sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Venenos 36

Uma notícia do Público on-line dá conta que a Escócia vai receber os Mundiais de Futebol na Lama no próximo mês de Junho.
O nome original em inglês é Swamp Soccer, que deveríamos traduzir com mais rigor por "Futebol do Pântano".
Temos de admitir que o tema é aliciante...
Quando vi o título pensei que se tratava de qualquer coisa relacionada com o processo do Apito. Depois ocorreu-me que poderia ser uma competição na qual iriam participar várias equipas portuguesas. Pensei na qualidade de algumas exibições de certas equipas que tenho visto de vez em quando por aí...
Enganei-me, afinal a história é outra.
Diz-se que foi a Finlândia que iniciou este desporto em 1998, mas Portugal contesta vigorosamente esta suposta origem. "Em Portugal já há muito se pratica, embora o facto não seja reconhecido e as pessoas tentem maliciosamente levar isto para outro lado," afirmaram fontes por nós contactadas. Estas fontes reconhecem, por outro lado, que alguns clubes portugueses terão boicotado uma possível participação portuguesa, enquanto o nosso país não for distinguido como o grande, o único, o verdadeiro iniciador do Futebol do Pântano. "Portugal," acrescentam as nossas fontes, "é o único com verdadeiras condições para a prática deste desporto."
"Ninguém arrasta o futebol pela lama como Portugal," afirmou-nos um conhecido dirigente.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Cura de sono

Dizem os manuais médicos que as perturbações do sono são alterações da capacidade de dormir ou do próprio sono, e que são potenciais geradoras de efeitos prejudiciais à saúde como problemas do foro cardio-vascular, problemas de obesidade e até mesmo a morte súbita.
As perturbações do sono afectam cerca de 20% dos portugueses. Certamente não os portugueses que têm visto ultimamente o Sporting a jogar.
A observação de um jogo do Sporting arrisca-se a passar a vigorar nos tratados de farmacologia e a constituir um método universal de grande eficácia para a cura das perturbações do sono. Paulo Bento poderá mesmo vir a ganhar o Nobel da Medicina!
Vá lá rapaziada, a época está quase a acabar e o pesadelo vai passar.
Eu é que já estou com terrores nocturnos...

Rasteiro ou rasteira

Sempre tive e tenho consideração pelo Presidente João Rocha. Acho que podemos classificar os anos da sua gestão como sendo de um Sportinguismo com fogo de artifício. Isto porque, nessa altura, havia razões para festejo e porque tínhamos Sportinguismo com alegria! Os anos de Rocha deixaram uma marca indelével de vitória, de ecletismo, de equilíbrio e de tranquilidade face ao futuro.
Exactamente o contrário do que vemos hoje.
Por tudo isso, acho surpreendente que o mesmo João Rocha venha agora exortar o actual presidente a recandidatar-se. Na falta de alternativa, diz ele, Franco deve avançar.
Sei que a ideia que defendo não é consensual (Raul, aguarda-se a saraivada...), mas o melhor que podia acontecer ao Sporting era que Franco se afastasse. Renunciar a qualquer tentação de recandidatura era um acto higiénico. Para ele e para o Sporting. E, ao deixar desde já claro que não se recandidatará em nenhuma circunstância, Franco provaria, em definitivo, uma coisa que cada vez me deixa mais dúvidas: o seu Sportinguismo. A menos que Franco já nem se preocupe em demonstrar sequer que é Sportinguista...
O problema do Sporting não é o da falta de "alternativas". O problema do Sporting é o facto dos Sportinguistas (os Sportinguistas!) não saberem o que querem. A questão da alternativa não passa de, como se diz na gíria, "chutar para canto".
Não há "alternativa" que substitua uma atitude activa relativamente aos problemas do Sporting e não há "alternativa" que nos possa responder a esta pergunta: que Sporting queremos? Porque, em alternativa (!), há quem saiba e há quem explore isso com mestria, contra o Sporting e contra os Sportinguistas. A ausência de alternativas e o debate daí decorrente funcionará, na minha opinião (e estou aberto naturalmente a discutir essa questão) como forma de ajudar os Sportinguistas em geral a perceberem o que está hoje em jogo no Clube. As verdadeiras alternativas surgirão da discussão, não da espera.
Depois disso a escolha seria informada. Até lá continuamos a ter uma fantochada em vez de uma verdadeira democracia leonina.
Do alto do seu estatuto quase senatorial, João Rocha devia meter o dedo na ferida, ajudar a abrir caminhos e horizontes, não promover o discurso redutor. Neste sentido o voo afigura-se rasteiro.
A menos que... seja rasteira.
Ao empurrar e promover Soares Franco, tendo em conta o panorama paupérrimo que resulta da gestão "franquista" --limitada a uma redução inconsequente e sem glória de um passivo, que tem responsáveis que deviam ter sido por ele incriminados por o terem gerado...--, da banhada desportiva e o afundanço do Clube como referência nacional, Rocha poderá estar a preparar habilmente um rico funeral para o fogoso presidente do Sporting...
Receio que a balança penda mais para a primeira destas hipóteses, mas a ver vamos.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Porque razão somos hoje tão poucos?

O simples facto de numa conferência de imprensa do Sporting, numa situação formal de apresentação de uma iniciativa do Sporting, o presidente do Sporting mencionar aquela agremiação de patos bravos --de cujo nome nunca me consigo lembrar, como sabem-- de forma reiterada e totalmente despropositada, devia ser razão suficiente para o Conselho Fiscal e Disciplinar lhe instaurar um inquérito disciplinar.
Querem saber qual a infracção? Por nos tentar fazer passar por parvos!
Quando estávamos todos à espera que S. Exa. viesse explicar a razão pela qual o Sporting, que já foi um dos maiores clubes europeus em número de associados, viu reduzir-se, assim tão drasticamente, esse número, eis que S. Exa. opta por fintar a questão e mencionar a b word para provocar a reacção pavloviana...
Mas, olhe que nós não nos distraímos e continuamos todos interessadíssimos em saber a resposta!
Tudo isto diz bem dos valores que norteiam esta gestão...

Venenos 35

Será que teremos que ir por esta via para que o Sporting seja, finalmente, o nosso Clube? Veja aqui como. Se calhar saía-nos mais barato...

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Back to the future IV?

Carlos Carvalhal afirmava no final deste Setúbal-Sporting que foi um jogo de sofrimento, porque para jogar com o Sporting tem que se sofrer sempre. Ó Carlos Carvalhal como eu o compreendo! É o treinador do Vitória a sofrer e eu...
Tão novinhos e já não conseguem sequer dar cinco seguidas. Por falar em cinco seguidas, esperemos que este não tenha sido um jogo de contenção de forma a garantir o próximo objectivo...

