sábado, 30 de setembro de 2006

Venenos 3

As papoilas saltitantes bazaram do CD da Liga; agora futebol para eles só depois de ouvir a canção mais larilas do planeta desporto, cantada pelo Pissarra, nos camarotes VIP da Luz.
Não há nada como as comadres zangarem-se, para que as verdades saltem cá para fora.
À semelhança do que se passou entre o orelhas e o vígaro-mor, o diálogo passou a ser do tipo ‘agarrem-me senão…’.
Mourão e Cebola ameaçam que isto e aquilo, e vígaro-das-batatas responde: “O Valentim é intocável; é tempo perdido pegarem comigo”. Assim também eu; ele é dois em um, primeira e terceira pessoa ao mesmo tempo!
Ainda por cima é o gajo mais leiteiroso que se conhece: não imaginam o número de cautelas que lhe saíram premiadas.
Com todos estes predicados e a ajuda dos árbitros que fazem vista grossa ao seu claríssimo fora-de-jogo, não é de estranhar que passe ao contra-ataque. E, quando lhe dizem que o fadista Mourão fez uma participação dele ao CJ da FPF por ‘eventuais ilícitos disciplinares’ afinfa-lhe: “ele pode ter feito essa participação, mas eu, se quisesse, também poderia fazer uma queixa contra ele ao Conselho Superior de Magistratura”. Pois é, em vista do que eles fazem a gente até se esquece de que são juízes.
Malta! Não sejam queixinhas, que a justiça cá em Portugal não resolve nada. Esperem mas é um pelo outro lá fora e, em público, ali à vista de todos, arregacem as mangas e atirem a merda toda para o ventilador.

Os dirigentes do Sporting lêem o King Lizards

Indo de encontro ao que vimos recomendando, os “dirigentes do Sporting […] sugeriram ao novo presidente da Liga para reconsiderar a sua posição quanto a Valentim Loureiro”, segundo notícia de “A Bola” de hoje. Em resposta, Hermínio Loureiro “considerou VL absolutamente intocável”. Segundo o mesmo jornal, esta posição “surpreendeu os dirigentes do Sporting”, vá-se lá saber porquê!
Em todo o caso, e aqui é que está a agradável surpresa, “depois de um período de reflexão”, ainda segundo “A Bola”, durante o qual devem ter consultado o KL, ficaram arrependidos por terem dado aval a Loureiro & Loureiro, os quais, depois da nega do Hermínio aos dirigentes do Sporting, mais que nunca se perfilam como duas faces da mesma moeda.
Armados dos novos saberes, “deram ao novo presidente um prazo de três meses para que todos os órgãos da Liga funcionem com rigor e isenção”. Assim, apesar de manter Rogério de Brito na direcção da Liga, o Sporting “assume uma posição vigilante quanto aos próximos tempos”.
Nunca para lá devíamos ter entrado, dada a maneira como tudo aquilo foi cozinhado; mas mais vale tarde que nunca.
Agora vamos a ver se a notícia se confirma e, nesse caso, como é que se processa a tal “vigilância”.

"O futebol tem momentos utópicos"


"O futebol tem momentos utópicos - nele o quase impensável pode tornar-se real." Poderia ser este o mote desta edição da Análise Social dedicada ao futebol, sob o título genérico Futebol Globalizado. O nosso companheiro Leoscorp chamou-me a atenção para este nº da AS e eu decidi partilhar esta informação com todos os leitores do KL. Na nota introdutória, da qual retirei o título deste post, refere-se ainda que "o 'Futebol Globalizado' é o primeiro contributo académico sobre o futebol mundial publicado em Portugal."
Para quem gosta deste desporto, para quem gosta de o analisar e refletir sobre ele, para quem se interessa pelo meta-futebol, aqui fica a sugestão.
ANÁLISE SOCIAL nº 179, vol. XLI, 2º trimestre de 2006. À venda nas livrarias.

Venenos 2

Carlos Queirós disse no final da partida do Manchester United com os galináceos que estes jogadores não tinham pernas... Não sei se o professor falava em sentido figurado ou literal. Por mim, acho que há, de facto, pelo menos um desses jogadores a quem falta mesmo uns quantos centímetros de perna. Falta-lhe aliás em tamanho de perna o que lhe sobra em tamanho de papo. Afinal é uma galinha!
Nem lhe consigo escrever o nome, mas vocês sabem de quem eu estou a falar.
É triste: apesar do tamanho, nem sequer podemos dizer que é um homenzinho...

O mito: “o Sporting não joga pelas alas”

Dizem as estatísticas que (no campeonato) o Sporting é a equipa que, das três grandes, tem, em média, menos faltas cometidas por jogo (14, contra 16 do Porto e 17 do Benfica) e mais remates à baliza (15, contra 14 do Porto e 11 do Benfica).
Quanto aos cruzamentos temos uma média de 20 por jogo, muito mais que o Benfica (11) apesar de este jogar com extremos de raiz. Somos pouco superados pelo Porto (22), embora tenhamos mais cantos (8 para 6).
Acresce que dos 20 cruzamentos efectuados frente ao Aves, 10 partiram da linha, e 5 tiveram como consequência o remate.
As estatísticas valem o que valem, mas estas parecem confirmar que é um mito o que se diz quanto às limitações do Sporting por não ter extremos de raiz. E aqueles que invectivavam o Douala enquanto ele cá estava (numa maledicência auto-flagelatória tão comum entre os sportinguistas) foram os mesmos que gritaram 'aqui d’el rei' quando ele se foi embora, esquecendo que se pode jogar pelas alas sem ter extremos de raiz.
É o que o Sporting faz, até agora com sucesso. O segredo está na mobilidade dos jogadores. No Sporting um dos médios abre para a sua ala, quando a equipa está de posse da bola; além disso os avançados são extremamente móveis e, como diz Luís Freitas Lobo a propósito do Sporting-Inter: "sempre que um dos médios rompia a atacar, esse movimento era acompanhado pelo descair de um dos avançados para o flanco respectivo arrastando marcações, forçando a defesa italiana a alargar e abrir espaços de penetração onde ora furavam desde trás os criativos Nani-Moutinho-Romagnoli, ora surgiam entre estes os avançados móveis Liedson-Djaló, que depois voltavam a flectir para a área, de fora para dentro".
É esta a forma normal de jogar do Sporting; não tendo extremos de raiz, tem intérpretes suficientemente versáteis para exercerem esse tipo de função quando é preciso.

sexta-feira, 29 de setembro de 2006

Venenos 1

Deslizava eu por entre o betão do Estádio de Alvalade quando de repente dou com os cartazes que as gravuras documentam! Saquei logo da minha magnífica câmara digital e não resisti. "Feira de Encontro Oculto e Mistico (sic)", lia-se num lado. "Feira do Oculto", lia-se no outro.
Decorre no Alvaláxia de 28 a 30. Quem quiser ficar a perceber os segredos da gestão do SCP nos últimos anos tem aqui uma oportunidade a não perder...

Novas saudações a membro novo...

Saudações especiais ao novo membro Black Mamba...
Promete-se muito veneno!

