quinta-feira, 22 de setembro de 2005

Ainda o Adriaanse

Os comentários do treinador do Porto fizeram correr muita tinta (sim, os computadores gastam tinta... de choco!). Independentemente da maior ou menor justeza e oportunidade de parte ou da totalidade destes comentários, há uma questão que parece ter de facto relevância e gostaria de aqui a levantar: a questão do preço dos bilhetes do espetáculo de futebol.
O companheiro Gord_illo chamava muito justamente a atenção para o facto do preço dos bilhetes na Holanda ser muitas vezes inferior ao praticado aqui em Portugal, num país que tem um rendimento bem superior ao nosso. Esta questão dos preços interessa também ao Sporting e aos sportinguistas e já nos motivou até comentários que foram enviados directamente ao clube, embora a eles nunca tenhamos obtido resposta...
Os preços dos bilhetes que se praticam em Portugal são verdadeiramente obscenos, se tivermos em conta o lugar que o país ocupa no ranking dos indicadores económicos e sociais. Se tivermos em conta, por outro lado, os custos de manutenção deste espetáculo os preços talvez possam ser considerados justos. Mas, a realidade é esta: não temos "graveto", o espetáculo futebolístico é caro e a televisão está no âmago mesmo do surgimento destes verdadeiros jogos "à porta fechada"... Os estádios, recordemo-lo, já tiveram assistências muito mais significativas! Das duas uma: ou a política de preços está errada, ou o espetáculo tem uma produção demasiado cara.
A verdade é que vemos os clubes em grandes dificuldades, e mesmo alguns clubes a acabarem com o futebol profissional por incapacidade financeira para o suportar. É triste.
Deveria servir de lição o que se passa com os jogos da selecção. Mesmo tendo os bilhetes dados ou vendidos a preço reduzidíssimo estão habitualmente cheios.
Sinceramente, escapa-me a lógica que leva os clubes a praticar preços altíssimos para os ingressos para depois terem os estádios às moscas. Faz-me lembrar o clube que quando jogou um jogo decisivo com o Sporting, fiado que a televisão não iria poder transmitir o jogo, insistiu em colocar o preço dos bilhetes a um valor elevadíssimo. Depois foi ver o estádio meio vazio...
E é assim que encontramos normalmente os estádios em Portugal: meios vazios.
Garantir, com novos ou renovados estádios, boas condições para assistir aos jogos, melhorar o espetáculo e enriquecê-lo com um sem número de extras, está provado, não chega. Por outro lado, a televisão não substituirá nunca o espetáculo vivo que é um jogo ao vivo. Os jogadores e os treinadores queixam-se da falta de espectadores...
O Sporting comete, infelizmente, também este erro.