Casa de espelhos

Recentemente, surgiu uma série de iniciativas com origem no universo Sportinguista que merecem toda a atenção e respeito. Destaco a União dos Blogues Leoninos, uma iniciativa do blogue O Sangue Leonino, que conta já com cerca de uma dúzia de adesões, o Leão de Verdade, movimento criado em torno do "Manifesto SCP Mais e Melhor Sporting" e, mais recentemente, a iniciativa “Pensar Sporting!” dinamizada pelo grupo Ofensiva 1906.
Confesso que tenho sentimentos contraditórios em relação a todas estas iniciativas. É justo sublinhar que, por um lado, o que tudo isto revela, em primeira análise, é um grande dinamismo, um grande fervor clubístico, uma grande vontade de particpação na causa Sportinguista e um assinalável espírito de inciativa. Espelham também um louvável desejo de acção e um cansaço com a retórica que é de saudar. Raramente se vê na sociedade portuguesa um empenhamento colectivo deste género. Por aí o Sporting está a dar 100-0, não só aos rivais, mas também às outras associações, desportivas ou não, e estruturas democráticas do país. Se o que se observa no Sporting fosse a regra, teríamos certamente um país mais solidário e uma intervenção dos cidadãos bem mais participativa. O que se passa no Sporting hoje deve, em particular, merecer uma atenção especial dos políticos. Os Sportinguistas não andam a dormir e querem demonstrar que não estão dispostos a deixar a resolução dos seus problemas em mãos alheias. Perante os apelos que recentemente até o mais alto dignitário do país fez aos portugueses, aqui está um exemplo (que devia ser exibido!) de um fortíssimo sentimento contra a resignação...
Mas, (e há sempre um mas...) todos estes movimentos me deixam também um pouco preocupado. No meio do fervor temos de ver que terrenos andamos a pisar. Podem estar armadilhados...
O Sporting é uma instituição centenária que foi fundada com base em determinados princípios que estão hoje consignados de forma clara nos seus Estatutos. O Sporting não é uma associação de jeitosos feita em laboratório, nem provém de nenhum ensaio clandestino feito em proveta. O Sporting é uma instituição, legal, com orgãos de poder eleitos, com regras de funcionamento aprovadas de forma democraticamente irrepreensível, com uma legitimidade histórica acrescida e com um peso considerável na sociedade portuguesa.
Volta não volta, uns quantos aventureiros tentam tomar conta do curso dos acontecimentos. Mas, os Sportinguistas têm sabido reagir. As eleições são isso: reacção! A dinastia Roquette e a actual direcção são isso: reacção!
O modus operandi do Sporting vai, mas os princípios do Clube ficam. Sucedeu isso com anteriores direcções e vai suceder isso com esta, com toda a certeza.
Ora, quaisquer iniciativas para mudar o curso dos acontecimentos no Sporting têm de ser tomadas à luz do sistema de funcionamento legal do Clube. Não é isso que está a suceder.
Não quero dizer com isto que não haja intervenção, bem antes pelo contrário. Quero dizer é que face a esta realidade que é a capacidade de intervenção dos Sportinguistas se constata que a fórmula organizativa do Clube não satisfaz e que os Estatutos já não refletem essa mesma realidade. Há pois que pugnar pela mudança dos Estatutos.
Já há muito tempo que propus a criação de um orgão regulado estatutariamente que permita uma maior intervenção dos Sportinguistas na vida do Clube. Uma espécie de Senado, de Assembleia, de Conselho, como lhe queiram chamar, com poder deliberativo, não este Conselho Leonino que é um travesti de democracia! É isso que, na minha opinião falta. Uma organismo que reflita a pluralidade dos Sportinguistas, mas que garanta a sua unidade num quadro de absoluta legitimidade das suas iniciativas. A realidade actual diz-me que esta ideia está correcta. Este é o programa para uma candidatura!
A impossibilidade de intervir gera descontentamentos e feridas insanáveis no seio do universo Sportinguista. O erro principal do "projecto Roquette" foi não ter incorporado a intervenção dos Sportinguistas nos seus planos, depois de ter metido o Sporting por novos caminhos, sobretudo, no plano da sua reorganização "comercial". Os resultados estão à vista.
Mas, estas inicitiavas, que agora vêem a luz do dia, por muito louváveis que sejam, sem desprimor para os seus proponentes e sem colocar em causa a bondade da sua criação, não podem gerar o contrário: intervenção dos Sportinguistas sem regras! Desta forma arriscamo-nos a ter um Sporting tipo casa de espelhos, em que para onde quer que nos viremos, vemos milhentas realidades refletidas nas paredes e não sabemos a origem dos objectos que refletem essas imagens...
Ao lançar todas esta iniciativas os seus autores têm de estar conscientes que estão provocar clivagens, que têm de ter uma qualquer resolução no seio do Clube. De outra forma arriscamo-nos também a ter um Sporting 1, um Sporting 2, ou 3 e por aí fora. O louvável poder de iniciativa demonstrado pelos Sportinguistas não pode servir para escaqueirar ainda mais a unidade necessária.
O objectivo é entendermo-nos todos, não destruir o UM que é o Sporting, nem substituir uma elite por outra! Para elites já dei...
Temos de enquadrar todas as inicitivas, de todos os legítimos grupos de sócios num quadro de regras sem mácula.
E há, finalmente, que distinguir também muito claramente uma outra coisa: eu não sou adepto do Sporting! Eu sou sócio do Sporting! Os adeptos que se organizem. A mim cabe-me participar na vida do Clube no quadro definido pelos seus Estatutos.
Fá-lo-ei sempre, se me deixarem, se quiserem contar com a minha opinião e se existirem mecanismos que o permitam fazer.
O pior é se eu continuo a pagar as quotas e não me deixam dar, ou não querem que eu dê a minha opinião porque há sempre uns iluminados que decidiram que sabem mais do que eu...

sábado, 23 de fevereiro de 2008

O alvo e a seta

O Sporting é, segundo rezam as crónicas, o clube que proporciona um maior retorno ao investimento feito pelos seus patrocinadores. O retorno é de tal forma apetecível que o total de patrocínios aumentou 30% em relação à época anterior.
O alvo da PT, do BES, da CGD, da TMN, da Sagres, da Coca-Cola e de todos os outros, não é, claro está, o Sporting. Nem qualquer destas empresas está a "dar" dinheiro ao Sporting. Está a investir - e pelos vistos está a investir bem. O alvo das empresas somos nós, os Sportinguistas.
Os únicos em toda esta complexa equação que dão qualquer coisa ao Sporting somos nós, os Sportinguistas, os alvos de todas estas empresas. Pagamos ao Sporting e vamos depois a correr pagar às empresas que investem no Sporting. Aparentemente, às empresas pouco importa o lugar que o Sporting ocupa no campeonato.
Quando se discute o Sporting e o seu futuro há que ter em atenção, sobretudo, estas singelas, mas significativas realidades.
Façam as contas e pensem como estão a investir o vosso dinheiro. Vejam lá também qual é o retorno que têm e se, nessa conformidade, é um bom investimento aquele que estão a fazer. Ah! e vejam, finalmente, quem gere e como gere todo este complexo esquema.
Atrevam-se a transformar o alvo em seta...

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Penitência

Eu sei que ainda não estamos na Páscoa, mas já vou adiantando serviço...
Não pude ver o jogo de hoje (por motivos profissionais tive de ouvir bocados do relato, às escondidas, pelo rádio do telemóvel... vejam lá aonde chega a paranóia!), mas pelo "relatório" que me foi feito logo a seguir ao jogo e pelo pouco que fui podendo ouvir, o grande Sporting deu um baile de bola à rapaziada da edelweiss!
Fico imensamente feliz e penitencio-me por não vos poder dar mais vezes os parabéns desta forma efusiva!
A mim não custa nada penitenciar-me quando é preciso...

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Derlei

O novo revés que o folhetim Derlei conheceu diz-nos afinal bem do que foi o "planeamento" desta época e do modo estranho como o futebol é encarado pela actual estrutura directiva da SAD. Bem pode Miguel Ribeiro Telles vir reclamar uma presença regular do Sporting na Liga dos Campeões. Para quê? Eles nem sabem planear a formação de uma equipa que resista a um ou dois abanões fortes e que mantenha um nível competitivo de acordo com os seus desígnios, quanto mais querer presenças constantes na LC.
Queixam-se que é azar... Azar foi o nosso por termos de os gramar!
Aliás, a propósito destes desejos expressos reiteradamente pelo administrador da SAD em diversas entrevistas (presença na liga dos campeões, vitórias na liga doméstica, etc), devo dizer que estes recados, vindos de quem vêm e nesta altura, me soam totalmente bizarros. Então ele não tem estado na SAD, ou também só passa por lá de vez em quando? Que crédito podemos nós dar a toda este paleio? Digam-me lá que condições foram ou estão a ser criadas para que estes desejos possam ser interpretados de uma forma diferente daquela que qualquer pessoa minimamente atenta lhes atribuirá: uma manobra totalmente demagógica, em momento de crise, para enganar o pagode?
Que diabo de "estratégia" é esta?!

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Incentivar a equipa

Eu compreendo a intenção do Raul ao titular o seu último post "A equipa está a melhorar". Por um lado, há coisas que só podem melhorar com o retorno dos lesionados e com a entrada do Grimi. Por outro lado, ao perceber que os adeptos dizem que "está a melhorar" a equipa recebe implicitamente o incentivo que, em qualquer caso, necessita e que nesta "altura do campeonato", como sói dizer-se, se afigura fulcral.
Compreendo, portanto, a intenção.
Mas (!) o lugar que a equipa ocupa neste momento não é apenas obra do "azar"...
A pobreza do jogo do Sporting é confrangedora. E não há nada pior do que esconder a cabecita debaixo da areia. O Sporting não dá três toques seguidos na bola sem a perder (contem! contem!!), joga com uma lentidão que desespera o mais pacífico dos espectadores, tem uma capacidade de concretização a raiar o inacreditável, tem uma precisão de passe que nos deixa à beira de um ataque de nervos e no confronto com o adversário perde a bola com uma frequência que devia deixar corados de vergonha os jogadores.
Não sei quem é que consegue ver, "nesta altura do campeonato" qualidades no Miguel Veloso, por exemplo. Não ganha um raio de uma bola, está frequentemente desposicionado (já tem tido várias consequências trágicas este ano), a sua condição física roça o patético! Era jogador para encostar e colocar em trabalho (forçado) extra...
Já nem quero falar nas questões de trabalho técnico de conjunto referidas, quer pelo Raul, quer num cometário que o Lionheart lhe fez. Que não são de facto só as grandes penalidades. Com efeito, nunca percebi como é que uma equipa como o SCP falha tantas grandes penalidades (e que dizer do Polga a marcar grandes penalidades!!??), concretiza tão pouco nos lances de bola parada e, ao invés, no capítulo defensivo, claudica de forma tão vergonhosa justamente nestas situações.
O jogo do Sporting é, frequentemente (demasiado frequentemente...) de uma pobreza e banalidade confrangedoras. Ao contrário do que se diz, eu acho que o Sporting tem tido imensa sorte esta época. Pelas qualidades que demonstra em campo só por sorte é que não estamos mais abaixo na tabela.
Precisam de incentivo? Joguem bem! Tenham vergonha, vocês representam o Sporting caraças!!!!!! Se há áreas que tão claramente precisam de trabalho, trabalhem!!! Nem que para isso tenham de fazer horas extra.
Eis o melhor incentivo que se lhes pode dar...

