domingo, 20 de janeiro de 2008

Nivelar por cima

Felizmente que uma parte significativa da chamada blogosfera --que retrata e reflete a generalidade da opinião leonina-- compreendeu o que se passa hoje no Clube e não desiste de afirmar a sua vontade de impor um novo rumo para o Sporting.
O Sporting de hoje não é certamente o pior clube do mundo, não é o que está pior organizado, nem o que tem a pior prestação. Mas, está longe de poder ser considerado satisfatório por quem seja mais ambicioso.
Uma das reacções que vemos aparecer, volta não volta, nos momentos de mais acesa discussão sobre o futuro do Clube, é a das comparações. Mas será que os adeptos da comparação colocam o Sporting lado a lado com os clubes poderosos e realmente significativos? Não, preferem avaliar o Sporting por analogia com o que se passa nos clubes portugueses que se encontram em maiores dificuldades. Clubes que lutam para evitar a descida ou militam em escalões inferiores. Não me custa adivinhar que, se for caso disso, os adeptos da comparação invoquem as nossas glórias passadas para valorizar o pedigree do Sporting. Dá jeito... Mas, quando se trata de enfrentar a realidade de hoje comparam o nosso Clube com agremiações sem expressão, nem peso no panorama desportivo português. Estranho militantismo Sportinguista este, limitado ao confronto com os medíocres ou a consolar-se com o mal dos outros...
Eu, cá gosto de pensar no Sporting por contraponto aos grandes clubes do mundo. Os pequenos clubes, os clubes mal geridos, os clubes satélite estão frequentemente numa condição para a qual foram arrastados pelos seus desmandos, pelo seu conformismo e pela sua própria falta de visão e de ambição. Esta falta de visão e de ambição afecta todos os clubes é certo, mas até por isso, e em qualquer circunstância, não são os clubes em dificuldades que nos podem servir de bitola. Não me consola absolutamente nada que este ou aquele clube esteja pior do que nós, ou que este ou aquele clube não tenha dinheiro para consertar o relvado ou pagar os salários aos seus jogadores.
Claro que a situação dos adversários actuais ou potenciais do Sporting me preocupa e muitas vezes aqui no KL temos proclamado as reservas que a organização do futebol nacional nos merece. O futebol português não está a ser dirigido pelas mãos correctas e os seus princípios organizativos deixam muito a desejar. Mas, são coisas diferentes, por um lado, o ideário Sportinguista e, por outro, o ideário organizativo do futebol nacional. São coisas diferentes que merecem acções estratégicas diferentes e assentam em pressupostos diferentes. Não serve de nada misturá-las.
Gostaria, como todos certamente gostaríamos, de ter um Sporting de grande projecção nacional e internacional, vencedor dentro e fora das fronteiras. Não se atinge uma posição dessas sem um elevado nível de organização e sem uma ambição inabalável e interstícia, que envolva de modo indissolúvel dirigentes, atletas e adeptos. Os outros não nos devem interessar, temos de traçar e cumprir o nosso próprio caminho. Mas, se nos tivermos de comparar então que seja com quem está situado a um nível superior. Não parece legítimo estabelecer paralelos entro o Sporting e equipas em zona de despromoção ou de escalões inferiores. Eu, por mim, gosto de nivelar por cima. Mas, infelizmente parece que há Sportinguistas que se contentam com pouco...