo contrário, optaram pela chantagem.. e perderam!
    É ridículo que não soubessem responder à questão colocada pelo dr. Jesus de Oliveira sobre qual o valor das receitas actuais geradas pelos imóveis que pretendem vender.
    Enfim...

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