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

A equipa está a melhorar

Na última edição do Expresso, Luís Freitas Lobo escreve sobre aparição de Grimi na equipa do Sporting. Diz ele que com o argentino a equipa “consegue manter sempre a linha defensiva completa quando o ‘onze’ perde a bola, algo que não sucedia com Abel e Ronny ao mesmo tempo em campo”. Entusiasmado, diz mesmo que tal “é a prova de como um jogador dito normal pode, em circunstâncias específicas, tornar-se indispensável para uma equipa”.
Lendo-o, dá a ideia que ele já esqueceu a afirmação de que o Sporting estaria a chegar ao fim de um ciclo.
Partilho, de algum modo, esta opinião de LFL: a entrada de Grimi parece apresentar-se como um factor muito importante de coesão defensiva. E isso notou-se bastante no jogo contra o Estrela da Amadora: a ausência de Grimi retirou alguma da consistência que a equipa manifestou nas vezes em que ele jogou. Paulo Bento lá sabe da condição física do jogador (esta época poucos jogos fez e o terreno estava pesado) e resolveu poupá-lo contra o Estrela. Outra ausência que a equipa sentiu foi a dum companheiro em condições para Liedson, o que explica a escassez de golos a jogar contra 9 durante muito tempo.
Mas houve várias outras “boas notícias”:
- A confirmação das capacidades de Rui Patrício: à medida que ganha experiência, o guarda-redes transmite cada vez mais confiança à equipa. Está, com ele, a passar-se um caso semelhante ao que Casillas viveu no Real Madrid, onde entrou aos 19 anos como titular, em detrimento de… Cañizares.
- A entrada na equipa, com apontamentos excelentes de entrega ao jogo e vontade de jogar para a equipa, de Pedro Silva.
- A subida de forma, e consequente ganho de influência na primeira transição do jogo ofensivo da equipa, de Miguel Veloso. Tal já tinha acontecido no jogo europeu, mas sabe-se como nesses jogos os atletas por vezes se entregam dum modo diferente do que fazem na Liga, sobretudo num jogo de pouca visibilidade como foi este.
Estes factores são de molde a deixar os adeptos mais optimistas, esperando-se que Vucjevic recupere depressa e que Derlei possa em breve dar o seu contributo à equipa.
Também houve coisas más; destas só mencionarei o inacreditável que é a equipa continuar a não ser capaz de converter os penalties de que dispõe em golos. E lanço uma pergunta a Paulo Bento: então isto não se melhora com treino?

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Sporting 2 - Jogo jogado 0

A jogar contra nove o Sporting devia ter feito melhor. Ou então isto é o melhor Sporting possível... 
Os três pontos contam, é verdade, mas a jogar assim é de temer o pior. Não posso de forma alguma dar os parabéns a esta equipa.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Ainda o conceito de unidade única

Aqui há dois anos, mais coisa menos coisa, escrevi no KL um post a que chamei "Unidade Única". Os blogs têm estas coisas: por um lado, permitem a livre expressão do nosso pensamento, sem os constrangimentos que habitualmente nos condicionam nos meios de comunicação tradicionais, mas, por outro, têm um prazo de validade extremamente curto. Acresce o facto de as nossas vidas serem vividas hoje de forma muito rápida, no culto do efémero. Finalmente, parece que os arquivos são coisa que não funciona ainda muito bem neste formato "blogueiro" de troca de ideias. Por tudo isto há necessidade de, volta não volta, avivar as memórias.
Neste sentido, re-publico aqui o tal post de que falava, omitindo apenas aspectos conjunturais que não interessam.
Já agora, aconselho também os Sportinguistas interessados a dar uma vista de olhos sobre o que, a propósito de unidade, tenho escrito no KL. Podem ler sobre este tema "A Aventura do Sporting", "A Terceira Via", "Decidam-se!", "No rescaldo do Guimarães-Sporting", "As eleições" e, finalmente, um texto mais recente chamado "Organização, solidariedade e realismo". A ordem é mais ou menos a da sua publicação.
Uma nota final: grande parte destes textos é de 2006. Nessa altura eu terminava os posts com um link para a página do nosso Manifesto - Sporting uma História com Futuro.
Estive a relê-lo. Leiam-no, ou releiam-no, já agora também se tiverem pachorra.
Aqui está então de novo o referido post para vossa reflexão...



2006/02/03
Unidade única!
O problema do Sporting Clube de Portugal neste momento é o da unidade dos Sportinguistas.

De um lado temos a "unidade" da direcção (aparente, pelo menos) em torno de um projecto de aniquilação de tudo o que cheire a Sporting e represente os valores ancestrais do clube. Substitui-se a unidade por um vago conceito, a soar a cliché por todos os lados, de que "somos diferentes".
Mas, a verdade é que baseados nesta "diferença" não há diferença nenhuma entre nós e qualquer outro clube. Tudo se vende, se troca e se compra. Tudo! Jogadores (da casa e de fora dela), treinadores, funcionários fulcrais, portas, lugares, camisolas, bandeiras, jornal, em breve, se calhar, a bandeira, o emblema, quiça o nome... O conceito de Sporting esse já lá vai.
Não creio que estejamos tão longe assim (digo-o com toda a convicção e não é meu intento fazer aqui humor!) de ter um Sporting-BES, um Sporting-Milanesa, ou Sporting-Bom Petisco... E se calhar um Porto-BES também para baralhar ainda mais as contas. Como os bancos tiveram um lucro brutal este ano e precisam de "destrunfar" é bem possível que venham a jogar forte nesses tabuleiros...
Do outro lado, temos uma série de outras "unidades". Todas contra a "unidade" da direcção, mas igualmente difusas. Geradas em torno dos diálogos possíveis que as tertúlias sportinguistas vão podendo criar, sobretudo agora que os meios de comunicação das ideias deixaram de estar exclusivamente nas mãos de alguns. "Unidades" difíceis de juntar para criar a unidade pela dispersão dos sócios e pela escassez e nebulosidade da informação sobre a real situação so Sporting.
Enquanto a direcção e os seus capangas criaram uma "unidade" em torno de valores que nada têm a ver com os desígnios primeiros do clube e se afastaram totalmente do rumo SPORTING, os sócios e adeptos lá vão tentando preservar a herança...
Mas, unidade só há uma! Parece uma graçola, mas é verdade...
A incapacidade das sucessivas direcções do Sporting, desde que entrámos na "era Roquette" para gerarem unidade em torno dos valores Sportinguistas é uma coisa que me tem deixado sempre intrigado.

Por uma associação de adeptos do Sporting

Depois de sucessivas referências tipo "faltam ... dias", refere a Ofensiva 1906, em post de hoje, uma "iniciativa" que "vai levar a cabo no próximo dia 23 de Fevereiro, que poucos sabem, mas que muitos já questionam o que será". Diz depois que a mesma decorre de um "sincero debate mantido com Agostinho Abade, o actual Presidente do Conselho Fiscal e Disciplinar, que propôs a apresentação formal dessa mesma iniciativa".
Ficamos nós, leitores, sem saber em que consiste a tal iniciativa. Nós, aqui no KL, sentimos muitos pontos de contacto com muitas das opiniões do Ofensiva 1906 e acompanhamos com interesse a informação veiculada por esse blogue. Enquanto sportinguistas com vontade de servir o Sporting gostaríamos de participar em todas as iniciativas que forem em prol da intervenção dos adeptos nas coisas do clube, como decorre do último post que publiquei.
Se essa "iniciativa" for, como parece, no sentido de uma associação dos adeptos sportinguistas, saudamo-la.
Mas achamos que esta, como todas as iniciativas do género, só pode beneficiar se, em vez de partir de um só grupo isolado, agregar o maior número possível de adeptos com ideias no geral comuns, e no sentido de engrandecer o Sporting.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Adeptos: os capitalistas querem matar o futebol!

