quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Anónima é a SAD!

O presidente do Sporting dá hoje uma entrevista ao Record (sim, hoje comprei o Record!) que merece ser criticada. A presença directa e indirecta do presidente do Sporting nos meios de comunicação está-se a tornar estranhamente obsessiva, mas desta feita tenho mesmo de colocar aqui alguns pontos nos ii.
O Sporting é um clube com --como sói dizer-se-- um enorme défice democrático! Não é uma questão de pessoas, deste ou daquele dirigente. Não há nos Estatutos e na estrutura organizativa do Sporting uma filosofia de participação e de democracia. Como se isto não bastasse, a entrada em palco de uma SAD veio tornar ainda mais obscura e anti-democrática toda a vida do Clube.
Não faz sentido, na minha modesta opinião, o Sporting ter esta estrutura bicéfala, ou, melhor dito, esquizofrénica. E não há neste Sporting bicéfalo e esquizofrénico estruturas capazes de promover e conduzir uma discussão e uma participação activas dos sócios. Os poucos momentos em que se finge dar-lhes voz, na AG, são momentos que só se podem classificar de vergonhosos. Nunca ouvi uma voz dissidente da corrente no poder no Sporting a quem não fosse cortada a palavra. Nunca há tempo para manifestar uma opinião mais elaborada. As AG são em si mesmas, pela sua forma e pelo modo como decorrem, manifestações do horror à democracia que parece desde há muito ter invadido o poder estabelecido Sportinguista. Só faltam os jagunços ou um "guarda Abel" qualquer. E quanto aos métodos usados na direcção das reuniões do orgão máximo do Sporting nem me atrevo a comentar... Direi apenas que havia figuras que aprendi a respeitar por quem perdi totalmente o respeito depois de as ver a dirigir uma AG...
É verdade que o problema não está nas pessoas, mas na falta de regras e estruturas que definam um quadro de participação intensa e plena. O sócio do Sporting tem, na prática, direito a pouco mais do que pagar as quotas e desembolsar o dinheiro dos ingressos. Já há algum tempo que defendia que, no quadro actual de funcionamento do Clube (leia-se: num quadro em que ao sócio, como a qualquer adepto, apenas é dada a possibilidade de desembolsar os valores exorbitantes que são cobrados pelos ingressos nos desafios das equipas do Sporting) era preferível ter um bom Provedor do Adepto e um eficiente Serviço de Reclamações. De certeza que tudo era assim mais claro e nos saía mais barato.
Participação e possibilidade de analisar criticamente, de exprimir as nossas opiniões e de participar na vida do Clube, para além de pagar é portanto coisa que nos está totalmente vedada.
Longe vão, no entanto, os tempos em que à falta de real participação na vida do Clube, esta se resumia às discussões de vão de escada ou às tertúlias de café, como um imbecil de um jornalista há tempos referia. E como era cómodo que a discussão não passase de um círculo restrito e que os megafones apenas fossem empunhados por quem a eles tinha acesso ou por quem tivesse dinheiro para os comprar.
Por azar daqueles que certamente prefeririam que o megafone fosse sempre empunhado por eles ou por mão amiga, surgiu esta coisa maçadora da internet e, azar dos azares, surgiram os blogues...
O presidente em exercício do Sporting acha que os bloguistas são um intolerável grupo de pressão e diz que despreza totalmente os bloguistas anónimos. Pois bem, senhor presidente, na minha qualidade de bloguista anónimo, pago-lhe na mesma moeda: desprezo-o totalmente! E baseio esta minha apreciação no facto de achar o seu trabalho um verdadeiro desastre, como o atestam os resultados a que a sua catastrófica gestão conduziu! Não é o meu comentário anónimo, mas cheio de amor pelo meu Clube, que nos transformou numa instituição sem brilho. É a sua gestão! Não foi o meu comentário que nos fez voltar a ouvir "olés!" quando o Sporting levava um bailarico de bola de uma reles equipa adversária. Foi no seu mandato que isso aconteceu. Não é o meu teclado que cavou o défice obsceno do Sporting. É a sua orientação e dos membros da dinastia a que o senhor pertence. Não é o nosso blog que provocou o maior divórcio de sempre entre o Clube e os seus sócios. São os seus procedimentos mesquinhos, estratégias titubeantes e orientações erráticas.
São estes os testemunhos que vão ficar desta sua passagem pelo Sporting, acredite...
E digo-lhe mais: a coisa que mais gostaria que se concretizasse neste ano de 2008 era que o senhor se pusesse a milhas!! Digo-lhe sem rodeios. Se pudesse dizia-lho na cara, mas o senhor está tão distante...
Anónima, senhor presidente Soares Franco, é a SAD! Tudo o que daí vem cheira mal e, actualmente, quer o senhor queira, quer não, tudo o que daí vem está para nós sempre envolto em suspeita.
Mas, lanço-lhe um desafio: promova o debate, ouça os Sportinguistas, visite os Núcleos. Saia do pedestal. Aproxime-se. Suba mais vezes ao 7º. Dê ouvidos à crítica. Responda-nos se conseguir. E se for capaz de tudo isto, se for capaz de alterar o rumo actual, o rumo triste deste Sporting de hoje aceito a sua crítica.
De outra forma demita-se!