A propósito das contas

Em vez de fazer um simples comentário ao post do Raul "Contas do Sporting" decidi transformar isto num post, mais formal, porque a matéria me parece de enorme importância e merece uma reflexão mais alargada de todos nós. Entendam isto portanto como um "post-comment"...
O post do Raul refere a possibilidade de passagem à cor verde para caracterizar o estado das contas. Ora eu mudava a cor! Usava antes um laranja muito, muito escuro...
Explico porquê.
Todos nos congratulamos com a análise optimista das contas do Sporting e todos desejamos que não haja derrapagens financeiras, nem escorregadelas de gestão no nosso Clube. Todos queremos ver o Sporting a respirar saúde financeira!
Mas, há muito tempo que venho a referir aqui que o problema do Sporting não se vai resolver somente com soluções intramuros. O problema do Sporting é também um problema do futebol português, o problema que resulta da forma como está (des)organizado e dos processos todos e incertezas que sobre ele pendem...
Justamente por isso (sublinho: justamente por isso!) é que o Clube não pode deixar de ter uma palavra fortíssima, empenhada e de grande qualidade, a dizer sobre a re-organização deste sector em Portugal. Temos de ter propostas e programa. A nossa atitude não pode ser nem expectante, nem seguidista. Infelizmente, até agora aos costumes, a Direcção do Sporting disse um BIG nada!!!
De pouco serve que tenhamos a contas certinhas, e mesmo superavit se o lamaçal continuar. E que lamaçal que por aí vai, senhores!!!
Claro que isto não é desculpa para que a rebaldaria das contas do SCP continue e que se repitam erros e crimes de gestão como os que anteriormente existiram! Mas, a necessidade de ter a "casa do futebol" arrumada é absolutamente coincidente com a necessidade de ter a casa do Sporting arrumada.
O futebol não é um produto que permita a concorrencia entre empresas, a não ser no terreno de jogo e no plano estritamente desportivo. Outros factores que diferenciam a performance das empresas não se aplicam aqui, pelo menos de forma directa.
Não serve portanto de nada, na minha opinião, que a "empresa" Sporting esteja bem e as outras estejam todas em estado comatoso. Ficaríamos a falar sozinhos se nos limitássemos a tratar das nossas contas.
E de nada serve (bem antes pelo contrário!!) que a solução para arrumar a casa seja esta --que está ainda incipientemente esboçada, mas que parece ganhar cada vez mais consistência-- de ter um, dois ou mesmo três patrões do futebol, um banco, quiça um grupo de media e um outro qualquer, que garantem o funcionamento mínimo da máquina e vão espremendo o negócio enquanto der.
O futebol não é isto!!
Essa solução é uma mentira que os adeptos tem de ter, eles também, a consciência que estão a promover.

O silêncio do Sporting e a Liga

Já aqui há tempo escrevemos que devíamos retirar o apoio a Hermínio Loureiro como presidente da Liga. Porquê? Porque o outro Loureiro continuava no barco e, como diz um anúncio, ‘se não fosse para ganhar’ alguma coisa com isso, ele não estaria ali!
Como também escrevemos, aqui, o que Filipe Soares Franco disse, ao ser questionado sobre a arbitragem, foi que "era premente e necessário que a Liga estivesse em funções desde o início da época".
Deduzimos daqui que o Sporting está à espera da tomada de posse da nova direcção da Liga para tomar posição. Pois não precisa de esperar mais, porque a providência cautelar do Nacional não foi considerada e os órgãos dirigentes vão mesmo tomar posse.
E continuamos a achar muito estranho que ainda não tenha tomado uma posição. A coisa traz água no bico e cheira a arranjos pré-eleitorais. Não gosto nada disso. Prefiro eleições feitas às claras, frente à opinião pública, face a um programa e uma lista de pessoas que o irão pôr em prática.
Mas o pior é se, em vez de arranjos, o que se fez foi arranjinhos; teríamos assim, finalmente o Sporting a mexer os cordelinhos dos mandantes no desporto rei.
Os sportinguistas não querem isto. Querem moralizar o futebol e não atolar-se na mesma lógica que levou ao estado em que as coisas estão agora. Ainda há uma réstia de esperança de que não se tenha ido por este caminho.
Nos jornais de hoje, referindo-se às confusões das demissões na Liga, FSF declara que “o Sporting tomará uma posição sobre essa matéria nos próximos dias”.
Já não é sem tempo; esperemos mesmo que seja já a seguir.
Mas que a posição não se limite às generalidades que Hermínio Loureiro debitou em campanha.
Que a posição tenha sumo, que tenha substância, que apresente soluções de curto, mas também de médio e longo prazo; soluções conjunturais, mas também soluções estruturais.

Contas do Sporting

A SAD do Sporting teve 131 mil euros de lucros no exercício findo. Embora provindo em grande parte de receitas extraordinárias (venda de jogadores), os resultados foram prejudicados pela péssima campanha internacional. Portanto são bons.
Prevê um lucro de 2,4 milhões de euros para o próximo exercício.
Bem sei que a contabilidade pode dizer aquilo que se queira que ela diga; mas, havendo controle por parte da CMVM, acreditemos na veracidade dos números.
Se as previsões se confirmarem, parece que finalmente as contas se encaminham para a entrada nos eixos. Do vermelho passaremos finalmente ao verde (da esperança).
São boas notícias para os sportinguistas que, mesmo dando um desconto ao optimismo que encerram, esperemos se venham a confirmar.

domingo, 24 de setembro de 2006

O ângulo da "ramona"...

O Biqueirada teve a gentileza de referir o meu panegírico ao programa, exarado em post datado de 2006/09/01, localizado em Arquivo sito em http://kinglizards.blogspot.com/2006_09_01_kinglizards_archive.html ou, mais precisamente, a páginas http://kinglizards.blogspot.com/2006/09/nem-s-de-po-vive-o-homem.html do presente blog, sob a epígrafe "Nem só de pão vive o homem".

Dizia eu no referido post que existem dois ângulos sob os quais é possível analisar o fenómeno futebolístico português. Existe o ângulo do Biqueirada e ilustres membros da Blogosfera portuguesa como o Mãos ao Ar (ó Bulhão não me agradeças outra vez, pá!) ou o ângulo da "ramona".

Para minha surpresa, o simpático moderador do Biqueirada, ao ler o excerto do meu post, referiu não saber o que era uma "ramona"... Pois bem, sendo a blogosfera um meio eminentemente democrático; não ocupando, como é amplamente conhecido, o saber lugar; dando-se o caso de eu hoje até estar particularmente bem disposto e generoso; mas, sobretudo, porque é domingo, vou passar a explicar o que é uma "ramona", tirando posteriormente daí as devidas ilações para efeitos de observação do disposto nos Estatutos da Federação Portuguesa de Futebol.