Publica o blogue Ofensiva 1906 um excelente post (de onde retirei as citações constantes deste) a pretexto da recente iniciativa da exportação de alguns jogos da Premier League. (Para quem ainda não conhece o assunto, informo que surgiu a ideia de realizar uma jornada - a jornada 39 - da Premier League fora de Inglaterra). Esta ideia é apresentada como se fosse um esforço para promover o futebol em países com apetência para este desporto-espectáculo, mas não passa da destruição de “uma tradição tipicamente britânica” que assim começará a ser “convertida num modelo do tipo NBA”.
E, como muito bem refere Steven Powell, do Football Supporters Federation, em mensagem enviada aos “adeptos portugueses e mais concretamente para os sportinguistas”, os “tubarões” da indústria do futebol “não estão interessados senão no dinheiro”. Estão-se a marimbar para a paixão dos adeptos pelo futebol e pelos seus clubes do coração, apenas lhes interessando os lucros que a actividade possa gerar, independentemente dos meios para os obter. É por isso que os adeptos britânicos já “aprenderam que os adeptos se devem organizar para resgatar o jogo que tanto amam aos tubarões” (tradução livre minha).
Nós, aqui em Portugal, como ainda não fomos directamente atingidos pelos problemas que o “capitalismo avançado”, chamemos-lhe assim, põe ao futebol, andamos distraídos. Levámos “na esportiva”, como dizem os brasileiros, quando se falou em que havia uns chineses interessados em comprar o Benfica. Dessa vez não era a sério, mas não pensemos que esse não é um perigo iminente.
Em Inglaterra, como se vê, os adeptos estão preocupados porque vêem cada vez mais clubes a serem comprados por magnatas e deparam-se agora com este novo projecto de jogar uma jornada noutros países. Mesmo os próprios poderes públicos, também tomam medidas no sentido de preservar a participação dos adeptos; o ministro que tem o pelouro do futebol (Secretary of State for Culture, Media and Sport) afirmou: "Quero ver um representante dos adeptos, uma voz dos fãs, no executivo – no executivo principal – de todos os clubes profissionais".
Que tal começarmos a pensar nisto? Que tal começarmos a preocupar-nos por não sermos tidos nem achados nas decisões principais dos nossos clubes? Porque não começarmos a pensar num processo de sermos ouvidos pelos órgãos dirigentes dos nossos clubes? Porque não começarmos a pensar em pressionar os poderes para garantir um representante dos adeptos na administração da SAD?
É para podermos fazer ouvir a nossa voz que aqui lanço a ideia de nos abalançarmos à constituição de uma ASSOCIAÇÃO DE ADEPTOS DO SPORTING.
O Sporting tem sempre andado (para o bem e para o mal) na vanguarda dos novos tipos de organização dentro dos clubes (foi o primeiro a ter claque organizada, a constituir SAD, etc.); vamos ver se conseguimos ser também os primeiros em termos da organização independente dos adeptos.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Sem espinhas

Foi quase com um sentimento de volúpia que vi hoje esta vitória do Sporting sobre o Basel. Um Sporting solto, criativo, afirmativo, dominador. O domínio foi aliás tanto que até deu para alguns excessos. Nota-se que há neste Sporting um entusiasmo quase infantil (digo-o com grande ternura) quando a equipa domina e joga à bola como deve ser. A continuação dos êxitos trará certamente algum comedimento, mais sobriedade e uma maior economia de esforço.
Mas, é sempre, sempre um enorme prazer ver o Sporting ganhar!

A ler...

A transformação do jogo da bola numa indústria de entretenimento a la Hollywood é um assunto que nos preocupa e nos tem também aqui a nós prendido a atenção. De vez em quando percebemos sintonias por aí. Ficamos contentes e pensamos: afinal não somos (só) nós que estamos a ficar malucos...
Vale a pena ler o post publicado no blog OFENSIVA 1906 sobre este assunto. O Ofensiva não se ficou pelas palavras, mexeu-se e traz-nos aqui matéria para uma ampla reflexão.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Dar tudo pelo Sporting

Entendamo-nos: os atletas do Sporting (formados no Clube, ou contratados no exterior) têm por objectivo vencer todas as provas em que participam. Vencer não é um favorzinho que prestam à malta. Vencer é um dever. É para isso que lá estão e é isso que em qualquer circunstância têm de tentar fazer sem esperar outra consolação que não seja a de serem portadores dos louros da vitória.
Se vencem não fazem mais que o seu dever. Se não vencem teremos então de nos interrogar sobre as causas dessa incapacidade e encontrar os responsáveis.
Existe um conjunto de variáveis muito complexo a intervir em todo este processo.
Antes de uma equipa entrar no terreno de jogo observamos a existência de uma série de factores que influenciam todo o processo até chegar a esse ponto. Antes de pisar o terreno de jogo houve que estabelecer os vínculos contratuais com os diversos agentes intervenientes, pressupõe-se que terá havido o cumprimento atempado dos termos a que esses vínculos obrigavam, terão sido proporcionadas as necessárias condições de trabalho, terá sido posta em prática uma organização para todo este complexo humano e, finalmente, terá sido montada uma estratégia desportiva e terão sido criados procedimentos técnicos que irão dar expressão no terreno a toda esta organização.
Apesar da complexidade deste processo, ele é estruturado para a vitória e, portanto, é isso que todos legitimamente esperam: vitórias. Quando se monta uma estrutura complexa como é um clube desportivo o objectivo é vencer. A organização, as condições de trabalho, a estratégia e a tática desportivas vão nutrir o desejo e a vontade de vencer, mas vencer é o único objectivo.
Os jogadores estão na equipa para dar cumprimento a este desiderato. A motivação e o desejo de vitórias são corolários naturais da sua inserção numa estrutura desta natureza. Ter vontade de ganhar não é nenhuma capacidade de super herói que se pede aos jogadores. É a condição imediatamente decorrente da sua participação numa estrutura desta natureza.
Estes factores afectam todas as equipas por igual. Mas, não há campeonatos de contratos, nem de organização de departamentos de futebol. Há campeonatos de modalidades desportivas. A organização, a estratégia, as condições de trabalho têm que estar presentes para que o fim último da competição desportiva possa ter lugar.
O desequilíbrio nasce do factor desportivo e atlético e, se estiverem asseguradas as condições de funcionamento da máquina são estes os factores que vão garantir a superioridade.
Num despique desportivo, disputado dentro das regras, só é legítimo aceitar a derrota por razões de superioridade desportiva e atlética do oponente. Não se pode aceitar a derrota por falta de organização, nem por falta de condições de trabalho, nem por incumprimento de contratos. Nem se pode aceitar, tão pouco, a derrota por desmotivação dos atletas em virtude de uma qualquer falha de alguns dos factores que referi.

Falo em tudo isto porque, no caso do Sporting , quando desmontamos as sucessivas etapas deste processo só podemos chegar a uma conclusão. Uma conclusão importante e de grande alcance que me tem, particularmente a mim aqui no KL, preocupado e merecido as mais duras, e creio que justas, críticas aos responsáveis. É que o Sporting falha no capítulo da organização em toda a linha. Esse é um assunto sério. Esse é o assunto sério!
Mas, daqui decorrem dois equívocos.
O primeiro equívoco é este: é que as falhas do Sporting são, sobretudo, resultado de erros de estratégia. Os erros operacionais são secundários. Ou seja: parece hoje absolutamente claro neste Sporting que todo o processo --antes de chegar ao terreno de jogo-- está inquinado. E sem condições os jogadores não poderão fazer jus às suas mais valias desportivas e atléticas.
Contudo --parece contraditório, mas não é--, há um segundo equívoco: é que os jogadores não têm de facto desculpa. Não! Os jogadores têm de jogar e têm de ganhar! Não estão lá para outra coisa. Não há nenhuma heroicidade especial no facto de os atletas do Sporting lutarem porque o Sporting está montado para ganhar.
Não são, nesta ordem de ideias, aceitáveis falhas nas opções estratégicas e na organização, mas tão pouco é aceitável que um atleta ambicione outra coisa que não seja lutar para vencer. Não sei se me faço entender...
As falhas sucessivas no cumprimento de objectivos e a quebra constante de expectativas perante os juízes finais de todo este processo --os Sportinguistas-- não podem pois ser atribuídas a mais ninguém a não ser os que têm realmente o poder de condicionar esse processo à partida. Mas, quem tem a incumbência de cumprir os objectivos no terreno também não está isento de culpas porque está lá para dar o seu melhor.
São todos responsáveis!
Os erros de estratégia das direcções Sportinguistas acumularam-se até atingirem o limite do suportável e daí que se fale, legitimamente, em crise. Não é, de todo, aceitável disfarçar a derrota virando a cara para o lado, como não é tão pouco aceitável que se vá andando com a brisa, estabelecendo objectivos conforme os resultados que se vão obtendo.
Mas, também não é tolerável ver um jogador que não dá tudo o que tem pelo Sporting.
Quando os adeptos assobiam um jogador ou uma opção do treinador é a constatação de tudo isto que está em causa. Os adeptos são os juízes. Não substimemos a sua capacidade crítica e a justeza das suas observações. Um assobio ou uma pateada são sinais. E temos de ter em conta esses sinais também...
Amanhã, se o Sporting ganhar e passar mais esta etapa dos seus "objectivos B", não está a fazer mais do que cumprir o seu dever. Digo-o assim sem paninhos quentes, de forma dura e com franqueza. Mais do que a famigerada “tranquilidade” o que precisamos é de determinação e desejo de vencer. Sem desculpas, nem subterfúgios. Esta é uma verdade válida para qualquer ciclo, velho ou novo.
Se cumprir o seu programa, se mostrar desejo e determinação para atingir a vitória, não faz mais do que aquilo que todos esperávamos que fizesse. Se não cumprir voltamos de novo à estaca zero da nossa conversa e vamos ver quem falhou...