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Boas Festas

A todos os leitores do KL desejos de um Natal Feliz e de um Ano Novo com, pelo menos, os habituais 365 dias. Não é pedir muito...

sábado, 22 de dezembro de 2007

A tática do SMS

O telemóvel parece ter-se tornado o instrumento de eleição dos diferentes responsáveis do SCP neste final de 2007. Imagino Paulo Bento hoje a utilizá-lo de fora do banco para proceder aos ajustes táticos e às subsituições na esforçada equipa durante o jogo com o Paços. Um instrumento que deverá ter sido determinante para assegurar a escassa vitória.
Imagino Paulo Bento a trocar SMS com Carlos Pereira: "Ganda jogo k o Puro hoje ta a fazer! ;-)..." ou "K me dizes do noxo Ronny?"
O telemóvel parece ter sido também o instrumento preferido do presidente do Sporting para comunicar com os sócios nesta época festiva. Não sei porquê, mas fui o único do meu grupinho a não ser contemplado com um SMS natalício. Eu que até tenho as quotas em dia, as acções à guarda do banco e o lugarzinho de leão desde o dia em que os lugares foram postos à nossa disposição...
Tivesse eu tido o privilégio de receber a mensagem do senhor presidente e teria aproveitado o ensejo para lhe responder com uma sugestão de mudança tática e outra de uma substituição. Quanto à tática, ter-lhe-ia dito para voltar à tática antiga, i.e., não ligar um boi ao Clube pelo qual foi eleito. É que este súbito interesse pelo Sporting (agora que nós pensávamos que não havia problemas é que ele parece dispôr-se a fazer entrar tudo na ordem...), sinceramente, cheira-me a falso. Preferia o presidente que declarava só poder dedicar uma hora por dia ao Clube. Esse parecia mais genuíno, mais distante, mais britânico... Quanto a substituições ter-lhe-ia sugerido, desde logo, uma: a dele!
De qualquer forma o SMS parece que, como a cantiga, se tornou uma arma privilegiada do leão.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Incautos e indecisos

Podemos citar uma dúzia de líderes que, embora declarassem não ser gente para se deixar abater, acabaram mesmo por cair. Geralmente, a sabedoria dos liderados acaba por prevalecer.
Vem isto a propósito de uma intervenção do presidente do Sporting no jantar do grupo Stromp. Também ele diz que não se deixa abater facilmente. E entretanto manifesta a sua intenção de se recandidatar à liderança do Sporting. Adivinha-se, pois, fuga para a frente.
Ora, traduzido por miúdos, o que todas estas intervenções e manifestações de intenção querem dizer é simples. Na ausência de resultados (sim, porque em matéria de resultados o Sporting apresenta uma folha vazia...) e na iminência de ser julgado por isso, Soares Franco tenta driblar os Sportinguistas fazendo um discurso que visa dois objectivos: aparecer como vítima da caldeirada que ele próprio produziu e passar para a opinião Sportinguista a imagem de que só mantendo esta estratégia --i.e., mantendo-o a ele-- os resultados que parecem nunca mais querer aparecer poderão, qual milagre!, vir a ser alcançados.
Estranho pedido este que está implícito nesta disponibilidade para uma recandidatura do actual presidente: dêem-me o vosso aval para cumprir o programa que prometi cumprir anteriormente mas que falhei.
A solução para os problemas do Sporting é muito simples: exibam-se, claramente, sem subterfúgios ou retórica, os resultados. Com resultados desportivos e financeiros ninguém precisa de se declarar disponível para continuar a liderar o Sporting, nem precisa de se definir como forte. Esses resultados demonstram por si só a disponibilidade e força de carácter de quem lidera...!
Até agora os resultados prometidos do Sporting são um grande NADA, e tudo isto só tem portanto uma leitura possível. Toda esta bravata servirá apenas para tentar baralhar os incautos e manter na dúvida os indecisos.
Pois bem, reafirmo aqui o que disse há tempos: o actual presidente mais a sua "companha" hão-de ir à vida, mais tarde ou mais cedo. Ontem esteve por um fio... Nós cá ficaremos, aguardando que os incautos e os indecisos percam a paciência.
A crer no que por aí se vê e se ouve já não falta muito...

