quinta-feira, 1 de maio de 2008

Dados pessoais sobre Sportinguistas na praça pública

Aqui há tempos manifestei neste espaço o meu apoio à iniciativa de convocação da Assembleia Geral Extarordinária do Sporting do Movimento Leão de Verdade. Não sou procurador dos sócios que tomaram esta inciativa. E não tenho qualquer ligação a nenhum deles, para além do facto de sermos todos sócios do mesmo Clube.
O meu apoio decorre tão somente do facto de pensar que a iniciativa foi até agora a única que me parece ser verdadeiramente acutilante, ao mesmo tempo que está totalmente escorada numa irrepreensível legitimadade estatutária. É isto que precisamos: largar a retórica, mas agir dentro das regras que nos governam. Simplesmente.
Parece que a iniciativa é mesmo acutilante... Querem ver porquê?
Já por diversas vezes se notou alguma agitação e algum desconforto da parte da direcção com esta iniciativa. A reacção intempestiva do presidente da Mesa da AG, por exemplo, veio provar que por aquelas bandas corre algum nervosismo.
Hoje o jornal Record (que eu chamei em post anterior de folheca sanitária, penso que com redobrada e justificada razão) publica um texto de autoria de Luís Óscar que não pode deixar de chocar qualquer Sportinguista.
Não está (de todo) em causa a matéria substantiva que o texto aborda, aliás prontamente esclarecida pelo Leão de Verdade. Nem está em causa o combate democrático, a que a direcção tem direito, como qualquer associado, desde que travado no quadro das regras estatutárias. O que está em causa aqui --e penso que será motivo de preocupação séria para qualquer Sportinguista-- é a divulgação pública de dados sobre sócios, com enorme soma de detalhes, por um jornalista que só os poderá ter obtido do próprio Sporting. A não ser que as bases de dados do Clube tenham passado para o domínio público...
Esta direcção e os colaboradores que a rodeiam já deram noutras ocasiões sinal de que pelas bandas do Edifício Visconde de Alvalade vale tudo, mas agora penso que a linha foi definitivamente ultrapassada.
Há uma coisa a que os cidadãos, Sportinguistas também, têm direito: bom nome e privacidade. Eu não quero, como certamente nenhum Sportinguista com bom senso, ver escarrapachados num jornal os dados sobre a minha filiação clubística e tenho todo o direito a isso! A publicação destes dados constitui claramente, em minha opinião, violação de garantias constituicionais e é matéria para uma intervenção da Comissão Nacional de Protecção de Dados. (Ainda) não vale tudo...
A quem poderão os serviços e os responsáveis do Sporting estar a passar os nossos dados pessoais sem a gente saber?
Este caso só pode suscitar a todos os Sportinguistas as maiores preocupações. Trata-se de um procedimento que merece o nosso mais vivo repúdio. No mínimo, a direcção deverá desde já abrir um processo interno de averiguações e esclarecer cabalmente os Sportinguistas sobre toda esta embrulhada. É necessário apurar como e em que circunstâncias estes dados foram tornados públicos e quem os facultou ao jornalista.
No que respeita ao Record este frete à Hidra (mais um e a pretexto de quê...?) só merece uma classificação: um nojo!
Quanto à direcção do Sporting, fica a pergunta: o que receiam afinal? Porque razão um simples pedido de esclarecimento, dinamizado por sócios que nem pagam as quotas, poderá estar a suscitar tanta agitação e nervosismo...?