domingo, 16 de dezembro de 2007

Demência

Hoje lá tive de percorrer de novo a via dolorosa para ir ver o jogo ao café. O termómetro marcava 5 graus. Tiritando, mas determinado a prosseguir os planos lá fui percorrendo os quilómetros que nos separavam do dito café. Durante o percurso virei-me para o Gordillo (nosso companheiro aqui do KL que comigo faz este trajecto) e disse-lhe cheio de fervor clubístico: "Isto é que é Sportinguismo, hein?!" Responde ele: "Isto não é Sportinguismo, isto é demência!"
O desenrolar do jogo ia-lhe dando razão.
Um jogo sem história, que por momentos se arriscou a ficar na história. Um jogo que adia a crise sem lhe pôr termo, um jogo que deixa a marca do futebol de quinta categoria que o Sporting de Filipe Soares Franco pratica. O escândalo não se deu por um triz...
Este jogo Marítimo-Sporting fez-me lembrar a cena final do último episódio da série "Sopranos". Para quem não viu, eu conto: depois de uma estonteante sucessão de cenas de violência sanguinária, depois de o mafioso-mor estar à beira de ser preso e de perder a direcção do gang, vemos a família Soprano a entrar tranquilamente num daqueles diners americanos. Uma empregada traz-lhes o menú, que eles analisam cuidadosamente, conversam sobre o que hão-de pedir, sucedem-se as sugestões e finalmente decidem-se por um determinado prato. O episódio e a série terminam, de forma meio esquizofrénica, com a família Soprano sentada à mesa, comendo naturalmente, com ar plácido e em silêncio, a sua refeição, como se de uma qualquer típica família americana se tratasse. Como se os crimes horrendos em que Tony Soprano e os seus capangas tinham estado anteriormente envolvidos nunca tivessem sucedido.
A reportagem da Sport TV permitiu vislumbrar no final, por entre sombras, Soares Franco sentado tranquilamente na tribuna, ao lado do Presidente do Governo Regional da Madeira.