domingo, 16 de dezembro de 2007

Demência

Hoje lá tive de percorrer de novo a via dolorosa para ir ver o jogo ao café. O termómetro marcava 5 graus. Tiritando, mas determinado a prosseguir os planos lá fui percorrendo os quilómetros que nos separavam do dito café. Durante o percurso virei-me para o Gordillo (nosso companheiro aqui do KL que comigo faz este trajecto) e disse-lhe cheio de fervor clubístico: "Isto é que é Sportinguismo, hein?!" Responde ele: "Isto não é Sportinguismo, isto é demência!"
O desenrolar do jogo ia-lhe dando razão.
Um jogo sem história, que por momentos se arriscou a ficar na história. Um jogo que adia a crise sem lhe pôr termo, um jogo que deixa a marca do futebol de quinta categoria que o Sporting de Filipe Soares Franco pratica. O escândalo não se deu por um triz...
Este jogo Marítimo-Sporting fez-me lembrar a cena final do último episódio da série "Sopranos". Para quem não viu, eu conto: depois de uma estonteante sucessão de cenas de violência sanguinária, depois de o mafioso-mor estar à beira de ser preso e de perder a direcção do gang, vemos a família Soprano a entrar tranquilamente num daqueles diners americanos. Uma empregada traz-lhes o menú, que eles analisam cuidadosamente, conversam sobre o que hão-de pedir, sucedem-se as sugestões e finalmente decidem-se por um determinado prato. O episódio e a série terminam, de forma meio esquizofrénica, com a família Soprano sentada à mesa, comendo naturalmente, com ar plácido e em silêncio, a sua refeição, como se de uma qualquer típica família americana se tratasse. Como se os crimes horrendos em que Tony Soprano e os seus capangas tinham estado anteriormente envolvidos nunca tivessem sucedido.
A reportagem da Sport TV permitiu vislumbrar no final, por entre sombras, Soares Franco sentado tranquilamente na tribuna, ao lado do Presidente do Governo Regional da Madeira.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Saudosismo nunca!

Para que não nos acusem de saudosismo, não vou lembrar aqui que há 21 anos (faz hoje precisamente) o Sporting venceu aquela agremiação de cujo nome nunca me lembro por 7-1.
Não!

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Não se aceitam devoluções

Teve um efeito quase tão perverso como teria um eventual arremesso de um petardo para cima do jogador. O episódio da devolução da camisola ao Moutinho (ao Moutinho!!! Por amor de Deus...!!!) é triste, caricato e mereceu o repúdio generalizado dos sócios e adeptos do Sporting.
A Juve faria bem em pegar na criatura autora do feito mais idiota do ano e devolvê-la também à origem.
Doravante qualquer atitude da Juve no contexto da crise Sportinguista está, à partida, condenada ao fracasso. Há que refrear esses ímpetos ó pessoal! O Sportinguismo não pode estar acima do Sporting...

Pleno

O Sporting jogou para o "pleno" e ganhou! É bom não é? Não custou nada pois não? Pois é preferível fazer assim a jogar apenas para o meio-prémio, para o segundo lugar ou para gerir a crise. E é também preferível jogar sempre com a máxima ambição a jogar apenas para ir aguentando o barquito, sem grande margem de recuo, sem honra, nem glória. Todos lucramos. Até eu fico sem grandes argumentos face a uma vitória...

