segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Vivó Sporting


Ando um bocado atrasado nos tempos de escrita. É por isso que só agora, passados uns dias, conto o que se passou no lançamento do pequeno livro em que Sérgio Godinho entrevista João Moutinho.
No lançamento, o jornalista Carlos Daniel, apresentando o livro, referiu que Moutinho reconhece que era do Benfica quando tinha 11 anos e que só mudou quando chegou ao Sporting. Quando falou, Moutinho disse que era, de facto, benfiquista em pequeno, por influência do pai (que lá jogou 9 anos), mas que só podia ter mudado, dada a maneira como o Sporting o formou. Isso mesmo havia eu percebido um pouco antes em conversa com o pai de Moutinho, antes do acto; este reconheceu que foi do Benfica, mas que mudou para o Sporting no momento em que (e ele contava isto com emoção) o miúdo se estreou a marcar com a camisola verde-branca (contra o Corroios, precisou) e que agora lhe é indiferente o Benfica e nem vê os jogos deles. Disse mais: que era natural ter mudado, dado o que o filho viveu no, e deu ao, Sporting, e dado também O QUE O SPORTING DEU ao filho.
Reforcei a minha vontade de contar isto ao ler o livro, onde, entre outras coisas, se percebe o acompanhamento que o Sporting faz dos estudos dos formandos da Academia.
E ainda mais quando ouvi Beto, actual guarda-redes do Leixões, formado no Sporting, dizer, ao ser entrevistado depois da magnífica exibição contra nós, que nunca se podia esquecer o modo como foi formado no Sporting, como atleta e como homem, mas que, sendo profissional dá tudo em campo pelo clube que lhe paga; embora neste caso com mágoa por isso significar tirar pontos ao seu clube.
E ainda quando, hoje, ouvi a mãe de Miguel Veloso dizer que lá em casa eram todos do Benfica... até o seu filho ter a formação que teve e o sucesso que está a ter no Sporting; aí a família mudou e sofre agora pelo nosso clube.
Embora o momento que atravessamos seja difícil, são muitas razões para que, "rapaziada, ouçam bem o que eu vos digo e gritem todos comigo":
VIVÓ SPORTING!

"Pensar faz bem"

O título foi tirado de um artigo de Eduardo Prado Coelho (a saudade que eu tenho de o ler diariamente!) que fui encontrar casualmente no meio de uns recortes que estava a arrumar.
O tema desta crónica de há um ano e tal era a filosofia e as virtudes do pensamento e EPC invocava Cantona, imagine-se!, citado justamente numa revista de filosofia cujo surgimento ele assinalava.
Dizia então Cantona, segundo EPC, que "um belo golo é um golo importante e é ao mesmo tempo um belo golo (...) Um golo é bom quando consiste num acto completo que envolve todas as dimensões do homem."
Quem o imaginaria capaz de um pensamento como este, o Cantona que todos vimos a saltar para a bancada para "enfardar" num espectador que o terá insultado... Ou terá sido este o pensamento inspirador para um dos mais belos golos que vi em toda a minha vida, marcado por este mangnífico atleta ao serviço do Manchester? Lembro-me perfeitamente do golo e da sua pose depois de o marcar. Um espetáculo!
Um golo --como expressão final de todo o futebol, acrescentaria eu-- é belo quando envolve de facto todas as dimensões do homem.
Todas as dimensões do homem...
Perceber-se-á assim melhor de onde vem a "dimensão" do Manchester. Mas, também assim se poderá perceber melhor que dimensões faltam aos homens do Sporting para o Sporting ter mais "dimensão".
Que marquem uns belos golos é o meu desejo sincero!