Ora bem, a "ramona" é o carro celular, usado para levar de cana os meliantes apanhados em acções de rusga policial, ou para o seu transporte, depois de devidamente embalados, do estabelecimento onde eventualmente se encontrem detidos, para as decorrentes deligências junto do tribunal. Vêmo-los atravessar a cidade com frequência e é espetáculo habitual à porta dos Tribunais. Hoje, as "ramonas" têm geralmente aquela cor de galão claro, com ou sem bola de berlim, e possuem uma janelinha, pequena, certamente protegida por vidro à prova de perdigotos e de bala, por onde os populares gritam impropérios, quando a "ramona" passa por eles, naqueles assomos de justiça popular à distância que se cultiva muito em Portugal. Antigamente, não havia direito a janelinha. Umas simples grades, não fosse o facínora tentar o número do Houdini e baldar-se pela exígua abertura...

A origem da palavra não é clara. Já ouvi dizer que "ramona" era o nome de uma prostituta espanhola que utilizava muito esse meio de transporte, a ponto de terem baptizado o veículo em sua homenagem. Mas, isto era no tempo em que as espanholas falavam e haverá, certamente, outras explicações que, se vier a descobrir, terei todo o gosto em partilhar com o vasto auditório do KL...

Ser transportado numa "ramona" não é uma situação socialmente muito prestigiante, ao contrário do que fazem agora crer certos figurões, recentes e notórios utilizadores deste meio de transporte. Quer eles queiram, quer não, ir na "ramona" não indicia um carácter particularmente virtuoso. Cientes de tudo isto, os regimes ditatoriais e os estados policiais sujeitam os seus cidadãos mais inconformados ou politicamente mais incómodos a situações deste tipo, para com isso, quiça, veicularem junto da opinião pública a ideia que esses cidadãos não passam de vadios. Aconteceu em Portugal antes do 25 de Abril e noutros sítios, e continua a acontecer, infelizmente para nós, um pouco por esse mundo fora. Mas, neste momento, o País não está numa situação ditatorial, o futebol não parece sequer incomodar o regime e, portanto, subentende-se que, funcionando como funciona o Estado de Direito, quem de facto viaja de "ramona" com frequência não o faz porque se esqueceu do passe, ou porque esteja a querer com esse acto protestar contra o insuportável aumento dos combustíveis, mas sim porque dele ou dela se suspeita, legitimamente, que esteja envolvido em grossa moscambilha...

E, perguntarão os nossos atentos leitores, o que é isso de moscambilha? Bom, depende... Se a tese do inefável doutor Canotilho colher, moscambilha não passa de um fenómeno light, contendo bífidos activ. Desta forma, tudo se evapora placidamente e a acção dos bífidos nem sequer vai permitir que a "shit hits the fan"!! Os suspeitos ameaçam mesmo virar verdugos. Mas, há sempre uma outra noção: a de moscambilha desportiva, um outro fenómeno, em relação ao qual nem o douto Canotilho lhes pode valer. O que é então uma moscambilha desportiva? Bom, é ir ao catálogo e escolher. Leiam os Estatutos da F.P.F., designadamente, no que concerne os artigos 10º, 14º, em especial a alínea b), 17º, em especial a alínea b), 29º, 33º, em especial a alínea r), 37º, 44º, em especial os números 2 e 4, 47º, 48º, 49º e 53º, em especial a alínea b) e vejam lá se não se percebe logo o que é moscambilha desportiva e se não havia já ampla matéria para actuar...

Seja ela light ou de 100 octanas, a moscambilha já devia ter dado direito a viagem (sem regresso!) de "ramona" a muita gente. Mas, não deu. Porque o ângulo da "ramona" é afinal obtuso. Resta-nos, portanto, gozar com tudo isto...

Mas, estamos atentos!

sábado, 23 de setembro de 2006

Moralização; falar em voz alta!

Quanto aos casos de corrupção que grassam no futebol português parece que, no meio do ruído todo que está a haver, os dirigentes do Sporting decidiram manter-se na expectativa. Pensaram que a sua voz seria mais uma a juntar-se às outras, tudo a dizer a mesma coisa: ‘é preciso uma varredela nos dirigentes’, ‘o processo do apito está todo a esvanecer-se e todos ficarem impunes’, ‘as arbitragens estão uma lástima’, etc.. Todos identificam o(s) problema(s), mas ninguém sabe qual a solução (pelo menos ninguém aponta medidas concretas). A posição do Sporting iria acrescentar alguma coisa a este inconsequente coro?
Não será melhor o Sporting ficar, para já, caladinho e afirmar-se na agenda mediática por aspectos positivos muito concretos, como aquilo que vem a fazer de notável na formação, com promoção e valorização dos putos das escolas e o extravasar da Academia dos seus muros estendendo-a a todo o país?
Esta afirmação pela positiva é certamente importante, mesmo fundamental. Mas não desculpa a falta de tomada de posição sobre o problema da corrupção que alastra no futebol português.
E estamos a perder terreno em relação aos nossos adversários. Por exemplo, Luís Filipe Vieira veio a terreiro defender que a Direcção da nova Liga padece do mal de ter nascido torta (leia-se, fruto de negociações em que participou o pessoal do antigamente) e que, portanto, tarde ou nunca se endireitará; a não ser que o seu presidente eleito e à espera de tomar posse se demita, forme nova lista de sua cabeça (sem conluios com quem tem andado a aviltar o futebol) e se apresente de novo a eleições.
Custa-me dizê-lo, por vir de quem vem, mas todos sabemos que o campeão da corrupção se mantém na presidência da AG (e não é certamente o único), e portanto o homem tem razão!
Ora, assumindo que a direcção do Sporting tem uma estratégia de moralização do futebol e das arbitragens (o que está por provar, já que não existe posição pública, até agora), por onde passará essa estratégia?
Partamos de uma declaração de Filipe Soares Franco a propósito do que o Sporting irá fazer quanto às questões que se põem quanto à arbitragem: "era premente e necessário que a Liga estivesse em funções desde o início da época". Tal declaração parece indiciar que o Sporting está à espera da tomada de posse da nova direcção da Liga para tomar posição.
Bem sei que à frente da arbitragem irá ficar um homem de quem todos têm a melhor das impressões quanto à isenção que demonstrou enquanto árbitro de futebol, Vítor Pereira. Mas será isso suficiente no seio de dirigentes arranjados em esquemas de compromisso?
É por estas e por outras que, como diz o nosso Master, o “Sporting corre o perigo de ser interpretado, no mínimo, como [tendo] uma atitude de complacência (...) com o status quo” (embora seja exagerado poder aventar-se “um pacto” com esse status quo).
O Sporting deve “ser o motor da mudança da face do futebol em Portugal”.
Portanto, por mais acordos que tenha feito nos bastidores com os futuros mandantes, não pode ficar calado quando coisas da gravidade de um “apito dourado” se estão a passar nas barbas de todos nós.
Não deve é ser mais um a ‘bater no ceguinho’ fazendo queixinhas; tem de propor soluções concretas para estes problemas tão graves, publicamente, à frente de todos nós, adeptos do futebol.

quinta-feira, 21 de setembro de 2006

O papel dos jornais desportivos segundo o director do "Record"

Aproveito a onda lançada pelo ZDQ e o peito inchado pelos agradecimentos do Biqueirada ao post do nosso grande Master, para lamentar o facto de ser leitor do Record há cerca de 14 anos consecutivos! É que o Jornal está cada vez pior e desde que é dirigido pelo sr. Alexandre Pais está, de facto, mau.