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

A sobrevivência da espécie

Deixem-me tentar aqui também fazer um pequeno exercício de "demographics", simplista é certo, e muito ao jeito daqueles de que a malta do marquetingue tanto gosta. Não se conhece nenhum estudo sério sobre o que é ser Sporting hoje. Dos estudos que, pretensamente, terão sido feitos não se lhes apurou nunca a origem, a legitimidade, nem quaisquer conclusões significativas e sabe Deus por quem e como foram feitos... (1)
Olhando para o universo do Sporting hoje apercebemo-nos que existe uma grande diversidade de modos de "ser" Sportinguista. Não é um problema e cada um de nós tem o direito de ser como é. Como não quero ferir susceptibilidades (2) vou apenas distinguir aqui três categorias. Há os fanáticos indefectíveis, que vão a todas (incluindo aqueles que fazem e, certamente, aqueles que lêem o KL...), que contra ventos e marés foram, são e serão sempre do Sporting, se preocupam e vivem apaixonadamente o Clube. Há também aqueles que proclamam o seu Sportinguismo por uma razão qualquer fútil ou incompreensível. Gente como a Laurinda, por exemplo, de quem falei há uns tempos, que se diz do Sporting, mas que nunca meteu os pés no estádio porque o acha feio... E há gente que, embora sendo efectivamente do Sporting, dificilmente aguenta a tortuosidade da condução dos destinos do Clube, está atenta ao que se passa nos outros clubes, gosta de desporto e, sobretudo, gosta de futebol. Gente que olha, simplesmente, à sua volta e compara.
Ora os fanáticos não chegam (aparentemente) para pagar o défice (3), os "laurindos" não riscam e os "comparadores" vão-nos vendo sistematicamente a passar ao lado da passerelle da grande gala do futebol.(4) Também vão observando e constatando que em ano de grande agitação por causa do processo do Apito Dourado, em ano de olhares certamente mais atentos, o clube lá do norte vai dando um bigode de todo o tamanho em todas as frentes aos seus pobres rivais. "Não jogamos para meio prémio," diz o treinador. Se calhar o "sistema" não explica tudo...
Há mais destes "comparadores" do que se supõe. Gente assumidamente Sportinguista, com grandes disponibilidades, reais ou potenciais, mas com convicções clubísticas mais, digamos, pragmáticas... Gente que olha para a "oferta" sportinguista e faz contas... Gente que, se calhar, vamos perder para o inimigo. Se nada for feito, o que se passa hoje com os jogadores feitos no Clube --que estão no Sporting em trânsito...-- há-de vir a passar-se com os adeptos.
Sem vitórias, sem receitas (5) e com um mercado a encolher por causa das vitórias e do glamour dos outros o que vai ser do Sporting? O Sporting não segura os seus jogadores e arrisca-se a não segurar os seus adeptos.
Que futuro nos espera? Já pensaram nisso?
A "campanha de novos sócios" ganha-se ganhando.
A menos que o Sporting promova um outro tipo de campanha... Uma campanha de aumento da natalidade junto dos indefectíveis e dos fanáticos para ver se temos mais nados sócios e conseguimos assim ir assegurando a sobrevivência da espécie...


(1) Certamente por alguém que, ou a) se reclamou do Sporting, fez umas cadeiras de um desses cursos que vão contribuir para vender imensos sabonetes e se abalançou a fazer o trabalho, ou b) um amigalhaço qualquer, igualmente incompetente, que não era do Sporting e viu nisso a oportunidade de esmifrar umas massas ao Clube.
(2) Embora mais cedo ou mais tarde esta questão tenha de ser encarada de frente e trabalhada de forma séria.
(3) Será caso para ver...
(4) Embora vejam alguns jogadores na passerelle...
(5) A propósito de receitas, gostava de saber qual foi a receita do jogo com o Louletano. E se foi aquilo que eu penso que foi gostava de saber qual é a legitimidade de invocar, no caso do Iordanov, o argumento das despesas que uma partida de futebol tem no novo estádio. Será que a SAD pensou nisso no caso do jogo com o Louletano...?

