quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Adeptos: os capitalistas querem matar o futebol!

Publica o blogue Ofensiva 1906 um excelente post (de onde retirei as citações constantes deste) a pretexto da recente iniciativa da exportação de alguns jogos da Premier League. (Para quem ainda não conhece o assunto, informo que surgiu a ideia de realizar uma jornada - a jornada 39 - da Premier League fora de Inglaterra). Esta ideia é apresentada como se fosse um esforço para promover o futebol em países com apetência para este desporto-espectáculo, mas não passa da destruição de “uma tradição tipicamente britânica” que assim começará a ser “convertida num modelo do tipo NBA”.
E, como muito bem refere Steven Powell, do Football Supporters Federation, em mensagem enviada aos “adeptos portugueses e mais concretamente para os sportinguistas”, os “tubarões” da indústria do futebol “não estão interessados senão no dinheiro”. Estão-se a marimbar para a paixão dos adeptos pelo futebol e pelos seus clubes do coração, apenas lhes interessando os lucros que a actividade possa gerar, independentemente dos meios para os obter. É por isso que os adeptos britânicos já “aprenderam que os adeptos se devem organizar para resgatar o jogo que tanto amam aos tubarões” (tradução livre minha).
Nós, aqui em Portugal, como ainda não fomos directamente atingidos pelos problemas que o “capitalismo avançado”, chamemos-lhe assim, põe ao futebol, andamos distraídos. Levámos “na esportiva”, como dizem os brasileiros, quando se falou em que havia uns chineses interessados em comprar o Benfica. Dessa vez não era a sério, mas não pensemos que esse não é um perigo iminente.
Em Inglaterra, como se vê, os adeptos estão preocupados porque vêem cada vez mais clubes a serem comprados por magnatas e deparam-se agora com este novo projecto de jogar uma jornada noutros países. Mesmo os próprios poderes públicos, também tomam medidas no sentido de preservar a participação dos adeptos; o ministro que tem o pelouro do futebol (Secretary of State for Culture, Media and Sport) afirmou: "Quero ver um representante dos adeptos, uma voz dos fãs, no executivo – no executivo principal – de todos os clubes profissionais".
Que tal começarmos a pensar nisto? Que tal começarmos a preocupar-nos por não sermos tidos nem achados nas decisões principais dos nossos clubes? Porque não começarmos a pensar num processo de sermos ouvidos pelos órgãos dirigentes dos nossos clubes? Porque não começarmos a pensar em pressionar os poderes para garantir um representante dos adeptos na administração da SAD?
É para podermos fazer ouvir a nossa voz que aqui lanço a ideia de nos abalançarmos à constituição de uma ASSOCIAÇÃO DE ADEPTOS DO SPORTING.
O Sporting tem sempre andado (para o bem e para o mal) na vanguarda dos novos tipos de organização dentro dos clubes (foi o primeiro a ter claque organizada, a constituir SAD, etc.); vamos ver se conseguimos ser também os primeiros em termos da organização independente dos adeptos.