O director do “Record” tem uma coluna diária, “Passe Longo”, à qual pouco ligava até à passada segunda-feira. Desde esse dia reparei que a evidente perda de qualidade do jornal é indissociável do seu principal responsável, o qual ainda vai naquela cantiga que desde que falem de nós, mesmo que para dizer mal, é bom sinal.

Este é, portanto, um excelente post para o "Record"

Para escrever este post resolvi voltar atrás e ler a crónica de Domingo, exemplar mais antigo que tinha à mão. Gostava de perceber a mensagem nele contida, mas confesso a minha incapacidade para tal.

No já referido artigo de segunda-feira, Alexandre Pais diz que “João Ferreira borrou a pintura (…) logo ele um dos apitadores preferidos por quem pode dar-se ao luxo de preferir – só por ser um homem sério. Aliás, o Sporting foi prejudicado apenas porque o árbitro não viu a mão de Ronny. Lembro que, na semana anterior, Ferreira expulsou 3-futebolistas-3 do Benfica, pese a pressão a que estava sujeito. Sei do que falo. Sou do tempo em que era um trinta-e-um para se expulsar um jogador do Benfica ou do Sporting – quanto mais três… A validação do golo do Paços foi um erro, nada mais. Voltará a acontecer.

É ou não de pasmar? Num só artigo o “Record” consegue comparar a validação de um "golo" "marcado" com a mão e a expulsão de jogadores que cometeram, no mínimo, faltas graves (desportivas ou educacionais). Não contente, retira a ilação extraordinária que as coisas estão melhores uma vez que os dois clubes de Lisboa já não mandam no futebol como querem. Quererá o “Record” dizer que sempre foi fácil expulsar jogadores do Porto? Ou será que quer dizer que, pelo contrário, esses ainda são difíceis de expulsar?

Resumindo volto a ser incapaz de perceber a mensagem!

Na terça-feira Alexandre Pais começa com uma daquelas referências irritantes tipo “vocês sabem de quem eu estou a falar”. Concretamente, escreve “Dois pequenotes da luta armada não gostaram de ler nesta coluna que o Record jamais será brigada vanguardista, e muito menos persecutória e esquizofrénica, da luta contra agentes do futebol que se portem mal.” Para alem do mau gosto de não ter a coragem de chamar os visados pelo nome, Alexandre Pais diz que o “Record” nunca escreverá coisas como “(…) não sei se estava “feito” mas a grande penalidade que dá o empate ao Leixões é anedótica (…) E há quem diga certos árbitros deviam guardar o apito. Dourado? Esse apito é que me dói.[1]

Persecutório? Não! - Verão, seguidamente, que é o relato independente de um jogo

Porque no mesmo artigo Alexandre Pais diz que é aos jornalistas de outro tipo de jornais que compete denunciar o crime. Diz mesmo que os leitores do “Record” “preferem desporto e reconhecem a outros títulos maior competência na área criminal.
Aqui é que eu não posso perdoar! Então o director do “Record” acha que falar dos casos de corrupção no desporto nada tem a ver com…. O desporto? E acha que os seus leitores não querem saber disso para nada?

Pensavam que não podia piorar?.......

Quarta-feira: “Andamos todos voltados para o futebol e só se um Obikwelu, uma Vanessa ou um Emanuel nos atirar com uma medalha à cara é que reparamos que há mais desporto para além da bola.” Depois escreve umas baboseiras, parvoíces mesmo, que os “justiceiros do apito dourado” talvez sejam responsáveis pela não divulgação dos outros desportos.
É a loucura! O “Record” que só quer falar de desporto, que acha mal só se falar de futebol....só fala de futebol. Mas por culpa de outrem.

Ele não dirige o Jornal, vai lá ver uns amigos!

Hoje Alexandre Pais, que não escreve senão sobre desporto, que não escreve sobre os “casos” do desporto, diz que o Presidente do Gil Vicente não entende que perdeu e insiste na tese do beco sem saída.

Confused? You won’t be after the next episode of…… “Record”

Mas, para lá desta falta de pudor que se diz o que não se diz e que não se diz o que se diz, há mais jornal para além da coluna de Alexandre Pais.

O Jornal que só escreve sobre desporto, que tenta resistir à tentativa dos justiceiros em impedir que se fale nos outros desportos, teve azo de tomar algumas decisões coerentes com a sua perspectiva. Na mesma semana reservou as páginas centrais do seu jornal ao jogo do Arouca! Jogo de futebol, não vá haver quem pense que é uma tentativa de rasgar a nuvem dos justiceiros. É verdade que na edição de hoje dedica uma grande % de um página, a 35ª, ao jogo da selecção feminina de basquete....

Hoje voltei a comprar “A Bola” jornal que tinha abandonado porque apoia descaradamente os coisos e, sobretudo, porque numa “modernização” do seu estilo provocou o pior efeito que eu posso sentir num jornal: falta de empatia pelo seu grafismo. “A Bola” dedica ao mesmo jogo da selecção feminina de basquetebol 3 páginas. 2 delas as centrais! Pode ser coincidência, pois como disse não a tenho lido. Mas parece-me que, no que diz respeito a falar de outros desportos, um escreve e o outro faz!

Infelizmente no que diz respeito aos assuntos tristes no desporto, ambos ficaram para trás!

Deixam, nas palavras de Alexandre Pais, o assunto a quem é especialista.




[1] Hélio Nascimento na mesma página da mesma edição do “Record”

quarta-feira, 20 de setembro de 2006

Quem cala consente

Há para aí uma teoria segundo a qual o silêncio do Sporting, perante o estado de sítio permanente em que vive o futebol português, é prudente, justificado e aceitável. Já aqui manifestei há tempo a minha preocupação por este silêncio. Reitero totalmente o que disse.
Para que não haja leituras transversais sobre a posição do Sporting é absolutamente necessário que a palavra dos dirigentes vá muito para além do discurso, sempre bonito mas inócuo, do fair-play e do mal que vem apenas dos outros. Que aliás é facilmente desmontável pelos nossos adversários e se arrisca a fazer ricochete. Repare-se nas declarações recentes de FSF, por exemplo. Diz que deveria ter sido o Paços a pedir a repetição do jogo com o Sporting e cita dois exemplos de fair-play, ocorridos em Inglaterra, para justificar esta posição. Eu pergunto onde esteve então o fair-play do Sporting no caso do golo não assinalado depois daquela bola defendida dentro da baliza?! Não creio que seja por aí que devamos ir...
Entretanto, o vice-presidente Menezes Rodrigues vem acrescentar que o Sporting quer "mudança" e que são os outros clubes que não a desejam.
Mas, que mudança quer o Sporting? Que programa de mudança propõe? Que iniciativas tomou para o discutir?
É este, tão somente, o silêncio que critico.
Um silêncio feito de fait-divers, defesas de quimeras ou da proclamação de chavões sem qualquer sustentabilidade.
Já aqui disse várias vezes que o Sporting pode e deve ser o motor da mudança da face do futebol em Portugal. Não lhe faltam os pergaminhos, nem a motivação colectiva para poder com toda a legitimidade assumir e reivindicar esse papel. Estou até plenamente convencido que os adeptos do futebol, em geral, veriam esse papel empreendedor com bons olhos. Há um património de princípios e de correcção moral do Clube que o legitimariam totalmente.
Pelo contrário: se a iniciativa de acabar com o crime continuar nas mãos dos criminosos, o silêncio do Sporting corre o perigo de ser intepretado, no mínimo, como uma atitude de complacência, ou mesmo, no limite, como um pacto com o status quo.
Não é este seguramente o arquétipo de Sporting que todos temos nas nossas mentes.