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Ainda Iordanov

O Sporting é hoje um clube triste. Triste, cinzento, murcho, deprimido, enfim, uma instituição verdadeiramente lastimável donde parece nunca surgir nada de bom.
Já nestas páginas abordei o assunto Iordanov. Quem quiser recordar pode ver aqui e aqui a minha opinião sobre este assunto que agora volta a acender-se.
O caso foi para tribunal e a SAD apressou-se a emitir um comunicado. Por mais que se leiam as razões do Sporting, por mais que se reveja tudo aquilo que se conhece sobre esta história, não consigo descobrir uma justificação sequer para este procedimento. O comunicado, sem querer, dá pistas que indicam que tudo parece ter sido tratado com leviandade (até a sua própria redacção é leviana!) e termina com esta tirada "messiânica": "nada mais resta à Sporting, SAD senão esperar que a acção corra os seus termos até final, na convicção, porém, que a razão lhe assiste."
É isto que a SAD faz para defender os seus (nossos!) interesses. Esperar pelos tribunais para tratar do caso de um símbolo eterno do Sporting.
Este é o tipo de conflito que certamente nos vai sair caro. Iordanov é mais um na longa lista de gente que por cá passou e de cá saiu ingloriamente. Do conceito de "gestão de activos" as cabecinhas pensantes desta SAD têm uma visão curta e limitada. Iordanov é e será sempre um "activo" do Sporting! E o impacto que esta questão tem para a clientela é mau, muito mau. Mesmo que a decisão venha a ser favorável sob o ponto de vista jurídico (sabemos todos o que isso quer dizer), ela representará segurameente para o Sporting uma derrota.
Quando me lembro de ver o Iorda em campo, a dar tudo o que tinha pelo seu Sporting, recuso-me a acreditar que este assunto não pudesse ter tido um outro desfecho. E na dúvida quem paga é a direcção.

sábado, 8 de dezembro de 2007

O mau momento

A sucessão de episódios tristes destes últimos dias, em especial, as trocas de mimos entre o Sporting e Carlos Queirós, a recente entrevista de Carlos Martins ou a réplica de Paulo Bento só vêm provar o que já se sabia: a condução dos destinos do Sporting está entregue a amadores e oportunistas. Se a estes episódios juntarmos o folhetim Carlos Freitas adensa-se a sensação de que caminhamos mais rapidamente do que se pensava para o caos e para uma situação de salve-se quem puder.
Nada disto surpreende verdadeiramente. Rumo, ou seja, direcção, caminho, orientação, é algo que necessita de um piloto e piloto é uma figura que não existe no SCP de hoje. Houvesse rumo, fossem as coisas bem feitas e não haveria sequer lugar para "polémicas" deste género.
O que me preocupa em tudo isto é ver que estas polémicas se começam a estender aos Sportinguistas. Não é crime ter opiniões sobre os assuntos (já foi, mas agora não é!) e não é crime que as opiniões divirjam entre nós. Mas, será crime se as opiniões divergentes e os nossos modos de apreciar a vida do nosso Clube do coração se tornarem motivo para troca de mimos entre os Sportinguitas. Precisamos de esclarecer, de compreender, de iluminar o que está escuro. Não precisamos de tornar tudo ainda mais obscuro do que é. Quem percebe o que se passa de facto no Sporting?! Mas, quem tem dúvida de que algo se passa?

Não há azedume, nem criticismo fácil em muitos dos reparos e observações que fazemos --nós aqui no KL e tantos outros Sportinguistas preocupados com o Sporting. Há, acreditem, apenas expectativas elevadas, Sportinguismo sem limites e algum sentimento de revolta.
Uma coisa que todos os que nos lêem terão de ter sempre presente é o seguinte: não temos "cargos", não somos profissionais da informação, não somos pombos correios, não estamos ligados à banca, à bolsa, nem a qualquer instituição do universo empresarial. Quando falamos fazêmo-lo como "clientes" deste Sporting que nos serve, o mais das vezes, mal. Temos direito a protestar. Houvesse um Provedor do Sportinguista, eficiente (que bom sinal que isso era!), e o KL se calhar acabava...
O que digo aqui em relação ao KL é seguramente extensivo aos outros blogs que criticam a actual situação do Sporting. O pior que podia acontecer ao nosso Sporting seria os Sportinguistas desunirem-se. Mas, é necessário que esta união seja forjada numa atitude esclarecida e que para bem do Sporting possamos criticar o que nos parece mal.

