Os anunciados candidatos, vêm hoje, com semblante de vitória, anunciar o seu regozijo por os sócios do Sporting não terem deixado passar a proposta de venda de património apresentada pelo Conselho Directivo. Coitados! Ainda não perceberam o que, de facto, aconteceu...
E do que aconteceu o principal prejudicado é o Sporting.
Porque, para começar, qualquer que seja o Conselho Directivo que venha a ser eleito, encontre as contas como encontrar, pelo menos nos próximos tempos – isto é, enquanto os sócios se lembrarem do que acabaram de decidir – não se vai poder tocar no património. Ora, sendo certo que FSF carregou de sombras negras o quadro financeiro do clube, estou cá desconfiado de que não vai ser fácil pagar salários e outras despesas correntes se não houver uma entrada extraordinária de fundos. "Estarás tu, herege, a insinuar que o interino FSF tinha razão em querer alienar património?", dir-me-ão. Ora, só o que se deve da construção das infra-estruturas, como agora ficámos a saber inteiramente financiadas por capitais alheios, obriga ao pagamento de juros anuais de mais de 13M€. E, pelo que li nos jornais – e apesar das vendas das jóias da nossa coroa, algumas delas a abrilhantarem os plantéis dos nossos principais rivais – só em prejuízos acumulados nos últimos 10 anos já vamos em 112 milhões!
Mas o mais grave não é isto. É que já os jornais começam a insinuar que FSF (se não for ele há-de ser alguém que garanta a continuidade) se apresta a candidatar-se. Ele, actual representante dos "gestores" que nos andaram a "enterrar o tostão" durante o último decénio! Pois é, ainda ninguém reparou que, apesar de derrotada, a actual Direcção teve 64% dos votos!
Nas circunstâncias em que a coisa correu, isto é, tendo-se aceitado as regras do jogo traçadas para esta Assembleia, a Direcção saía sempre a ganhar. Como, de facto, saiu. Agora vai capitalizar os sessenta e tal por cento que são os seus eleitores. Os totós dos protocandidatos não perceberam que o que tinham a fazer era recusar aquela metodologia de debate e decisão. O que deveriam ter proposto era que o debate fosse realizado em sede eleitoral e que a decisão sobre a alienação de património fosse protelada para depois das eleições.
Nós tínhamos uma moção preparada para ser apresentada durante a Assembleia que propunha concretamente:
Adiar a decisão sobre a questão em apreço nesta Assembleia para depois das próximas eleições para os Corpos Gerentes do Sporting Clube de Portugal.
Com a falta de prática que temos da maneira como é possível correrem as coisas numa AG, inscrevemo-nos para falar e, nessa altura, apresentar a moção. Qual não é o nosso espanto quando, estrategicamente a seguir a uma intervenção de FSF, o Presidente da Mesa revelou que tinha uma moção que ia no sentido de se proceder imediatamente à votação. Já cansados e prevendo que não iriam ser melhor esclarecidos por mais intervenções, os sócios quiseram votar de imediato.
Chegados a este ponto votámos obviamente contra. Mas tudo isto foi uma falácia porque não só nós, mas todos os descontentes que ali estavam – e as intervenções destes foram bastante claras quanto a isto – votámos, não contra o projecto de alienação, mas contra o Conselho Directivo.
Porque se houve mérito que este desgraçado processo teve foi o de nos revelar o buraco em que as gestões dos últimos 10 anos nos meteram. E que não estamos sozinhos nas nossas preocupações; intervieram vários associados jovens, com um discurso vigoroso, informado e consciente. Mas é improvável que se consiga poder suficiente para contrariar esta espécie de polvo que se alapou aos cargos dirigentes do clube.
Querem que vos diga a verdade, sem subterfúgios? Então lá vai: o que vamos ter a seguir é mais do mesmo.
A esperançazinha é que apareçam as tais alternativas credíveis.
Era necessária uma figura bem sustentada financeiramente e com conhecimentos na banca, que desse mão a todos estes jovens Sportinguistas para levantar o clube.
ResponderEliminarMas parece-me muito dificil que tal aconteça..
Mantenho a esperança que referes no texto.
ResponderEliminar