sábado, 16 de setembro de 2006

Duas notas

Duas notas apenas sobre o jogo de hoje, um jogo triste e para esquecer.
1- Espero que aquelas "amélias" que andaram para aí aos guinchos durante tanto tempo, a propósito daquela defesa do Ricardo dentro da baliza, tenham agora a honestidade de repor o "deve e haver" destas coisas. Espero até que o façam com a mesma veemência que utilisaram na altura e que a imagem do golo do Paços de Ferreira e da piscadela de olho do seu autor para o banco passe nos programas desportivos tantas vezes como passou a outra...
2- Depois de termos tido conhecimento das conversas do senhor Vieira com o major Valentim Loureiro a propósito do árbitro João Ferreira, o que há-de um adepto normal de futebol pensar sobre o erro grosseiro cometido hoje por esse árbitro...?

sexta-feira, 15 de setembro de 2006

Escolas "Academia Sporting"

Sabem os companheiros Lizards e todos os leitores do KL qual tem sido a minha posição acerca do modo como os destinos do Sporting têm vindo a ser geridos. Não tenho, infelizmente para nós, memória sequer de alguma vez ter tido oportunidade de dizer bem de uma medida tomada pelos dirigentes do Clube desde que o KL iniciou a sua actividade. Creiam que me tenho até coibido de revelar o que penso sobre algumas matérias por entender que, às vezes, chega de "bater no ceguinho". Embora a experiência revele que o "ceguinho" se coloca frequentemente a jeito...
A verdade é que tenho a pretensão de ser rigoroso e interessa-me em primeira e última análise apenas e só o Sporting.
Ora, toquem as trombetas porque tenho de manifestar sem reservas aqui o meu enorme regozijo com a iniciativa Escolas "Academia Sporting". Pelo que se percebeu a ideia vem de 2002 --um enquadramente histórico que me parece justo fazer--, mas cabe a esta direcção o inegável mérito de ter anunciado que a ia agora pôr em prática.
Destaco esta iniciativa, e sublinho esta questão, independentemente dos resultados concretos que no domínio da formação tenham sido ou venham a ser obtidos e da maneira como este projecto, em particular, vier a ser implementado no futuro em termos práticos.
As Escolas "Academia Sporting" constituem um projecto (no fundo, pelo que se percebe, quase uma ideia de franchising), sem dúvida, inovador para esta área. Seja qual for o ângulo sob o qual o queiramos analisar --cívico, educativo, social, desportivo ou financeiro e sob o ponto de vista da conjuntura histórica que o Clube, o país e, afinal, o mundo atravessam-- este projecto revela um considerável alcance. Para além disso, trata-se de uma iniciativa que parece totalmente imbuída nos melhores valores que o Sporting Clube de Portugal tem e sempre teve.
Em tempo de vitórias o Sporting marcou, na minha opinião, um grande tento!

quarta-feira, 13 de setembro de 2006

Só?

A informação disponível diz que estiveram em Alvalade cerca de 30.000 espectadores. O número merece reflexão. Ou o negócio das "game boxes" não correu tão bem como previsto, ou os adeptos, pobres criaturas, preferem a emoção de um jogo transmitido pela tv ou a política de preços dos jogos em Alvalade está totalmente errada.

terça-feira, 12 de setembro de 2006

Uma noite em cheio

Que dizer desta noite? Que golo! Que exibição! Que atitude! Que exemplo de estratégia inteligente (os miúdos correram como se fosse a última oportunidade da vida deles...)!
Os italianos estavam convencidos que defendendo bem e fazendo uma boa gestão de esforço, conseguiam num contra-golpe resolver a partida. Contavam certamente safar-se de Alvalade com toda a simplicadade, aproveitando para se resguardar. A pensar talvez na partida com a Sampdoria da próxima sexta feira...
Enganaram-se! A nossa equipa nunca parou de correr. Quando os italianos acordaram era tarde.
Parabéns, Paulo Bento!

segunda-feira, 11 de setembro de 2006

O segredo

Quis o acaso que tivesse podido assistir à conferência de imprensa que anteceu o jogo Sporting-Inter. Falou primeiro o João Moutinho. Já o tinha ouvido falar nestas situações, mas nunca com o vagar suficiente que me permitisse seguir as suas respostas com atenção, ou analisar a forma inteligente como reage às perguntas formuladas e domina a sua natural ansiedade.
Este jogador tem sido, muita justamente, distinguido pela excelência do seu futebol. Um dos aspectos mais destacados é a maturidade que revela dentro de campo. Diz-se, muitas vezes, que a sua enorme serenidade e autoridade fazem levar a pensar tratar-se de um jogador muito mais velho.
Ora, na conferência de imprensa Moutinho revelou exuberantemente uma outra qualidade. Fala bem e destrói completamente o cliché do jogador da bola, bom de pés, veloz de pernas, mas incapaz de dar uma para a caixa quando se trata de lidar com as palavras...
Ouvindo-o falar percebe-se que o segredo de João Moutinho é afinal simples: ele fala bem, porque pensa bem. De forma análoga podemos concluir que joga bem porque pensa bem. Aí está o segredo.
É um gosto ouvir o João. Era, claro, já um gosto vê-lo jogar, mas agora percebo melhor de onde vêm afinal, e no final, as suas qualidades.