O Sporting, entretanto, ganha neste momento ao Louletano. Nós que não temos aquela capacidade financeira que o actual presidente do Sporting afirmava ser necessária para ser Sportinguista, nós, repito, cá estamos, aqui de longe, a ouvir o relato radiofónico. Muito contentes com a vitória.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

SPORTING CLUBE DE PORTUGAL

Não é sem uma ponta de emoção que leio o último post. Os Sportinguistas deviam refletir seriamente sobre ele.
Duas palavras apenas.
Em primeiro lugar, para aqueles que julgam, porventura, que o retrato do Sporting aqui traçado é um retrato a sépia, que a realidade hoje é a cores e mete píxeles, para aqueles que se contentam com o "travesti" de instituição maior que é o Sporting hoje, para aqueles que se contentam com os resultados do Clube, eu lanço o desafio: assumam-se! Paguem o preço justo (financeiro e moral) pelo que entendem que são os princípios do seu "sportinguismo", paguem as derrotas ou saiam do Clube!
Em segundo lugar, aos engenheiros e arquitectos deste descalabro que é o Sporting Clube de Portugal hoje, a todos os que contribuíram para que o Clube chegasse a este lastimável estado de coisas, que só estão no Clube para se servirem dele, digo: vão-se embora! Não nos enganem mais! O vosso "sportinguismo" é uma provada mentira!
Enquanto continuo a aguardar pela posição de alguns Sportinguistas históricos (que me merecem respeito e que há muito deviam ter manifestado a sua opinião sobre o rumo do Clube), eu, por mim, fico à espera o tempo que for preciso para ver os actuais dirigentes a milhas. Paciência não me falta.

COMPRAR MELÕES EM JANEIRO

A crise não é de agora. Vem desde a construção do Estádio de Alvalade e da assunção, pelos dirigentes sportinguistas, da filosofia irresponsável de gastar fortunas a jogar na lotaria da contratação de jogadores e treinadores na esperança de se ganharem campeonatos de futebol.
Há 45 anos escrevia eu no Jornal do Sporting, em tempos de censura:

Têm sido acusados os nossos clubes desportivos de desviarem a atenção da juventude dos problemas-base que deveriam preocupá-la, sem nada lhe dar em troca senão uma errada noção do Desporto. É chegada a altura dos clubes se redimirem da ponta de verdade que houver em tal acusação e oferecerem ao maior número possível de moços da nossa terra a oportunidade de serem mais “sadios, mais santos e mais sábios”.
Tem o Sporting obrigação de estar na vanguarda desse movimento de regeneração, que é inadiável.
Temos gasto milhares de contos com futebolistas profissionais e seus treinadores, não se pode, honestamente, dizer que tenha merecido a pena tal esbanjar de dinheiro. Entretanto, a juventude portuguesa continua a amolecer, em casa, nos cinemas, nas tabernas, nos cafés, sem que haja coragem de gastar no seu enrijamento metade do dinheiro que se tem esbanjado com a miragem das vacas gordas futebolistas. Aperta o coração o confronto entre o número e o valor dos atletas portugueses e os dos atletas da maioria dos outros países. Nada valemos no mundo do desporto e nada continuaremos a valer se não houver a coragem de trilhar novos caminhos.
Estamos numa encruzilhada.
Para onde vamos? Reacender a chama de um sportinguismo sadio, ou transformar o Clube numa sociedade comercial de irresponsabilidade ilimitada?
Procurar educar desportivamente os sócios menos evoluídos, ou contaminá-los de uma clubite apaixonada, cega e estúpida?
Criar atletas e acarinhá-los, divulgar o desporto, ajudar com todo o nosso coração o reerguer de um Povo que já ditou leis no mundo, ou continuar gastando criminosamente centenas de contos com oportunistas?
A todos os sportinguistas deve caber uma parte da responsabilidade na escolha do caminho.
(...)
Desde a inauguração do nosso Estádio que vimos assistindo a cíclicas explosões de mau-humor colectivo. Talvez mereça a pena procurar as suas causas.
O “Monumento à grandeza e glória do Sporting”, se, tecnicamente, como obra de engenharia e arquitectura, foi uma vitória que ainda nos enche de alegria, sob o ponto de vista económico, talvez por ter sido sonhado excessivamente com o coração, tem sido uma pesadíssima cruz.
Logo após a sua inauguração foi preciso procurar, desesperadamente, uma enorme fonte de receita no futebol. Enveredou-se pelo caminho de querer melhorar as equipas jogando na lotaria dos ases famosos e dos treinadores propagandeados e os resultados foram desastrosos.
Os sócios vendo o seu dinheiro tão prodigamente gasto, e talvez com uma ponta de mal disfarçado despeito por não poderem ganhar a vida tão facilmente como os novos treinadores ou alguns dos jogadores de futebol, ficaram naturalmente predispostos a críticas azedas e manifestações hostis.
Os jogadores e treinadores, quando esqueciam as questiúnculas entre si, sentiam-se desamparados e incapazes de corresponder ao que todos lhe exigiam.
Os dirigentes, beliscados, por vezes injustamente, no seu amor-próprio de sportinguistas e amadores, não aceitaram de bom grado as críticas e procuraram ignorar as vozes discordantes que vinham da plebe.


