sexta-feira, 8 de dezembro de 2006

Ano Novo, vida nova

Como afirmo no último post que publiquei, é preciso reiterar confiança no treinador e na equipa. Mas também é preciso reforçar esta.
Houve graves equívocos (acreditando que foi só isto e não negociatas para benefício próprio, como ouço e vejo escrito nalguns blogues – o que motivou os problemas de oposição a Carlos Freitas na última AG) nas contratações do ano. Estas tardam em afirmar-se, se é que alguma vez o virão a fazer. Mas não nos esqueçamos de casos anteriores de futebolistas sul-americanos que não provaram na primeira época (adaptação ao ritmo de jogo, ao clima, à alimentação e, sobretudo, o facto de os futebolistas virem com uma espécie de jet-lag que resulta do facto de começarem aqui a época já com uma quase inteira nas pernas) e depois se comprovam craques. O último caso foi o de Tinga, que achávamos que não valia nada e que agora foi convocado por Dunga para a selecção do Brasil. O que é facto é que Bueno, Farnerud, Romagnoli e Alecsandro ainda não provaram a sua utilidade. Paredes é um caso diferente e em que me atrevo a um diagnóstico mais definitivo: não sou nada a favor do regresso ao nosso país de jogadores que se revelaram no nosso periférico futebol e deram o salto para campeonatos mais poderosos (o mesmo se diga de contratações de craques em fim de carreira, salvo casos tipo Smeichel). Quando esse regresso se processa os jogadores estão já em declínio de carreira e, salvo excepções que se contam pelos dedos (estou-me a lembrar do Mozer), não se apresentam com motivação suficiente. Falando do futebol português em geral, foi assim com Edmilson, com Zahovic, com Robert e com mais alguns barretes caríssimos, cujos nomes agora não me ocorrem (aquele avançado calmeirão do Leste), mas vocês lembrar-se-ão de alguns.
Por outro lado sectores fundamentais da equipa são muito jovens e inexperientes. (E não me venham dizer que a equipa do Porto ainda é mais jovem que a nossa; isso é verdade em média geral e apenas por uma ou duas décimas de ano; e não com a concentração em sectores-chave do campo como acontece no Sporting).
Last but not least, Liedson, uma peça-chave do conjunto, não tem rendido o que era expectável, no capítulo (fundamental) em que se mostrou tão exímio no passado recente: marcar golos. Este foi um dos aspectos capitais em que o jogo da equipa falhou e que, nem eu, nem Paulo Bento, nem o opositor mais empedernido deste, nem ninguém, acreditaria que claudicasse tão fragorosamente (fomos o segundo pior ataque de toda a primeira fase da Liga dos Campeões; pior só o Levski). Com Liedson a render como nos seus bons tempos haveria golos, os jovens não teriam entrado em parafuso e a equipa (apesar da tosquice dos reforços) teria passado à fase seguinte da Liga dos Campeões.

Quem só se preocupa com as vitórias, não importa a que preço, pode agora vociferar para os dirigentes, exigindo craques a peso de ouro, como no tempo do Duque. Entrar-se-ia no caminho de contratações do tipo exemplarmente ilustrado pelo, agora tão propalado, negócio de João Pinto. Para quem não saiba, tudo aponta para que esse atleta nos tenha custado cerca de 2 milhões de contos (10 milhões de euros). Foi figura central do último campeonato ganho pelo Sporting, mas foi por actos de gestão deste tipo que o Sporting chegou a uma situação de quase falência financeira.
Correspondeu este a um dos muitos anos em que o Sporting andou, acompanhando aliás a prática corrente no futebol português, a viver acima das suas capacidades. Os outros clubes grandes (Porto e Benfica) ainda não entraram na política de rigor que os tempos presentes aconselham, à qual, com o fim dos subsídios das Câmaras e das Regiões Autónomas recém-aprovado na Lei de Bases do Desporto, serão obrigados a também se submeter, mais tarde ou mais cedo. O Sporting tem a vantagem de já ter começado. (Assim estivesse esta direcção a dar atenção aos associados e à insubstituível força que eles constituem para o clube).
Apesar de o momento ser delicado (tendo sido eliminados desperdiçámos as receitas da UEFA), o sucesso desportivo obriga a que se tenha de ir às compras na reabertura do mercado, mas, quanto a mim, há duas regras de ouro que não podem ser transgredidas:
• Não se pode gastar o dinheiro da venda do património não desportivo na compra de jogadores;
• Não se pode vender os jovens talentos (Nani, Moutinho, Djaló, Veloso, e mesmo Custódio, Carlos Martins e Rony) para obter dinheiro para as compras.
Tentemos despachar os que vieram “por engano” e, sem entrar em loucuras, reforçar a equipa, para ver se garantimos a (fundamental) presença na Liga dos Campeões para o ano que vem.