sábado, 9 de setembro de 2006

A questão moral

Hoje o problema que apoquenta o futebol português (quero-me ficar, por agora, pelo futebol português...) é o da mais absoluta falta de quaisquer princípios morais. Os factos que têm vindo a lume nestes últimos dias (quero-me ficar, por agora, pelo futebol português...) assim o indiciam.
Não é a moral que orienta a actuação dos agentes deportivos. Não é a procura da virtude que está na base da tomada de decisões. Não é o simples princípio do agir segundo dita a consciência que está certamente na base das declarações e manobras de dirigentes, jogadores, árbitros e governantes que vemos e ouvimos desde há muito tempo. Não é a ânsia em fazer o que é correcto que orienta as acções e comportamentos de uma parte não despicienda dos adeptos.
Não!
Quando analisamos tudo isto depara-se-nos um panorama verdadeiramente assutador e o mais das vezes sentimos vergonha por aquilo que se passa à nossa volta (quero-me ficar, por agora, pelo futebol português...) O futebol português perdeu, como dizem os japoneses, a face, contudo isso não parece preocupar a maior parte das pessoas. Ora, o que comanda toda a nossa vida é, justamente, a moral. Sem ela tudo o resto (tudo o resto!) deixa de ter importância. Sem ela nada (nada!) nos diferencia das outras espécies animais.
Vem isto a propósito de um post meu anterior sobre o que é ser Sportinguista e de um comentário que foi feito a um outro post meu sobre a existênciaou não de telhados de vidro no nosso Clube relativamente a estas matérias. Creio que sobre isto tudo vale a pena deixar aqui uma nota mais.
Eu quero crer que o Sporting se ditinguiu sempre dos demais clubes por cultivar a adopção de uma postura moralmente irrepreensível. E quero crer que foi essa postura que esteve na própria génese do Clube. Entretanto, foi esse seguramente o factor de atracção de uma grande parte da massa adepta e associada ao Clube ao longo destes cem anos. Tornámo-nos Sportinguistas porque, simplesmente, temos princípios, em contraste com os adversários para quem tudo isto é uma questão menor ou mesmo totalmente ignorada. Somos Sportinguistas e aprofundámos o nosso Sportinguismo porque temos princípios numa terra e numa sociedade que vê os princípios vaporizarem-se perante a voragem dos tempos. E mantemo-nos Sportinguistas porque o Sporting é um Clube onde o que conta acima de tudo é esta cultura dos princípios.
Perante tudo o que se passa no futebol português (quero-me ficar, por agora, pelo futebol português...) e perante o postura de silêncio que o Clube adoptou relativamente a tudo o que de há muito tem vindo a lume sobre os variados processos em que estão envolvidos os diferentes agentes do futebol português, eu temo que esse silêncio possa querer dizer uma de duas coisas. Ou os dirigentes estão conformados e já lhes é indiferente tudo aquilo que se vem passando, ou, nada disto lhes é indiferente e apenas estão aguardando a oportunidade de poderem comer do mesmo caldeirão. De qualquer modo, é patente que há um indiferença pouco tranquilizadora perante a enorme confusão que hoje reina.
Preocupa-me tudo isto porque se a questão moral deixou de ser o factor que move os Sportinguistas isso quererá dizer que o Clube mudou. E, das duas uma, ou mudou porque está a ser mal dirigido, ou porque os Sportinguitas (já) se passaram a rever na aparente indiferença ou no possível oportunismo dos seus dirigentes.
Se os meus temores são infundados estará então na altura de os Sportinguistas pensarem sobre a questão moral, sobre ela se pronunciarem e exigirem uma posição oficial.
Esta é talvez a grande questão que define o que é ser Sportinguista hoje e que baliza o Sporting do futuro.

sexta-feira, 8 de setembro de 2006

Esclarecimento precisa-se...

Há uma coisa que eu gostava de ver esclarecida: se não é a Liga e sim a FPF que nomeia o árbitro para a final da Taça de Portugal, --assim foi argumentado por aquele clube de cujo nome nunca me consigo lembrar para classificar como falsa a revelação do Público de hoje--, qual foi a justificação então do presidente desse clube para ter a tal conversa telefónica, como ele acabou afinal por assumir, com o presidente da Liga sobre este assunto?

Crime e (ausência de) castigo!

"Nos romances policiais é costume haver um crime cujo misterioso autor é identificado apenas por um inteligentíssimo detective, e é assim que o bandido acaba por ser preso. No futebol português é ao contrário: normalmente, o país inteiro sabe quem é o criminoso, mas não há ninguém que o consiga prender."
Ricardo Araújo Pereira, na Visão.
No comments (não é preciso!).

quinta-feira, 7 de setembro de 2006

Quero sangue!!

Hoje a blogosfera, sobretudo a ligada ao Sporting, exulta com a referência do DN (com chamada de 1ª página e tudo!! Ena, ena!!) ao facto de o nosso Clube ter sido prejudicado com as arbitragens em 2004.
Eu estou farto de conversa!
Quero acção, caraças!!
Quero os culpados (de tudo isto e de tudo o que o DN tem vindo a relatar de há dias para cá... vejam o post anterior) na cadeia!
Quero medidas que previnam a ocorrência deste tipo de acontecimentos no futuro!!
Quero entrar num estádio de futebol sem sentir que estou numa daquelas imagens que vemos do holocausto, com a malta toda alinhadinha preparada para entrar nos fornos crematórios!
Quero recuperar a alegria de ir à bola e vibrar genuinamente com o que se está a passar dentro de campo, sem ter que pensar que tudo aquilo pode muito bem estar a ser um enorme embuste!
Quero deixar de ter a sensação triste que quando entro num estádio --que ajudei a pagar!-- estou, naquele preciso momento, a ser vigiado por uma data de big brothers que me tentam dar a volta sempre que podem, que me tratam como um facínora e que eu ando a sustentar!
Quero verdade dentro e fora das 4 linhas, e fora de fora das 4 linhas!
Há gente séria no futebol português. Quero que se criem condições para eles aparecerem e que toda esta cambada que agora lá está vá para a rua!
Estou farto de conversa.
Quero saaaaannngue!!!!!!!!!!!!!!

Do banho Maria para as águas de bacalhau

No célebre processo "Apito dourado" as coisas passam do banho Maria para as águas de bacalhau. É o costume, em Portugal, quando estão envolvidos trutas e tubarões; as sanções ficam para o peixe miúdo.
Eis algumas preciosidades das escutas feitas pela PJ, como referidas na imprensa.

Em banho Maria
- "Já sabe que conta aqui comigo".
Valentim Loureiro para Paulo Pereira, árbitro do Boavista-Alverca (2-1), depois de o informar que ia ter oito pontos na classificação do observador do jogo; como é que ele sabia, é mistério.
- O Nacional da Madeira vai ser "bem roubadinho".
António Henriques (ex-dirigente da Federação Portuguesa de Futebol) a propósito dum jogo entre o Marítimo e o Nacional da Madeira, em que este realmente o foi, como anuiu, um dia depois da partida, o árbitro Martins dos Santos.
- "Queriam lá um penalty, mas eu puni o gajo com amarelo".
Árbitro Martins dos Santos para António Henriques da FPF depois do Marítimo-Nacional da Madeira, confessando que prejudicou o Nacional.
- "Consegue dar-me essa graça que eu responsabilizo-me pela outra".
Árbitro Martins dos Santos após ter-lhe sido prometida a subida de escalão na arbitragem do seu filho André Santos (ainda no âmbito do Marítimo-Nacional da Madeira).
- "Que nós que temos grande consideração (...), é malta que o pode fazer chegar onde ele quer... porque ele é ambicioso e tal".
João Loureiro em contacto antes do jogo para o observador Pinto Correia para este dar um "toque" ao árbitro Nuno Almedeia (jogo Boavista – Beira-Mar).
- "Eu sei como é que lhe dou a volta".
Resposta de Pinto Correia serenando João Loureiro.
- "Ele chegou onde pediu (...), se quer umas viagenzinhas para o ano e tal... temos... temos... de atalhar caminho, pá! (...) Tu pediste... foi-te concedido".
Instruções a dar ao árbitro Bruno Paixão, segundo conversa interceptada entre João Loureiro e Ezequiel Feijão (ex-árbitro e observador da Liga).