Hoje o que mudou?
Não há censura oficializada, mas os jornais manipulam a opinião pública em função dos seus interesses comerciais.
Já não se gastam milhares de contos com jogadores de futebol porque se “compram” e sustentam por milhões.
As contas do Clube são aprovadas por uma só centena dos 30 mil sócios.
Os sócios continuam a assobiar quem menos culpa tem no estado a que o Clube chegou.
Os dirigentes, bem os dirigentes não creio que se sintam beliscados no seu amor-próprio de sportinguistas até porque se pagam bem pagos.
Mal empregado 25 de Abril !

António M. Coelho de Carvalho (Leoscorp)

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Deixemos, por hoje, as questões de fundo...

Estive a ver o jogo com o União de Leiria pela televisão. Sozinho, com o volume muito baixo para não ouvir os comentários.
O filme do costume, o que já cansa e irrita. Uma aflitiva inépcia para marcar golos. E uma mais aflitiva incapacidade do Paulo Bento para modificar o sistema táctico.
Eu sei que os jogadores são mais importantes do que o treinador, que são os jogadores que ganham os jogos, que os resultados dependem principalmente da sua habilidade e condição física, mas se não houver quem lhes diga como devem actuar, os resultados serão ainda mais aleatórios. É por isso que considero o treinador o principal responsável pelos maus resultados dos últimos tempos. Não que advogue a sua saída, nada disso. Gostaria era que ele reflectisse no que vem acontecendo e lesse os livros que Cândido de Oliveira escreveu!

O “meu” Sporting, o Sporting que vi jogar há 60 ou 70 anos marcava uma média de 3 golos por desafio. Quando Cândido de Oliveira colocou outro avançado ao lado de Peyroteu para o libertar da marcação cerrada de que era alvo, a média de golos subiu para 7! Como não hei-de ter saudades ?

Chamem-me o que quiserem, mas o ataque com dois extremos, dois interiores e um avançado-centro é, de longe, o sistema mais eficaz. Não houve alteração nenhuma às leis do jogo que aconselhasse esta história de um ou dois avançados, isolados e perdidos no meio dos defesas contrários. Naquele tempo, o Sporting era dominado territorialmente. Era conscientemente que jogava no seu meio campo, mas com os avançados também recuados a servirem de primeira linha de defesa, quando os adversários tinham a bola. E marcava-se homem a homem. Logo que a bola passava para o nosso lado, era uma cavalgada que terminava quase sempre em remates à baliza e muitas vezes em golos.

Parece ter ouvido assobios e visto lenços no final do jogo. O Presidente, ainda ontem, reafirmou a sua confiança na equipa técnica. Maus sinais. Fui ver o que Dias da Cunha escreveu quando despediu o Peseiro…

domingo, 2 de dezembro de 2007

Fora!!!!!!!!!!!!!!!!

Vou então repetir...
Não estou contra a equipa, não estou contra os atletas, não estou contra a equipa técnica. Estou contra as escolhas estratégicas que os responsáveis pelo Clube têm feito, verdadeiras e únicas razões que conduziram a mais este resultado e à caricatura de uma equipa de futebol de alta competição que é este SCP.
Faço um pedido à direcção: desamparem-nos, a loja. O mais rapidamente possível!!
Tenham um mínimo de dignidade e antes que o desastre seja irrecuperável peçam a demissão.