Vi há pouco tempo num blog (confesso que não me lembro qual e disso peço desde já desculpa) alguém perguntar onde estavam os reforços do Sporting. A pergunta, retórica, pretendia chamar a atenção para o facto indesmentível de que é sobre os ombros dos jovens oriundos da Academia que assenta o sucesso das equipas de Paulo Bento.
Não sei de facto o que é mais notável neste momento, se os resultados que têm sido objectivamente obtidos, se o manifesto talento, se o esforço visível para corrigir os erros que vão ocorrendo devido à compreensível imaturidade e à óbvia falta de experência. Ou seja: mesmo perdendo ou empatando, como foi o caso ontem com o Porto, vemos esta equipa bater-se até ao último instante, com uma dedicação e uma sabedoria que há muito tinham abandonado os relvados por onde o Sporting vai passando.
Os miúdos do Sporting não inventam bodes expiatórios (à imagem do treinador), nem ignoram o talento e o poder que têm. Mas, colocam todos esses factores em perspectiva.
O símbolo ou epítome de tudo isto é, claro, o João Moutinho, mas não é só ele que merece os louros. Talento, determinação, humildade e vontade de fazer bem constituem a parte nuclear do ferramental dos jovens formados pelo Sporting. Não vejo hoje vedetas pré-formatadas, mas sim formiguinhas determinadas.
Se calhar, será isto que está na origem das palmas no final do SCP-Bayern, mesmo com o resultado adverso.
Como não tenho a memória curta (a minha RAM futebolística tem vários terabites!), lembro-me de equipas do Sporting em que parecia (parecia!) que havia "determinação" apenas quando se tratava de deixar o Sporting mal visto, e em que o "esforço" feito era, justamente, no sentido de fazer mal!
Com estes jovens algo da "mística" Sportinguista foi finalmente recuperado e os padrões globais da equipa foram claramente elevados (há figuras do plantel vindas de outros tempos que quase não reconheço; os miúdos não serão alheios a estas reviravoltas, certamente...). Esta nova mística deveria ser motivo de reflexão para muita gente. Está assim provado (e todos, sublinho, TODOS, jogadores, dirigentes, técnicos e adeptos o podem testemunhar) que futebol sem mística não funciona. E que mística não se compra.
Resta-nos tirar o chapéu e curvarmo-nos perante esta generosa garra e esta determinação em fazer bem.