Em águas de bacalhau
- "Eu tinha acertado com o dr. João Loureiro que seria o Devesa".
Valentim Loureiro questionando Júlio Mouco, da Comissão de Arbitragem da Liga em relação ao jogo Boavista-FC Porto, por Luís Guilherme (presidente do CA) ter escolhido José Ramalho.
- "Diga que está lá o presidente da Liga".
Pedido de Valentim Loureiro a Júlio Mouco para transmitir esta mensagem ao auxiliar José Ramalho (ainda o Boavista-FC Porto)
- "Eu quero ver o que vai acontecer a este filho da puta, eu quero ver o que lhe vão fazer. Tem que se escrever, ok?"
Valentim Loureiro para Júlio Mouco, por não ter gostado da actuação de José Ramalho no mesmo Boavista-FC Porto (processo arquivado por falta de provas).
- "gerente da caixa".
Tratamento dado a Pinto da Costa pelo empresário António Araújo (processo do jogo FCP – Beira-Mar, 2004, arquivado);
- "engenheiro máximo".
Tratamento dado a Pinto da Costa pelo árbitro Augusto Duarte, de Braga (processo do jogo FCP – Beira-Mar, 2004, arquivado);
- "não deu cheirinho nenhum, só nos deixou passar uns livres, o gajo”.
Pinto da Costa para Pinto de Sousa, então presidente da Comissão de Arbitragem.
- "Você sabe que ainda neste defeso você estava não sei quê e eu, aquilo que posso, pelos amigos, faço"..." Bem, da próxima você porta-se melhor, senão puxo-lhe as orelhas".
Valentim Loureiro para o auxiliar Carlos do Carmo, por não ter gostado da prestação deste no encontro Boavista-Moreirense, apesar da vitória por 1-0 (processo arquivado).

Já hoje, nos noticiários, Valentim, com aquele ar descontraído e folgazão de quem conhece bem os terrenos que pisa, se vangloriava de que todos os processos têm sido arquivados. "Os da PJ é que achavam que eu tinha culpas, mas, felizmente para mim, a justiça achou que não" disse.
No fundo era isto que ele queria dizer: "todos sabem que sou um vigarista, mas sou tão bom nisso que ninguém consegue provar!".
De facto, os árbitros continuam a apitar, os dirigentes continuam a dirigir, os processos continuam a passar para onde irão todos ficar: em águas de bacalhau!
É normal, porque o povo, os eleitores, quando perguntados (em eleições) continuam a votar nos Valentins, nos Isaltinos, nas Felgueiras.

Porque é que eu não estou contente, se "toda a malta" parece estar?

terça-feira, 5 de setembro de 2006

Palmadas nas costas, almoçaradas e camarotes VIP


Enquanto os actores do fenómeno futebol (jogadores e treinadores) situam o País (em termos do sector futebol) em 2.º da Europa e 4.º do mundo, os dirigentes(?) provocam e/ou consentem e não são capazes de resolver as questões que surgem.
No caso Mateus, é o que se tem visto: ninguém se entende e perfilam-se catástrofes.
No caso "apito dourado", as coisas arrastam-se e alguns processos são arquivados, como se vê na amostra junta, que tanscrevo do Record (eles não se vão chatear com certeza).
Mas o cúmulo veio do medíocre comportamento dos dirigentes convidados do programa "Prós e Contras" em que todos conseguiram estar mais de duas horas sem dizer nada que tenha contribuído para a melhor informação do grande público; quem estava confuso, mais confuso ficou, no meio daqueles doutores e majores todos.
Alguma coisa, no entanto, se clarificou para nós que julgávamos que havia dissenções entre eles porque a Liga não queria implementar os ditames da Federação (o que até a FIFA sabe, porque o escarrapachou num comunicado): ficámos a saber que tudo se resolve aos abraços e em almoçaradas, ou camarotes VIP dos estádios. Neste particular a patética intervenção telefónica de Luís Filipe Vieira contribuiu para compreendermos melhor a corja.
No decorrer do programa Valentim disse que LFV foi o primeiro presidente a sugerir-lhe que se candidatasse a Presidente da AG da Liga. Para "repor alguma verdade nas palavras do major" LFV fez questão de telefonar para o programa para confirmar que pediu a Valentim para, "face à situação do futebol português, não abandonar a Liga". Acrescentou, no entanto, que "a condição para o Benfica o apoiar era os membros [da Comissão de Arbitragem (CA) da Liga] não serem escolhidos em AG, mas fosse a APAF a escolher". E lanço uma pergunta [à qual, diga-se de passagem, ninguém lhe respondeu]: "houve algum clube que interferisse na CA?" Noutro camarote VIP LFV, ciente do poder que tem em pôr e dispor, disse a Valentim: "deixe a Liga; se eu me envolver numa situação dessas, o senhor poderá ser o futuro presidente da mesa da AG". Uns tempos depois "o senhor major ligou para minha casa e disse-me: ‘Luís Filipe, já não me candidato à liderança; apoia-me para a AG?'"
Se dúvidas tivéssemos elas teriam sido dissipadas: tudo o que se passa no futebol é cozinhado entre dirigentes -- cargo para aqui, benesse para acolá -- mesmo entre aqueles que aparecem na opinião pública como inimigos figadais: o mesmo dirigente que afirma que "a Liga é um polvo", é quem anda a arranjar lugares de dirigente para a cabeça desse polvo.
Podemos acreditar na sinceridade deles? Podemos acreditar neles?
Claro que não! O que ninguém consegue é arranjar maneira de nos vermos livres deles.

domingo, 3 de setembro de 2006

Caos? Qual caos?!

A propósito de um comentário colocado no post anterior (já agora leiam-no, pf) de autoria do nosso habitual e atento leitor FD, permitam-me dizer-vos, com toda a sinceridade, o que me vai na alma com tudo isto que se está a passar...
Estou de acordo com o leitor que toda a organização (doméstica e internacional) do futebol tem de ser revista. E estou de acordo que o poder da FIFA é uma coisa que só sobrevive porque, afinal, existem resquícios de totalitarismo por trás das fachadas mais democráticas. A FIFA é, de facto, um mundo sinistro.
Mas, a questão que está, neste momento e neste caso, em discussão não é essa.
Neste momento, o debate em Portugal deveria ser seguinte: pode o futebol português continuar a ser este sub-mundo, dentro do mundo à parte que é o futebol a nível mundial? Por quanto tempo mais teremos nós, como pergunta o Raul apropriadamente no post anterior, de continuar a aturar tudo isto? Teremos nós capacidade e desejo de continuar a manter o tal caos? Porque diabo se fala tanto em caos, mas se não vêem obras?
E pergunto ainda: que alternativas estão os meus amigos a ver? Quem está disposto a passar das palavras aos actos? E que organizações ou entidades existem com querer e força suficiente para alterar tudo isto? Quanto tempo mais vamos andar a dizer mal da bola, mostrando-nos indignados com as tiradas do "majores", dos Fiúzas, dos Vieiras, ou com o poder dos Oliveiras, mas pactuando implicitamente com todo este sistema porque o alimentamos na raíz?
Então, digo eu, que venha o Gil Vicente, de facto, acender este rastilho! E que a bomba expluda com grande estrondo!!
Quem estiver a ver outra maneira de apear toda esta cambada que domina o futebol português, de quem nós nos comprazemos a dizer mal sempre que surje uma oportunidade, que se chegue à frente e implemente a sua solução...
Ou, em alternativa, cale-se!