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Apesar de tudo, continuar a falar de futebol

Cito este artigo de Luís Freitas Lobo no Expresso, por ele ser um analista que considero dos mais esclarecidos do futebol. Com ele costumo estar quase sempre de acordo. Não estou, desta vez. Porque me parece que o artigo vem num tempo deslocado e manifesta uma convicção que não partilho.
O tempo é um em que a equipa do Sporting pode começar a encetar um caminho de melhorias, agora que os reforços de Inverno começam a entrosar-se e que os elementos fundamentais que estavam lesionados estão a começar a ficar a postos. Assim se poderá começar a resolver o problema da "falta de capacidade individual dos jogadores em interpretar um sistema tático tão exigente como o desenhado desde o início por Paulo Bento".
A convicção que LFL manifesta de que se estará a anunciar "um fim de ciclo" não é partilhada por mim. Acho que o sistema só não tem resultado por falta de intérpretes asados (no que coincido com LFL). Com os intérpretes que têm a tal capacidade aptos, outro galo cantará.
Falar em "fim de ciclo" numa altura destas é destabilizador. Não contribui nada para a tão badalada tranquilidade no seio da equipa.
Cabe a esta fazer a prova de que eu é que tenho razão. Mas tem de ter a ajuda dos adeptos.

Objectivos

O Sporting lá venceu mais uma etapa desta fase que podemos chamar de "Objectivos B", objectivos, recorde-se, definidos reactivamente depois da nau ter andado à deriva durante largo tempo. Na quarta-feira espera-nos um novo desafio. Vamos ver como vai ser cumprido e esperemos que o Sporting esteja à altura dos seus pergaminhos.
Enquanto o Sporting luta por cumprir estes objectivos B, chegam notícias (já largamente divulgadas e discutidas nos meios de informação e em diversos blogs) de que os grandes clubes ingleses de futebol se preparam para "exportar" a Premier League. Não tenho dúvidas que este figurino vai pegar e que se irá mesmo espalhar. O futuro da bola adivinha-se diferente. Nada que não se pudesse, de resto, prever há muito.
Pelo que se pode desde já concluir, face a este novo figurino e numa observação preliminar, as reacções ir-se-ão por certo dividir. Os entusiastas do desporto espetáculo exultam com o novo cenário. Os adeptos actuais dos clubes que se preparam para entrar nesta nova era do futebol espetáculo olham para tudo isto incrédulos e interrogam-se.
Mas, a nave move-se, indiferente...
Esta tentativa de transformar o futebol numa coisa tipo NBA ou NHL e a sua exportação já vêm de longe. A entrada dos grandes capitalistas americanos no futebol inglês e da consequente "empresarialização" do futebol devem ter acelerado o processo. Podemos esperar que se a história futura da bola for por aqui haverá uma reacção noutros países com Ligas fortes e clubes de primeiro plano. Que estarão já, certamente, a fazer as suas contas e a planear já o seu futuro.
Podemos imaginar facilmente duas consequências de tudo isto.
Os clubes ingleses irão, por um lado, ganhar decerto muitos novos adeptos em Singapura, nos Estados Unidos, no Japão, etc. O futebol vai ganhar um novo ímpeto. A fasquia vai-se elevar, os orçamentos, as remunerações dos jogadores, os valores das receitas vão saltar para níveis que utrapassarão muito aqueles que já hoje nos fazem abrir os olhos de espanto. Não parece suscitar dúvidas a ninguém que o futebol vai entrar generalizadamente numa nova era feita de fidelidades geradas em grandes operações de marketing. O novo "adepto" que se está forjar é um adepto de plástico, superficial e volúvel, de uma fidelidade volátil que se (co)moverá ao sabor das promoções...
Os adeptos tradicionais, por seu lado, não podem deixar de olhar para tudo isto com alguma ansiedade. O que vai querer dizer "ser adepto" de um clube daqui a uns anos? Com base em que valores se vai alicerçar esta nova relação entre os adeptos e os novos "clubes-espetáculo"? O que vai ser dos adeptos dos clubes da "velha guarda"? Como se irão integrar nesta nova ordem do futebol espetáculo?
Adivinha-se facilmente vários tipos possíveis de reacção. Uns entrarão sem grandes hesitações nessa nova ordem. Mas, outros optarão por "descer" juntando-se a clubes mais pequenos, ou escolhendo novas formas de organização que se vão multiplicar (novos clubes forjados na dissidência dos antigos clubes, organizações de adeptos fora do âmbito dos clubes, etc.) Outros, ainda, desistirão simplesmente da bola. Uma coisa me parece certa: ninguém vai poder abster-se de tomar uma atitude.
Face a tudo isto temos de colocar a pergunta inevitável: o que vai ser do Sporting no quadro desta nova realidade que parece incontornável? Que futuro para o Sporting? Como está o Sporting a preparar-se para as mudanças que aí vêm? Que trunfos tem o Sporting nesta nova ordem clubística que se antecipa? E quais são, sobretudo, as suas fragilidades? Que modificações irá esta nova ordem introduzir numa instituição como o Sporting? De que forma se reflecte tudo isto no presente e de que forma se irá reflectir no futuro da organização do Clube? Conseguem os Sportinguistas vislumbrar alguma estratégia para lidar com tudo isto? Estarão os Sportinguistas conscientes destas novas realidades que aí vêm?
Enquanto se prepara para cumprir mais uma etapa desta fase "Objectivos B" (desportivos e de gestão), que se espera que seja ultrapassada com êxito, e se diverte à procura do bufo, o Sporting está confrontado com um desafio para o qual me parece não estar de todo preparado. Estarão os Sportinguistas conscientes da inevitabilidade de estabelecer, de forma sustentada e com alcance verdadeiro, uns "Objectivos A" para o Clube?
Que cenário para o futuro do SCP do século XXI?

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Jogo do Iordanov - Bilhetes a preços populares e estádio cheio

O Sporting é tão grande que estou aqui a escrever sobre ele com tanto para fazer...
Os símbolos são uma coisa esquisita. As instituições também. Das relações entre ambos só podem sair coisas estranhas.
Uma das piores coisas que os sportinguistas fazem a si próprios é olhar para a selecção e deleitarem-se com o facto de a maioria ter aprendido qualquer coisa no clube (não o Ricardo, sejamos claros).
Isso só traz confusão sobre quais são os símbolos do clube e qual o papel do clube perante os seus símbolos e perante os seus profissionais.
Também leva a que haja verdadeiros Sportinguistas a ficarem confusos quando jogadores adversários que se formaram no clube são substituídos.
E que muitos de nós não compreendam que os jogadores, que tendo sido formados no clube, ao regressarem ao País vão para os nossos principais rivais
O problema, e grave, é que o clube está a perder referências e identidade e já ninguém se entende sobre nada ( e este post está a caminho de ser uma confusão se não tenho cuidado).
Tentando ser sintético para que possa publicar alguma coisa, evitando assim críticas do Master (ele próprio um símbolo deste blog):
1- Populismo demagogo
A direcção podia ter retirado o valor da organização do jogo ao prémio dado ao Carlos Freitas. Com isso não aumentava os custos e ajudava-o a perceber melhor o que é ser do Sporting….
2- Princípios
Mesmo perdendo dinheiro se está prometido está prometido

... Eu também vou ao jogo do "mochilas" mas aviso desde já que processarei a direcção se resolverem colocar os bilhetes a preços que se destinem a demonstrar que tinham razão. Um estádio cheio a preços populares é o que o Iordanov merece!
Alguém, algures na blogosfera, escrevia: “formem-nos que nós cá estamos para os contratar e ganhar”.
Há quem ache que criticar o clube que vive estas realidades é ser pelos outros. Devem preferir ser fuzilados a gritar “viva Stalin”, a pôr em causa os seus próprios dogmas.
Numa altura destas não será de aproveitar esta jornada para uma manifestação de grandeza do clube?

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Sporting condenado no caso Iordanov

Temos de desafiar os actuais corpos gerentes a explicar esta situação. O Sporting foi mesmo condenado a organizar o jogo de homenagem a Iordanov, embora ainda exista a possibilidade de recurso. Mas, mesmo que nos explique tudo muito bem explicadinho, mesmo que recorra agora e mesmo que ganhe, a direcção do Sporting já foi condenado há muito pela forma como conduziu todo este processo.
Tendo em conta o significado que o atleta sempre teve para os adeptos Sportinguistas, depois da carreira que fez no nosso Clube, depois das vicissitudes por que passou, dificilmente, creio, existirá um Sportinguista que não tenha olhado para todo este caso com um misto de indignação e espanto.
Agora soma-se a vergonha.

