domingo, 6 de janeiro de 2008

Ditar a regra

Volta não volta, uma volta pelos blogs Sportinguistas dá-nos um instantâneo da paisagem do Clube. De um modo geral (diria, na sua esmagadora maioria) os blogs revelam o enorme descontentamento que grassa hoje nas hostes leoninas. Mas, lá aparece sempre o incauto que ainda acredita no Pai Natal (embora a época natalícia já tenha terminado), que espera o milagre ou que continua sem perceber nada do que se passa à sua volta.
Há por exemplo aqueles que teimam em não perceber que a crise de resultados que actualmente a equipa do Sporting vive, com todo o seu trágico rol de nefastas consquências, pondo em perigo inclusivamente tudo o que de bom o Clube faz ou representa, se deve a uma qualquer causa metafísica. Criticam, nomeadamente, esta fulanização que eu não me canso aqui de sublinhar: a culpa dos desastres do Sporting é do presidente Filipe Soares Franco.
Desculpem trazer para a colação (como os advogados gostam de dizer) o exemplo do FC Porto, mas creio que é apropriado. Quem pode colocar em causa que o sucesso do Porto se fica a dever ao seu presidente? Mais de metade dos anos que passou à frente do Porto, Pinto da Costa festejou-os como campeão. Passaram por lá não sei quantos treinadores e não sei quantos jogadores, houve não sei quantas equipas técnicas, mas houve apenas um presidente. E é da sua responsabilidade a contratação de todos esses jogadores e técnicos. Para o bem e para o mal está na primeira linha de tudo o que se passa. Impossível não concluir que a ele se deve o êxito portista.
Por mim, não exulto particularmente com os êxitos do Porto e imagino que nem sempre eles terão sido alcançados por métodos particularmente virtuosos, mas o presidente do Porto exerceu sempre o cargo que corresponde ao título que ostenta: presidente do FCP. Não me passa pela cabeça e não passará certamente a ninguém que a tenha que o dia a dia do seu clube, as decisões e orientações estratégicas não fossem intensa e cuidadosamente vividas por si. Não vejo o presidente do Porto a dedicar uma horita ao clube e a mostrar-se despudoradamente ufano por isso. Não o vejo declarar face ao reconhecimento das necessidades do clube que os consequentes processos de contratação de meios (humanos ou materiais) passem primeiro por não sei quem e só depois de já estarem decididos é que vão ao ámen final (e quiçá formal...). Talvez este distanciamento explique muita coisa.
A culpa dos maus resultados e do mau desempenho do Sporting não se fica a dever ao que o presidente Soares Franco faz. Fica-se a dever ao que ele não faz! Não foi ele que de facto esteve em campo ontem no Bessa. Não foi ele que determinou os titulares. Não foi ele que escolheu os suplentes. Mas, é ele que não está lá para resolver a alhada em que eles se meteram e nos meteram a nós.

O que se passou ontem no Bessa não é infelizmente excepção, é regra. E a regra não pode ser mudada por quem obedece, mas sim por quem manda. Usamos por vezes a expressão "ditar a regra". "Ditar" como em "ditador"...
Por uma vez, Liedson não resolveu... Descobriu uma "ditadura" sem "ditador" e um "quartel" sem "general". Agora ninguém lhe aplica a regra. Ora, estão a ver?