sábado, 2 de setembro de 2006

Caos no futebol português

Há uma data de coisas que me incomodam neste caso do caos no futebol.
Para começar, que o que se passou dentro das quatro linhas venha a ser subvertido por decisões de tipo jurídico-formal. Neste caso, o Belenenses (clube muito ligado à minha formação enquanto pessoa – morei muitos anos ao pé do Estádio do Restelo e fui atleta do clube – pelo que com ele tenho uma forte ligação afectiva) perdeu dentro de campo, mas ganhou na secretaria, o que me é antipático sob o ponto de vista ético. Deste ponto de vista, o "culpado" disto tudo é um tal Marcos António, jogador do Gil Vicente (GV) que marcou o golo que deu a vitória sobre o Belenenses na última jornada do campeonato, como escreve Santos Neves em "A Bola" de 4.ª-feira passada. Na mesma linha de raciocínio, Rui Santos, na SIC, nomeia outro "culpado": José Couceiro o qual, segundo ele, tinha equipa para se manter, mas não foi capaz; apesar disso, em vez de punido foi premiado com o lugar de treinador dos sub-21.
No entanto, este há muito que deixou de ser o fundo da questão (desta questão), se é que alguma vez o foi.
O que se passa, começando de trás, é que as particularidades do fenómeno desportivo obrigaram a que este sector se tenha blindado em termos das suas leis internas, não permitindo que os que são seus actores (jogadores, clubes, associações e por aí fora até à multinacional que tudo regula a nível superior: a FIFA) recorram aos tribunais civis para dirimir as questões do seu exclusivo âmbito. Isto é normal, se se pensar que não poderia haver campeonatos caso um jogador a quem foi mostrado um cartão vermelho pudesse levar o assunto para os tribunais comuns e se tivesse de ficar à espera da decisão judicial destes, e seus eventuais recursos (de mais a mais em Portugal). As dúvidas começam logo na dificuldade em definir o que é da estrita competência dos organismos do futebol; e o que não é.
De qualquer modo, e isso compreende-se bem se nos pusermos na sua posição, a FIFA é intransigente quanto a esta questão e, mesmo quando há dúvida sobre se o pode ou não fazer, não está com meias medidas e castiga. A Juventus levou uma bordoada de todo o tamanho e ainda se tentou a recorrer à justiça civil; mas pensou duas vezes e, medindo as consequências, ficou quietinha. De facto, o que lhe aconteceria no imediato era a irradiação, porque the show must go on; e depois, se a decisão dos tribunais comuns lhe fosse favorável, logo a Federação Italiana veria o que fazer.
Este é o pano de fundo do "caso Mateus".
Os juristas dividem-se na interpretação sobre se o assunto "inscrição do jogador" é ou não do foro desportivo. Mas o dever da Federação (FPF) é punir o GV por este ter recorrido aos tribunais comuns. Infelizmente essa punição só agora é decretada, embora eu não tenha a certeza sobre a data em que, através do seu Conselho de Justiça, terá tomado conhecimento oficial de que o GV recorreu aos tribunais comuns. Mas, como o Belenenses apresentou a queixa a 9 de Maio, já teve mais que tempo de se pronunciar, dada a gravidade da situação, da qual só agora parece aperceber-se.
Efectivamente, é este o pé em que se encontra o caso:
Se até dia 15 deste mês a FPF e os outros poderes não conseguirem resolver o caso (nem que seja para depois o mesmo ter de ser reaberto face a decisões judiciais) os prejuízos para o futebol português serão de uma dimensão inacreditável: equipas da Liga dos Campeões e da Taça UEFA arredadas das competições, o mesmo se passando em relação às selecções nacionais (Europeu de Seniores e Esperanças em causa). Isto acarretará prejuízos de muitos milhões para os clubes e para a Federação, além de prejudicar a balança de pagamentos, já que grande parte dessas receitas provém de prémios pagos pelos organismos europeus e mundiais. Além do que isto poderá afectar as próprias carreiras dos atletas envolvidos.
Se tal vier a acontecer será um rombo (tanto em termos financeiros, como desportivos) que levará vários anos a ser ultrapassado.
E não podemos perdoar aos poderes públicos (FPF e Governo) o facto de, como diria José Vilhena, tratarem (?) este assunto "com os pés e a parte de fora da cabeça".

Em próximo artigo tentarei analisar o miserável comportamento da Liga e o comportamento bem português, porque do tipo chico-esperto, dos dirigentes do GV.
Como é que ainda temos de aturar esta cambada?!!

sexta-feira, 1 de setembro de 2006

Nem só de pão vive o homem...

...Também gostamos de dar umas biqueiradas numa bola! Mas, ele há biqueiradas e "Biqueirada"...
O "Biqueirada" é um programa que se recomenda vivamente! Dou por mim, frequentemente, a rir mesmo com gosto quando assisto a este programa. O futebol português, como se comprova mais uma vez pelo "caso" Mateus, só tem nesta altura dois ângulos de visão possíveis: o da "ramona" ou este que os do "Biqueirada" exploram de uma forma brilhante. Há mais gente, felizmente, que, certamente, por lhe faltar a "ramona" adoptou este ângulo de visão das coisas da bola. Um outro caso verdadeiramente notável que já destaquei aqui no KL, é o do nosso colega aqui do lado "Mãos ao Ar". Mas, o "Biqueirada" tem os meios, as pessoas e o potencial de projecção para fazer dele um caso sério no panorama da TV em Portugal.
O "Biqueirada" é necessário!
Que continuem, e que a fórmula se não deteriore com o tempo, são os desejos deste vosso devotado espectador...

O "caso" Mateus

Decorre, no momento em que escrevo este post, uma reunião ao mais alto nível entre a a tutela do desporto em Portugal e os dirigentes das organizações do futebol. Não sei portanto o que vai sair desta reunião para discutir o chamado "caso" Mateus.
Este caso poderia até ter sido benéfico para o futebol português. No final, quando analisamos as declarações e reacções recentes dos dirigentes "desportivos", as declarações e reacções dos dirigentes e adeptos do Gil Vicente e as consequências que tudo isto pode ter para o futebol português ficamos com uma certeza: todo este processo vai ficar em águas de bacalhau.
É pena.
Digo-o porque o processo Mateus permitiu pôr a descoberto uma série de conflitos que andavam encobertos ou latentes, que de outra forma nunca iriam conhecer a luz do dia. Foi a aplicação daquele princípio popular do "zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades". E, tivesse tudo isto sido bem conduzido, desta zanga de comadres poderia resultar uma enorme reviravolta em toda a organização do futebol português.
No fim de contas, por causa da actuação lamentável e insensata do Fiuza, as comadres vão recolher a prudente recato e as verdades vão mais uma vez ficar por descobrir.
O Gil Vicente está a prestar um péssimo serviço ao futebol português. Se eu fosse mauzinho até diria que a tempestade foi encomendada. O assunto, de tão canhestramente tratado, vai inevitavelmente morrer.
Quem é que vai sair por cima de tudo isto?