"Ideias que não colam"

Tomo a liberdade de me "apropriar" do título da crónica de hoje de Rui Tavares no Público. Esta (mais uma vez, excelente) "crónica sem dor" fala, a propósito do regicídio, da questão das ideias feitas em história que muitas vezes não colam com a realidade. Uma dessas ideias é a de que "existia em 1908 um país real, que é o da província que não se interessava por política, e um país artificial, que era o dos cafés de Lisboa, onde se discutiam ideias artificiais vindas do estrangeiro."
"Se as ideias novas são artificiais e o país real não muda, conclui-se que as alterações de regime são sempre deploráveis porque interrompem o curso natural das coisas," observa Rui Tavares.
Numa palavra, os partidários do regime monárquico argumentam afinal, para defender a sua dama, que D. Carlos (como a minha avó) se não tivesse morrido ainda estaria vivo... D. Carlos, não fora o regicídio, teria transformado Portugal numa espécie de Inglaterra, "liberal, mas amante da ordem." Ora, "tomar os regimes pelo fim não nos permite explicar uma coisa, ou pelo menos reflectir sobre ela," alerta o cronista. "[O] reinado de D. Carlos I (que durou 20 anos) [teve] tempo mais que suficiente para evoluir 'naturalmente'. (...) Pelos vistos, pretende-se que os regimes não evoluem para sociedades abertas por culpa das oposições - e não da cegueira dos próprios regimes ou do egoísmo das elites que beneficiavam deles." Uma ideia que, como conclui Rui Tavares (e nisso estou de acordo com ele), "não cola."
Ao ler as palavras do cronista não posso deixar de pensar no Sporting. Perdoem-me e perdoe-me, sobretudo, o Rui Tavares... Esta associação de ideias não deixa de ser irónica porque o que desde sempre advogo é um Sporting seguidor fiel dos seus princípios fundadores, da ordem portanto...
Mas, vejo na maneira como a crítica (nem falo de oposição!) é tratada, na cegueira e no egoísmo que as elites que beneficiam deste regime ditado por esta "monarquia" esfandongada que domina desde há mais de uma década as instâncias de poder no Sporting, vejo no próprio advento da crítica, nos termos e no tempo em que emerge, traços que me fazem pensar que também o que se passa hoje no Sporting não cola com a realidade daquilo que os Sportinguistas (creio que na sua maioria e gostaria que uma eleição permitisse provar isto de uma vez por todas!) desejam para o seu Clube.
É portanto de uma questão de regime e não de uma ocasional e transitória reforma deste ou daquele procedimento que estamos a falar quando advogamos a mudança. Quem tem então medo de uma mudança de regime no Sporting? E quem é que não quer a mudança?
Qual é o Sporting real neste ano de graça de 2008?
Já agora..., ontem, ao mesmo tempo que no futebol encaixávamos mais uma derrota no Restelo, as equipas de atletismo do Sporting renovavam o título nacional de pista coberta. Não sei se alguém deu por isso. Principalmente os inquietos situacionistas do costume...

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Citações...

"Eu por mim acredito nos Sportinguistas e acredito que seremos capazes de encontrar as soluções para as nossas dificuldades."

"O que se passou ontem no Bessa não é infelizmente excepção, é regra. E a regra não pode ser mudada por quem obedece, mas sim por quem manda."

"A culpa dos maus resultados e do mau desempenho do Sporting não se fica a dever ao que o presidente Soares Franco faz. Fica-se a dever ao que ele não faz!"

"Na história da Humanidade houve grandes impérios, grandes nações, grandes instituições que foram varridas do mapa. Por vezes foram-no apesar de uma luta feroz para manter a sua grandeza. Mas, não há nenhum grande império, não há nenhuma grande nação, não há nenhuma grande instituição que não tenha de lutar para manter a sua grandeza. A luta é a condição da grandeza e a única realidade que espera quem aspira à grandeza.
O que nunca admitirei em circunstância alguma é que a grande instituição que é o Sporting Clube de Portugal se arrisque a ser varrida do mapa e se resigne a desaparecer sem luta!"

"O dado novo e relevante é este: já não é, nem a direcção, nem os adeptos que dominam a agenda 'Treinador' neste momento. Estamos todos suspensos à espera do desenrolar dos próximos capítulos..."

"Há tempos reclamei aqui, a bem da dignidade de todos os intervenientes e a bem do Clube, a demissão da actual direcção. Esperemos que esta demissão não se venha a processar apenas após termos de passar pelo habitual calvário dos lenços brancos, dos coros de insultos, das esperas, etc. É que o Sporting, um Clube que já está bastante fragilizado, não vai aguentar muito mais cenas deste tipo sem entrar em colapso geral e irreversível."

"É a Hidra que constitui o problema!"

Desculpem as citações...

É urgente mudar!

De uma posição crítica, mas distanciada, em relação ao actual estado de coisas no Sporting, começo agora a aproximar-me cada vez mais das posições que o Master tem vindo a defender.

A questão não advém apenas de não me rever nesta Direcção; que me lembre nunca me senti particularmente entusiasmado por nenhuma delas, desde a do João Rocha, antes de 74. O que se está a passar agora, no entanto, preocupa-me sobremaneira. Como associação centenária e com a História que tem, o Sporting deve assumir responsabilidades não só perante os seus sócios, mas perante os adeptos, e até para com o próprio país, enquanto sede de uma memória e sentir colectivos. Sempre achei que, para além da questão de ter melhores ou piores resultados que os outros clubes, o que não deixa de ter a sua importância, ser do Sporting era ser diferente. Ser do Sporting era mais do que ganhar ou perder campeonatos. A verdade é que a agenda e a postura da actual Direcção do Sporting mais não tem feito do que gerir os destinos do Clube, como se de uma empresa em situação económica difícil se tratasse. Não digo que a situação actual, muito em consequência de um Projecto Roquette completamente falhado, não seja difícil e não mereça decisões ingratas para fazer face às dificuldades económicas e de tesouraria que atravessam o Clube. O que entendo é que essa luta tem que ser feita com os sócios e não apesar dos sócios. As atitudes desta Direcção, pelo contrário, levam-me a acreditar que mais do que um sentimento de desprezo, subsiste nela uma postura de agressividade e de menosprezo pelos sócios, como se estes pudessem perturbar a concretização de um programa particular, que não se pretende submeter a discussão ou julgamento. Como se soubessem melhor do que nós a sopa que temos de comer e aquilo que é bom para nós.

Enquanto associação, as decisões no Sporting ainda devem emanar das posições colectivas dos seus sócios. E as Direcções do Sporting devem servir os sócios do Sporting e não fingir que eles não existem, ou pior, fazer tudo de facto, para que eles não existam. (aquilo a que assisti à entrada de Alvalade no dia do Sporting – Porto, junto à Porta C, polícia de choque a gozar com os sócios do Sporting, e eu a ver adultos, velhos, crianças, senhoras, o meu filho, o meu pai, pessoas cuja única coisa em comum naquele momento era a de quererem estar juntos, ver a sua equipa jogar e divertirem-se, a serem tratados como se de verdadeiros hooligans se tratassem, ou pior, como um rebanho de animais, deixou-me enojado com a forma displicente como se organizam as coisas em Alvalade e, na verdade, como os nossos dirigentes olham para aqueles que tudo deviam justificar)

Começo a ficar indignado quando percebo que o facto de se desvalorizar declaradamente o estatuto de sócio, de não se estimular a associação de novos sócios e de se ignorar sistematicamente a sua existência, tem muito mais a ver com a necessidade que a Direcção sente de maior poder e autonomia na condução dos interesses que hoje, mais do que há uns meses atrás, sinto que não têm nada a ver com os interesses do Sporting, mas sim com os interesses materiais de algumas instituições que precisam mais do Sporting do que o Sporting precisa delas.

Acho que chegou a altura da indignação. O Sporting não pode ser apenas um clube de futebol com um Estádio à volta. É preciso voltar a assumir o ecletismo que sempre foi uma máxima do clube. É preciso construir um pavilhão, apostar em outras modalidades amadoras, pôr o Sporting a viver na vida de muito mais gente. Tornar o Clube sede do orgulho de muita mais gente. Apelar ao sentido colectivo e de solidariedade dos sócios e simpatizantes e ao Sportinguismo.

Eu gosto muito de ver o Sporting à frente. Mas prefiro não ganhar mais campeonatos durante vinte anos, a voltar a sentir a tristeza que senti à entrada de Alvalade no outro dia. Prefiro pagar as cotas suplementares do tempo do Santana Lopes. Prefiro até voltar a ser humilhado pelos Vikings. Não posso é ver o clube a desaparecer lentamente, sem ícones sequer a que se agarrar. Sem Agostinhos, Mamedes, Bessones Basto. E nem quero pensar no que vai ser quando desaparecer o Prof. Moniz Pereira.

É urgente encontrar novas alternativas a esta geração de dirigentes. O Sporting não pode ser encostado à parede como se não houvesse opções. O Sporting tem que voltar a ser dos sócios!

