terça-feira, 12 de dezembro de 2006

A venda do património não desportivo

Como é patente em escritos meus anteriores, com reticências em relação a algumas parcelas, sempre fui a favor da venda do património não desportivo.
Do que sempre, no entanto, desconfiei foi das motivações desta direcção do Sporting, neste tão mal conduzido processo. E continua a não haver transparência que leve os sportinguistas a confiarem em que a sua direcção está a fazer as coisas pelo melhor para o clube e a SAD.

Assim, e para além de o negócio se estar a processar sem concurso público:

  • Surgem rumores de que temos de pagar uma comissão de 2 milhões de euros, correspondente a 4% do valor do negócio total;
  • O valor de venda estará fixado em 50,7 milhões de euros, verba que, a haver lugar à tal comissão, se reduzirá a 48.672.000€, valor inferior aos 50 milhões prometidos pela direcção como receita mínima e também inferior ao do investimento feito há 3 anos;
  • Acresce que o comprador fez a exigência de uma taxa de rentabilidade bruta de 8,65% nos alugueres do Alvaláxia, taxa essa que o Sporting nunca atingiu e que está claramente acima das taxas correntes dos fundos imobiliários, o que resulta numa diminuição efectiva do valor do negócio;
  • Quanto à secretaria do Sporting (negócio ainda a ser aprovado pelo Conselho Leonino), Abílio Fernandes e José Nascimento Alves (sócios do Sporting ligados à lista de Abrantes Mendes nas últimas eleições) ofereceram 600.000€, cobrindo a proposta existente (500.000€) do consórcio (Silcoge e Deutche Bank Real Estate) que é comprador das outras parcelas a alienar. Esta oferta (claramente feita para testar a boa-fé da direcção) parece ser vantajosa para o clube pois a renda anual será a mesma nos 2 casos (40.000€), e neste não haverá comissões de venda a pagar e o Sporting ficará com opção de recompra pelo mesmo preço.

Dum modo geral este tipo de negócios exige discrição. Mas as dúvidas que estão acima, uma vez tornadas públicas, têm de ser esclarecidas. Por mim, gostaria de ter a certeza de que o negócio que se está a fazer, o será no melhor benefício do meu clube.

Reformas na equipa

Na sequência da reunião de ontem dos quadros da SAD, disse FSF que “a Academia é a sede do futebol do Sporting, e a formação é uma aposta firme e estratégica, mas não podemos depender exclusivamente da formação”. Também disse: “Não ouvi ninguém do Sporting dizer que era preciso reforçar a equipa. Nenhum administrador ou director. Ouvi foi o técnico dizer que era extemporâneo falar em reforços, porque era desmotivador para o grupo de trabalho que tem. Se ele acredita neste grupo de trabalho, obviamente não lhe compete dizer que temos de reforçá-lo.” A terminar, Soares Franco referiu que o reforço do plantel é assiduamente conversado com o treinador: “Não foi discutido qualquer reforço, nem era o local próprio. Isso é um processo dinâmico e natural, e é ciclicamente falado com o Paulo Bento.”
Portanto, o dossiê dos reforços está sempre aberto. Este tipo de negócios deve ser tratado em segredo, não só por razões comerciais, como também para não destabilizar o balneário. Mas, quando se diz que “não podemos depender exclusivamente da formação” é porque se está a preparar reformas na equipa.
Entretanto há a notícia da manifestação de interesse do San Lorenzo e do Gimnasia La Plata, junto do Vera Cruz, clube mexicano que emprestou Romagnoli ao Sporting, em garantir o concurso do médio para o Torneio Clausura, que começará em Janeiro de 2007 (embora o Presidente do Vera Cruz diga que o quer de volta no fim do empréstimo se o Sporting não exercer direito de opção, mas isto é para valorizar o produto).
Também João Alves parece confirmar-se que vai ser cedido ou vendido ao Braga. O erro de casting que foi esta contratação tem responsáveis: Peseiro, que se equivocou completamente e Carlos Freitas (CF).
O problema é que CF esteve em todas as recentes contratações do Sporting e as deste ano são o flop que se sabe. Nas empresas a sério os dirigentes são responsabilizados pelos seus actos de gestão.
Vamos ver o que acontece com CF e se é ele a liderar as reformas do plantel na reabertura do mercado. É um assunto intrincado já que Paulo Bento afirmou publicamente aqui há tempos a sua solidariedade com CF, fazendo depender a sua permanência da dele.
O que eu não quero é que haja benefícios para terceiros à custa do Sporting!