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Sobre o respeito

Pela observação que faço do que dizem os adeptos por aí fora (incluindo aqui nos blogs) há uma tipologia clara que caracteriza as posições dos Sportinguistas face ao momento mais agitado que se vive.
Uns criticam a organização actual do Sporting, questionam em primeiro lugar a linha de gestão que tem sido seguida de há 12 anos a esta parte, põem em causa as suas estratégias ou a falta delas, e chamam a atenção para o estado lastimoso em que, na sua opinião, caiu a instituição.
Outros criticam os críticos, porque acham que a defesa do Sporting é um valor sacrossanto e a crítica só induz a criação de mais problemas. O problema do Sporting está, na opinião destes, nos que imaginam haver problemas.
Há os que pensam que há de facto problemas, mas acham também que ao questionar o actual status quo se está a contribuir para uma indesejada escalada desses problemas. Há outros que pensam que se os problemas não forem tratados, qualquer dia não haverá problemas com a instituição, porque não haverá instituição. Há também quem pense que tudo está bem e que estamos a caminho de um mundo a verde e branco.
Haverá uma percentagem de exagero em todas estas posições. Haverá também uma percentagem de razão em todas estas opiniões. E é certo que todas estas posições têm intenções, argumentações e defensores legítimos.
Ambos, no entanto, dão ipso facto como adquirido que há crise (para uns no Clube, para outros nos adeptos do Clube). Seja quem for o autor da crise (interno ou externo), o certo é que todos estamos de acordo: há crise!
Sou adepto da unidade e portanto se esta discussão é factor de desunião entre os Sportinguistas temos todos de fazer um esforço para nos entendermos e para chamarmos os mesmos nomes às coisas. Temos obrigação de encontrar um terreno comum de discussão. E o pior que pode acontecer ao Sporting, aquilo que poderá levar à sua extinção tal como o imaginamos hoje, é ignorarmos os problemas e virarmo-nos uns contra os outros ou sermos indiferentes a tudo isto.
Há, seguramente, uma crise: de unidade. E essa crise de unidade tem cláusla única causa a falta de respeito.
Se outras razões não existissem, o facto de estarmos todos envolvidos nestas trocas de pontos de vista, por vezes acaloradas, prova que há modos diferentes de encarar a situação do Sporting e que estes diferentes pontos de vista necessitam de clarificação. Mas, por uma questão de respeito e de solidariedade clubística os que pensam de maneira diferente têm de fazer um esforço para tentar perceber os argumentos dos outros, reflectir sobre os seus pontos de vista e contra-argumentar de forma que não agrave as divisões que hoje manifestamente se começam a esboçar. Quem não concorda comigo não me pode insultar e ignorar os meus pontos de vista. Tem de me combater no terreno onde eu estou a jogar, que é o terreno das ideias e o terreno do amor ao Clube. Eu tento fazer o mesmo. Por mim tenho ideia que o Sporting atravessa um período conturbado, que esta situação não é de hoje e está a colocar em perigo o Clube que todos amamos, ou dizemos que amamos. Por mim, vejo que há muita gente que se afastou e continua a afastar do Sporting porque a instituição deixou de respeitar os valores que atraiu essa gente ao Clube. Acho que muitos subestimam tudo isto.
Mas, quando afirmo tudo isto e o faço em nome do amor que tenho ao Sporting, tenho que necessariamente dizer que substituir Sporting por Sportinguistas, porque são eles o símbolo e o veículo dos valores do Sporting.
O Sporting é uma instituição feita por pessoas. Os seus valores, a sua história, os seus pergaminhos são valores relativos a pessoas, não são valores abstractos. Amar o Clube é amar, antes de tudo, as pessoas que o formam solidarizar-se com elas, ir ao encontro delas. Pelo respeito que todos nos devemos uns aos outros, temos de nos unir, temos de nos ouvir e temos de reflectir sobre os diversos olhares que avaliam o que é o Sporting hoje. Não é aceitável que eu porque acho que há crise insulte alguém que pensa de forma contrária, nem é de todo aceitável que alguém que pensa que o Sporting está a viver no melhor dos mundos me venha dar lições de moral Sportinguista e me insulte a mim. Temos todos direito aos nossos pontos de vista e todos deveríamos fazer um exercício sério de conciliação desses diferentes modos de ver o Clube. Este exercício é uma exigência democrática e é um imperativo de inteligência. O modo de promover o debate não é o insulto.
O Sporting tem, por seu lado, de encontrar mecanismos que assegurem a discussão destes assuntos. As crises vêm da indiferença. O Sporting tem de reflectir as grandes aspirações dos Sportinguistas. Os Sportinguistas têm de se sentir refletidos no Clube. O Sporting não é a SAD, nem sequer é a direcção. O Sporting são os Sportinguistas. A SAD ou a direcção são ferramentas do poder Sportinguista. São instrumentos do Sporting. Simbolizam o todo Sportinguista. Não são o Sporting! O Sporting não se esgota na direcção e muito menos na SAD... O Sporting tem de ser dos Sportinguistas. Não é dos procuradores ou dos gestores da massa falida. HÁ MAIS SPORTING PARA ALÉM DA DIRECÇÃO!

Sejam os leitores partidários de um ou de outro dos pontos de vista que citei inicialmente, uma coisa podem ter a certeza: nunca como hoje houve um perigo tão real de desagregação do Sporting Clube de Portugal. Ninguém neste momento promove a unidade Sportinguista. O Sportinguismo é um valor em queda livre que ninguém nutre nem preserva. Há dias um conhecido comentador Sportinguista chamava a atenção para a assistência ao jogo do Porto. Exultava com aquilo que classificou de presença maciça. Não se iludam com assistências! No estádio de Alvalade para um jogo com o Porto deveriam estar mais de 50.000, não 30.000. E dos 30.000 que lá estiveram muitos o fizeram porque apoiam o Clube, mas também apoiam mudanças no Clube. Porém, neste momento são já mais os indiferentes.
Está nas mãos de cada um de nós evitar a desagregação do Clube ou a sua morte por falta de matéria-prima, i.e., Sportinguistas. O Sporting, ao contrário do que muitos possam pensar, não é uma realidade intemporal e abstracta. O Sporting é o que nós decidirmos que o Sporting é. Se quisermos um Sporting de todos, aberto, nobre, inteiro isso só pode ser obra colectiva e solidária. Infelizmente, eu vejo sinais de clivagem. E tenho a certeza absoluta que muitos dos meus leitores me darão razão.
Evitemos pois a clivagem.
E respeitinho! Porque, como se dizia antigamente, respeitinho é uma coisa muito bonita!

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Serão os adeptos?

Quem comigo vai à bola sabe que odeio os assobios e as vaias à nossa equipa. Aliás pior que isso é ter que levar com umas melgas que raramente vão ao estádio (ou que, por outras palavras, felizmente é raro ficarem atrás de mim) e que passam o jogo a murmurar impropérios. Bolas que são irritantes. Mais ainda quando após 30 ou 40 minutos os, nas suas bocas, piores jogadores do mundo marcam. É vê-los a louvar a sabedoria de tudo e de todos.
Temo que a questão PB é pior que estes fait divers, porque me parecem situações internas e orquestradas que levam o mais santo dos Paulos ao desespero, quanto mais o nosso PB.
É engraçado que o comentário do jornal do Darryl Jenks à actuação do Celsinho seja: “Chegou, viu e não convenceu (ou não venceu, não me recordo)”...
A Bola de hoje diz que PB está sozinho e nós sabemos que é bem verdade que 2 anos em Portugal desgastam, que muitas vezes o trabalho de um treinador é injustamente avaliado e que apoio público da direcção... é pior que deserto. Parece-me que a questão é muito mais de falta de apoio interno. Assobios justos ou injustos são pequeno-almoço dos técnicos, ossos do ofício direi.
Até porque geralmente temos tendência para esquecer que PB é uma pessoa e que por muito que necessite de melhorar a comunicação, e eu acho que necessita, já demonstrou que é directo e justo no que diz (é claro que há episódios como o de Stoy onde a coisa não funcionou), que tem margem de progressão ao nível técnico e táctico e que tal como nos deve começar a pensar que o discurso da gestão rigorosa só tem servido para lhe justificar as compras no lidl onde ninguém conhece as marcas e por vezes saem coisas razoáveis.
Meus caros Raul e Master, na minha opinião não são os adeptos que preocupam PB. O que o preocupa é este “rigor” leonino onde os números nunca batem certo e servem, sempre para justificar a limpeza da “marca” para que alguém fique com o oiro, qual empresa pública em fase de privatização.

Apelo aos adeptos

O vulgar adepto, o mesmo que assobia o treinador, é muito volúvel. Se o Sporting começar a ganhar jogos sucessivamente, daqui até ao fim da época, depressa o treinador passará de besta a bestial e de nabo a génio, mesmo que meta o Puro e o Pontus de início.
Nós, editores de blogues, além de adeptos como os outros, somos, à nossa mais ou menos modesta medida, fazedores de opinião. Temos, pois, responsabilidades acrescidas, pois parte dos assobios ou aplausos futuros dependem da influência que as nossas análises tenham sobre os adeptos. E, por desejarmos as vitórias do nosso clube, é nosso dever, penso eu, no conturbado período que vivemos, contribuir para a serenidade e a tão falada tranquilidade do grupo de trabalho da equipa de futebol.
E penso não estar a ser demasiado optimista se disser que é ainda bem possível, para não dizer provável, que o resto da época nos venha a trazer bastantes alegrias. Os sinais estão aí:
- Recomeçámos a ganhar jogos;
- Entraram dois reforços para a equipa (apropriados quanto às funções em campo, mas desconhecidos quanto ao valor);
- Alguns dos jogadores contratados no início desta época (Izmailov, Vucevic, mesmo Celsinho) começam a mostrar um maior entrosamento com os outros;
- Alguns dos lesionados começam a ficar disponíveis, nomeadamente Pedro Silva e Derlei;
- O tempo de vacas magras permitiu afirmações inesperadas de jogadores em funções que não lhes pareciam adequadas, mas onde podem ajudar a colmatar insuficiências da equipa; casos de Pereirinha a defesa direito e de Vucevic como segundo ponta-de-lança.
É, pois, a pior altura para se pôr em causa a competência do treinador.
Este, dentro das capacidades que possui, tem sido um exemplar servidor do clube que lhe paga. Eu, se fosse treinador do Sporting e olhasse para o banco em certos jogos em que é preciso alterar a equipa para ver se ela rende mais, era capaz de deitar as mãos à cabeça. Coisa que Paulo Bento não faz. Não se queixa do plantel que lhe deram (ele terá alguma responsabilidade nas escolhas, mas não a principal, dadas as limitações financeiras e o facto de não ser ele a fazer as contratações), nem das sucessivas lesões que o limitaram.
O que acontece é que, neste mundo cão que é o do futebol, arcar-se como ele arca com as limitações de qualidade dos jogadores, defendendo-os sempre que são postos em causa, acaba por se virar contra ele. Ele paga, pois, pela sua frontalidade, por defender os elementos do seu grupo de trabalho. Em suma, por ser um homem de carácter.
O problema está no imediatismo pouco inteligente duma parte dos adeptos (é só uma parte mas, sendo ruidosa, tende a fazer mossa) que, sequiosos de vitórias, se atiram ao treinador quando estas tardam, porque ele é o alvo mais fácil, assim se entretendo a dar sucessivos tiros nos pés.
Esses adeptos, nestas alturas em que vêem o campeonato com asas, esquecem as fraquezas do plantel, ainda por cima debilitado por lesões sucessivas, e o facto de que Paulo Bento já superou duas crises em épocas anteriores. E que, como digo atrás, estão-se a incrementar as condições para que o faça pela terceira vez em épocas consecutivas.
Não! No Sporting as questões não se limitam à competência do treinador. Elas mergulham fundo na política dos dirigentes, que, por condicionarem todos os actos de “gestão” aos interesses da banca, sacrificam tudo ao abatimento do passivo (duvidando-se que, mesmo quanto a isto, as atitudes tomadas sejam as que melhor servem os interesses do Sporting), com prejuízo do investimento no "negócio" principal do clube: o futebol.

Tudo isto pelo receio que tenho da memória dos adeptos; assim como uma sucessão de vitórias faz esquecer os eventuais erros, uma única derrota (no próximo Domingo, contra o Belenenses) pode deitar toda uma época por terra.
Eu tenho vindo a fazer o que acho que, como sportinguista, é meu dever, alertando para que não façamos o jogo dos nossos adversários, ao lançarmos o odioso da situação menos boa sobre quem é seguramente o menos responsável pelo que de mau nos vem sucedendo; sobre quem vem, à sua maneira, defendendo o seu grupo de trabalho e tem sido por tal penalizado em vez de louvado: o nosso treinador, Paulo Bento.
Estamos em fase de saída da crise desportiva. Fase em que é, mais do que nunca, da maior importância a união dos adeptos em torno da equipa de futebol. Sejamos pacientes, pois tudo indica que a tendência é para melhorar.
VIVA O SPORTING!

Reflexões, assobios e reacções em cadeia

Já aqui há bastante tempo (nos primórdios do KL) mantive uma viva troca de comentários com alguém (já não me recordo quem) sobre a questão dos insultos e dos assobios em Alvalade. Matéria que constitui o "pão nosso" deste Sporting desde há anos e que está novamente na ordem "de cada dia", como se sabe.
A questão é, no fundo simples: os insultos, assobios e impropérios lançados contra jogadores, técnicos ou dirigentes são coisas inaceitáveis à luz dos princípios de boa educação. Ponto final. Mas, volta não volta, lá vêm eles. São uma realidade, tão inevitável como os impostos... Neste Sporting do "paga e cala" não se vislumbram grandes alternativas para mandar mensagens simples...
E o que fazem os guardiões dos bons princípios? Escolhem ignorá-los, remetem-nos para a categoria dos epifenómenos e zurzem os seus autores.
Contudo, as pias intenções dos guardiões dos bons princípios não evitam o recrudescimento regular destes actos. Que intepretação dão então os pios? São manifestações de má educação e devem ser criticadas. Eles criticam. E os fenómenos acabam? Não! Voltam na primeira oportunidade.
E é isto! Andamos nesta "pescadinha" sem conseguir resolver o problema, nem explicá-lo sequer.
O ciclo tem, porém, forçosamente de ser quebrado.
Desta feita o feliz contemplado foi Paulo Bento. Esperar-se-ia que fosse o Clube, os seus responsáveis ou os seus membros a debater o assunto e a tentar uma resposta. Mas, não. É Paulo Bento, um funcionário do Clube, que nem sequer é do Sporting, a fazer luz sobre o assunto e a fornecer-nos matéria de reflexão.
Diz ele que há uma espécie de saturação, quer da parte dos adeptos em relação ao treinador, quer, se calhar, do treinador em relação aos adeptos.
A constatação destes factos é uma das coisaas mais interressantes que aconteceu no Sporting dos últimos anos e a análise dos mecanismos deste fenómeno contém dados muito positivos e lições a tirar.
Enquanto os pios preferem ignorar o assunto ou atribuir culpas aos suspeitos do costume, Paulo Bento chama as coisas pelo nome e de um golpe só fornece-nos os dados para perceber tudo isto: o grau de insatisfação é claro e patente, há um status quo que teima em não se alterar e não é manifestamente satisfatório. O descontentamente é o caldo de cultura em que vive o Sporting desde há anos (PB, ele próprio, junta até dados estatísticos para que os mais incautos não se esqueçam...). Ora, PB faz parte desse status quo, e não há outros mecanismos para expressar de forma aceitável o descontentamento, nem da parte dos adeptos, nem da parte dele, Paulo Bento, vis-a-vis o sistema que está montado.
E o que fez ele? Devolveu o assobio e o insulto à procedência. Ninguém jamais fez isto no Sporting.
Esta troca de mimos quer dizer, por mais voltas que lhe queiram dar, que há uma estrutura intermédia que devia funcionar entre o técnico e os adeptos que não está a funcionar. PB inteligentemente pressente a armadilha e sabe que deste confronto só poderá sair derrotado e, portanto, redirecciona as culpas para quem de direito. E quem de direito reage da forma mais básica e óbvia: vem mais uma vez afirmar o seu o apoio a PB. Quantas vezes precisa a direcção de manifestar esse apoio? E porque precisa a direcção de expressar esse apoio?
Estas sucessivas juras de amor não devem comover muito um treinador que sabe o papel que desempenha nesta embrulhada, mas que dá neste momento sinais fortíssimos de que não está disposto a aguentar essa situação por muito mais tempo. Ele aliás teve o cuidado de se precaver logo desde o início dizendo que nunca exigirá nada ao Clube, no caso de enventual desvinculação. Sairá, se tiver de sair por iniciativa própria, cheio de moral! E, ou acautela o futuro, ou a sua carreira como treinador ficará seriamente comprometida.
A direcção, que parece apanhada de surpresa com tudo isto, apressa-se a fazer-lhe discursos laudatórios, mas a decisão já deve estar tomada e PB não vai querer sair por baixo e em baixa do Sporting. Não estou a ver PB a submeter-se ao vexame dos lenços brancos (ainda não aparecereram, já repararam?) que podem rebentar a qualquer momento, nem o tenho por chantagista...
Cito as palavras do Raul no seu post anterior, relativamente à subsituição de Farnerud, quando pergunta "No entanto, olhem para o banco do Sporting e digam-me lá quem é que punham a jogar?" Mas, se é com isto que PB conta e se a matéria prima de que dispõe é o que é, que resultados pode ele almejar? E se não atingir os resultados esperados de quem é a culpa? Dele?!
Ele sabe, melhor do que ninguém, que uma subsitituição de treinador nesta altura "seria desastrosa", como refere ainda o Raul. Mas, quem tem, de facto, culpa do eventual desastre? E se ele não tiver sucesso estará disposto a arcar com as consequências?
Para o grupo musical "Os Alegres do Assobio", que actua em Alvalade quando é preciso, não haverá dúvida.
E o PB vai-se sujeitar a isso? E o coro vai meter o assobio no saco? E quando (se) Paulo Bento bater com a porta quem será, ou quem serão as próximas vítimas?
O dado novo e relevante é este: já não é, nem a direcção, nem os adeptos que dominam a agenda "Treinador" neste momento. Estamos todos suspensos à espera do desenrolar dos próximos capítulos...